A crise no sistema penitenciário nacional será tema de debate nesta sexta, a partir das 14h. A Comissão de Ciências Criminais da Defensoria Pública de Pernambuco realizará o debate Crise no sistema prisional, um novo cenário é possível? O evento ocorrerá na sede da Defensoria Pública, na Rua Marques do Amorim, 127, Boa Vista, Recife.
Participarão do evento o defensor público de Pernambuco Eurico Bartolomeu Ribeiro Neto, o defensor público de Alagoas Manoel Correia, o advogado criminalista Yuri Herculano, membro do Conselho Penitenciário de Pernambuco e secretário geral da UNICRIM, a professora da UFPE e da Unicap Marília Montenegro. Em Pernambuco, atualmente, existem mais de 30 mil presos nas 22 unidades prisionais onde só caberiam cerca de 11 mil apenados.
Por Gabriel Trigueiro e Wagner Oliveira
Desembargador da área crimininal da 2ª Câmara do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) e representante do Judiciário do estado nas reuniões do Pacto pela Vida, Mauro Alencar, conversou com o Diario/blog sobre a atual situação do sistema penitenciário brasileiro. Com experiência de 10 anos como desembargador em Pernambuco, Alencar ressaltou que a crise no sistema prisional é um problema generalizado.
Na opinião dele, o Brasil precisa construir, com urgência, novas unidades prisionais para tentar resolver o problema da superlotação nos presídios e penitenciárias. O desembargador ressaltou ainda que a falta de atividades laborativas nas prisões contribui para o cenário atual.
Confira a entrevista abaixo:
Quais são, na opinião do senhor, as saídas para a crise no sistema prisional brasileiro?
A crise no sistema prisional brasileiro é generalizada, do Norte ao Sul do país, como pode ser observado durante os recentes episódios nas rebeliões, matanças e fugas em estabelecimentos prisionais de vários estados. Não há fórmula mágica para solucionar este grave e crônico problema. Queiramos ou não, a construção de presídios e penitenciárias é urgente e é uma das providências a serem adotadas pelo Poder Executivo na busca de minimizar a superlotação.
O que o senhor considera mais grave, hoje, dentro das unidades prisionais?
Dentre os vários problemas existentes, tenho que a superlotação das unidades prisionais e a pouca oportunidade de prática de atividade laborativa pelos presos são os maiores problemas. Oportunizar que o preso trabalhe enquanto cumpre sua pena é uma das etapas do processo de ressocialização. A pena é cumprida de forma progressiva (regime fechado, semiaberto e aberto). Com isso, todos os condenados, cedo ou tarde, voltarão livres para a sociedade.
Qual é a situação atual do sistema carcerário em Pernambuco?
O sistema carcerário do estado de Pernambuco conta atualmente com 10.967 vagas e existem 30.028 presos. Assim, é inquestionável que existe um déficit enorme de vagas. Não obstante o elevado número de réus presos recolhidos nos estabelecimentos prisionais do estado, um dado significativo que merece ser considerado é a rotatividade/movimentação destes presos: segundo informações obtidas junto à Secretaria Estadual de Ressocialização (Seres), durante o ano de 2016, um quantitativo de 17.711 pessoas ingressaram (flagrante, preventiva, condenação, regressão de regime) no sistema prisional e 17.979 saíram (liberdade provisória, absolvição, progressão para regime aberto, livramento condicional). Estes dados comprovam que o Poder Judiciário de Pernambuco vem cumprindo a sua missão, vez que toda entrada e saída de réus no sistema penitenciário antecede uma decisão judicial.
A Justiça é sempre acusada de ser lenta nas execuções penais. O senhor concorda com essa afirmação?
