Brasil registrou 160 mortes violentas por dia em 2014

Da Agência Brasil

Em 2014, o Brasil registrou 160 mortes violentas intencionais por dia. Segundo levantamento divulgado hoje (8) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os homicídios dolosos, latrocínios e as lesões corporais seguidas de morte somaram 58.559 casos no ano passado. O número é 4,8% maior do que as 55.878 vítimas registradas em 2013. Com o aumento, a taxa de mortes violentas no país passou de 27,8 por 100 mil habitantes para 28,9 para cada grupo de 100 mil pessoas no ano passado.

Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

A maior parte dessas mortes foi enquadrada como homicídio doloso. Foram 53.305 casos no ano passado, com crescimento de 4,26% em relação aos 50.167 crimes do mesmo tipo praticados em 2013. Em seguida, a ação policial aparece como segunda maior causa de óbitos violentos. Em 2014, foram mortas por policiais oito pessoas por dia, em um total de 3.022 casos. O número é 37,2% superior às 2.203 mortes causadas pelas forças de segurança em 2013.

Os roubos seguidos de morte vitimaram 2.061 pessoas em 2014. Em 2013, foram registrados 1.928 latrocínios em todo o país, além de 1.172 lesões corporais seguidas de morte. O número de ocorrências desse último crime caiu para 773 casos em 2014. As mortes de policiais também caíram, de 408 casos, em 2013, para 398, no ano passado.

Alagoas teve a maior taxa de mortes intencionais por 100 mil habitantes, foram 66,5 em 2014. Entretanto, o número representa queda de 3,5% em relação à taxa de 2013, quando o estado teve 68,9 mortes por grupo de 100 mil pessoas. Em números absolutos, foram 2.208 casos registrados em 2014, contra 2.273 no ano anterior.

A Bahia registrou o maior número absoluto de mortes violentas, com 6.265 vítimas em 2014. Em 2013, o estado teve 6.026 óbitos intencionais. De um ano para outro, a taxa subiu de 40,1 por 100 mil habitantes para 41,4 casos para cada 100 mil pessoas.

O Rio de Janeiro foi o segundo estado em número absoluto de mortes intencionais – 5.714 em 2014 e 5.348 em 2013. A taxa por 100 mil habitantes subiu 6,3%, de 32,7, em 2013, para 34,7, no ano passado.

Apesar de ser o terceiro estado com o maior número absoluto de vítimas – 5.612 em 2014 – São Paulo tem a menor taxa de mortalidade violenta intencional por 100 mil habitantes, 12,7. O número representa crescimento de 1,7% em relação ao índice de 12,5 mortes a cada 100 mil pessoas verificado em 2013. Naquele ano, os homicídios dolosos, latrocínios, as lesões corporais seguidas de morte e vítimas de ação policial somaram 5.472 casos. As forças de segurança paulistas também foram as que mais causaram mortes em 2014 – 965 casos, com alta de 57,1% em relação às 614 mortes do ano anterior.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública fez o levantamento com base em informações disponibilizadas pelas secretarias de Segurança Pública e Defesa Social em suas páginas oficiais, além de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

Reforço de segurança para bairros mais violentos do Recife

Do Diario de Pernambuco, por Larissa Rodrigues

Um levantamento da Secretaria de Segurança do Recife identificou os 15 bairros mais violentos da cidade. Uma das armas para combater a criminalidade será um reforço no controle urbano dessas áreas. O município anunciou a contratação de mais 321 guardas municipais para atuar na proteção do patrimônio público. A conta da depredação chega a R$ 2 milhões por ano.

Guardas municipais ajudarão a combater a depredação. Foto: Joao Velozo/ Esp. DP/ D. A Pres
Guardas municipais ajudarão a combater a depredação. Foto: Joao Velozo/ Esp. DP/ D. A Pres

A ideia é economizar esses recursos por meio da prevenção. São estátuas pichadas, bancos, brinquedos e lâmpadas quebrados pela própria população nas praças e espaços públicos, além de materiais como fios de eletricidade roubados. O Parque 13 de Maio, no Centro, é alvo de vandalismo, mesmo com quatro agentes na segurança e câmeras 24h. O projeto de revitalização do parque, orçado em R$ 40 mil ainda não tem data para começar. O local padece com bancos quebrados e pichações, apesar de lá haver seis câmeras de segurança instaladas.

