Viúva de Artur Eugênio espera que a Justiça seja feita

“Agora espero que a Justiça seja feita. Quero que ele seja julgado, condenado e pague por tudo que fez.” O desabafo é da médica Carla Azevedo, viúva de Artur, em relação à participação de Cláudio Amaro Gomes na morte. De acordo com o delegado, mesmo os suspeitos da morte não tendo confessado participação, uma testemunha viu o momento em que o médico Cláudio Amaro entregou um pacote de dinheiro para o filho Cláudio Amaro Júnior, que repassou para os executores.

Carla Azevedo contou que o marido e Cláudio Gomes tinham divergências. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
A médica Carla Azevedo espera que os suspeitos do crime sejam punidos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

De acordo com o advogado Bruno Lacerda, que defende o médico Cláudio Gomes, seu cliente negou em depoimento que participasse de qualquer esquema ilícito de pedido de materiais. “Doutor Cláudio disse que jamais fez nada ilegal nem participou de esquema fraudulento. Ele contou que toda movimentação de pedido de materiais é controlada pelo hospital e que era impossível haver alguma fraude”, afirmou Lacerda.

O advogado disse que não vê necessidade do médico ficar na prisão. “Ele não oferece perigo à sociedade. Caso a prisão preventiva seja acatada pela Justiça, vamos entrar com um pedido de habeas corpus”, adiantou.

Confira entrevista com a viúva do médico Artur Eugênio

A viúva do cirurgião Artur Eugênio falou com a imprensa sobre o assassinato do marido e contou que o médico pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo concedeu entrevista acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima. Veja o que ela revelou:

Quando começaram as divergências entre seu marido e o doutor Cláudio Gomes?
Desde o tempo em que Artur estava fazendo o estágio probatório do Hospital das Clínicas e doutor Cláudio era o chefe direto dele. Além disso, havia divergências na rede particular. Devido a esses problemas, Artur preferiu deixar a equipe dele e trabalhar com outros profissionais.

Artur contou se havia recebido alguma ameaça por parte dos suspeitos apontados pela polícia?
Nunca soube de ameaças recebidas por Artur. E o filho de doutor Cláudio, pelo que eu sei, não teria motivos para querer matar o meu marido. Não vejo outra razão para o crime a não ser a que está sendo apontada pela polícia. Artur estava se destacando na área e iria assumir a presidência de uma câmara técnica que seria criada pelo Cremepe. Participou de uma reunião uma semana antes de ser assassinado.

Seu marido chegou a fazer alguma denúncia contra doutor Cláudio?
O que existiu foi um inquérito administrativo aberto porque doutor Cláudio reprovou Artur no término do estágio. Ele disse que o desempenho de Artur era péssimo, diferentemente da posição de todos os outros médicos em relação à postura de Artur. Por conta disso, Artur pretendia entrar na Justiça com um processo por assédio moral contra ele.

Diante do rumo das investigações e das ameaças de morte que algumas testemunhas sofreram, você teme pela sua vida?
Eu nunca recebi nenhuma ameaça, mas estou assustada. Eu perdi o medo de morrer. Não consigo imaginar o que tem na cabeça dessas pessoas. Então, isso me causa medo. Tenho medo de algum outro mal para o meu filho.

Caso Artur: polícia tenta encontrar provas contra novos suspeitos

A Polícia Civil solicitou ao Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) que faça a confrontação das fichas de novos suspeitos da morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo, 36 anos, com as impressões digitais encontradas na garrafa plástica deixada ao lado do carro da vítima após o veículo ter sido queimado. Esse foi o caminho por onde a polícia conseguiu provar a participação do bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, no crime. As digitais dele foram detectadas no recipiente que transportou o líquido usado para queimar o Golf do médico.

Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press
Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press

Além de Cláudio Júnior, o pai dele, o médico Cláudio Amaro Gomes, 57, também está preso no Centro de Triagem. Júnior é apontado como um dos executores e seu pai seria o mandante do assassinato ocorrido no dia 12 de maio. Ontem, a viúva de Artur falou sobre o caso e disse que o marido pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo falou com os jornalistas acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima, no escritório deles, no Parnamirim.

Carla Azevedo contou que o marido e Cláudio Gomes tinham divergências. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Carla Azevedo contou que o marido e Cláudio Gomes tinham divergências. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

No dia em que o corpo de Artur Eugênio de Azevedo foi encontrado, em Jaboatão, a polícia já tinha em mãos o nome do principal suspeito, o médico Cláudio Gomes. Diante das informações colhidas entre familiares e colegas de trabalho, foi solicitada à Justiça a quebra de sigilo telefônico e bancário dele. Na noite do crime, entre a hora em que a vítima deixou o Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e o momento da execução, pai e filho se falaram pelo menos duas vezes por telefones celulares. Além disso, Cláudio Júnior foi flagrado pelas câmeras do HCP, de onde seguiu Artur até o prédio dele, em Boa Viagem, onde também foi filmado.

Ontem, o delegado Guilherme Caraciolo ouviu novas testemunhas, mas afirmou que não comentaria de quem se tratava porque elas estão sendo ameaçadas. “Só falarei quando forem presos os suspeitos de executarem o médico. Também pretendo fazer uma reconstituição quando isso acontecer”, afirmou o delegado.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Marco Maggi negou ontem o pedido de habeas corpus feito no fim de semana pelos advogados do médico Cláudio Gomes. Em sua decisão, Maggi ainda manteve a prisão temporária do cirurgião. A defesa vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta semana.

Quanto a Cláudio Júnior, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão dele pela autuação em flagrante pela posse de arma de fogo. Porém, como há o mandado de prisão temporária relacionado à morte do cirurgião, ele continuará no Cotel. O médico e o filho estão sendo investigados por sequestro, homicídio, roubo e associação criminosa.

Do Diario de Pernambuco