O Poder Judiciário de Pernambuco vem, nos últimos anos, buscando melhorar a estrutura das Varas de Execuções Penais, e atualmente conta com cinco Varas Regionais Especializadas (três no Recife; uma em Caruaru; e uma em Petrolina), além da Vara de Execução de Penas Alternativas. Cada uma destas varas conta com uma estrutura de pessoal diferenciada das demais varas criminais, tudo em face da peculiaridade das mesmas. Ultimamente, não registramos queixas em relação ao tempo para que os juízes apreciem os benefícios a que fazem jus os réus já condenados: remição de pena; saída temporária; trabalho externo; progressão de regime; livramento condicional; indulto; comutação. O Tribunal de Justiça de Pernambuco também estuda a possibilidade de criar uma Vara de Execuções Penais para acompanhar o sentenciado que cumpre sua pena no meio aberto (regime aberto e livramento condicional) visando desafogar as demais varas e criando mecanismos para um melhor acompanhamento destes condenados que se encontram na etapa final do cumprimento de suas penas. Quanto aos presos provisórios (ainda não condenados), durante o ano de 2016, os juízes julgaram mais processos do que os iniciados no ano, cumprindo assim a Meta 01 estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Nacionalmente, o Poder Judiciário de Pernambuco foi elogiado pelo CNJ porque obtivemos o maior número de júris realizados em novembro, no mês nacional do Júri. Obtivemos um total 558 processos relativos a crimes dolosos contra a vida julgados em 133 unidades judiciárias estaduais. O número de condenações na iniciativa foi de 341. Do total de júris realizados, 47 envolviam casos de violência contra a mulher; 49 foram relativos a crimes praticados dentro ou próximos a bares e casas noturnas; além de três cometidos por policiais.
O Poder Judiciário de Pernambuco criou a Comissão de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário. Como vai funcionar essa comissão?
Na realidade já existe o Grupo de Monitoramento Carcerário – GMF no âmbito do TJPE, criado por recomendação do Conselho Nacional de Justiça, integrado por mim, por juízes assessores e pelos juízes das Varas das Execuções Penais. O que foi decidido recentemente pelos desembargadores, presidente e corregedor do TJPE foi a formação de uma comissão para, em caráter emergencial, buscar a adoção de providências que vissem a melhoria da prestação jurisdicional na área criminal. Esta comissão já se reuniu por três oportunidades nos últimos dez dias e vem discutindo a matéria e adotando providências, dentre elas: um programa de agilização processual para julgamento das ações penais de réus presos. Uma providência que já vem sendo adotada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco é a Audiência de Custódia, onde o indivíduo preso em flagrante, no prazo de 24 horas, antes de ser encaminhado ao presídio, é apresentado ao juiz que, na presença do representante do Ministério Público e do defensor, decide pela conversão do flagrante em prisão preventiva ou pela concessão da liberdade provisória. Durante o ano de 2016 passaram pela Audiência de Custódia aproximadamente 7.500 indivíduos, dos quais 4.500 foram encaminhados aos presídios (responderão o processo preso) e 3.000 foram beneficiados com a liberdade provisória (responderão o processo em liberdade).
Qual é o perfil dos presos que terão prioridade na agilização dos processos por parte do Poder Judiciário de Pernambuco?
Dentre as providências emergenciais, adotadas pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, temos o programa de agilização processual para julgamento das ações penais de réus presos. Assim, serão utilizadas as estruturas já existentes das Centrais de Agilização Processual, onde um grupo de juízes que ali atuam, irá receber das diversas varas criminais os processos que já estejam na fase de prolatação da sentença. Ou seja, serão aproximadamente vinte juízes, que se juntarão aos demais juízes criminais, para julgar os processos que estejam conclusos para sentença.
Haverá também mutirão voltado para presas da Colônia Feminina?
O trabalho abrangerá indistintamente os processos dos réus homens e mulheres. O que será observado é a condição de encontrar-se preso preventivamente e a instrução processual já concluída. Deve ser registrado que o trabalho não terá como objetivo a liberação do preso, e sim o julgamento do processo. Caso o réu seja absolvido, e não responda preso a outro processo, será posto em liberdade. Já em caso de condenação, o réu dará início à execução da pena que lhe for imposta, computando-se o tempo que ficou recolhido provisoriamente durante a instrução processual.
A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, reuniu os presidentes dos tribunais de Justiça de todo o país para tratar da crise carcerária. Quais foram as solicitações e recomendações?
