João Victor Paiva
A terceira rodada do debate entre os candidatos ao Senado começou com o tema da corrupção. Bolsonarista, Gilson Machado (PL) atacou o ex-presidente Lula (PT), apoiado nesta eleição pelo PSOL, partido da candidata Eugênia Lima. “Eu não consigo entender alguém que consegue elogiar um cara que quebrou o país”, disse o liberal, em referência aos casos de corrupção que envolveram integrantes e aliados dos governos petistas.
Eugênia prontamente o rebateu, citando as denúncias contra o atual presidente, como as suspeitas de superfaturamento na compra de vacinas contra a covid-19 e de “rachadinha” nos gabinetes da família Bolsonaro. “Um governo que acabou com a política de segurança alimentar, trazendo a volta da fome para o nosso país, e vem falar aqui de corrupção, candidato? O senhor tem que se preocupar para não abrir a boca e falar besteira”, disparou.
Também apoiando Lula nesta eleição, André de Paula (PSD) foi questionado por Carlos Andrade Lima (UB) sobre a intenção que o petista tem de revogar alguns pontos da reforma trabalhista, aprovada pelo governo Temer com ajuda do pessedista.
“Eu quero assumir, aqui, o compromisso de que estarei no Senado atento a essa questão, disposto a fazer essa revisão [de alguns pontos da reforma], porque o mundo muda, as coisas vão mudando e a gente precisa ter a capacidade de enxergar se a resposta foi positiva, se produziu os efeitos que a gente esperava, se gerou emprego, se modernizou a nossa economia ou se se mostrou ineficaz, um retrocesso para os direitos do trabalhador”, argumentou André.
Na sequência, Eugênia e Teresa Leitão (PT) fizeram uma dobradinha em relação à temática da fome. Ambas criticaram o governo Bolsonaro, responsável, segundo as candidatas, pelo retorno do Brasil ao Mapa da Fome da ONU. Gilson Machado e Guilherme Coelho (PSDB) foram na mesma linha e, num debate amigável, debateram propostas para ativar a economia do semiárido pernambucano. “Eu não tenho dúvida que o semiárido pode ser a nova Califórnia do Brasil”, disse o ex-ministro do Turismo.
Político há mais de 30 anos e atualmente cumprindo seu 5º mandato como deputado federal, André de Paula aproveitou sua oportunidade para defender a importância da experiência na vida pública e questionar o novato Carlos Andrade “quais são as características que alguém que disputa o Senado deve ter”. “A gente tem que acabar com aquela imagem de que o senador tem que ser aquele político antigo, que já foi de tudo — já foi vereador, prefeito, deputado e agora merece ser senador. Ninguém merece ser senador, esse conceito não existe”, afirmou o candidato do União Brasil.