Menina de 9 anos morre por conta de dívida de drogas do irmão

Uma menina de apenas 9 anos, Vitória Batista Nascimento dos Santos, foi assassinada com tiros na cabeça nas primeiras horas da manhã de ontem, na comunidade Terra Nostra, no Ibura de Baixo, periferia do Recife. A criança dormia com a mãe e cinco irmãos mais novos quando a pequena casa em que viviam foi invadida por desconhecidos.

Crime aconteceu na casa das vítimas, no Ibura. Fotos: Nando Chiappetta/DP/D.A Press
Crime aconteceu na casa das vítimas, no Ibura. Fotos: Nando Chiappetta/DP/D.A Press

A mãe, Ana Cristina do Nascimento dos Santos, 32, foi baleada no peito e, até o fechamento desta edição, estava internada em estado grave na UTI do Hospital Otávio de Freitas. Segundo investigações da polícia, o crime foi praticado por traficantes. O alvo dos criminosos seria um garoto de 12 anos, também filho de Ana Cristina. Ele não estava no imóvel no momento da invasão. O menino estaria devendo R$ 250 ao tráfico.

Vitória ajuda a cuidas dos irmãos mais novos
Vitória ajuda a cuidas dos irmãos mais novos

Parentes das vítimas contaram que os traficantes iniciaram as ameaças à família na semana passada, em plena rua. “Eles só não mataram Ana Cristina na hora porque ela estava com o bebezinho dela, de um ano e seis meses, no colo”, disse Rosana Batista, 56, cunhada da mulher. Segundo ela, assim como o filho de 12 anos, Ana Cristina também é dependente de drogas desde a adolescência. “Ela já foi espancada e ameaçada várias vezes por conta dessas dívidas. Uma vez, apanhou grávida de Vitória”, completou. Depois das últimas ameaças, o garoto estava escondido para não morrer.

Vizinhos e policiais envolvidos na ocorrência ficaram chocados com a violência
Vizinhos e policiais envolvidos na ocorrência ficaram chocados com a violência

A família também informou que o mesmo menino teria se envolvido no assassinato de um morador de rua no Ibura, há dois anos. O homem foi queimado enquanto dormia em um carro abandonado. A irmã mais velha de Vitória, Elaine Cristina dos Santos, 18, lamentava a forma trágica como a criança foi assassinada. “Por que não eu? Ela era uma pessoa boa”, dizia, agarrada a uma foto da irmã.

A desestruturação da família de Vitória era assistida de perto pela pastora Ana Elizabeth Campelo, da igreja frequentada pela menina. “Diante da dependência da mãe, ela assumia todas as tarefas de casa e cuidava dos irmãos. Mas mesmo com esse tipo de vida, a menina não aparentava tristeza”, comentou a pastora. A partir de agora, as crianças deverão ficar com o pai, Wellington dos Santos, que já não vivia com a mãe delas.

Vitória ainda foi levada com vida para a Policlínica Arnaldo Marques, no Ibura, mas não resistiu. A violência praticada contra a criança emocionou os guardas municipais e equipes de plantão na unidade de saúde. “O pai chegou carregando ela nas costas, desesperado. Tinha muito sangue”, comentou o guarda municipal Roberto Cássio dos Santos. Até o fechamento desta edição, nenhum suspeito havia sido encontrado. O corpo da criança será sepultado hoje no Cemitério de Santo Amaro.

Do Diario de Pernambuco

Polícia vai investigar morte de rapaz que passou mal na Liquid Sky

O delegado de Maria Farinha Álvaro Porpino instaurou um inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de um homem de 28 anos durante uma festa rave em Maria Farinha, Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Henrique Andrade Lima Batista teria passado mal e se debatido no chão, quando participava do evento Liquid Sky na madrugada do último domingo.

Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, uma equipe de investigação já está em diligências colhendo informações sobre a morte. Ainda esta semana serão iniciados os depoimentos das pessoas que estavam na rave e também dos profissionais e pessoas que fizeram o socorro a Henrique.

Henrique, que era diretor-executivo de uma empresa de móveis, chegou a ser socorrido pelo Samu e levado para a Unidade de Pronto Atendimento(UPA) de Paulista. De acordo com a unidade de saúde, o paciente deu entrada por volta das 5h do domingo, com parada cardiorespiratória. O corpo de Henrique foi sepultado na noite desse domingo, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista.