A ministra presidente do Supremo Tribunal Federal reuniu-se com os presidentes dos Tribunais de Justiça e ouviu de todos um relato da situação de cada estado e, ao final, pediu aos desembargadores esforço concentrado nas varas criminais e de execução penal durante os próximos 90 dias com a designação de juízes auxiliares e servidores para realizar a tarefa. A presidente do STF anunciou a realização do censo penitenciário e do cadastro de presos do país, que será mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou que o maior problema do sistema prisional é a corrupção. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
Como afirmei anteriormente, acredito que o maior problema do sistema prisional é a falta de vagas, sendo certo de que existem vários outros problemas a serem enfrentados. A corrupção é um destes problemas, o que pode ser constatado todas as vezes que se faz revista nos presídios e ali são encontradas armas e celulares.
Como o senhor avalia o Plano Nacional de Segurança anunciado pelo governo federal?
De acordo com o Ministério da Justiça, os três principais objetivos do Plano Nacional de Segurança Pública são a redução de homicídios dolosos; o combate integrado à criminalidade organizada internacional e crime organizado dentro e fora dos presídios; e a racionalização e modernização do sistema. Várias ações para atender tais objetivos foram anunciadas pelo Ministro da Justiça, todas com bons propósitos, restando-nos aguardar para que possamos avaliar o êxito das medidas.
Qual é a opinião do senhor sobre a utilização das Forças Armadas nos presídios?
Até onde tomei conhecimento, as Forças Armadas não iriam fazer o trabalho de vigilância e guarda que hoje é realizado por agentes penitenciários e policiais militares nas unidades prisionais, até porque não possuem tal competência constitucional. A proposta seria de fazer uma varredura pontual em busca de armas nos presídios. Este tipo de trabalho também já é feito rotineiramente pela polícia militar. Assim, salvo a hipótese de serem utilizados equipamentos que a Polícia Militar não possua, não vejo, no primeiro momento, em que poderiam ser utéis.
Proposta em análise na Câmara dos Deputados altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06) para determinar o afastamento das funções públicas do agente que for alvo de investigação criminal por violência contra a mulher. O afastamento, que também se aplica a detentores de cargos eletivos, está previsto no Projeto de Lei 4955/16, da deputada Erika Kokay (PT-DF).
Pelo texto, o afastamento durará até a sentença definitiva, sem prejuízo de outras sanções penais e administrativas. Como medida alternativa, o juiz poderá determinar, após parecer do titular da entidade na qual o agente público estiver lotado, que ele seja transferido para outro setor até a sentença definitiva.
“A sociedade vê com acentuada reprovação a permanência do agente público no exercício de suas funções enquanto está sendo investigado por prática de agressão doméstica”, afirma Kokay. Em caso de absolvição, o agente público poderá retornar a sua função original. “Não se propõe punição antecipada, mas, sim, medida preventiva para garantir, em muitos casos, o sucesso da ação, ainda que seja pela absolvição”, completa.
Andar de carro à noite pelas ruas da Região Metropolitana do Recife (RMR) tem causado pânico em muita gente. E não é para menos. Os recorrentes casos de assaltos praticados em sinais de trânsito é apenas um dos motivos que assustam motoristas e passageiros. Cada vez mais, medidas de segurança estão sendo adotadas pela população para tentar escapar da violência. Ponto de ligação entre as zonas Oeste e Sul do Recife e que livra condutores de engarrafamentos, a Ponte Gregório Bezerra e toda a região do bairro de Joana Bezerra virou sinônimo de medo. Um lugar por onde poucos se arriscam em passar. Seja de dia ou à noite.
Na madrugada da última segunda-feira, o motorista Esron Messias de Santana Júnior, 36 anos, foi assassinado quando tentou fugir de um assalto nesse trecho. Ele estava com a esposa quando três homens queriam assaltá-los. Esron foi baleado na cabeça e capotou com carro. Sua esposa teve ferimentos leves. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) está investigando o crime. Até agora, um suspeito foi preso e os outros dois já estão identificados.
