ADEPPE critica mudanças de delegados na Corregedoria Geral da SDS

A direção da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) critica as mudanças de delegados promovidas na Corregedoria Geral e publicadas pelo blog no último dia 14 de junho (Leia aqui).

Confira a nota na íntegra:

A Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe) recebeu com incomum perplexidade a notícia das mudanças de Delegados na Corregedoria Geral da SDS, publicadas  no último dia 7, em que foram dispensados de suas funções naquele órgão, sem qualquer fundamentação, os Delegados Fábio Gaudêncio, Adriana Oliveira, Graham Campelo e Djalma Raposo.

Os colegas que ora são retirados da Corregedoria são profissionais de vasta experiência na função investigativa e têm como característica marcante uma atuação independente, imparcial e sempre pautada pelo respeito às garantias individuais dos investigados, qualidades que, aparentemente, não são as desejadas pela atual gestão.

Aliás, é de se frisar que a direção do órgão vem atuando com o propósito claro de gerar estatísticas positivas de punição, mesmo quando as comissões de disciplina concluem pelo arquivamento. Prova disso é a condenação sumária de uma Delegada pelo fato dela não ter apresentado sua própria defesa nos autos de um processo administrativo disciplinar.  O processo foi instaurado para apurar as circunstâncias de um assalto do qual ela foi vítima, ocasião em que teve subtraída a arma da instituição. Ela foi absolvida do fato principal apurado, afinal, policiais não estão imunes à crescente violência, entretanto, por não ter exercido o seu direito de defesa, quando instada a fazê-lo pela Corregedoria, restou punida.

Essa condução dos trabalhos na Corregedoria, dirigida por pessoa estranha aos quadros das corporações subordinadas ao órgão, está causando forte desmotivação nos profissionais de segurança pública. Na Polícia Civil, por exemplo, essa tendência punitiva está levando os Delegados a evitar investigações mais complexas. Não há mais clima para grandes investigações. Muitos servidores estão buscando funções administrativas para não ter que lidar com os problemas cotidianos das Delegacias, que podem ser objeto de processos disciplinares. Resultado, menos investigação, mais violência, causando-se inestimável prejuízo à sociedade.

Temos, porém, a plena confiança de que a substituição efetuada não interferirá na manutenção da necessária isenção que a função exige e que, mesmo com menos experiência no cargo, os colegas convocados saberão lidar com maestria contra eventuais interferências que possam surgir no intuito de se ampliar punições naquele órgão correcional.

A ADEPPE solidariza-se com os colegas, colocando-se à inteira disposição para auxiliar no exercício pleno de seus direitos.

A DIRETORIA

Mudanças na Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social

Uma publicação da Secretaria de Defesa Social (SDS) trocou, de uma única vez, quatro delegados que eram lotados na Corregedoria Geral da SDS por outros quatro delegados. Foram transferidos para a Diretoria de Recursos Humanos os delegados especiais Graham Bentzen, que atuou por muito tempo na antiga Delegacia de Homicídios, Djalma Raposo, que já foi chefe da Polícia Civil, Fábio Gaudêncio de Melo e Adriana Oliveira Fonseca. Alguns desses delegados estavam na Corregedoria há muitos anos.

As mudanças pegaram não só os próprios delegados assim como outros colegas da Corregedoria de surpresa. Com a ida para a Diretoria de Recursos Humanos, os delegados perderam a Gratificação de Atividade Correcional, no valor de R$ 1.655. Outros quatro delegados foram nomeados para ocupar as vagas. Os motivos das alterações não foram informados. Assumiram as vagas na Corregedoria os delegados Vamberto Gomes de Souza, Fernando José de Souza Filho, Taciana Melo Loepert e Ana Amélia de Carvalho Coelho.

Candidatos pagariam até R$ 32 mil em fraude no concurso da PM

Das 14 pessoas presas sob suspeita de participarem de um esquema que tentava fraudar o concurso da Polícia Militar de Pernambuco, realizado no último domingo, apenas uma segue presa, segundo a Polícia Civil. Em coletiva realizada na manhã desta terça-feira, o delegado responsável pelo caso, João Gustavo Godoy, afirmou que a fraude foi identificada há mais de um mês pelo setor de inteligência das polícias Civil e Militar e estava sendo investigada em sigilo.