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Jovem de 20 anos morre em rave no Paiva

Roubos em bancos sugerem cenário de “novo cangaço”

As características dos assaltos a banco no Nordeste mudaram nos últimos anos. Tornaram-se mais comuns as explosões a caixas eletrônicos. Foram 203 ataques em Pernambuco e nos cinco estados vizinhos: Paraíba, Ceará, Piauí, Bahia e Alagoas. Os ataques em série a cidades pequenas do interior nordestino ficaram conhecidos como “novo cangaço”.

Destruição no BB de Condado em 2012: quadrilhas são interestaduais e complexas (ALMEIDAALMEIDA/DP/D.A PRESS)

Para o historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Severino Vicente, o aspecto que aproxima o bando de cangaço de Lampião, que atuou no início do século 20, dos casos atuais, é a ausência do Estado. “Em muitas cidades do interior, o juiz, delegado, promotor não moram no local e acumulam a responsabilidade por vários municípios. A ausência das instituições públicas favorece a ação dos criminosos”, explicou. “Foi num contexto sem um estado presente que o cangaço se espalhou pelo Nordeste até que, nos anos 1930, o estado assumiu o controle social do Sertão”, completou o professor.

Por mais que haja contingente humano disponível, é difícil para o corpo policial garantir a segurança no Agreste e no Sertão nordestinos, em especial no período em que normalmente são liberados salários e pagamentos de benefícios. O desafio é grande, tanto que entre os dias 1º e 8 do mês são registradas 34% das tentativas de roubos com uso de explosivos, em especial no período que vai da quarta à sexta-feira.

Em todo o Nordeste, o Bradesco é o principal alvo dos bandidos. Não por coincidência, é a rede que concentra pagamentos de servidores públicos de Pernambuco e, pelo menos, outros três estados nordestinos. De acordo com o chefe de comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro, é a Polícia Civil de cada estado que atua na tentativa de coibir e prender grupos criminosos do gênero, no entanto, a PF pode fazer parte de investigações conjuntas justamente quando há características de interestadualidade das ações, o que dificulta a ação local.

“Como as quadrilhas são interestaduais, fica difícil informar quantos assaltantes foram presos este ano, já que eles podem ter sido detidos em outro estado”, explica. A Caixa Econômica Federal é o terceiro alvo mais recorrente quando o assunto são roubos com uso de explosivos, mas há registro cada vez menor de investidas contra as agências desse banco, fato atribuído a uma central de monitoramento 24 horas, que aciona a Polícia Militar local automaticamente assim que um movimento é detectado no interior da agência, após o horário de funcionamento tradicional.

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Explosões a caixas eletrônicos desafiam a polícia

Explosões a caixas eletrônicos desafiam a polícia

A ação acontece quase sempre do mesmo jeito: os bandidos chegam à noite ou de madrugada, invadem a agência bancária, explodem os caixas eletrônicos e fogem levando o dinheiro. A repetição dos casos de furto com explosivos aos bancos do estado expõe a falta de segurança nesses estabelecimentos, principalmente nas cidades do interior.

Agências do Banco do Brasil e do Bradesco em Machados foram invadidas e explodidas com minutos de intervalo (REPRODUCAO TV CLUBE)

Na madrugada de ontem, duas agências de Machados, no Agreste, ficaram completamente destruídas depois que um grupo usou dinamites para explodir os caixas. E o episódio passa longe de ser isolado no interior pernambucano: dos 36 casos de roubo ou furto a caixas eletrônicos registrados neste ano, 23 crimes ocorreram em municípios fora da Região Metropolitana do Recife.

Os bancos furtados em Machados ficam a 500 metros de distância um do outro. Segundo relatos de moradores da área, estiveram envolvidos na ação pelo menos 12 homens, divididos em três veículos. A primeira investida foi na agência do Bradesco. Os assaltantes atiraram na placa do estabelecimento e nas lâmpadas dos postes da rua para que o local ficasse escuro e, assim, as câmeras de segurança da prefeitura não filmassem a ação. Em seguida, o grupo foi ao Banco do Brasil.

As agências estão fechadas, sem previsão de reabertura. “Ouvimos muitos tiros e acordamos assustados. O clima na cidade é de medo”, relatou a aposentada Clarice Maria. Ninguém foi preso.