De acordo com o secretário municipal de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, a prioridade são os bairros mais violentos dos 94 que compõem e capital. Entre eles, estão Ibura, Várzea e Torrões. Os guardas novatos trabalharão em escolas, postos de saúde, praças e parques, além do Centro Comunitário da Paz (Compaz) do Alto Santa Terezinha, na Zona Norte, que deve ser inaugurado até o fim deste ano. Atualmente, o Recife conta com 1.104 guardas, sendo 427 lotados na Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), 642 no Patrimônio e 35 na Brigada Ambiental.

Os novos guardas receberam cursos de trânsito e de preservação ambiental e podem atuar tanto no patrimônio quanto na CTTU. Mas, segundo Murilo Cavalcanti, uma porcentagem pequena e ainda não definida irá para a CTTU. O treinamento dos novatos incluiu seis aulas sobre cultura cidadã ministradas pelo próprio secretário. Todos tomam posse no dia 30 de outubro, em solenidade no Centro de Convenções.
“Mapeamos a cidade e verificamos que o Recife não é violento, mas tem bairros violentos. Dos 94 bairros da capital, pelo menos 60% da violência se concentra em 16.

Vamos priorizar a atuação nesses locais. A guarda hoje está sobrecarregada porque o quantitativo é pequeno”, afirmou Murilo Cavalcanti. Segundo ele, a melhoria no controle urbano irá ajudar de forma indireta no combate à violência. “Os guardas também vão combater agressões a professores e agentes de saúde”, acrescentou o secretário.

O concurso foi realizado em janeiro deste ano. Foram 1.355 vagas oferecidas e 45 mil candidatos inscritos. Ainda de acordo com a Secretaria de Segurança Urbana, o restante dos aprovados devem ser chamados até o final desta gestão. Serão pelo menos outras três turmas formadas. “O Brasil vem perdendo a luta contra a violência e é necessária a participação de todos os agentes da sociedade para reverter a situação”, ressaltou o prefeito. O gestor também citou outras ações de combate à violência como o Pacto pela Vida do Recife, inspirado na política estadual.

Saiba mais:

Em 2013, 51% dos homicídios do Recife aconteceram nos seguintes bairros:

Pina
Imbiribeira
Vasco da Gama
Água Fria
Campo Grande
Ibura
Cohab
Torrões
Ilha Joana Bezerra
Jardim São Paulo
Várzea
Areias
Dois Unidos
Nova Descoberta
Afogados

Esses 15 bairros juntos somam 157 praças e áreas verdes onde os 321 novos guardas vão atuar

133 é o número de escolas e creches nos 15 bairros

R$ 36 milhões é o valor que a Secretaria de Educação do Recife investiu em manutenção preventiva e corretiva em 268 escolas e creches municipais entre 2013 e 2015

R$ 10 milhões foi gasto com reparos a depredações de cobertas, pichações nos muros, além de portas, luminárias e vasos sanitários quebrados em atos de vandalismo

Em algumas escolas, a Secretaria precisou voltar quatro vezes para refazer serviços por conta de depredações. Em uma delas, foi investido mais de R$ 400 mil

Fonte: Prefeituta do Recife

Concurso para delegado da Polícia Civil de Pernambuco é anulado pela SDS

A Secretaria de Defesa Social (SDS) anulou a realização do concurso para delegado da Polícia Civil de Pernambuco. A decisão da anulação foi publicada no Diário Oficial do estado no último dia 23 de setembro. O concurso estava suspenso por força de uma liminar concedida em ação cautelar do Juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública. A suspensão foi determinada devido à existência de indícios de fraude. A ação cautelar com pedido de liminar foi proposta pela candidata Rochely de Oliveira Torres.

O documento afirmava que “o procedimento de dispensa de licitação para contratação da empresa responsável pela condução do concurso para o cargo de Delegado de Polícia do Estado de Pernambuco é assaz questionável, visto que não é possível confirmar se os ofícios destinados a organizadoras de renome nacional, de fato, foram enviados, pois não há qualquer comprovação nos autos do processo de dispensa que isso ocorreu”.

