Corpo de empresário foi exumado e será levado para Goiás

A família do empresário Wodisney Rodrigues Martins, 33 anos, morto em maio, conseguiu na Justiça o direito de exumar o corpo que estava enterrado como indigente no Cemitério Parque das Flores, no Sancho. O desembargador José Américo Pereira de Lira autorizou a exumação para que a família leve o empresário ao estado de Goiás, sua terra natal.

Corpo da vítima de homicídio passou 12 dias sem identificação no IML. Restos mortais serão enterrados no estado de Goiás (REPRODUCAO TV CLUBE)

Depois de ter passado 12 dias sem identificação no necrotério do Instituto de Medicina Legal (IML), o corpo de Wodisney, que só foi identificado por familiares a partir de fotografias, acabou sendo enterrado como indigente.

A decisão do desembargador foi dada no dia 29 de maio, mas o corpo de Wodisney só foi exumado no dia 6 de junho. “Agora o corpo está no IML novamente. Estamos esperando apenas uma documentação para levá-lo para Goiás”, revelou a viúva do empresário, Roberta Câmara Vieira. Segundo o advogado João Donato, foi preciso fazer um novo pedido à Justiça para alterar a certidão de óbito do empresário.

“Como na certidão dele ainda consta como indigente, terá que ser feita outra, com a real identificação, para que o corpo possa ser finalmente enterrado pelos parentes”, esclareceu Donato.

Wodisney Rodrigues foi encontrado morto no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, no dia 9 de maio. A princípio, o crime pode ter sido latrocínio (assalto seguido de morte), isso porque o carro, o notebook e a carteira da vítima não foram localizados.

Segundo o delegado Ramon Teixeira, que investiga o caso, a polícia já sabe o que motivou o assassinato e descobriu toda a dinâmica do crime. “A investigação está muito bem encaminhada, mas não posso dar muitos detalhes. Estamos trabalhando para prender os suspeitos”, disse o policial.

Polícia aguarda laudo para concluir investigação sobre morte de engenheira

Uma espera angustiante. Há um ano, a família da engenheira civil Alzira Cortez de Souza espera respostas sobre sua morte, que continua cercada de dúvidas. Os familiares suspeitam que o companheiro de Alzira a espancou na casa onde o casal vivia, em Jaboatão, mas as investigações ainda não chegaram a uma conclusão. A engenheira, que tinha 58 anos, morreu após passar dois dias internada no Hospital da Restauração, onde deu entrada como vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Alzira também tinha lesões pelo corpo, que, para a família, foram provocadas pelo homem, um técnico de informática. Na época, os parentes chegaram a registrar um boletim de ocorrência. A Delegacia de Piedade investiga o caso.

Amaro Cortez e família esperam a conclusão. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A. Press
Amaro Cortez e família esperam a conclusão. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A. Press

O laudo do IML apontou hemorragia interna do crânio e sugere que as lesões são compatíveis com as causas jurídicas tanto de homicídio quanto acidente. Vinte pessoas já foram ouvidas e duas reproduções simuladas foram realizadas. “Devolvi o laudo da reprodução simulada ao médico legista, solicitando o esclarecimento de algumas lacunas. O companheiro da vítima já prestou depoimento e afirmou que as lesões foram decorrentes de duas quedas”, informou a delegada Ana Amélia Carvalho.

As dúvidas surgiram porque era preciso descobrir de onde Alzira caiu e de que forma aconteceu a queda. “O ex-marido contou que ela caiu num restaurante e, no dia seguinte, se desequilibrou em seu quarto, enquanto ele dormia. Se as lacunas não forem preenchidas, ficará difícil apontar crime, mas a depender das respostas do IML posso concluir pelo indiciamento por homicídio ou omissão de socorro, já que ele não a levou logo a uma unidade de saúde”, destacou a delegada.

A professora Maria Luiza de Souza Rezende, irmã de Alzira, confirma que a família tem fortes suspeitas sobre o ex-companheiro. O irmão, o desenhista Amaro Cortez, 50, conta que a angústia da família só aumenta. “Continuamos acreditando em espancamento”.

Leia mais sobre o assunto em:

Polícia aguarda IC para reconstituir morte de engenheira

Morte de engenheira ainda sem resposta

Presa sete anos após aplicar golpe milionário em idoso

A vida parecia seguir normalmente para uma mulher de 49 anos que passava os dias de forma confortável e morando em um apartamento à beira-mar. No entanto, ela foi presa na última quarta-feira sob a acusação de ter aplicado um golpe milionário contra um casal de idosos o qual ela costumava frequentar a casa e acompanhar o homem, um médico aposentado, para bancos e para resolver outros problemas. Segundo a família do idoso e a polícia, essa mulher falsificou documentos, desviou dinheiro e se apropriou de vários dos bens da família. Usufruiu deles até ser retirada de casa nessa quarta-feira e levada para a Colônia Penal Feminina, onde vai aguardar julgamento.