Fuga fácil
Somente este ano, a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou 17 roubos e furtos a caixas eletrônicos com explosivos e o foco é o interior, onde os criminosos acreditam terem mais chances de fuga.

Justamente por isso, concentram quatro em cada cinco crimes do tipo. Para se ter uma ideia, na capital, que registra o maior contingente de tentativas de roubo a bancos (nove em 2014), nenhuma envolveu explosivos. Na RMR, apenas três casos do gênero foram registrados.

Em Inajá, no Sertão pernambucano, foram dois casos. Em um deles, um PM foi morto. “A dinâmica desses grupos é agir, principalmente, nas divisas com outros estados. Na maioria das vezes, eles se articulam fora do local onde o crime acontece e, em seguida, migram para outro lugar, o que dificulta a investigação”, disse o gestor do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), Nelson Souto.

Do Diario de Pernambuco, por Anamaria Nascimento e Ed Wanderley

Donos de quiosques da Avenida Boa Viagem pedem segurança

Proprietários de quiosques da Avenida Boa Viagem relatam que os estabelecimentos têm sido alvos constantes de arrombamentos. Segundo eles, os crimes acontecem sempre de madrugada. Revoltada com mais uma investida, uma comerciante estampou uma faixa na vidraça no estabelecimento pedindo mais segurança na área.

“Como alimentar nossos filhos? Fomos depredados 12 vezes. A quem recorrer?”, informava o cartaz. Segundo comerciantes vizinhos, foram levados três liquidificadores industriais, um notebook e garrafas de uísque.

Comerciante fez protesto contra os furtos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Comerciante fez protesto contra os furtos. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Dono da barraca 29, próximo à Ribeiro de Brito, José Marcos da Silveira, 49, diz que perdeu as contas de quantas vezes foi furtado. O último crime ocorreu há um mês. Os ladrões agiram de madrugada e levaram um rádio. “Quando cheguei de manhã, vi que tinham arrombado. Tive um prejuízo de R$ 250, sem contar com os outros arrombamentos”, disse.

Segundo ele, a fragilidade dos quiosques é uma das facilidades para a ocorrência dos furtos. “É um material muito fraco. Até a esquadria de alumínio é de segunda. Fizeram uma reforma e meu vidro já está caindo”, afirmou Silveira. A requalificação das barracas foi feita em maio, em preparação para Copa do Mundo de 2014. A estrutura delas utiliza, em sua maioria, vidro.

Em nota, a Emlurb informou que realizou outras reformas entre 2009 e 2011. “Essas ações contaram com a parceria do Ministério do Turismo e, para o financiamento das obras, era necessário que o projeto original não fosse alterado, ou seja, os equipamentos não poderiam ser modificados. As obras foram fiscalizadas pela Caixa Econômica Federal”.

De acordo com o delegado Manuel Martins, a polícia está colhendo imagens de câmeras de segurança para identificar suspeitos e efetuar prisões em flagrantes. Ele informou que de 2013 para 2014 houve redução de 12% no número de furtos na AIS3, que engloba vários bairros como Boa Viagem, Jordão e Pina. Já a Polícia Militar não respondeu à solicitação do Diario sobre o assunto.

As “mulheres-caranguejo” do bairro de Santo Amaro

Uma ferida exposta aos olhos de todos mas que ninguém se preocupa em curar. A situação das mulheres que fazem sexo em troca de pouco dinheiro para manter o vício das drogas está descrita na edição impressa do Diario de Pernambuco desta terça-feira a partir do depoimento das garotas que vivem no mangue. Chamadas pela repórter Marcionila Teixeira de “mulheres-caranguejo”, essas jovens contam como é a vida dentro da área de lama da Avenida Artur Lima Cavalcanti, no bairro de Santo Amaro.

Fotos: Allan Tores/Esp DP/D.A Press
Mulheres recebem clientes a qualquer hora. Fotos: Allan Tores/Esp DP/D.A Press

São relatos que, de tão fortes, chegam a ser chocantes. Elas contam que são vítimas de agressões e torturas e que também recebem um dinheiro extra caso atendam ao desejo dos clientes. Quem anda pelo centro do Recife e costuma se dirigir a Olinda a partir da Ponte do Limoeiro ou da Rua da Aurora, certamente já percebeu a movimentação da prostituição. Carros, motos, bicicletas e pedestres não escolhem dia nem hora para procurar o serviço das mulheres que perambulam de um lado a outro da via.

