Meninos da Funase mostram trabalhos na 13ª Fenearte

 

Até o próximo domingo, dia 15, acontece no Centro de Convenções de Olinda, a 13ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), onde produtores da arte de várias partes mostram ao público aquilo que sabem fazer de melhor: o artesanato. Quem for visita a feira nesses dias irá encontrar também as peças produzidas pelos adolescentes da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase).

 

Os socioeducandos, que participam da Fenearte desde a primeira edição, comercializam produtos como toalhas de mesa e de prato, velas e bolas decorativas, roupas confeccionadas com jeans, lenços indianos, origami, tapetes de tear, bijuterias e bordados. Todo o dinheiro obtido com a venda dos produtos será repassado aos adolescentes responsáveis pelas confecções.

O horário de funcionamento da Fenearte é das 14h às 22h, mas nos dias 8, 13, 14 e 15, a feita terá o horário ampliado para das 10h às 22h. Os ingressos de segunda a sexta-feira custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Já nos sábados e domingos, os precos são R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia). Os ingressos estão à venda no Shopping Tacaruna e nas bilheterias do Centro de Convenções. Haverá Vans saindo do Tacaruna para a Fenearte a cada 15 minutos entre o horário das 14h às 22h.

 

 

Aumenta pena para quem submeter crianças à prostituição

 

Da Agência Brasil

 

Brasília – Estão sujeitas à pena de seis anos a 12 anos de reclusão pessoas que submeterem criança ou adolescente à prostituição. Esse foi o teor do projeto de lei aprovado semana passada, em caráter terminativo, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Agora, a matéria segue para análise da Câmara dos Deputados. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece pena para esse crime de quatro anos a dez anos. O projeto, de autoria do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), estabelece ainda que a mesma pena valerá para quem facilitar ou estimular a prostituição de menores na internet.

Proprietário ou gerente responsável pelo local – hotel, motel, propriedade privada, bares ou restaurantes, entre outros – usado para essas práticas também poderão ser condenados a penas previstas no projeto de lei. A matéria estabelece que caberá à União colaborar com estados e municípios na promoção de campanhas institucionais e educativas para combater a exploração sexual de menores.

Covardia acaba sonho de adolescente

 

Do Diario de Pernambuco

 

Durante seus breves 17 anos de vida, ele sempre lutou contra o destino. Filho de uma família pobre, nunca usou sua condição social como argumento para deixar de correr atrás do sonho que vinha construindo desde a infância. Na escola, sempre estava na biblioteca, mergulhado nos livros. A paixão pela leitura e a admiração por aqueles que lhe ensinaram a reconhecer as primeiras palavras despertaram nele a vontade de ser professor.

Era para isso que lutava até que, na sexta-feira, a batalha foi perdida. Enquanto se preparava para ir dar aula, dois homens arrombaram a porta da casa. Estavam à procura de seu irmão mais novo, de 16 anos, envolvido com drogas. Como não o encontraram, não deixaram a “visita” por menos.

Dispararam vários tiros contra o adolescente, que ainda clamou para não morrer, e um outro contra a mãe dele, por ter tentado defender o filho. O crime aconteceu no Morro da Conceição, Zona Norte do Recife. Na manhã de ontem, no cemitério de Casa Amarela, parentes e amigos despediram-se do “filho querido” e “aluno exemplar”. Sob forte comoção, cobravam justiça pela morte de mais um inocente que teve seu futuro roubado pela violência.

O assassinato aconteceu por volta das 19h da última sexta-feira. Segundo um familiar da vítima, os dois homens, conhecidos como Júlio César e Júnior Eta, bateram na porta da avó do rival, que fica na mesma rua, à procura dele. Como não o encontraram, foram até a casa da mãe do adolescente, onde ele vive com mais quatro irmãos. Chegando lá, arrombaram a porta e foram logo perguntando pelo desafeto.

A mãe dele, que estava com o neto de três anos no braço, implorou para que deixassem a família em paz, mas foi em vão. Foi quando o filho de 17 anos, que tinha acabado de sair do banho e ia se arrumar para sair para dar aula, chegou na sala, perguntou o que estava acontecendo e foi baleado. “Os dois bandidos são daqui do Morro mesmo e já o conheciam, sabiam que o negócio não era com ele. Mas por maldade atiraram assim mesmo para não perder a viagem. São dois covardes”, desabafou um familiar.

Ao vê-lo baleado, a mãe correu para a frente do filho. Sem piedade, os bandidos atiraram no peito da mulher que acabou derrubando a criança no chão. Insatisfeitos, eles ainda continuaram atirando no rapaz. “Foram muitos tiros, uma verdadeira execução”, resumiu o delegado Humberto Ramos, da Força Tarefa da capital, que fez a ocorrência.

Segundo a polícia, os dois suspeitos são ex-presidiários e haviam recebido indulto da Justiça um dia antes. A mãe do rapaz foi levada para o Hospital Otávio de Freitas, onde passou por cirurgia. Seu quadro de saúde é estável.

O pai da vítima estava inconsolável. Ele contou que, na semana passada, os dois tiveram seu último encontro. “Ele me pediu um sapato para ir à escola. Era o orgulho da gente. Por causa do mais novo, que não vale nada, foi embora desse jeito. Ele não merecia morrer e muito menos assim”, desabafou. Por conta do envolvimento do caçula com drogas, toda a família vinha sendo ameaçada pelos traficantes, o que continuou depois do crime. Amigos contaram que a vítima queria se mudar com a mãe, mas não estava conseguindo dinheiro para o aluguel.

