Saiba detalhes das prisões dos acusados de matar Maristela Just e Izaelma Cavalcante

A ferida ainda estava ardendo. Agora, não mais. Foram cobranças diretas por parte do governador do estado, do secretário de Defesa Social, das entidades de luta na questão da violência contra a mulher, da imprensa, das famílias das vítimas e da sociedade em geral. Dois dos homens mais procurados pela polícia pernambucana e considerados foragidos da Justiça, ambos por terem assassinado as ex-esposas, foram presos em menos de 15 dias.  As histórias protagonizadas pelo ex-comerciante José Ramos Lopes Neto e pelo ex-comissário Eduardo Moura Mendes ganharam as páginas dos jornais e os programas de televisão pela crueldade e maneira fria como aconteceram.

Ex-comissário foi o primeiro ser capturado. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A/Press

Segundo a polícia e a Justiça, ambos mataram as ex-esposas porque as mesmas não queriam mais manter os relacionamentos. Os dois casos aconteceram em épocas bem distintas, mas acabavam andando juntos devido ao mesmo quesito. A impunidade. Impunidade essa que acabou com as prisões dos dois acusados.

José Ramos está preso no Cotel. Foto: Júlio Jacobina/DP/D.A/Press

José Ramos Lopes, que matou Maristela Just, atirou nos dois filhos pequenos e no cunhado, foi preso na última segunda-feira. Já Eduardo Moura, que baleou a professora Izaelma Cavalcante, (que morreu no hospital) foi preso no dia 17 de outubro.

Eduardo e Izaelma têm um filho de seis anos. Foto: Arquivo Pessoal

As duas prisões foram realizadas pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil, comandado pelo delegado Cláudio Castro. Em conversa com o editor do blog, o delegado Cláudio Castro conta como aconteceram as duas prisões. Confira a entrevista:

 

 

“Toda nossa equipe estava muito empenhada em resolver os dois casos”

 

Cláudio Castro comandou as duas prisões. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A/Press

Já que o caso é mais recente, o senhor pode dizer como aconteceu a prisão do José Ramos Lopes?

Estávamos com informações de que ele estaria na casa da atual esposa, mas precisávamos ter a certeza. Quando tivemos essa confirmação, então fomos até o apartamento. Fui com uma equipe, nos identificamos para o porteiro do prédio e subimos no edifício. Eu já havia ido lá outras vezes, inclusive quando o mandado de prisão foi decretado chegamos a procurar o José Ramos por lá. Bem, mas no dia da prisão, nada poderia dar errado. Alguns policiais já estavam em pontos estratégicos do edifício, caso ele tentasse reagir ou fugir, o que não aconteceu.

O que aconteceu quando o senhor o encontrou dentro do apartamento da atual mulher dele?

Eu mesmo fui até o apartamento, bati na porta me identifiquei e pedi para a mulher abrir a porta. Quando eu perguntei onde o José estava ela disse: tenha calma. Nessa hora, fui direto para o quarto e o encontrei na cama. Ele tomou um grande susto, mas não reagiu. Descobrimos que durante todo esse tempo ele não saía de dentro do apartamento para não ser visto pelos vizinhos. Daí o trouxemos para o GOE. A esposa dele ainda chegou a dizer: eu avisei a ele que não viesse para cá que era perigoso. Depois que deixou o GOE, ele foi levado para o Centro de Triagem. Aqui na delegacia ele disse que matou porque havia sido traído. Familiares da vítima afirmam que não houve traição por parte de Maristela.

E no caso da professora Izaelma? Como foi a prisão do suspeito?

Nessa investigação, desde que o menino (filho de Izaelma e Eduardo) foi resgatado da casa da avó paterna que eu estava mantendo contato com a família do Eduardo para que ele se entregasse à polícia, mas não houve acordo. Então, seguimos com as investigações e começamos a monitorar os lugares onde ele poderia estar. Mapeamos pontos em Alagoas e na cidade de Bezerros, no Agreste. No dia 16 de outubro, Eduardo esteve na casa da mãe de Izaelma para tentar ver o filho, no entanto, a avó materna não permitiu que ele entrasse na casa e ele disse que voltaria no dia seguinte. Como realmente fez e acabou sendo preso.

O senhor pode detalhar o momento da prisão dele?

Ficamos sabendo através do serviço de inteligência que Eduardo tentaria ver o filho de qualquer jeito no dia 17. Começamos, então, desde cedo, a monitorar a rotina do menino. Desde a hora que o garoto foi para a escola, estávamos observando tudo. Fomos até a porta da escola acompanhando a condução para que Eduardo não tentasse pegá-lo. Fizemos a mesma coisa na volta, que só aconteceu no início da noite e ele não havia aparecido ainda. Depois disso, fiquei dentro da casa da mãe de Izaelma e por volta das 20h Eduardo chegou para visitar o filho. Ele veio de moto e estava desarmado. Não chegou a entrar na sala, ficou no terraço. Foi quando eu dei voz de prisão e nós o trouxemos para o GOE.