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Jovens mostram seus corpos e dizem fazer sexo para comprar drogas

Nem mesmo as câmeras de monitoramento instaladas ao longo da via e as rondas policiais realizadas na área são capazes de inibir a procura pelo sexo barato no conhecido ponto dentro da lama. Veja no vídeo abaixo os depoimentos de algumas dessas mulheres que trocam o sexo pela droga.

Abandono e insegurança no Mercado das Flores

Um cenário de abandono e degradação circunda o Mercado das Flores do Recife. Instalado há oito anos no Cais de Santa Rita e de frente para as torres gêmeas, os 40 boxes não conseguem atrair clientes ao local. As reclamações dos comerciantes vão desde o abandono por parte do município até a falta de segurança nas proximidades. Atos de vandalismo são constantes.

Espaço está abandonado e comerciantes estão revoltados. Fotos: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Espaço está abandonado e comerciantes estão revoltados. Fotos: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Na manhã dessa terça-feira, mais de dez comerciantes se revoltaram com mais um arrombamento no mercado. Vândalos destruíram cadeados e portas, entraram nos espaços, reviraram tudo e levaram o que havia de valor nos quiosques.

O comerciante Valmir Carneiro, 48 anos, disse que soube do arrombamento ainda na noite da terça-feira, mas deixou para conferir o prejuízo na manhã de ontem. “Essa não é a primeira vez que isso acontece aqui. Minha porta tinha cadeado e ainda uma grade de proteção. Eles destruíram um pedaço da parede e entraram. Levaram televisão, furadeira, ventilador e até uma máquina com a qual eu trabalhava”, lamentou Carneiro. Maria Francisca Veras, 64, conta oito arrombamentos em seu box. “Estamos aqui abandonados. Precisamos que alguém tome uma providência urgente”, disse.

A aposentada Josefa Gomes Mariz, 67, teve até um fogão levado pelos criminosos. “O movimento aqui é muito fraco, não temos dinheiro para comprar almoço todo dia. Por isso temos fogão nos boxes para fazer nossa comida ou esquentar quando trazemos de casa. Eles deixaram tudo virado e foram embora”, afirmou Josefa.

O comerciante Aguinaldo Batista Filho, 50, mostrou a destruição provocada pelos vândalos no box onde a mãe dele trabalha. “Estamos aqui no mercado há oito anos, mas ele nunca foi inaugurado. Não temos atenção nenhuma por parte do poder público. Quem trabalha aqui está entregue à própria sorte”, declarou.

Em relação à falta de segurança no local, a assessoria de comunicação da Polícia Militar afirmou que o 16º BPM, responsável pelo policiamento na área, atua com viaturas da Patrulha do Bairro e com o posto policial fixo do Cais de Santa Rita, que funciona 24 horas. A PM disse ainda que a denúncia sobre a insegurança nas proximidades do mercado foi repassada ao 16º BPM, para que providências sejam tomadas. Quanto à seguranca interna do mercado, a PM informou que isso cabe à prefeitura.

A Companhia de Serviços Urbanos do Recife (Csurb) afirmou que a questão da segurança é de responsabilidade da PM. A prefeitura ressaltou que está em andamento o processo de revitalização do cais, que prevê um espaço moderno e seguro para os comerciantes e frequentadores.

Motoristas são vítimas de assaltos na Avenida Agamenon Magalhães

A fisioterapeuta Letícia Pereira, 26 anos, por pouco não se tornou mais uma vítima dos constantes assaltos que estão acontecendo na Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais artérias do Recife. Na semana passada, Letícia voltava da Zona Norte para Boa Viagem quando foi abordada por assaltantes ao parar o carro no semáforo nas proximidades da Rua do Paissandú.

Ponto mais pirigoso é o cruzamento com a Rua do Paissandú. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Ponto mais pirigoso é o cruzamento com a Rua do Paissandú. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Os casos de investidas a motoristas ao longo da via têm aumentado nos últimos meses, o que chamou a atenção da Polícia Militar, que afirmou ter reforçado o policiamento na localidade. As vítimas, em sua maioria, são mulheres.

