22 de novembro de 2024

Foto: Wesley Amaral/Agência Câmara

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Henrique Lessa – Correio Braziliense

Ao definir a Esplanada dos Ministérios, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu acomodar partidos menores da sua própria aliança, como PV, Avante, Solidariedade, Prós. A expectativa é de que essas siglas ocupem posições no segundo escalão, que o petista fez questão de valorizar. “Depois de muitos ajustes, terminamos de montar o primeiro escalão do governo. Não menos importante, a partir da posse, vamos começar a discutir o segundo escalão, os cargos do governo federal em cada estado, para que a gente possa, em pouco tempo, ter todas as informações para fazer a máquina funcionar”, frisou. “Eu queria dizer para vocês que a construção do governo continua, e vai continuar, inclusive, depois da posse.”
Para a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, os partidos que fizeram parte da coligação de Lula são prioridade agora. “Gostaríamos muito que eles estivessem participando de ministério, mas, infelizmente, não tinha espaço. A gente sente muito isso, mas vamos procurar contemplar agora para nos ajudar no segundo escalão”, afirmou.

Futuro titular da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta admitiu: “Teve muita gente boa que podia ser aproveitada e não foi”. Já o líder da oposição na Câmara, Wolney Queiroz (PDT-PE), destacou não ser possível agradar a todo o mundo, mas que “foi o acordo possível”.
Porém, partiram do PT de Minas Gerais as primeiras críticas à formação. “Muito espaço para o Centrão e acordos mal costurados. A composição foi muito malfeita, muitas escolhas pessoais com uma costura que não representa o plenário. Nove ministérios para o Centrão é muito. E não tem a ver com o PT, que já tem muito mistério. Prevejo é problemas na Câmara”, disse o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). Até quarta-feira, ele era nome convidado para integrar o governo e, ontem, para acomodar aliados do centro, foi desconvidado da Esplanada.
Mas se a engenharia de Lula foi complexa, a do senador Davi Alcolumbre (UB-AP) tampouco foi simples, ao indicar o governador do Amapá, Waldez Góes, do PDT, para uma das vagas da cota do União Brasil. Já o aliado e indicado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Elmar Nascimento (União-BA), acabou vetado pelos petistas da Bahia, onde sempre foi um opositor ao PT.

O veto foi negado pelo futuro líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Teve interferência zero do presidente da República. As escolhas foram feitas pelo União Brasil, e os nomes, entregues para nós. Em nenhum momento, da nossa parte, chegou a ter veto”, ressaltou. Se a escolha do Góes mostrou a força de Alcolumbre, apontou também a redução da influência de Lira no próximo governo.
A adesão do União Brasil, partido do senador eleito Sergio Moro (PR), foi motivo de piada nas redes sociais e de apostas de aliados do novo governo de que o ex-juiz deixará a legenda.
Para o deputado petista Marcon (RS), “Moro não deve aguentar até fevereiro”. Já Randolfe Rodrigues disse que o senador eleito deveria mostrar coerência. “Se ele fosse coerente, teria de sair de um partido que faz parte do governo Lula.”
O parlamentar enfatizou que o acordo com a legenda envolve apoio nas duas casas legislativas. “Foi prometido que todas as bancadas do União Brasil, tanto no Senado quanto na Câmara, votarão conosco”, ressaltou.

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