“Da maneira como agimos, não houve prejuízo para o concurso. O responsável por todo esquema é um homem que tem um cursinho no bairro do Ibura. Ele recrutava alguns professores para responder às questões das provas, que depois seriam repassadas, através de pontos eletrônicos, para os candidatos que seriam beneficiados com o esquema”, contou Godoy. Ainda segundo a polícia, cada canditado pagou antecipado o valor de R$ 1,5 mil para receber o ponto eletrônico e pagaria mais R$ 30 mil em caso de aprovação no certame. “Esse valor seria pago por meio de empréstimo consignado”, completou o delegado.

Detalhes foram revelados durante coletiva na SDS. Foto: SDS/Divulgação
Detalhes foram revelados durante coletiva na SDS. Foto: SDS/Divulgação

Também durante a entrevista coletiva realizada na sede da Secretaria de Defesa Social (SDS) foi esclarecido que o concurso não será anulado. “Prendemos esses 14 suspeitos em flagrante delito. Foram detidos o dono do cursinho e um amigo dele que recebiam as questões respondidas pelos professores e as repassariam para os candidatos. Já identificamos muitas pessoas e todas elas serão chamadas para prestar depoimento. Infelizmente, desse grupo que foi preso, apenas uma pessoa permacene detida. Era uma candidato que tinha um mandado de prisão contra ele pelo crime de homicídio”, contou o delegado.

Além das pessoas envolvidas na fraude, a polícia prendeu um homem que é sogro do candidato que era procurado por homicídio. “Ele foi encontrado com um revólver e foi preso por posse ilegal de armas, mas não tem ligação com o esquema criminoso”, ressaltou João Gustavo. Ao todo, 123.048 candidatos inscreveram-se para o concurso público e disputam 1,5 mil vagas oferecidas para a função de soldado, com salário inicial de R$ 2.319,88 mais benefícios. Antes de assumir a função, os aprovados ainda serão submetidos ao curso de formação e habilitação de praças – com bolsa-auxílio de R$ 970,42.

SDS responde denúncia feita pela ADEPPE publicada pelo blog

A Secretaria de Defesa Social (SDS) enviou nota ao blog com resposta sobre as denúncias feitas pela Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (ADEPPE).

Confira a norta na íntegra:

Em resposta à publicação ADEPPE propõe extinção da SDS, a Secretaria de Defesa Social informa que execução orçamentária e financeira da Secretaria é realizada em benefício de 06 (seis) Unidades Gestoras: SDS-Sede (também responsável pela Polícia Cientifica, Áreas Integradas de Segurança e Campus de Ensino), Polícia Militar, Hospital Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar e Corregedoria.

Por ser a Unidade Central – UCG, responsável pela coordenação dos recursos, recebe o orçamento global para distribuir com suas Operativas, dentro de suas necessidades operacionais e administrativas. Esta gestão centralizada proporciona a otimização dos recursos e a redução das despesas.

No exercício de 2016, a Secretaria recebeu a dotação orçamentária de 3,2 bilhões de reais para custear as despesas da pasta e de suas Operativas, destes, aproximadamente, 84% referem-se às despesas com pessoal e encargos sociais, sendo a Polícia Militar responsável por, aproximadamente, 62% deste montante.

SDS disse que verba é usada, entre outras coisas, para manutenção do Ciods. Foto: SDS/Divulgação
SDS disse que verba é usada, entre outras coisas, para manutenção do Ciods. Foto: SDS/Divulgação

Seguida das despesas com pessoal, estão as “outras despesas correntes”, ou seja, o custeio da máquina pública. Tais dispêndios representam, aproximadamente, a 15% do orçamento total da Secretaria, neste caso, mais de 50% do total das despesas de custeio são processadas na Sede. Isso ocorre pelo fato da centralização dos maiores contratos e pagamentos, todos relacionados às atividades policiais, a exemplo: da Operacionalização da Frota (locação, manutenção e combustível de veículos); da Rede Digital (videomonitoramento e telefonia); do Grupamento Tático Aéreo (GTA); do Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES) e da manutenção do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS). Além disso, também, estão centralizadas na Secretaria as diversas aquisições de uso comum das Polícias e Bombeiros, como a compra de coletes balísticos, armas, munições, dentre outras. As aquisições são centralizadas visando garantir menores preços, porém, o emprego desses ocorre nas Operativas. Além das despesas apontadas acima, também, o custeio administrativo da Sede, da Polícia Científica, das Áreas Integradas de Segurança e Campus de Ensino, com o pagamento dos contratos de limpeza e conservação predial, contas de consumo (energia elétrica e água/esgoto), serviços de informática e a compra de materiais de expedientes, equipamentos, mobiliários e equipamentos especializados (Polícia Científica – IML, IITB e IC).

