A crescente onda de assaltos a ônibus em Pernambuco fez o governo do estado traçar uma estratégia para devolver a sensação de segurança aos usuários do transporte público. Foram apresentados ontem pelas secretarias de Defesa Social e das Cidades os detalhes do Plano estadual de enfrentamento aos assaltos a ônibus. No início da manhã, rodoviários do estado fizeram uma paralisação pedindo mais segurança para trabalhar.
De acordo com dados da própria SDS, de janeiro a outubro deste ano, 1.033 assaltos a ônibus foram registrados pela polícia. No mesmo período do ano passado, o total foi de 704 ocorrências em Pernambuco. Dentre as medidas anunciadas ontem pelo governo estão melhorias no sistema de monitoramento, criação de um aplicativo de celular e novo modelo de preenchimento do Boletim de Ocorrência (B.O).
Segundo o secretário das Cidades, Francisco Papaléo, dos cerca de três mil coletivos que circulam na Região Metropolitana do Recife, 1.941 estão circulando sob monitoramento do Grande Recife e do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods). “Agora todas as éreas do governo do estado que tratam com o transporte público e segurança estão interligadas para garantir um transporte seguro. Já temos dois terços da frota monitorada e, em 60 dias, teremos 100% da frota monitorada. Alguns deses coletivos que estão circulando com as novas câmeras instaladas já forneceram imagens que levaram à prisão de vários suspeitos”, declarou Papaléo, acrescentando que o governo do estado tem o detalhamento de todos os locais ocorrem os crimes de assaltos a ônibus.
Responsável pela coordenação da Força-tarefa que investiga os assaltos a ônibus, o delegado Joel Venâncio destacou que a partir de agora as empresas de transporte público terão que prestar queixa de todas as ocorrências nos coletivos, preenchendo uma planilha disponibilizada pelo Consórcio Grande Recife, que irá repassar as informações à SDS. Caso não cumpram a determinação, as empresas estão sujeitas à advertência e multa. “Antes disso, as empresas só registravam queixa quando a renda do coletivo era levada pelos assaltantes e somente a partir de um determinado valor. Por isso havia diferença entre os números da SDS e os números do Sindicato dos Rodoviários”, explicou Venâncio. “Também estamos alterando o boletim de ocorrência para que mais informações precisas sejam repassadas às equipes de investigação”, completou o delegado.
Já o aplicativo que deverá ser disponibilizado ao público em aproximadamente dois meses ainda está em fase de testes. Com a plataforma, o usuário poderá informar a ocorrência do assalto em tempo real. A informação será repassada para sistema de monitoramento do Ciods, que enviará uma viatura da Polícia Militar para acompanhar o coletivo e tentar prender os suspeitos. O aplicativo será gratuito e estará disponível para IOS e Androide.
As empresa de ônibus deverão contar com quatro câmeras de monitoramento nos coletivos. Uma delas deve estar na parte frontal, uma perto do motorista, uma na parte da catraca e outra na traseira do ônibus. Os equipamentos devem ser vedados, para evitar depredação. O governo do estado estipulou ainda um prazo de quatro meses para que as empresas operadoras se adequem às novas regras. Depois desse prazo, os coletivos que não estiverem de acordo com a estabelecido serão retirados de circulação e só voltarão a operar quando a situação for normalizada.