Assim como a Delegacia de Capturas, cabe ao GOE também prender foragidos da Justiça. Como o senhor pode avaliar as prisões dos dois foragidos?

O que posso dizer com toda a certeza é que toda nossa equipe do GOE estava muito empenhada em resolver os dois casos. Ainda quando eu estava dando entrevista no dia da prisão de Eduardo Moura eu falei que não havíamos esquecido do caso Maristela Just. E graças a Deus, menos de 15 dias depois, conseguimos prender o José Ramos Lopes Neto e encaminhá-lo ao Centro de Triagem.

 

Filho assiste à morte da mãe e à prisão do pai

ma criança de apenas cinco anos, que há menos de um ano viu a sua mãe ser assassinada pelo próprio pai, assistiu, na noite dessa quarta-feira, à prisão do acusado que estava com a prisão decretada pela Justiça. O caso do assassinato da professora Izaelma Cavalcante, ocorrido em dezembro ano passado, teve bastante repercussão no estado. Ela foi baleada oito vez pelo ex-companheiro, o ex-comissário da Polícia Civil Eduardo Moura Mendes, que não aceitava o fim do relacionamento dos dois e morreu dias depois no Hospital da Restauração.

Casal já estava separado na época do crime. Foto: Arquivo Pessoal

Logo após ter atirado em Izaelma, Eduardo fugiu levando o filho do casal. A criança passou vários dias com o pai e somente foi encontrada pela polícia no final do mês de março, na casa dos avós paternos, no bairro de Rio Doce, em Olinda. Resgatado pela polícia, o menino passou a viver com a avó materna, na Cidade Tabajara, onde viu o pai ser detido pelos policiais do Grupo de Operações Especiais (GOE).

Essa seria a primeira vez que o pai tentava ver o menino desde que ele foi morar com a avó materna. “Meu neto ficou muito nervoso com as cenas que viu. Ele já presenciou a morte da mãe e agora viu o pai ser preso. Ele ficou muito abalado. É apenas uma criança”, disse a mãe de Izaelma, a dona de casa Antônia Cavalcanti. O que será que está passando na cabeça dessa criança agora? Ele vai precisar receber muito amor e atenção dos familiares para superar os traumas vividos até agora.

Ex-comissário já foi levado para o Cotel. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A/Press

Veja abaixo matéria publicada no portal do Diariodepernambuco.com.br

O ex-comissário da Polícia Civil Eduardo Moura Mendes foi preso na noite desta quarta-feira (17) ao visitar o filho Heitor, de apenas cinco anos, na casa em que a criança mora com a avó, em Cidade Tabajara, Olinda. O homem era procurado pela morte da professora Izaelma Cavalcante Tavares, de 36 anos, assassinada com oito tiros em dezembro do ano passado. A criança teria presenciado o crime. A captura do suspeito foi articulada pelo delegado Cláudio Castro, do Grupo de Operações Especiais (GOE).

Eduardo Moura foi preso por volta das 19h30. Contra ele, já há mandado de prisão preventivo expedido. Nesta noite, ele presta depoimento na sede do GOE, no Cordeiro. Após ser ouvido, será encaminhado ao Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Izaelma Cavalcante Tavares, de 36 anos, teria sido assassinada pelo ex-marido no ano passado, em Bairro Novo, Olinda. O namorado da professora, que não quis se identificar, denunciou o ex-companheiro como principal suspeito do crime. No momento da agressão, Izaelma havia levado Heitor para ver o pai, que não aceitava o fim do relacionamento. Pouco antes, ela telefonou para o namorado, que escutou uma discussão entre o casal e gravou pelo celular.

Pela escuta, é possível perceber a voz da criança. O menino ouviu os pais brigando e, logo depois, o som no telefone indica que alguém teria tentado fazer uma ligação. Em seguida, escuta-se o desespero da professora, gritando e pedindo por socorro. Izaelma foi atingida por oito disparos de revólver. Passou seis dias internada no Hospital da Restauração (HR) antes de morrer. Eduardo e a criança não foram mais encontrados. Heitor só reapareceu em março deste ano, estava na casa da avó paterna, na Rua Maria Ramos, no bairro de Rio Doce.

Durante o socorro à Izaelma, a ambulância que transportava a professora para o Hospital da Restauração ainda capotou após colidir com uma Nissan Frontier no cruzamento das avenidas Agamenon Magalhães e Rui Barbosa.