Os assaltos acontecem nos dois sentidos da avenida e a qualquer hora do dia. Em menos de um mês, a Polícia Civil registrou dez casos do tipo. A Delegacia de Joana Bezerra, responsável pelas investigações na área, apreendeu, recentemente, dois adolescentes e um homem envolvidos em atos infracionais e assaltos, respectivamente, ao longo da Avenida Agamenon Magalhães. “Muitos assaltos acontecem no sentido para a Zona Sul, o que faz as pessoas prestarem queixa na Delegacia de Boa Viagem”, ressaltou o delegado de Joana Bezerra, Darley Timóteo.

Assaltantes usaram uma arma de brinquedo para roubar bolsa. Fotos: Divulgação
Assaltantes usaram uma arma de brinquedo para roubar bolsa. Fotos: Divulgação

Letícia seguia para casa, por volta 16h30, quando foi abordada por dois garotos, um deles armado, segundo a fisioterapeuta. “Quando estava me aproximando do sinal, vi que havia alguns meninos à beira do canal, mas achei que eram apenas vendedores. No momento em que parei o carro, dois deles foram até a minha porta e bateram no vidro. Um deles estava com dois sacos de pipocas e me mostrou uma arma, que pensei ser de brinquedo”, contou.

O assalto a Letícia não foi consumado porque um homem percebeu a movimentação e perguntou aos garotos o que estava acontecendo. “Eles estavam pedindo o meu celular, mas aí apareceu um ‘anjo’ que fez com que os garotos fossem embora. Fiquei muito nervosa e chorei bastante depois”, lembrou.

Dois adolescentes e um adulto foram pegos pela polícia por assaltos na área
Dois adolescentes e um adulto foram pegos pela polícia por assaltos na área

A empresária Lorena Gouveia, 30, não teve a mesma sorte de Letícia. No dia 22 de maio Lorena voltava de Boa Viagem quando foi assaltada na Agamenon Magalhães, nas proximidades do Derby. “Estava com meu filho pequeno no carro e os assaltantes foram muito violentos. Pediram meu celular e ainda ameaçaram atirar na minha cabeça. Lembro que eram três garotos e que um deles estava com vários sacos de pipoca nas mãos. Foi horrível. Mudei de endereço para não ter que passar pela Agamenon novamente para buscar meu filho na escola”, ressaltou Lorena.

Os assaltos na avenida acontecem com tamanha frequência que a médica Márcia Pereira, 55, já presenciou pelo menos cinco no trajeto de casa para o trabalho. “Presenciei assaltos em todos os horários e os assaltantes escolhem como alvo principal as mulheres. Eles abordam pessoas que estão com os vidros dos carros abertos ou pedem para os motoristas abrirem aqueles que estão fechados. Está muito perigoso transitar pela Agamenon Magalhães”, ressaltou.

Caso Artur: polícia tenta encontrar provas contra novos suspeitos

A Polícia Civil solicitou ao Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) que faça a confrontação das fichas de novos suspeitos da morte do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo, 36 anos, com as impressões digitais encontradas na garrafa plástica deixada ao lado do carro da vítima após o veículo ter sido queimado. Esse foi o caminho por onde a polícia conseguiu provar a participação do bacharel em direito Cláudio Amaro Gomes Júnior, 32, no crime. As digitais dele foram detectadas no recipiente que transportou o líquido usado para queimar o Golf do médico.

Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press
Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press

Além de Cláudio Júnior, o pai dele, o médico Cláudio Amaro Gomes, 57, também está preso no Centro de Triagem. Júnior é apontado como um dos executores e seu pai seria o mandante do assassinato ocorrido no dia 12 de maio. Ontem, a viúva de Artur falou sobre o caso e disse que o marido pretendia processar Cláudio Gomes por assédio moral. Carla Azevedo falou com os jornalistas acompanhada dos advogados Ademar Rigueira e Daniel Lima, no escritório deles, no Parnamirim.

