Cineastas de Pernambuco farão vídeos sobre problemas do crack

Diretores e produtores de cinema foram convidados pelo prefeito Geraldo Julio (PSB) para participarem de um projeto de colaboração entre a prefeitura e os cineastas pernambucanos para a elaboração de vídeos a respeito do problema do consumo e da dependência do crack. Os curtas-metragens, de até 30 segundos, serão veiculados nos intervalos da programação das emissoras de TV de Pernambuco, que aceitaram colaborar com o projeto sem cobrar pelas inserções.

“A TV Clube sempre tem adesão a esse tipo de campanha, pois não é uma propaganda institucional, mas um movimento que está sendo iniciado”, explicou Roberta Aureliano, gerente de jornalismo da emissora.

Geraldo Julio deu prazo de 90 dias para material ficar pronto (ANDREA REGO BARROS/PCR)

Para a produção dos vídeos não há, por enquanto, uma verba municipal prevista. Os diretores devem participar, a princípio, de forma totalmente voluntária e arcar com os custos de produção. “Acho importante esse desejo pelo diálogo com segmentos da sociedade civil. Viemos para ouvir”, afirmou Pedro Severien, presidente da Associação Pernambucana de Cineastas e diretor do premiado curta Canção para minha irmã.

“Os vídeos não serão pagos pela prefeitura”, esclareceu Eduardo Machado, secretário executivo de Segurança Pública. “O ideal seria oferecer a melhor estrutura possível, mas é da criatividade que a gente está atrás”, pontuou.

“É preciso negociar algum tipo de apoio para a produção desses vídeos, pois teremos custos com equipamentos e com as equipes de filmagem”, observou o cineasta Neco Tabosa, diretor de A vida plural de Layka. Kátia Mesel, diretora do documentário O rochedo e a estrela, sugeriu parcerias com universidades para garantir essa estrutura.

Segundo Geraldo Julio, “esse debate sobre a questão do crack deve acontecer das maneiras mais diversas possíveis. Recife tem pessoas de muito talento, criatividade e competência na área cultural, mais do que em qualquer outra cidade do país. O que a gente está tentando é fazer um somatório disso tudo”. Cerca de 20 cineastas e produtores participaram do almoço. Eles têm 90 dias para entregar o material às emissoras.

Por Júlio Cavani, do Diario de Pernambuco

 

Crimes de homofobia terão estatísticas oficiais em Pernambuco

O governador Eduardo Campos regulamentou a Lei nº 12.876, de 15 de setembro de 2005, que dispõe sobre a elaboração de estatística sobre a violência contra os homossexuais, de autoria de Isaltino Nascimento, deputado licenciado que comanda a pasta de Transportes. O decreto nº 39.542 foi publicado no Diário Oficial do Estado no último dia 25 de junho.

Com isso, o Estado passará a ter um banco com dados oficiais relativos a crimes com motivações homofóbicas praticadas no seu território. A contagem ficará a cargo da Secretaria de Defesa Social. Segundo o decreto, “deverão ser tabulados todos os dados em que conste qualquer forma de agressão contra a população LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no Estado de Pernambuco”.

Isaltino destaca que a medida atende à diretriz do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) de garantia da igualdade na diversidade, contemplando ações pragmáticas voltadas ao respeito à orientação sexual e à identidade de gênero. “É um instrumento importante para a cidadania da população LGBT”, enfatizou o autor da lei.

Estado tem uma delegacia para cada 41.232 habitantes

Pernambuco tem uma delegacia para cada 41.232 habitantes. E mais. Apenas 10% das delegacias existentes no estado são especializadas. Os dados fazem parte da pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública divulgada pelo Ministério da Justiça. Segundo a publicação, que foi apresentada com base nos dados colhidos no ano de 2011, Pernambuco disponta, juntamente com o Ceará, Rio de Janeiro e Distrito Federal, como um dos estados com a menor quantidade de delegacias em relação à população estadual.

No Rio, por exemplo, existe uma delegacia para um total de 93.137 habitantes. A pouca quantidade de unidades policiais é sentida por quem precisa da ajuda das autoridades para resolver problemas e para quem espera pelos resultados de investigações.

Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Pernambuco é um dos estados com menos delegacia no Brasil. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

De acordo com o Ministério da Justiça, o objetivo da pesquisa, que é realizada anualmente, é auxiliar a política pública de segurança a traçar um melhor diagnóstico para a distribuição dos recursos aos estados e municípios. “A pesquisa representa um importante instrumento que retrata o estado da arte das instituições de segurança pública do Brasil e possibilita compilar informações sobre suas condições de funcionamento, estrutura organizacional, recursos humanos e materiais existentes, orçamento, ações de prevenção e atividades de capacitação e valorização profissional realizadas.

Considerando que uma das principais atribuições da Senasp é o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para as instituições de segurança pública do país, é fundamental a composição de diagnósticos que permitam, por um lado, a implementação de uma agenda de políticas e de investimentos de âmbito nacional, e, por outro, levem em consideração as especificidades de cada Unidade da Federação”, afirmou a secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Maria Filomena de Luca Miki, na apresentação do trabalho.

Saiba Mais

8.796.032 é a população de Pernambuco*

41.232 é a quantidade de habitantes por uma delegacia

4,6% é o percentual do estado em relação ao total do Brasil*

185 municípios fazem parte do estado de Pernambuco

80,2% da população vive em áreas urbanas*

215 foi o total de delegacias computados pela pesquisa

174 dessas delegacias estão no interior do estado

41 delegacias estão na capital e RMR

11 é o total de delegacias especializadas em Pernambuco

3 delegacias têm a câmara de Gesell (sala com espelho que permite ver de um lado e não ser visto pelo lado oposto)

Fonte: Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública e IBGE/2010

* Dados do Censo do IBGE/2010

Polícia Federal de Pernambuco tem novo superintendente

O delegado federal Marcello Diniz Cordeiro é o novo superintendente da Polícia Federal de Pernambuco. O policial tomou posse no último dia 4 e está ocupando o cargo deixado pelo delegado Marlon Jefferson de Almeida. Marcello Diniz nasceu em 28 de novembro de 1966, em Londrina/PR. É formado em direito pela Universidade Estadual de Londrina/Paraná, especialista em Gestão de Segurança Pública pela Academia Nacional de Polícia (2006) e Mestre em Direito Internacional Econômico pela Universidade Católica de Brasília (2009).

Delegado está à frente da PF no estado. Foto: Polícia Federal/Divulgação
Delegado está à frente da PF no estado. Foto: Polícia Federal/Divulgação

Atuou como advogado até 1996, quando ingressou no Departamento de Polícia Federal no cargo de Delegado de Polícia Federal. Recentemente ocupava a função de Superintendente Regional da Polícia Federal no Estado da Paraíba. Na PF, já ocupou cargos de Chefe do Serviço de Ordem Política da Divisão de Ordem Política e Social (2000); Coordenador Nacional de Armas (2001);Chefe da Divisão de Repressão ao Trabalho Escravo e de Segurança de Dignitários (2002-2003);Chefe do Serviço Antiterrorismo (2004-2006);Chefe da Divisão de Doutrina de Inteligência Policial e Treinamento (2006-2007);Chefe da Divisão de Operações de Repressão a Entorpecentes (2007-2009);Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado em Pernambuco (2009-2010);Comandante do Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal em Pernambuco (2009-2011);Delegado Regional Executivo em Pernambuco.

Quem dera fosse assim todos os dias

Por Raphael Guerra

Do Diario de Pernambuco

Um dia histórico no enfrentamento à violência. Essa foi a definição dada pelo governador Eduardo Campos ao anunciar que, na última segunda-feira, Pernambuco não registrou nenhum homicídio. É a primeira vez que isso acontece desde que as estatísticas começaram a ser monitoradas, em janeiro de 2004. No Recife, somente neste ano, esse resultado foi obtido 52 vezes. Já em 43 dos 184 municípios do estado o balanço é ainda mais expressivo: nenhum assassinato registrado desde 1º de janeiro. O governador pontuou que esses números são um “presente” ao programa Pacto pela Vida, que, no próximo dia 8, completa seis anos.

“Pela primeira vez zeramos os homicídios em território pernambucano. Isso merece uma celebração à vida. É um dia que queremos que se repita sempre, pois se trata de uma conquista da sociedade pernambucana. Esse dia histórico é resultado do trabalho articulado, da dedicação e da perseverança nas metas de redução da violência”, definiu o governador.