Quem precisa cruzar as vias que cortam a Ilha Joana Bezerra, na área central do Recife, não descuida da segurança. O medo é o principal companheiro de viagem das pessoas que precisam, por exemplo, chegar ao Fórum Rodolfo Aureliano, localizado entre os viadutos Capitão Temudo e Papa João Paulo II. A advogada Isabelle Menezes, 42 anos, vai ao fórum com frequencia, mas revela que toma cuidados no trajeto. “Sei que essa área é bastante complicada e insegura. Todas as vezes que venho ao fórum, evito passar pelos lugares mais esquisitos e não demoro para descer e entrar no carro. Faço tudo o mais rápido possível. Já presenciei cenas de roubos em cima do viaduto quando os carros estavam presos num engarrafamento”, contou a advogada.
A morte do motorista Esron Messias de Santana Júnior, na última segunda-feira, acendeu o alerta novamente para motoristas que trafegam na região. E o medo não se restringe à travessia da Ponte Gregório Bezerra. Após a publicação do crime nas redes sociais do Diario, centenas de leitores relataram casos que vivenciaram ou presenciaram em pontos da Ilha Joana Bezerra. O médico Carlos Esdras relatou que “nessa região, depois das 20h, nem polícia tem coragem de passar.” Já a leitora Fabyolla Tavares contou que foi vítima recentemente na mesma localidade. “Fui assaltada este mês, por volta do meio dia, nessa área. Os bandidos apontaram uma arma para mim e entreguei meu celular e minha aliança. De dia ou à noite, é melhor mudar o caminho, já que o policiamento não está mais presente”, relatou.
O motorista que opta por chegar à Zona Sul cortando caminho pela Ilha Joana Bezerra, para escapar do engarrafamento no bairro do Paissandu e do final da Avenida Agamenon Magalhães, precisa fazer um retorno em Joana Bezerra para ter acesso ao Viaduto Capitão Temudo. Também entram na rota do medo a Ponte Joaquim Cardoso, que liga o Coque à comunidade dos Coelhos e o pontilhão que leva motoristas em direção à Rua Imperial ou à Avenida Sul. “Toda essa região está muito perigosa. Os relatos de assaltos não param. Na semana passada, um colega meu foi assaltado quando havia acabado de descer do carro. Um rapaz simulando estar armado o abordou e levou os pertences dele”, declarou a advogada Maria Laura Sangerman, 23.
O advogado Harleyson Sobreira, 43, além de frequentar o Fórum Rodolfo Aureliano constantemente, contou que costuma cortar caminho para casa quando está voltando da Zona Sul. Apesar de nunca ter sido vítima ou presenciado nenhuma ação violenta, ele disse que passará a ter mais cuidado. “Já fiz esse percurso à noite várias vezes, inclusive com minha família. Meus amigos sempre dizem que eu não devo fazer isso, mas eu nunca havia ficado sabendo de algo grave nessa área. E nas vezes em que passei por aqui em horários da noite, esperava sempre outro carro ou um ônibus para não ser o único veículo trafegando”, explicou Harleyson.
Resposta
Diante das queixas de motoristas, que alegam falta de policiamento no local, a Polícia Militar disse que existem viaturas fazendo rondas 24 horas por dia na região da Ilha Joana Bezerra. De acordo com o capitão Diogo Racticliss, comandante da 2ª Companhia do 16º Batalhão, responsável pelo policiamento na localidade, blitze são realizadas com frequência nos pontos considerados críticos dentro da Ilha Joana Bezerra. “Temos recebido informações de assaltos na área, mas o policiamento está presente durante o dia e também nos horários da noite e madrugada. Além das viaturas do Gati e da Patrulha do Bairro, contamos com uma viatura de apoio com mais quatro policiais militares. Todos esses profissionais fazem abordagens nas proximidades da Ponte Gregório Bezerra e também na chamada curva do S, que leva os motoristas em direção ao bairro de Boa Viagem”, detalhou o capitão.
Para garantir a segurança nas prévias do carnaval de Olinda, 43 câmeras vão monitorar o movimento no Sítio Histórico. A prefeitura deu início, ontem, às operações da Central de Monitoramento Móvel. O ônibus, que ficará nas imediações do Palácio dos Governadores, conta com sete câmeras, cinco externas e duas internas, e será integrado a outros 20 equipamentos de filmagem. Além disso, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que reativará 16 câmeras disponíveis na área até o carnaval, tendo como ponto de apoio a Plataforma de Observação Elevada.