Carla Azevedo contou que o marido e Cláudio Gomes tinham divergências. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Carla Azevedo contou que o marido e Cláudio Gomes tinham divergências. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

No dia em que o corpo de Artur Eugênio de Azevedo foi encontrado, em Jaboatão, a polícia já tinha em mãos o nome do principal suspeito, o médico Cláudio Gomes. Diante das informações colhidas entre familiares e colegas de trabalho, foi solicitada à Justiça a quebra de sigilo telefônico e bancário dele. Na noite do crime, entre a hora em que a vítima deixou o Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e o momento da execução, pai e filho se falaram pelo menos duas vezes por telefones celulares. Além disso, Cláudio Júnior foi flagrado pelas câmeras do HCP, de onde seguiu Artur até o prédio dele, em Boa Viagem, onde também foi filmado.

Ontem, o delegado Guilherme Caraciolo ouviu novas testemunhas, mas afirmou que não comentaria de quem se tratava porque elas estão sendo ameaçadas. “Só falarei quando forem presos os suspeitos de executarem o médico. Também pretendo fazer uma reconstituição quando isso acontecer”, afirmou o delegado.

O desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) Marco Maggi negou ontem o pedido de habeas corpus feito no fim de semana pelos advogados do médico Cláudio Gomes. Em sua decisão, Maggi ainda manteve a prisão temporária do cirurgião. A defesa vai recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) ainda nesta semana.

Quanto a Cláudio Júnior, a Justiça concedeu o relaxamento da prisão dele pela autuação em flagrante pela posse de arma de fogo. Porém, como há o mandado de prisão temporária relacionado à morte do cirurgião, ele continuará no Cotel. O médico e o filho estão sendo investigados por sequestro, homicídio, roubo e associação criminosa.

Do Diario de Pernambuco

Perícia não consegue identificar digitais no caso Artur

Peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) não conseguiram localizar em seu banco de dados criminal as três impressões digitais encontradas na garrafa plástica deixada perto do carro do cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, 36 anos. O recipiente, segundo a polícia, teria sido usado para transportar o produto que incendiou o carro do médico.

Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press
Garrafa foi encontrada perto do carro da vítima. Foto: Allan Torres/DP/D.A Press

Os fragmentos foram analisados primeiro no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e, em seguida, encaminhados à sede do IITB. Como não foi possível identificar de quem são as digitais, resta à polícia agora guardar o material para uma possível comparação com as impressões dos suspeitos do crime. Isso, quando eles começarem a ser presos.

As digitais têm excelente qualidade e podem ser usadas pelo delegado que investiga o caso, Guilherme Caraciolo, muito em breve. Isso porque as equipes de investigações da 11ª Delegacia de Homicídios continuam em diligências, inclusive, fora da Região Metropolitana do Recife (RMR). Enquanto isso, estão sendo tomados depoimentos de testemunhas, amigos e familiares. A viúva do médico, Carla Rameri de Azevedo, ainda não prestou depoimento. A polícia acredita que ela possa ter informações que ajudem na linha de investigação que está sendo trilhada até o momento.

O delegado Guilherme Caraciolo preferiu não falar nada sobre o caso, para não atrapalhar as investigações. A polícia já tem em mãos as imagens das câmeras de segurança do prédio onde a vítima morava, no bairro de Boa Viagem, de onde ele foi levado na noite de 12 de maio, após deixar o Hospital Português, na Ilha do Leite. Além disso, imagens das câmeras da CTTU e da SDS estão auxiliando o trabalho da polícia. Ontem, parentes e amigos participaram de missas em homenagem à alma do médico Artur Eugênio. Houve celebrações no IMIP e no Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP).

Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal
Médico tinha 36 anos, era casado e deixou um filho pequeno. Foto: Arquivo Pessoal

Amigo e colega de trabalho de Artur, o anestesista Raphael Galvão disse que o sentimento entre os conhecidos do cirurgião é de revolta e indignação com o crime. “Sabemos que nada vai trazer Artur de volta, mas esperamos que a polícia esclareça esse assassinato rápido e que os culpados sejam punidos”, ressaltou.

O cirurgião torácico Artur Eugênio de Azevedo foi encontrado morto no último dia 12 deste mês, às margens da BR-101 Sul, em Jaboatão dos Guararapes. O carro dele, um Golf preto de placas OYS-1564, só foi localizado na manhã do dia seguinte, no bairro da Guabiraba, no Recife, completamente carbonizado. O Disque-Denúncia está oferencendo R$ 10 mil por informações sobre os suspeitos do crime.