Por fim, é importante ressaltar que a centralização administrativa e financeira permite o maior emprego de efetivo, das Operativas, na função finalística de segurança pública, ou seja, mais policiais e bombeiros nas ruas fazendo a segurança da sociedade pernambucana.

Plataforma de Observação Elevada vai ajudar a combater crimes no Recife

Uma das áreas mais movimentadas do Recife ganhou uma ajuda de peso no combate à insegurança. Está em operação, desde o início desta semana, no Viaduto Capitão Temudo, a Plataforma de Observação Elevada – POE da Secretaria de Defesa Social – SDS. A plataforma foi adquirida para ajudar na fiscalização da Copa do Mundo em 2014 e, devido à eficiência dos seus serviços, foi integrada as ações da Policia Militar.

Equipamento está no Viaduto Capitão Temudo. Foto: SDS/Divulgação
Equipamento está no Viaduto Capitão Temudo. Foto: SDS/Divulgação

A POE conta com 14 câmeras de longo alcance e abrangência de 360º e vai ajudar a PMPE no combate a crimes na região que fica em torno do viaduto, como a Avenida Agamenon Magalhães, o Fórum Joana Bezerra, a Ponte do Pina, a comunidade do Coque e até trechos da Rua Imperial. Além das câmeras tradicionais, a plataforma conta também com câmeras térmicas, que ajudam em ocorrências noturnas. O equipamento tem chamado a atenção de quem passa pelo viaduto.

O serviço está ligado ao Centro Integrado de Operações de Defesa Social – CIODS e conta com o apoio do 16º Batalhão de Policia Militar – BPM, 24 horas por dia, que administra o uso das câmeras e com a Companhia Independente de Policiamento com Motocicleta – CIPMoto, que realiza rondas nas ruas próximas à Plataforma durante o dia.

A presença do poder policial nesta área era um pedido antigo da população local, já que a região possui estatísticas recorrentes de assaltos. Segundo o secretário executivo da SDS, Alexandre Lucena, o novo serviço vai reforçar a fiscalização ostensiva na área, por onde passam todos os dias boa parte da população do Recife e Região Metropolitana, e ampliar a sensação de segurança dessas pessoas.

ADEPPE propõe extinção da SDS

Em sua edição de número 123, dos meses de abril e maio e que deve chegar às ruas nos próximos dias, o jornal da Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (ADEPPE) traz como matéria principal uma denúncia contra a Secretaria de Defesa Social (SDS). Segundo a publicação, a secretaria responsável pela segurança do estado recebe 10% do orçamento do estado, mas destina a maior parte dessa verba aos gastos da administração da pasta.

Esta é a capa do jornal da Associação dos Delegados
Esta é a capa do jornal da Associação dos Delegados

Em matéria de duas páginas, a associação revela que nos últimos seis anos, a pasta gastou em quatro deles mais com o setor administrativo do que com a Polícia Militar. “Atualmente, segundo a Lei de Diretrizes Orcamentárias para 2016, esses recursos são na ordem de R$ 3,2 bilhões. Na divisão desse bolo, a Polícia Militar ficou com 35,22%, a Polícia Civil receberá 16,4%, enquanto o setor de perícias recebe 0,13%. Mas a maior fatia fica mesmo com a manutenção da dispendiosa pasta, que abocanha este ano R$ 1,2 bilhões, cerca de 37,8% dos recursos destinados à segurança pública”, diz um trecho da reportagem do jornal da ADEPPE.

Ainda na matéria, são feitas críticas à gestão da SDS. Um dos exemplos é a locação de viaturas policiais para o trabalho ostensivo e de investigação. “O valor anual da locação corresponde a ceca de 70% do custo de veículo zero km. O argumento é de que o custo de manutenção de frota própria é mais elevado. Entretanto, essa tese não procede. Prova disso é o péssimo estado em que se encontram as viaturas das polícias. E a frota não está sendo renovada, como previsto contratualmente”, completa a ADEPPE.

Diante dos fatos narrados pelo jornal, a associação ressalta que a “solução para a contenção da violência passa necessariamente pela extinção da SDS, uma secretaria pesada que consome a maior parte dos recursos destinados à segurança pública. Acaso extinta, tais recursos poderiam ser redistribuídos para as forças policiais, resultando em maiores investimentos na deficitária infraestrutura e na contratação de novos servidores”, destaca a reportagem.