Durante as prévias do último fim de semana, arrastões, tiros e brigas foram filmados pelos moradores e foliões. As imagens viralizaram nas redes sociais e assustaram quem pretende brincar o carnaval em Olinda. Durante a tarde de ontem, a cúpula de segurança municipal discutiu estratégias de segurança e maneiras de coibir a violência, em conjunto com a Polícia Civil, Ministério Público de Pernambuco, Bombeiros, Polícia Militar, Poder Judiciário e Conselho Tutelar. “Como precaução, já estamos com o ônibus de monitoramento para levar tranquilidade a todas as pessoas que vêm à nossa cidade”, afirmou o prefeito Lupércio Nascimento.
Das sete câmeras da Central de Monitoramento, quatro ficam nas laterais e uma é giratória e elevada. No interior do ônibus, três guardas municipais farão o controle por quatro monitores. “Nossa central estará próxima dos locais onde normalmente tem ocorrido delitos. De posse das imagens, vamos transmitir ao pessoal da prefeitura e Polícia Militar para que haja intervenção imediata”, explicou o Coronel Pereira Neto, secretário de Segurança Urbana de Olinda. De acordo com o gestor, na última prévia havia dez guardas municipais nas ruas. Para os próximos dias, além do ônibus, duas viaturas e duas motos, o número de guardas será maior.
A central estará interligada, até o fim de semana, a outras 20 câmeras de monitoramento de serviços públicos de toda a cidade. “Vamos avaliar os equipamentos que têm menos uso e tranferi-las para cá”, destacou Lupércio.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco anunciou ainda a reativação de câmeras de segurança do Sítio Histórico ligadas à plataforma na Praça do Carmo. “Esse equipamento é um caminhão de alta tecnologia, com servidores de alta performance, que será instalado em Olinda. Nós traremos as imagens das 16 câmeras e teremos dois policiais militares trabalhando em regime de 24 horas”, explicou o major João Barros, coordenador do Centro Integrado de Comando e Controle da Secretaria de Defesa Social. Os pontos mais movimentados, como os Quatro Cantos e a área em frente ao Palácio dos Governadores, funcionarão já no próximo domingo. Até o carnaval, todas as 16 câmeras estarão ligadas.
A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher aprovou o Projeto de Lei 5475/16, da deputada Gorete Pereira (PR-CE), que obriga os estados brasileiros a criar delegacias especializadas em crimes contra a mulher nos municípios com mais de 60 mil habitantes. O objetivo prioritário das delegacias será o atendimento de mulheres que tenham sido vítimas de qualquer tipo de abuso, físico ou moral.
Segundo a proposta, os estados terão o prazo de cinco anos, contados da data de publicação da lei, para criar as delegacias, sob pena de não terem acesso aos recursos a eles destinados no Fundo Nacional de Segurança Pública. As despesas decorrentes da aplicação da medida correrão por conta de dotações próprias, consignadas no orçamento estadual.
Momento delicado
O parecer da relatora, deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), foi favorável à proposta. Conforme a parlamentar, a medida permitirá que as mulheres vítimas de violência possam ser atendidas por equipes especializadas, “capazes de as acolher em um momento tão delicado de suas vidas”.
Na visão da relatora, quando a mulher vítima de violência é atendida por um agente ou por um delegado do sexo masculino, como costuma ocorrer hoje, ela muitas vezes se sente desamparada.
“Sabendo que será recebida de forma humana e sensível, em uma delegacia especializada para a apuração de crimes contra as mulheres, a vítima não se sentirá mais constrangida ao fazer o registro da ocorrência e, com isso, poderá ser iniciada, de imediato, a investigação criminal, com o objetivo de apurar o delito, buscando identificar e prender o autor ou autores do crime”, acrescentou. “Comprovam as estatísticas que, quanto mais próximo da ocorrência do evento criminoso for iniciada a investigação, maiores as chances de solução do crime”, disse Soraya Santos.
