A Polícia Rodoviária Federal descumpriu ao longo deste domingo (30) de eleição uma decisão do ministro Alexandre de Moraes e tem feito abordagens em transportes públicos.
Segundo números internos da PRF aos quais a Folha de S.Paulo teve acesso, o órgão já tinha realizado 514 ações de fiscalização contra ônibus até as 12h35.
O número de abordagens no segundo turno já é 70% maior do que o que foi registrado na primeira etapa do pleito, no dia 2 de outubro —não é possível
estimar se essas abordagens ocorrem antes ou depois da votação desses passageiros.
Dados da Polícia Rodoviária Federal obtidos pela reportagem mostram que houve ao menos 82 abordagens somente a ônibus em Alagoas neste domingo (30).
Documentos aos quais à reportagem teve acesso mostram ainda que a PRF do Paraná orientou no dia 27 de outubro que o foco do trabalho do órgão deveria ser em veículos que transportam passageiros.
“A fiscalização deverá ser focada nos veículos transportadores de passageiros, com o intuito de prevenir acidentes de trânsito nesse período que há um incremento de movimentação de passageiros, e de verificar possíveis crimes eleitorais, especialmente transporte irregular de passageiros ou dinheiro”, diz o documento.
Outro documento, também da PRF paranaense, há uma recomendação para que, em caso de não haver ônibus, o foco deve passar a ser vans e demais veículos que transportem passageiros.
O PT protocolou no Tribunal Superior Eleitoral um pedido para impedir que a PRF atuasse para favorecer o presidente Jair Bolsonaro (PL) por meio da abordagem de veículos de transporte de passageiros.
Segundo a representação, a atuação poderia dificultar o deslocamento de eleitores de Lula (PT).
Na noite do sábado (29), o ministro Alexandre de Moraes, proibiu a realização de qualquer operação pela PRF contra veículos utilizados no transporte público de eleitores.
Já neste domingo, após denúncias de ações surgirem nas redes sociais, o TSE determinou com urgência que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, dê explicação sobre operações policiais realizadas pelo órgão em transporte público de eleitores.
Na decisão, é citada uma publicação nas redes sociais de um vídeo na Paraíba de uma operação que, segundo o usuário, estaria “afugentando a população da zona rural” das urnas.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Vasques publicou nas redes sociais uma imagem em que pede o voto no presidente Bolsonaro. Ele postou uma foto da bandeira do Brasil com as frases “vote 22. Bolsonaro presidente”.
A PRF foi procurada, mas não respondeu aos contatos da reportagem.