Crédito: Editoria de arte/DP
Crédito: Editoria de arte/DP

Segundo ele, o estado é o único do Nordeste a alcançar uma queda de mais de 35% nos índices de assassinatos. Campos destacou o trabalho diário de monitoramento das estatísticas, aliado às ações articuladas de repressão às drogas e aos grupos de crimes organizados. “Segurança não é só tarefa da polícia. Tem que haver coragem de acompanhar e apostar na transparência da ação para reduzir a violência”, disse.

Das 43 cidades sem homicídios neste ano, Limoeiro, no Agreste do estado, foi uma das destacadas durante a entrevista coletiva. Isso porque, em maio de 2007, quando o Pacto pela Vida foi criado, eram contabilizadas cerca de 82 mortes para cada 100 mil habitantes. Atualmente, o índice é de 9. Salgadinho, também no Agreste, chama a atenção. O último crime aconteceu em 2009.

O secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, lembrou que, por inúmeras vezes, o estado chegou a registrar mais de 30 homicídios numa segunda-feira. Isso sem contar os altos índices nos fins de semana e feriados. “Agora vamos concentrar esforços nos delitos de âmbito familiar, como os contra a mulher. Conseguimos reduzí-los em 38,8%, a maior queda registrada no país”, afirmou.

Reforço
O relançamento do programa Patrulha do Bairro, em agosto de 2012, também contribuiu com a redução de 21,3% nos crimes contra o patrimônio, entre eles os assaltos. Morador de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, o portuário Lúcio Arcoverde, 48, garante que já sentiu a diferença. “As viaturas passam com frequência pelas ruas, o que acaba afastando a presença de bandidos”, disse.

 

SDS lança campanha da Cultura de Paz nesta quarta-feira

Será lançada nesta quarta-feira pela Secretaria de Defesa Social – SDS a campanha “Cultura de Paz”. O objetivo é diminuir, a partir da conscientização da população, os índices de violência por razões fúteis e impulsivas. De acordo com a Gerência de Análise Criminal e Estatística – GACE da SDS, 49% dos homicídios investigados em Pernambuco, em 2012, foram crimes por impulso.

A campanha será veiculada na televisão, no rádio, no jornal, na internet, como também em outdoor e backbus na Capital, Região Metropolitana e cidades do Interior, além de cartazes e adesivos para carros. De acordo com a SDS, os crimes de proximidades, que envolvem rixas, brigas de vizinhos e discussão de familiares são os mais difíceis de serem evitados.

Mais informações sobre esse assunto ainda nesta quarta-feira

Da Assessoria de imprensa da SDS

Modelo de segurança de Pernambuco serve de exemplo

Desde a implantação do Pacto Pacto pela Vida estadual, a redução de homicídios em Pernambuco foi de 34%. Segundo o Mapa da violência 2013 – mortes por armas de fogo, divulgado no início de março, o estado obteve redução de 27,8% no número de mortes entre os anos de 2000/2010. Também de acordo com a publicação, o Maranhão teve um crescimento no número de vítimas de 344,6% na década. Já Alagoas, Bahia, Ceará e Paraíba tiveram taxa de crescimento de mais de 200%.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, e o secretário de Segurança Urbana, Murilo Cavalcanti, afirmaram que o programa municipal será espelhado no estadual. No ano de 2012, Pernambuco teve 2.721 homicídios. Foram 186 crimes a menos do que em 2011. Os números divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS) indicam uma redução de 6,3% na taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) por 100 mil habitantes. Em 2011, a redução foi de apenas 1,2% no quantitativo de mortes. Já nos anos de 2010 e 2009 as diminuições foram de 14% e 12%, respectivamente.

O policiamento ostensivo no estado ganhou um reforço no início do mês passado com a formatura de 1.996 policiais civis e militares. A maior parte do efetivo (800 soldados da Polícia Militar) está integrando o Programa Patrulha dos Bairros, que foi ampliado na semana passada. O reforço na segurança pública também chegou às delegacias com a contratação de 415 agentes e 201 escrivães.

“Temos certeza de que o pacto vai conseguir os mesmos resultados que o plano estadual. Pernambuco está servindo de modelo para outros estados do país no quesito segurança e desponta como o único estado do Nordeste a reduzir os índices de criminalidade”, ressaltou Geraldo Julio.