Cinco ônibus assaltados por dia

Cinco assaltos a ônibus, em média, acontecem por dia na Região Metropolitana do Recife (RMR). Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, 671 foram registrados do início do ano até ontem. Apenas neste mês, de acordo com o sindicato da categoria, 117 coletivos foram assaltados na RMR. Uma realidade que tem deixado assustados os dois milhões de passageiros que se deslocam por dia nos coletivos.

Já os números divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS) até o mês de abril indicam um registro de 498 crimes, nos quatro primeiros meses do ano. A diferença de 173 assaltos pode ser explicada tanto pela diferença de período como a possibilidade da falta de registro dos crimes nas delegacias.

Avenida Sul é um dos pontos mais críticos do Recife. Foto: Brenda Alcantara/Esp.DP
Avenida Sul é um dos pontos mais críticos do Recife. Foto: Brenda Alcantara/Esp.DP

Na lista dos lugares mais perigosos estão corredores viários e avenidas bastante movimentadas. Quem usa o transporte público relata o medo a cada viagem. Já a Polícia Militar garante que as fiscalizações e abordagens em coletivos continuam acontecendo. “Quando eu vou pegar um ônibus, procuro levar apenas as coisas necessárias e evito atender o telefone celular durante a viagem. Os assaltos estão acontecendo a qualquer hora e em todos os lugares”, destacou a dona de casa Ivonete Salustino, 45 anos. Pelas contas do sindicato, 2.200 assaltos foram notificados nos coletivos da RMR no ano passado. Para a SDS, o total foi de 798 crimes em 2015.

Segundo o assessor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários, Genildo Pereira, o aumento no número de roubos em coletivos é fruto da falta de policiamento nos terminais integrados e de fiscalização dentro dos ônibus. “Andar no transporte público na RMR é sinônimo de medo. Não há policiamento nos terminais, onde acontecem muitos arrastões, e também não são mais vistas as blitze da Operação Transporte Seguro”, apontou Pereira. Ainda segundo ele, nos três primeiros meses deste ano ocorreram 398 assaltos contra 285 casos notificados no mesmo período do ano passado.

Apesar dos pontos mais frequentes de assaltos já serem conhecidos pelos usuários e pela polícia, os casos não deixam de acontecer sempre nos mesmos trechos. “Os dois locais mais críticos são a BR-101 Sul e a Avenida Sul. Todas as linhas que passam por esses dois locais já foram assaltadas. Além disso, sofrem assaltos os ônibus que passam pelas rodovias PE-60, PE-15, 2ª Perimetral, pela Agamenon Magalhães e em Rio Doce, entre a 3ª e 5ª etapas”, destacou o assessor do sindicato.

Por meio de nota, a Polícia Militar de Pernambuco afirmou que a Operação Transporte Seguro permanece em andamento e os pontos são definidos a partir das estatísticas. “A operação acontece em alguns pontos da RMR que são selecionados, de acordo com a incidência criminal, a partir de dados divulgados pela Gerência de Análise Criminal e Estatística, para a realização de blitz policial com foco na abordagem em coletivos. Na operação, patrulhas especializadas realizam as abordagens”, disse a nota.

Assaltos a ônibus

Dados do Sindicato

671 assaltos a ônibus de janeiro até 22 de maio
117 assaltos apenas no mês de maio
398 assaltos de janeiro a março de 2016
285 assaltos de janeiro a março de 2105
2.200 assaltos no ano de 2015

Dados da SDS

498 assaltos a ônibus de janeiro a abril
798 assaltos a ônibus no ano de 2015
8.271 abordagens a ônibus de janeiro a abril de 2016
6 armas de fogos foram apreendidas nas abordagens
24 pessoas foram encaminhas à delegacia

Pontos mais críticos

BR-101 Sul
Avenida Sul
PE-60 (Cabo)
PE-15 (Paulista)
2ª Perimetral
Av. Agamenon Magalhães
3ª a 5ª Etapa de Rio Doce

Fontes: Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e Secretaria de Defesa Social (SDS)

SDS promete ações de segurança para a Ilha de Itamaracá

Após a denúncia de assaltos a veranistas e moradores das praias do Ponta da Ilha, Sossego e Enseada dos Golfinhos, na Ilha da Itamaracá, publicada ontem pelo blog, a Secretaria de Defesa Social (SDS) anunciou que fará um reforço na segurança da localidade. Quem frequenta a localidade afirma que a movimentação nos finais de semana reduziu desde o início deste ano.