A reportagem especial (In)justiça -publicada pelo Diario em setembro de 2016 e que revelou o drama de pernambucanos presos sem culpa – foi tema de debate nesta terça-feira na Escola da Magistratura Federal. Autor da matéria, o repórter Wagner Oliveira, que também é editor deste blog, foi convidado para falar sobre a reportagem no Curso de Formação Inicial de Novos Juízes Federais da 5ª Região.
O tema do encontro foi erros judiciários. Também estiveram presentes uma das vítimas entrevistadas na reportagem e o advogado Afonso Bragança, que tem vasta experiência na defesa de casos onde inocentes foram presos injustamente. Os novos juízes ouviram o relato da comerciante Lúcia Silvania Bezerra, 38 anos, que ficou presa um ano, um mês e 17 dias acusada de um crime do qual não participou.
Com o objetivo de combater os assaltos e explosões em agências bancárias e caixas eletrônicos na Região Metropolitana do Recife, o Batalhão de Polícia de Radiopatrulha recebeu, ontem, um reforço de 15 viaturas e novos armamentos letais e não letais. A estrutura possibilitará o retorno das atividades das Rondas Ostensivas Coronel Roberto Pessoa (Rocrop). A ação do grupo se iniciou após a cerimônia de entrega das chaves, que aconteceu no Batalhão, localizado no bairro da Boa Vista, na região central do Recife.
Os veículos são locados e, de acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), custam R$ 40 mil por mês. A Rocrop vai contar com a atuação de 80 policiais em 10 Áreas Integradas de Segurança, além do auxílio de 20 unidades móveis, que vão atender aos chamados do Ciods para o enfrentamento de quadrilhas de roubos a bancos, além de sequestros. “Aqui na capital vamos contar com uma tropa de elite de pronto-emprego. Então devolvemos ao efetivo o número de policiais necessário com viatura e armamento adequado para esse tipo de trabalho”, explica o secretário de Defesa Social, Angelo Gioia.
A Radiopatrulha tinha o lançamento de viaturas reduzido e a Rocrop já estava desativada havia seis anos. Com a volta das Rondas Ostensivas, a Polícia Militar passa a ter dois carros por Área Integrada de Segurança equipadas com novos armamentos e com quatro policiais cada, representando maior capacidade de resposta às ocorrências. Para enfrentar o crime organizado, os agentes realizaram o Curso de Patrulhamento Tático Urbano de Alto Risco, da Força Nacional, e contam com armas letais, como carabinas 556, metralhadoras e fuzis, além de um kit tático operacional, contendo granadas, escudo balístico e capacete.
“Teremos maior capacidade de resposta, contando com mais viaturas por área, podendo agir desde um assalto a banco até homicídios. Vamos poder atuar, inclusive, com intervenções em presídios. Estamos com uma capacidade de armamento melhor e mais qualificados”, explica o comandante da Radiopatrulha, tenente-coronel Walter Benjamin.
Somente em 2016, a SDS registrou 101 ações com uso de explosivos em arrombamentos a caixas e cofres, sendo 68 consumados, de acordo com a Polícia Civil. Já para o Sindicato dos Bancários, o número desse tipo de ocorrência foi de 346 somente no ano passado. Ao todo 56 municípios pernambucanos foram afetados e apesar de o interior também ser alvo das quadrilhas, a Rocrop só vai atuar na capital.
“O que se enfrenta com essa tropa são ações de grande impacto, com emprego de armamento pesado, como explosões. No interior, além da ampliação do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati), teremos um Batalhão Especial de Polícia, que retoma com uma tropa bem selecionada e estruturada, e teremos uma unidade instalada em Serra Talhada com emprego mais efetivo”, disse Gioia.
A previsão é de que em até 60 dias essa unidade do batalhão seja reestruturada e já esteja atuando.
Números
80 policiais vão atuar em 10 Áreas Integradas
20 unidades móveis darão auxílio ao trabalho
R$ 40 mil será o custo mensal do aluguel das novas viaturas
101 ações com uso de explosivos para arrombamentos a caixas e cofres
A Polícia Militar vai passar a recolher os dados de vendedores ambulantes que circulam pela Avenida Agamenon Magalhães, no Centro do Recife, para ajudar a identificar suspeitos de assaltos na região. Na noite da última terça-feira, um adolescente de 13 anos que se passava por vendedor de pipocas para assaltar foi apreendido. A partir de segunda-feira, os policiais vão consultar vendedores, solicitando nome, telefone, endereço e identidade. O objetivo é criar uma rede para facilitar o direcionamento das rondas.