Com um total de 24.967 inscritos para concorrer a 100 vagas, o concurso teria a primeira etapa realizada no dia 26 de abril passado, mas acabou não acontecendo. A expectativa agora é de que a SDS divulgue ainda este mês a nova organizadora do concurso já que a contratação direta que escolheu o Instituto de Apoio à Universidade de Pernambuco (IAUPE) foi anulada pelo governo do estado. A organizadora vai realizar também as provas dos concursos da Polícia Militar, Polícia Científica e da Polícia Civil. A previsão é de que os editais sejam divulgados em novembro.

O concurso foi lançado para o preenchimento de 100 vagas de delegado, com carga horária de 40 horas semanais e salários de R$ 9.969,81. De acordo com o gerente-geral de Articulação e Integração Institucional e Comunitária da Secretaria de Defesa Social, Manoel Caetano Cysneiros, o processo para escolha da nova organizadora está em andamento. “Anulamos o contrato com a antiga organizadora e iniciamos a escolha de uma nova empresa. É possível que até o final deste mês a nova empresa seja escolhida e o edital do concurso divulgado em novembro”, explicou Cysneiros.

As inscrições custaram R$ 138 e o valor pago pelos candidatos será devolvido para que possam fazer uma nova inscrição. “Todos os candidatos receberão os valores pagos de volta, mas não sei a nova inscrição terá o mesmo valor. Isso vai depender da nova organizadora. Essa nova empresa também vai ser responsável pela realização dos outros concursos, que são os da Polícia Militar, da Polícia e da Polícia Científica”, explicou Cysneiros.

O presidente da Associação dos Delegados de Pernambuco (Adeppe), Francisco Rodrigues, espera que a nova empresa escolhida seja nacional e não de Pernambuco. “Esperamos que o processo de seleção da empresa seja feito como mandam os princípios administrativos e que a empresa escolhida seja de renome nacional”, ressaltou Rodrigues.

 

Depen entrega R$ 17 milhões em equipamentos para presídios

Do Ministério da Justiça

O Ministério da Justiça, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), entrega, até dezembro deste ano, R$ 17 milhões em equipamentos de inspeção eletrônica para estabelecimentos prisionais brasileiros. No total, serão entregues 121 esteiras de raio X, 564 portais detectores de metal, 2.614 detectores manuais de metal e 1.120 detectores de metal tipo banqueta. O material será doado aos estabelecimentos prisionais, sem ônus aos governos dos Estados e do Distrito Federal.

Em Pernambuco, Complexo do Curado recebeu equipamentos. Foto: Seres/Divulgação
Em Pernambuco, Complexo do Curado recebeu equipamentos. Foto: Seres/Divulgação

As primeiras unidades da federação a receber foram Piauí, Maranhão, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Os próximos serão os Estados de Rondônia, em 5 e 6 de outubro, e Roraima, em 8 e 9 de outubro. A previsão é de que as entregas sejam finalizadas até dezembro deste ano.

Caso tenham interesse, os governos estaduais poderão ampliar a compra de material utilizando recursos  próprios, uma vez que foi disponibilizada ata de registro de preços, com validade de um ano.

Capacitação

Além da entrega dos itens, o Depen, por meio da Escola Nacional de Serviços Penais (Espen), está capacitando agentes penitenciários das 27 unidades da federação para a operação dos equipamentos, com ênfase em  procedimentos de revista humanizada.

Com a ação, o Depen pretende aumentar o nível de segurança nas prisões brasileiras, evitando o ingresso de itens proibidos nas unidades prisionais, como armas, drogas e telefones celulares, além de proporcionar a humanização dos procedimentos de inspeção, evitando a realização da revista vexatória.

Pernambuco

O sistema prisional de Pernambuco recebeu os novos equipamentos de segurança nessa sexta-feira. A entrega foi feita no Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, PJALLB, no Complexo Prisional do Curado. Ao todo, foram entregues 22 detectores de metais tipo portal, 93 detectores de metais de mão, 33 detectores de metais tipo banqueta e seis aparelhos de raio x.

Os equipamentos serão distribuídos para todas as unidades prisionais, sendo que 20% ficarão nas unidades do Complexo Prisional do Curado. No Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros, o material já foi instalado e será utilizado durante este fim de semana.