Posto da guarda e policiamento estava fechado ontem. Fotos: Karina Morais/Esp.DP
Posto da guarda e policiamento na entrada da Praia do Sossego estava fechado ontem. Fotos: Karina Morais/Esp.DP

Depois de ouvir as reclamações de representantes de quatro associações de moradores, o secretário executivo da SDS, Alexandre Almeida Lucena, afirmou que irá adotar medidas de segurança para reforçar o policiamento ostensivo e as investigações dos assaltos registrados pela Polícia Civil. Além disso, Lucena adiantou a intenção da secretaria em promover ações sociais no município, mas não deu detalhes.

Moradores e veranistas do Pontal da Ilha estão assustados
Moradores e veranistas do Pontal da Ilha estão assustados com os assaltos

Segundo dados da SDS, nos quatro primeiros meses deste ano, 70 ocorrências de Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs) foram registradas na Ilha de Itamaracá, mas poucas vítimas da região das três praias em questão procuraram a polícia após os assaltos. “A reunião foi bastante proveitosa. Vimos que a SDS está disposta a melhorar a segurança na área, mas precisamos que as pessoas façam os registros quando forem assaltadas. O secretário que nos atendeu não deu prazo para implentar as ações, mas se comprometeu a nos ajudar.”, ressaltou o presidente da Associação dos Moradores do Pontal da Ilha, Ednaldo Cabral.

O engenheiro Rodrigo Gomes toma alguns cuidados no caminho para o Pontal da Ilha
O engenheiro Rodrigo Gomes toma alguns cuidados no caminho para o Pontal

O blog esteve ontem na região onde ficam as três praias. Moradores assustados, casas fechadas e várias placas de vende-se nos imóveis foram vistas pelo caminho. “A situação está péssima por aqui. Dia de domigo fica um deserto porque os veranistas não querem mais vir com medo dos assaltos”, disse um comerciante. O servente de pedreiro, V.C.S., 33 anos, mora na Praia do Sossego. Ele contou que as investidas acontecem nos finais de semana. “Os ladrões levam celulares e dinheiro das pessoas que vêm para as casas de praia. Sempre atacam na subida depois do presídio”, destacou.

O engenheiro Rodrigo Gomes Ferreira está trabalhando numa obra no Pontal da Ilha há seis meses. Mesmo sem nunca ter sido assaltado ou presenciado um crime, ele revelou que costuma dirigir atento no caminho até a obra. “Venho para cá de segunda a sexta-feira e tenho conhecimento dos constantes assaltos que acontecem na pista. Como já conheço a estrada e até sei onde ficam os buracos, não costumo dirigir devagar. É uma forma de evitar ser um alvo para os assaltantes”, ressaltou o engenheiro.

Assaltos e medo na Ilha de Itamaracá

Os constantes assaltos ocorridos nas praias do Sossego, Enseada dos Golfinhos e Pontal da Ilha têm assustado os veranistas e moradores da Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife (RMR). No ano passado, de janeiro a abril, foram registrados 28 crimes violentos contra o patrimônio. Neste ano, no mesmo período, já foram 70.
Os moradores denunciam que homens fortemente armados, geralmente encapuzados, têm agido sempre da mesma maneira.

Assaltos acontecem na estrada que dá acesso às praias. Foto: Annaclarice Almeida/DP
Assaltos acontecem na estrada que dá acesso às praias. Foto: Annaclarice Almeida/DP

Após bloquearem a estrada de barro que dá acesso às praias, eles assaltam motoristas e passageiros dos carros. “As ações acontecem sempre no mesmo local e do mesmo modo. Os assaltantes ficam numa ladeira sinuosa, localizada a aproximadamente 400 metros depois da Penitenciária Professor Barreto Campelo, onde bloqueiam a pista e fazem os assaltos”, contou uma veranista da localidade.

Ainda segundo ela, as investidas criminosas aumentaram a partir do início deste ano. O auditor Marconio Cavalcanti, 42 anos, tem uma casa na Praia do Sossego há quatro anos, mas agora colocou à venda. “Já soube de várias ocorrências de assalto naquela área. Um dia estavam indo para minha casa e um carro estava voltando na estrada. Os passageiros, que eram mulheres e crianças, tinham acabado de ser assaltados”, disse Marconio.