O jovem morto cursava o primeiro ano do magistério numa escola estadual no Centro do Recife. Pela manhã e à noite, dava aulas de reforço voluntário, sem receber remuneração, no programa de Educação de Jovens e Adultos numa escola municipal na Macaxeira, Zona Norte, onde estudou desde criança. Os suspeitos estão foragidos, e o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

 

Abusadores são pessoas próximas

 

É em meio a uma brincadeira, muitas vezes, que os abusos sexuais são praticados. Crianças e adolescentes costumam ser vítimas de primos, irmãos e de vizinhos, segundo a polícia. Os casos acontecem dentro do ambiente familiar e as denúncias, quando chegam à GPCA, são todas investigadas. De acordo com a delegada de Atos Infracionais da especializada, Renata Almeida, as vítimas, em geral, são crianças de até 12 anos. “No mês passado, encaminhamos um caso ao MPPE de um menino de 15 anos que abusou da prima de 4 anos. Quando o caso chegou à GPCA, descobrimos que esse mesmo menino já havia abusado também da irmã dele, que também é uma criança”, diz a delegada.

Carlos Brito já atendeu casos em seu consultório


O psicólogo infantil Carlos Brito lembra que já atendeu em seu consultório casos de abusos de crianças praticados por adolescentes. “Já acompanhei o caso de um menino de 15 anos que praticou uma investida contra a prima de 8 anos e outra situação foi um adolescentes de 16 anos que chegou a mostrar revistas pornográficas para um menino de 6 anos, que é irmão de um amigo dele. Nos dois casos, o abuso não foi consumado”, conta Brito. A delegada Renata Almeida ressalta a importância de fazer denúncias. “Quando a família souber do abuso é preciso procurar a delegacia. Depois encaminhamos a vítima para fazer a perícia sexológica no IML. As etapas seguintes são ouvir os familiares, a vítima e o infrator”, pontua a delegada.

Delegada Renata Almeida recebe os casos na GPCA


Segundo o juiz da Vara Regional da Infância e Juventude, Humberto Vasconcelos, enquanto as orientações não forem repassadas da maneira correta para as crianças e adolescentes, esse cenário de abuso não será modificado. “Precisamos educar e orientar nossos filhos. Os conceitos atuais desses meninos são equivocados. Diálogo e educação é o que falta. Eles têm capacidade de compreender tudo o que for ensinado da maneira correta. Bastar usarmos a linguagem apropriada para isso. É preciso, urgentemente, entrar nas escolas para promover uma educação sexual”, conclui.

Cresce número de adolescentes estupradores

 

Um problema grave e silencioso tem chegado com cada vez mais frequência aos gabinetes da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) e aos consultórios de psicologia. O abuso sexual praticado por adolescentes é, segundo especialistas, um fenômeno novo e que tem preocupado autoridades e psicólogos. Do início do ano, até o final de maio, 16 casos de estupro, onde os autores são menores de 18 anos, foram registrados pela delegacia especializada. Desses, 10 foram de meninos contra meninas e seis entre meninos. As estatísticas revelam ainda que, na maioria dos casos, o abusador é um primo, um irmão ou um vizinho da vítima, que, em geral, é menor de 12 anos. Esse tipo de abuso é percebido em todas as classes sociais, embora tenha mais notabilidade nas camadas mais pobres. Apenas no mês de janeiro, a Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), recebeu 11 adolescentes de todo o estado para cumprir medida socioeducativa por ato infracional correspondente ao crime de estupro.

 

Para o juiz da Vara Regional da Infância e Juventude, Humberto Vasconcelos, e alguns psicólogos que trabalham com crianças, o que tem motivado a ocorrência desses abusos praticados por adolescentes é a falta de orientação sexual nas escolas e também dentro de casa. “É necessária uma intervenção urgente. É preciso prevenir. Invadir as escolas para orientar esses adolescentes”, aponta Vasconcelos. A coordenadora do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ações Sociais (Cendhec), Valéria Nepomuceno, diz que a carência de estudos e pesquisas sobre esse fenômeno é um grande dificultador para seu entendimento e possível enfrentamento. “É uma situação relativamente nova, mas não temos onde pesquisar suas causas. O Cendhec já recebeu alguns casos de abusos sexuais contra crianças que foram praticados por adolescentes, mas, encaminhamos para a polícia. O que precisamos é saber porque essas coisas estão acontecendo e de políticas públicas efetivas”, afirma Valéria.

 

Especialista em psicologia infantil, Carlos Brito destaca duas causas para a ocorrência desses abusos. “Acredito que a erotização da infância estimula essa cultura de antecipar cada vez mais a infância e as crianças são jogadas na adolescência sem preparação. Além disso, as mídias disponíveis promovem ainda mais essa erotização e as crianças são apresentadas à sexualidade muito cedo”, destaca Brito. Ainda segundo o psicólogo, o outro fator que contribui para esse cenário é a ausência de discussões nas escolas sobre o tema sexo. “Existe uma necessidade urgente de discutir essa problemática. Os namoros estão acontecendo cada vez mais cedo entre estudantes. As escolas precisam abordar esse assunto”, alerta.