A medida vai começar pelo 16º Batalhão da PM, responsável por Santo Antônio, São José, Bairro do Recife, Joana Bezerra, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Boa Vista, Soledade e Santo Amaro. Com o levantamento de possíveis antecedentes criminais será mais fácil investigar aqueles que roubam fingindo ser comerciantes.
“Vamos começar com uma pesquisa de campo e contamos com a colaboração dos ambulantes que desejam fornecer seus dados. Além de facilitar nosso trabalho, essa medida vai dar mais segurança a eles e aos transeuntes. Aqueles que se aproveitam vendendo água ou pipoca para assaltar não são assíduos na região. Com a identificação dos que exercem atividade econômica fica muito mais fácil de montar uma dinâmica na ronda e direcionar nosso trabalho”, explica o capitão Diogo Racticliff.
Será criado um grupo no WhatsApp com os ambulantes cadastrados e a polícia para repassar informações e ocorrências. Segundo Racticliff, a população deve colaborar informando sobre assaltos, inclusive na Delegacia interativa, através do site www.servicos.sds.pe.gov.br/delegacia, ou pelo 190.
A assessoria da PM informou que o policiamento na avenida é feito por uma viatura que fica em frente à Fábrica Tacaruna. Três duplas de policiais com cães também fazem o policiamento no trecho até o Viaduto Capitão Temudo e um trio da Companhia Independente de Policiamento com Motos realiza rondas. Outros reforços são a Plataforma de Observação Elevada em frente ao Hospital Português e as rondas da
A Polícia Civil está tentando identificar os dois fugitivos comparsas de uma dupla de assaltantes que foi detida furtando objetos de um apartamento do Edifício Akrópolis, na Avenida Boa Viagem. O crime aconteceu no início da tarde da quarta-feira. Segundo o delegado Carlos Couto, que investiga o caso, a quadrilha veio de São Paulo com uma lista de apartamentos para invadir e praticar furtos no Recife.
“Esses suspeitos usavam informações de bancos de dados da internet e imagens do Google Street View para escolher seus alvos”, explicou Couto. Ainda segundo a polícia, o grupo é especializado em ações em prédios de luxo e pode ter praticado outros dois furtos no Recife recentemente.
“Até agora, sabemos que quatro pessoas participaram do crime em Boa Viagem e estamos trabalhando na identificação dos dois que conseguiram escapar. A quadrilha costumava agir em outros estados do Brasil. Como em São Paulo esse tipo de crime já está ‘batido’, eles começaram a atuar em outros locais. Dois deles têm passagem pela polícia em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, onde chegaram a ser presos”, ressaltou o delegado. Ainda de acordo com o Couto, o grupo estava no Recife desde o dia 12.
Há cerca de uma semana, eles monitoravam o Akrópolis. “Da orla eles acompanhavam as luzes do edifício para saber a rotina dos moradores. Aqueles que passavam dias sem ter as luzes acesas indicavam que não havia moradores. O grupo ainda telefonava várias vezes para os apartamentos. Eles descobriam que a moradora do Akrópolis estava viajando”, contou.
Para conseguir entrar no edifício considerado de luxo, os suspeitos se passaram por sobrinhos da moradora. Um dia antes, uma mulher, também integrante do grupo, telefonou para o prédio informando que dois sobrinhos dela estariam em seu apartamento. O porteiro do edifício acompanhou os passos dos dois rapazes e percebeu que estavam furtando o imóvel. Eles foram detidos por funcionários do edifício, que acionaram a polícia.
Com a dupla foram encontradas duas chaves de fenda e uma bolsa contendo todo o material furtado do apartamento. Na bolsa, estavam 22 relógios e várias joias. “Essa quadrilha tem foco também em apartamentos onde moram pessoas orientais”, destacou o delegado.