CNJ pretende dobrar número varas de violência contra a mulher

Estudo divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostrou que é preciso dobrar o número varas e juizados especializados em violência doméstica e familiar contra mulheres para atender à demanda atual no país. Atualmente, são 66 unidades, mas o ideal seriam 120. Também é preciso tornar o atendimento mais proporcional nas cinco regiões do país.

O estudo recomenda a instalação de 54 varas ou juizados da violência contra a mulher, especialmente em cidades do interior com grande concentração populacional, para atender de forma adequada à demanda existente.

No Sudeste, a sugestão é criar novas unidades no Espírito Santo (Colatina e Cachoeiro do Itapemirim); no Rio de Janeiro (Nova Friburgo, Volta Redonda e Campos dos Goytacazes); em Minas Gerais (Montes Claros, Governador Valadares, Uberlândia e Juiz de Fora) e em São Paulo (Ribeirão Preto, Bauru, Campinas, São José do Rio Preto e Presidente Prudente).

Para o Nordeste, a proposta são 18 novas varas ou juizados distribuídos entre Alagoas (Arapiraca); Bahia (Vitória da Conquista, Barreiras, Teixeira de Freitas e Juazeiro); Ceará (Sobral e Crateús); Maranhão (Caxias e Balsas); Pernambuco (Caruaru, Petrolina e Serra Talhada); Paraíba (Patos); Piauí (Parnaíba e Picos); Sergipe (Itabaiana e Aracaju); e Rio Grande do Norte (Caicó).

No Sul há demanda de varas especializadas no Rio Grande do Sul (Pelotas, Caxias do Sul e Santa Maria); no Paraná (Maringá, Londrina e Cascavel); e em Santa Catarina (Chapecó, Joinville e Criciúma). No Centro-Oeste, em Goiás (Rio Verde e Catalão); em Mato Grosso (Sinop e Cáceres); e em Mato Grosso do Sul (Corumbá e Dourados).

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Profissionais de saúde do estado têm medo de notificar casos de abusos

Passados mais de 20 anos da instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Brasil ainda não cumpre integralmente a determinação para que profissionais de saúde notifiquem casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes. Estudos científicos de universidades brasileiras a que a Agência Brasil teve acesso apontam que, em média, seis em cada dez profissionais que identificam violações durante atendimento se omitem e não encaminham a denúncia aos órgãos competentes, contrariando o que está previsto na lei.

Para quem atende no Sistema Único de Saúde (SUS), a obrigatoriedade foi reforçada por portaria do Ministério da Saúde, publicada em março de 2001. Dados da pesquisa feita pelo odontólogo João Luís da Silva, do Programa de Pós-Graduação Integrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), indicam que 86% dos profissionais entrevistados já suspeitaram de violência física, sexual, psicológica e negligência, mas somente 36,4% deles notificaram o caso. O principal motivo para a omissão foi o medo de retaliação por parte dos agressores (32%), já que, segundo o pesquisador, a falta de sigilo possibilita a identificação do profissional notificador.

Para fazer o estudo, que resultou na dissertação de mestrado Entre as Amarras do Medo e o Dever Sociossanitário: notificação da violência contra crianças e adolescentes sob a perspectiva de rede na atenção primária, defendida no ano passado, Silva entrevistou 107 dos 120 profissionais de saúde de nível superior, atuantes na estratégia Saúde da Família em Olinda (PE).

Fonte: Entre as Amarras do Medo e o Dever Sociossanitário: notificação da violência contra crianças e adolescentes sob a perspectiva de rede na atenção primária (UFPE)

Na avaliação de João Luís da Silva, que é especialista em saúde pública, o ideal é que a notificação seja encaminhada não apenas pelo profissional de saúde, mas por uma comissão intersetorial de modo a dificultar ou impedir a identificação do responsável pela denúncia.

“A alternativa é fazer com que a saúde não trabalhe sozinha, mas intersetorialmente, em uma ação integrada com profissionais de educação, de assistência social e do próprio conselho tutelar. Desse modo, lançaríamos mão de diversos olhares e o profissional da saúde ficaria mais confiante”, disse.

Da Agência Brasil