O caso está estampado nas páginas do Diario de Pernambuco desta quinta-feira e revela um lado perigoso. Devido à correria do dia a dia, muitos filhos e netos não podem, outros não querem mesmo, acompanhar os parentes idosos na hora de resolver questões relativas a dinheiro. E é justamente aí que mora o perigo. Existem quadrilhas especializadas em aplicar esse tipo de golpe. Abusam da confiança de senhores e senhoras de idade para tirar até o último centavo deles se for possível. Se você tiver conhecimento de algum caso parecido, faça uma denúncia através do telefone 3421.9595. O anonimato é garantido.

Veja parte da reportagem publicada no Diario de Pernambuco:

De motorista e auxiliar de um idoso, Marlucy Scalone de Mello, 49 anos, passou à condição de moradora de um edifício de luxo à beira-mar de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, Graças a um golpe que, segundo a polícia, envolveu desvios de dinheiro, ameaças de morte, estelionato, falsificação ideológica e apropriação de apartamentos e fazendas do médico Ascendino do Rego Lins Filho, 82, que morreu há quase sete anos vítima de câncer. Investigações das polícias Civil e Federal resultaram em vários inquéritos, que comprovaram os crimes. Ontem pela manhã, com um pano de seda enrolado na cabeça e com as mãos algemadas, Marlucy deixou o edifício onde vivia com outros familiares, também suspeitos de participação no esquema. Em cumprimento de um mandado de prisão preventiva, ela foi encaminhada à Colônia Penal Feminina do Recife.

Marlucy foi levada para o presídio ainda ontem (ARTHUR DE SOUZA/ESP/DP/D.A PRESS)

Marlucy foi presa. Foto: Arthur Souza/DP/D.A/Press

As investigações apontam que a suspeita se aproveitou da condição do médico, que precisava de uma ajudante para sair de casa, e da mulher dele, que também tinha graves problemas de saúde. Indefesos, eles foram vítimas de consecutivos crimes. O primeiro aconteceu sete meses antes da morte de Espólio. Com documentos falsos, Marlucy deu entrada na Justiça com um pedido de reconhecimento de união estável com ele, alegando que os dois eram solteiros, mas mantinham um relacionamento. Depois disso, conseguiu uma procuração para poder, por exemplo, retirar ou transferir dinheiro da conta bancária da vítima.

Afirmando ter direito por ser “viúva”, a suspeita ainda se apropriou de dois apartamentos (um em Boa Viagem e outro em Itamaracá), e duas fazendas (uma em Igarassu e uma em Itamaracá). “Várias delegacias abriram inquéritos contra a mulher e outros três familiares dela. Um seria sargento da Aeronáutica. As investigações continuam. Conseguimos provar os crimes”, disse o delegado Eronildo Farias.

Marlucy estava morando em um dos apartamentos desse prédio, onde foi presa (MARIA EDUARDA BIONE/ESP.DP/D.A PRESS)

Com o dinheiro do idoso, ela comprou apartamento neste prédio. Foto: Eduarda Bione/DP/D.A/Press

 

Confira entrevista com o filho do idoso:

Henrique Sobral Lins, filho da vítima

“Ela alegou ter uma união estável com meu pai”

Como esta mulher surgiu na vida do seu pai?
Ele já estava com uma idade muito avançada, debilitado por cauda do câncer. Meu pai precisava de ajuda para sair de casa e ir ao banco ou supermercado, por exemplo. Ele pagava R$ 20, R$ 30 para que ela o acompanhasse. Como se fosse uma diarista. Pouco tempo antes dele morrer, ela deu entrada na Justiça no reconhecimento de uma união estável com ele. Algo que nunca aconteceu. Ela se aproveitou da condição de saúde da minha mãe, que também estava debilitada. Somente após anos, conseguimos provar na Justiça, sem sombra de dúvidas, que esta mullher não tinha nenhum vinculo afetivo com meu pai. Ela própria entrou em contradições.