Homicídio doloso: oito anos entre o crime e o julgamento

A dona de casa Zineide Maria de Souza, 47, esperou nove anos e cinco meses para ver os responsáveis pela morte do seu filho sentarem no banco dos réus. Dos cinco PMs acusados pela morte do estudante Zinael José Souza da Silva, 17, ocorrida no carnaval de 2006, quatro foram condenados por homicídio doloso. Estudo da Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa (Fudenp) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que oito anos é a estimativa de tempo médio entre a instauração do inquérito policial até o julgamento do acusado por homicídio doloso.
Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ser julgado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Caso da Ponte Joaquim Cardoso demorou mais de nove anos para ser julgado. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Realizado em parceira com o Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça (Cejus), da Secretaria de Reforma do Judiciário e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o estudo O tempo do processo de homicídio doloso em cinco capitais analisou processos de cinco capitais entre elas o Recife. As outras cidades foram Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS).

Mesmo tardia, para a mãe de Zinael a Justiça finalmente foi feita. “Foi uma espera de sofrimento. A cada carnaval que passava, a dor era mais forte, pois foi a época que meu filho foi assassinado. Nada vai trazer Zinael de volta, mas eles pagaram pelo que fizeram”, declarou Zineide. Casos como o da morte de Zinael, infelizmente, são comuns no Brasil.

Além de identificar os gargalos processuais, a pesquisa estabeleceu um diagnóstico que possa orientar políticas de combate à morosidade dos processos. Todos os 786 processos penais analisados no estudo foram arquivados no ano de 2013. Segundo a coordenadora da pesquisa, a professora Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da UFMG, 30% dos processos deixam de existir na primeira fase de instrução. “Muitos processos não chegam ao tribunal do júri porque em alguns casos o juiz entende que o crime não foi doloso e, sim, culposo. Nesses casos, ele mesmo dá a sentença”, explicou Ludmila Mendonça.

Para o desembargador do TJPE Alexandre Assunção, a demora nos julgamentos indica que os inquéritos apresentaram falhas. “Se os processos não chegam a bom tempo para julgamento quer dizer que houve falhas no inquérito. Outro ponto que atrapalha é que, às vezes, as testemunhas prestam um depoimento à polícia e não falam a mesma coisa na Justiça.”

Recife tem menor tempo entre capitais

O levantamento apontou que o Recife tem uma média 8,5 anos (3.081 dias) entre o tempo que o processo de homicídio doloso chega a julgamento. “Em média, o processamento dos homicídios dolosos nas cinco capitais demanda 4.537 dias para se encerrar, o que significa um tempo de 12,4 anos. A média global de tempo foi de 3.131 dias, ou seja, para que metade dos casos tenha o seu processamento completado são necessáarios 8,6 anos”, explicou o professor adjunto de sociologia da UFPE e pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Violência, Criminalidade e Políticas Públicas de Segurança (PPGS/UFPE) Gilson Antunes.

Ainda segundo ele, foram identificados os gargalos como motivos de atraso para o andamento dos processos. “O 1º deles é entre o encaminhamento do inquérito e oferecimento da denúncia. O 2º situa-se entre o oferecimento e o aceite da denúncia. O 3º está entre o início e o fim da Audiência de Instrução e Julgamento e o 4º entre a sentença e o julgamento.”

Alerta: cuidado com o golpe boa noite, Cinderela

Do Diario de Pernambuco, por Maira Baracho

O método é sempre o mesmo. Simpático e vestido com roupa social, um estranho chega, puxa assunto e se oferece para pagar uma cerveja. Depois de sentar à mesa com a vítima, que está sempre sozinha, o suspeito espera a hora certa e adiciona alguma droga na bebida. Com a vítima inconsciente, o assaltante consegue senhas de cartões, endereço, limpa a conta corrente e furta objetos das casas. O golpe, conhecido como boa noite, Cinderela já fez pelo menos duas vítimas entre os frequentadores do Largo de Santa Cruz, na Boa Vista.

Crime tem acontecido no centro do Recife. Foto: Rafael Martins/ Esp. DP/ D. A. Press
Crime tem acontecido no centro do Recife. Foto: Rafael Martins/ Esp. DP/ D. A. Press

Paulo* foi uma delas. Em agosto, estava numa edição do projeto semanal Terça do Vinil, que acontece no bar Lisbela e os Prisioneiros. Ele foi abordado por um homem de boa conversa, com quem tomou duas cervejas. Paulo acordou, às 14h do outro dia, em casa, sem lembrar de nada. Sua conta bancária foi zerada e alguns objetos furtados do imóvel. Ele passou dois dias sob efeito da substância.

