Taxista comprometido

Mais um dia de trabalho estava em curso quando um grupo de estrangeiros entrou no táxi de José Marcelo Belém, 52 anos. Antes de descer do veículo, abismados, os clientes perguntaram: o seu carro não tem buzina? O taxista riu e disse que sim, mas pouco costumava usar. A atitude de deixar os visitantes boquiabertos é apenas uma das boas práticas que José Marcelo faz questão de cultivar no trânsito, há 25 anos, desde que começou a rodar pelas ruas. O taxista é um dos precursores da ideia de criar pontos de táxis padronizados no Grande Recife e há cinco anos não leva multas.

José Marcelo dirige um dos 18,6 mil táxis emplacados em Pernambuco. Divide as ruas do Recife com pelo menos outros 6,1 mil profissionais do ramo. Diariamente, percorre 17 km somente para sair de casa, em Piedade, e chegar ao ponto, na Praça do Rosarinho. Caminho que faz sem alterar o humor em nenhum momento. “Não tenho pressa, a velocidade é sempre 60 km/h. O trânsito é o meu ambiente de trabalho, no dia em que eu me estressar com ele, mudo de profissão”, avisa.

A calma de José Marcelo é intrumento diário de mudança do humor dos clientes que entram no veículo estressados pedindo velocidade e ainda serve de exemplo para os colegas.

Quando percebe uma discussão entre dois motoristas à frente, ele costuma diminuir a velocidade e se distanciar. Se percebe qualquer angústia relacionada aos engarrafamentos, faz questão de parar, colocar uma música no rádio e esperar a tranquilidade voltar. Se não passar, “larga mais cedo”.

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