Como a família começou a descobrir os golpes que estavam sendo aplicados?
Ela se apropriou de duas fazendas e outros dois apartamentos do meu pai, sob a alegação de que mantinha uma união com ele. Tentamos, várias vezes, falar com ela e com outros três familiares que estavam envolvidos no golpe, mas não tivemos retorno. Por isso, procuramos a Justiça, que nos deu razão. Precisei juntar um verdadeiro dossiê com documentos, fotografias e processos abertos pelas polícias Civil e Federal. Houve transferências bancárias em nome do meu pai que ela conseguiu fazer graças a uma procuração. Queremos que todos os quatro envolvidos sejam punidos. A Justiça vai prevalecer.

Veja matéria completa escrita pelo repórter Raphael Guerra na edição impressa do Diario de Pernambuco desta quinta-feira.

 

Os vizinhos que ninguém quer ter

 

Sempre gera muita polêmica a construção de unidades prisionais ou casas para cumprimento de medidas socioeducativas para adolescentes, independentemente do sexo. Mais um exemplo disso foi a manifestação de alguns moradores do bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, ao relatarem ontem ao presidente da Funase que a mais nova casa de semiliberdade da unidade traria, como já está trazendo, segundo eles, problemas para a localidade. O presidente prometeu tomar providências. Também houve protestos da sociedade quando foi anunciada a construção do complexo penitenciário de Itaquitinga, na Mata Norte.

Mas será que o problema é a localização das unidades prisionais ou o modelo de segurança que elas têm? No Grande Recife, por exemplo, temos vários presídios em áreas residenciais. O que a sociedade deve cobrar é que exista um policiamento adequado e que os detentos ou internos sejam disciplinados. Afinal, a solução não é tirar o problema das nossas vistas, e sim ajudar a resolvê-lo. Além disso, quanto mais longe essas unidades forem construídas, mas difícil será para os familiares visitarem seus presos. O que dificulta ainda mais o processo de ressocialização das pessoas.

 

Veja matéria do repórter Raphael Guerra publicada no Diario de Pernambuco desta quinta-feira

 

Casa inaugurada sob reclamações

 

Bruno (nome fictício), 15 anos, foi apreendido com sete papelotes de maconha, na Campina do Barreto, no Recife, há duas semanas. Como medida socioeducativa, ele foi encaminhado à Casa de Semiliberdade de Candeias, inaugurada oficialmente ontem. Lá, vivem outros 19 garotos. Eles frequentam escolas, participam de atividades externas, mas, à noite, dormem na unidade. Já nos finais de semana, voltam para casa, a depender do comportamento. Esse modelo é uma das cinco alternativas à internação, que só acontece em casos extremos – como homicídios e tráfico de drogas. Atualmente, no estado, 144 adolescentes vivem em centros de semiliberdade.

Apesar da medida socioeducativa já ser difundida há muitos anos em todo o Brasil, ainda é pouco conhecida. Geralmente, os menores que cometem atos infracionais pela primeira vez ou que saem da internação passam por esse tratamento diferenciado. Segundo a diretora da unidade, Suzete Lúcio, o diferencial é a participação da comunidade na ressocialização dos adolescentes. “Vários trabalhos e atividades são realizados com a participação dos moradores. É uma forma de que os meninos percebam que são bem acolhidos diante da sociedade”, apontou. Onze deles estão matriculados em escolas do bairro. Os outros nove tiveram as transferências solicitadas à Secretaria de Educação.

 

Vinte jovens estão cumprindo medida socioeducativa no local (EDUARDA BIONE/ESP.DP/D.A PRESS)

Casa abriga 20 adolescentes em Candeias. Foto: Eduarda Bione/Esp. p/DP/D.A/Press

Com apenas duas semanas, a unidade, que tem capacidade para 26 jovens, já é alvo de reclamações dos moradores do entorno. Eles afirmam que são frequentes as brigas, xingamentos e barulho até altas horas da noite. Até pedras estão sendo arremessadas contra os veículos e pessoas que passam pela rua, segundo eles. As críticas foram apresentadas ontem ao presidente da Funase, Alberto Vinícius. Ele garantiu que as denúncias serão averiguadas.

“Moro num edifício que fica ao lado. Esses meninos vivem pulando os muros e jogando pedras. Precisamos de uma providência”, contou o representante comercial Jefferson Dias, 39. Já a aposentada Maria José de Almeida, 65, relatou que, há uma semana, houve um tumulto na unidade que assustou os moradores. “Tenho três meninas dentro de casa. A gente precisa resolver esse problema urgente, pois acabou a nossa segurança”, disse. Os adolescentes são proibidos de pular o muro ou sair da unidade sem permissão. Caso isso aconteça, eles podem ser encaminhados para centros de internação.