Em setembro, Jorge* imaginou que havia sido assaltado quando acordou em um terreno baldio, no Janga, em Paulista, depois de ir ao mesmo evento na noite anterior. Ele só percebeu que o caso era ainda mais grave quando chegou em casa, no Recife, e encontrou o apartamento revirado. Além de saquear sua conta corrente, os bandidos levaram três computadores, duas câmeras, HDs externos e equipamentos de trabalho. As duas vítimas registraram Boletim de Ocorrência, mas não acreditam no empenho da polícia para resolver os casos.

Na noite dessa quinta-feira, Maria* também estava no Largo quando foi abordada por dois homens. “Não me lembro direito, mas meu namorado disse que quando se aproximou me viu com dois desconhecidos, cheirando alguma coisa que parecia loló. Ele me afastou dos caras e depois disso passei muito mal e tive muita dor de cabeça”, conta Maria, que acordou no dia seguinte sem nenhuma lembrança desses momentos.

Diante dos episódios, Paulo e Jorge têm buscado por conta própria esclarecer o caso. “Acho que a polícia não vai atrás se você não for, por isso estou indo”, relatou Jorge.  A Polícia Civil explicou que não há uma delegacia especializada nesse tipo de golpe e que os casos estão sendo investigados individualmente.

Sócio do bar Lisbela e o Prisioneiro, onde acontece a Terça do Vinil, Marcos Antônio explica que o estabelecimento contrata segurança todos os dias e reforça o pessoal às terças-feiras. Ele fala que há um mês houve uma reunião com a Guarda Municipal e Dircon e que houve um comprometimento de aumentar o apoio na área. “Eles perguntaram se poderíamos terminar o evento mais cedo. Expliquei que a música termina às 23h30 e que à 1h fechamos o bar. Isso pode ser negociado, mas do que adianta os bares fecharem e os ambulantes continuarem lá?, questionou Marcos Antônio”.

* nomes fictícios

Por trás da baixa elucidação de crimes no Brasil

Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Artigo
Por Fernando Capano

A baixa taxa de elucidação de crimes no Brasil é frequentemente discutida quando se fala na eficiência das políticas de segurança pública. De acordo com os números divulgados pelo Governo Federal, menos de 8% dos crimes são solucionados no País. E o tema não ficou fora do Seminário Internacional de Segurança Pública ocorrido recentemente na Câmara dos Deputados em Brasília, ocasião em que foi defendido o chamado “ciclo completo de polícia”, modelo em que todas as Polícias exercem o poder de investigação, cuja atribuição constitucional hoje em dia cabe apenas à Polícia Civil.

Antes de mais nada, é preciso alertar que a adoção do ‘ciclo completo de polícia’ demandaria um novo marco legislativo que mudasse os valores contemplados no artigo 144 da Constituição Federal. Neste sentido, seria necessário discutir e aprovar uma PEC, com todas as dificuldades inerentes a uma mudança de lógica constitucional. Em outras palavras, a solução, pela via legislativa, não é tão simples como parece.

O legislador constituinte, por ocasião do nosso Pacto Social de 1988, preferiu conceder competências bem específicas para cada umas das Polícias. Assim, grosso modo, à Polícia Civil cabe a atividade de polícia judiciária, responsável prioritária pela condução das investigações e do inquérito policial. De outro lado, a atividade policial ostensiva-repressiva, cujo foco é a prevenção de delitos e a manutenção da ordem pública destina-se à Polícia Militar.

A nosso ver, a estrutura atual do serviço de segurança pública não nos permitiria adotar com vantagem o ‘ciclo completo de polícia’. A razão é a mesma do ditado popular que nos ensina que “cachorro de dois donos, morre de fome”, uma vez que o risco de ter as Polícias cuidando de tudo (atividade repressiva e atividade judiciária) poderia ocasionar, ao revés do pretendido pelos defensores da ideia, a falta de atendimento regular e organizado das áreas cujas competências estão hoje bem definidas.