A situação de medo e temor na Ilha já chegou ao gabinete do secretário de Defesa Social. Para tentar encontrar uma solução para o problema, representantes de associações de moradores das praias terão hoje uma reunião com representantes da SDS. Devem participar do encontro o secretário-executivo, Alexandre de Almeida Lucena, o delegado seccional de Paulista, Ivaldo Pereira, e o comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel André Ângelo, responsável pelo policiamento ostensivo na Ilha de Itamaracá. Veranistas e a própria polícia acreditam que alguns crimes estejam sendo praticados por ex-presidiários que moram nas proximidades.

Segundo o delegado de Itamaracá, Evaristo Neto, as ocorrências de assaltos registradas na delegacia estão sendo investigadas, mas é preciso que todas as vítimas, inclusive veranistas, façam o boletim. “Estamos investigando e fazendo o monitoramento de todos os casos registrados. Do assalto ocorrido durante o carnaval, onde um grupo de assaltantes invadiu uma casa e fez várias pessoas reféns, conseguimos identificar e prender os cinco suspeitos”, detalhou o delegado de Itamaracá. “Iniciamos a investigação a partir das imagens dos circuitos de câmeras de segurança”, concluiu Neto.

Em Pernambuco, 41 crianças foram assassinadas desde 2014

Dezoito crianças com idades entre 1 e 12 anos foram assassinadas em Pernambuco no ano de 2015. Os números da Secretaria de Defesa Social (SDS) revelam uma realidade que assusta e revolta. No ano de 2014, foram 19 crianças mortas. Já nos quatro primeiros meses deste ano, também de acordo com a SDS, foram duas vítimas.

Beatriz tinha sete anos. Fotos: Reprodução/ Blog O Povo com a Notícia
Beatriz Mota, 7 anos, foi uma dessas vítimas. Fotos: Reprodução/ Blog O Povo com a Notícia

No mês de maio, pelo menos mais dois casos foram noticiados pela imprensa. Uma menina de 6 anos foi atingida por uma bala perdida no último dia 12 e não resistiu aos ferimentos. Mikaela Tahilla dos Santos morreu na tarde do último sábado. Também no sábado foi encontrado o corpo do menino Carlos Fernando da Silva, 4 anos. Ele estava desaparecido desde o dia 12. Com esses dois crimes, Pernambuco tem quatro crianças vítimas de assassinato do início do ano até agora.

A morte do menino Carlos Fernando gerou revolta nos moradores do município de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife. Segundo a Polícia Civil, um adolescente de 17 anos e um tio paterno do garoto são os responsáveis pelo assassinato, o parente ainda é suspeito de ter abusado sexualmente do sobrinho. O tio, que já está no Cotel, nega participação na barbárie e nega o abuso.

Ontem à tarde, moradores do município foram para a frente do Fórum de Ipojuca onde o adolescente que confessou a autoria do crime estava sendo ouvido antes de ser encaminhado à Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase). Policiais militares e guardas municipais foram acionados para evitar agressões físicas e uma possível tentativa de linchamento. Após o depoimento, ele seguiu para a Funase sem problemas.

Estudioso sobre mortes violentas, o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, divulgou no Mapa da violência deste ano que 49 crianças e adolescentes de zero a 14 anos foram assassinados em Pernambuco no ano de 2014. “O Brasil tem elevados números de homicídios de mulheres, idosos, negros e também de crianças. O país sempre está entre os mais críticos no ranking da violência internacional. Aqui se mata mais que em países onde há guerras. Mas essa realidade precisa mudar, nada justifica essa cultura da violência”, apontou Jacobo.

Abusos
Além das mortes, as crianças e adolescentes também estão vulneráveis aos abusos sexuais. Segundo o gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), delegado Ademir de Oliveira, diferentemente dos casos de abusos sexuais, não se tem um perfil dos assassinos de crianças. Nos três primeiros meses deste ano, 122 crianças e adolescentes foram abusadas sexualmente no Grande Recife, a maioria por parentes.

Para tentar reverter essa situação, será celebrado hoje em todo país o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual infanto-juvenil. No Recife, está prevista uma caminhada com concentração no Parque 13 de maio, a partir das 14h.

Homicídios de crianças e adolescentesem 2014

  Brasil
94 com menos 1 ano
109 de 1 a 4 anos
114 de 5 a 9 anos
732 de 10 a 14 anos
1.049 no total

  Pernambuco
1 com menos de 1 ano
6 1 a 4 anos
7 de 5 a 9 anos
35 de 10 a 14 anos
49 no total

Fonte: Julio Jacobo Waiselfisz. Mapa da Violencia 2016, Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).