A baixa percentagem de elucidação de crimes está essencialmente ligada à falta de aparelhamento das Polícias em suas atividades-fim, sejam elas civis ou militares. Exemplo disso é o que ocorre no Estado de São Paulo, em que menos de 20% dos investigadores da Polícia Civil, de acordo com dados apurados pelos órgãos de classe da categoria, está de fato exercendo a atividade de polícia judiciária, elucidando a autoria dos crimes cometidos. A grande maioria dos investigadores está, em verdade, envolvida em atividades que fogem completamente de seu mister, servindo como motoristas, datilógrafos, telefonistas ou até mesmo fazendo a segurança da Delegacia, visto temerem assaltos por parte dos criminosos (!).

A solução não é mudar a lógica constitucional, eliminando a separação de atribuições em que tudo ficaria a cargo de todos e sim um maior investimento no material humano e aparelhamento das Polícias. Em países como Estados Unidos, a taxa de elucidação de crimes é alta muito mais pela valorização da Instituição Policial, do que por contar com o ‘ciclo completo de polícia’.

Pergunte a algum cidadão norte-americano médio acerca de sua percepção sobre a Polícia e perceba, no mais das vezes, o grau de respeitabilidade, inclusive do ponto de vista cultural, que gozam os policiais naquela sociedade. Faça a mesma pergunta aqui no Brasil e, a exceção talvez da Polícia Federal, corremos o risco de ouvir, em uníssono, na melhor das hipóteses: – Coxinhas!

No Brasil, segundo dados do Governo Federal, o fato de apenas 10% dos 5.570 municípios contarem com Delegacias de Polícia, com os policiais em verdadeira penúria, diz muito mais sobre a baixa taxa de elucidação de crimes do que a ausência do modelo do ‘ciclo completo de polícia’.

Até agora, quer seja nas discussões em fóruns de segurança pública, quer seja em resoluções, normas ou leis editadas pelos Governos, não se tem tocado o ‘dedo na ferida’. Assim, a falta de aparelhamento, os baixos vencimentos (em razão inversamente proporcional ao risco assumido pelos policiais) e a ausência de investimento no material humano, não são, nem de longe, assuntos que parecem de fato preocupar nossas autoridades. Frequentemente, as propostas se baseiam na criação de soluções aparentemente mágicas, sem levar em consideração problemas comezinhos como os aqui mencionados.

São louváveis as tentativas de melhorar nossa política estatal de segurança pública. No entanto, para além da simples mudança legislativa, ainda que de âmbito constitucional, é preciso combater as causas que estão levando nossos órgãos policiais à falência.

*Fernando Capano é especialista em Segurança Pública, sócio do Capano, Passafaro Advogados, membro efetivo da Comissão Estadual de Direito Militar da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo, professor universitário e milita tutelando os interesses de Associações e Sindicatos de Servidores Policiais

Assaltos a banco duplicam no estado

Por Afonso Bezerra, do Diario de Pernambuco

De janeiro a agosto deste ano, já foram registrados 23 assaltos a agências bancárias em Pernambuco. Esse número é mais que o dobro do mesmo período em 2014, quando foram anotadas 10 investidas contra os estabelecimentos. O mês de março foi o mais preocupante em 2015, com um índice de seis ocorrências, o que indica mais de um assalto por semana.

CEF de Casa Caiada foi alvo de investida nessa quinta-feira. Foto: WhatsApp/Divulgação
CEF de Casa Caiada foi alvo de investida nessa quinta-feira. Foto: WhatsApp/Divulgação

Esse número assusta e faz vítimas. Ontem, Claudete Maria de Oliveira Dantas, 44 anos, foi baleada durante um assalto à agência da Caixa Econômica Federal de Casa Caiada, em Olinda. Ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital da Restauração. A bala não chegou a perfurar a barriga e ficou alojada no tecido subcutâneo. De acordo com a assessoria do HR, até o final da tarde o quadro dela era estável e aguardava transferência para o Hospital Português, onde foi submetida a um cirurgia para retirar a bala.

Os assaltantes agiram por volta do meio-dia. De acordo com informações de um soldado do 1° Batalhão, o assalto foi praticado por seis homens armados, que chegaram em um HB-20 e numa motocicleta Titan vermelha. Na abordagem, eles levaram as armas dos vigilantes, um colete e uma quantia em dinheiro não foi informada. A cliente foi ferida no abdômen.

Caneta salva estudante da morte

Duas canetas que estavam por dentro da blusa de uma estudante a salvaram da morte. Acompanhada da filha de sete anos, a dona de casa de 25 anos chegava à Escola Estadual Gabriela Mistral, no Alto do Pascoal, na Zona Norte do Recife, quando ambas foram atingidas por disparos de arma de fogo, por volta das 19h de ontem. A dona de casa que não quis revelar a identidade costuma levar a filha para assistir aula com ela todos os dias. Dois homens, que estariam usando farda da rede estadual, tentaram roubar a arma do vigilante da unidade de ensino, que reagiu.

Estudante de 25 anos foi baleada junto com a filha de apenas sete anos. Foto: Reprodução/TV Clube
Estudante de 25 anos foi baleada junto com a filha de apenas sete anos. Foto: Reprodução/TV Clube

Mãe e filha passam bem, mas a criança permanece internada no Hospital Otávio de Freitas (HOF), no Sancho, na Zona Oesta, após ter passado por cirurgia. Ela sofreu perfurações à bala nas duas mãos e um tiro de raspão na bochecha e ombro direitos.

Segundo a dona de casa, que estuda na unidade, ela estava entrando na escola quando ouviu os disparos. “Todo mundo tentou correr e depois vi que minha filha tinha sido baleada na mão. Ainda cheguei perto do vigilante e disse que o tiro atingiu minha filha. Somente quando cheguei na UPA eu vi que também estava baleada. O médico disse que tive sorte porque estava com as canetas presas na roupa e isso impediu que a bala entrasse no meu corpo”, contou a mulher em entrevista à TV Clube/Record.

De acordo com uma tia da criança, a menina está em observação e terá sua mão avaliada por uma equipe médica. “Ela fez a cirurgia, mas ainda não sabemos qual foi o resultado. Só vamos saber após a avaliação médica”, ressaltou.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação lamentou o fato e confirmou que a investida dos assaltantes teve como alvo o roubo da arma do vigilante da escola. A secretaria informou que está prestando assistência à estudante da unidade de ensino e à filha dela. A nota diz ainda que a “gestão da escola e a empresa de vigilância contratada para fazer a segurança da unidade de ensino estão colaborando com a polícia nas investigações. A Secretaria de Educação esclarece que a escola não possui histórico de violência, sendo essa a primeira vez que ocorre esse tipo de investida.”

O marido da estudante acredita que faltou preparo ao vigilante. “Ele deveria ser melhor treinado para agir em situações como essas. Por pouco eu não perdi minha família”, declarou. A Prosegur confirmou a tentativa de assalto a um vigilante ontem. Ainda segundo a nota, “durante a ação criminosa, houve troca de tiros entre os suspeitos e o vigilante e, na ação, uma senhora e uma criança ficaram feridas. A Prosegur informa que está dando apoio às vítimas e às autoridades.

Novos equipamentos de segurança para o Sistema Penitenciário

Depois do puxão de orelhas que levou no início da semana da Corte Interamericana de Direitos Humanos devido às condições do Complexo Prisional do Curado, o governo do estado anuncia reforço na segurança prisional. Novos equipamentos de segurança adquiridos com recursos do governo do estado e doados pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) serão entregues nesta sexta-feira, no Presídio Juiz Luis Lins de Barros, PJALLB, uma das três unidades do Complexo Curado. 

Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press
Equipamentos serão entregues no PJALLB. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

O sistema receberá 22 detectores de metais tipo portal;  93 detectores de metais manuais; 33 detectores de metais tipo banqueta e 6 aparelhos de raio X. Entre os equipamentos, a novidade é o detector de metal tipo banqueta que irá auxiliar nas revistas femininas. Para o correto manuseio e melhor aproveitamento dos equipamentos, o DEPEN e a SERES realizarão um treinamento nos dias 1 e 2 de outubro, com 25 agentes penitenciários que serão multiplicadores das informações em suas unidades de origem em parceria com a Escola Penitenciária.

O Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, o secretário Executivo de Ressocialização, Eden Vespaziano e representantes do DEPEN participam da entrega dos equipamentos.​

Com informações da assessoria de imprensa