Mais um na trincheira

Eduardo Campos e Carlos Alberto Oliveira no lançamento do TCN 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

O anúncio da continuidade da campanha Todos com a Nota no Campeonato Pernambucano de 2011 foi uma mera formalidade na tarde desta quarta-feira.

Faltavam apenas os detalhes, como o investimento de R$ 5,5 milhões para este ano. Porém, o blog havia antecipado o acordo há dez dias (veja AQUI).

O que chamou a atenção mesmo no discurso no Palácio foi a palavra do governador Eduardo Campos sobre a resistência das torcidas dos clubes pernambucanos.

O socialista foi duro ao apontar a fraqueza dos times locais no interior.

“A campanha do Todos com a Nota traz o torcedor mais pobre para o estádio. Sabemos que o futebol é um lazer importante. No interior, isso significa a presença de todas as nossas torcidas. Precisamos massificar isso, pois é algo que mexe com a nossa autoestima. Em todo o Nordeste, só Pernambuco continua forte nessa resistência. Estamos em uma trincheira e precisamos ser o exemplo, com o crescimento e valorização das torcidas locais”.

A queixa do governador é algo visto há anos no estado, mas nunca disseminada de forma tão visceral. Trata-se de um fenômeno explicado de várias formas.

Desde a Rádio Nacional, sediada no Rio de Janeiro, ainda na década de 1940, às transmissões nacionais de jogos do Sudeste pelas grandes emissoras de TV a partir da década de 1980, entre outros pontos. A antena parabólica virou o símbolo maior.

Analisando os dados das duas últimas pesquisas (Ibope/2010 e Opine/2008), nota-se que o número de pessoas que não torcem por clube algum em Pernambuco chega a 30% – nem cá nem lá. Somando com os torcedores de times de outros estados, porém, o número alcança a metade da população.

O trio composto por Sport, Santa Cruz e Náutico se esforça nesta “luta”, chegando a 54,8% segundo o Ibope (4,82 milhões de torcedores). De acordo com os dados da Opine, a situação é pior, com 46,1% (4,05 milhões de pessoas).

São Paulo e Corinthians aparecem como as maiores torcidas “forasteiras”. Agregadas, elas chegam a 12,7% (1,11 milhão, Ibope) e 10,5% (923 mil, Opine).

Grande parte dessas torcidas estão a partir do Agreste, seguindo pela BR-232.

Ou seja… A trincheira é longe, governador. Passa, sim, pela fidelização das torcidas, fato que ganhou força a partir de 1998, com o crescimento da média de público.

A massificação, cujo caminho inverso demorou décadas, só será possível a longo prazo, indo além das arquibancadas subsidiadas do Estadual, que dura apenas 4 meses. Será, sobretudo, com bons resultados além das nossas trincheiras. Digo, fronteiras…

Seja bem-vindo a esta luta, governador. Você já está no front.

8 Replies to “Mais um na trincheira”

  1. A cada temporada que passa , o cenário macro do futebol brasileiro se aproxima do europeu , com alguns anos de defasagem. Lá , os times mais fortes estão conquistando torcida fora de seus paises de origem. E a cada nova rodada de pesquisas , não há um unico sinal de reversão da tendencia.

    Não vejo como o Brasil ter um cenário diferente. Ao contrário , com o avanço da televisão , canal a cabo , pay-per-view , internet e outras possibilidades do mundo moderno , não tenho dúvidas que cada vez mais os times mais fortes irão aumentar seus contigentes de torcedores Brasil a fora.
    E vejo o apelo dos estaduais cada vez menor para deter essa tendencia. E para completar , hoje , os estaduais ocupam apenas 3 meses do calendário.

    Pelas ultimas pesquisas de torcida , Flamengo , Corinthians e São Paulo formam uma espécie de G3 do futebol brasileiro. Juntos representam cerca de 40% da preferencia dos brasileiros e , na faixa até 20 anos , esse percentual sobe para 47%. O reflexo disso já está nos patrocinios e cotas de tv , onde os três recebem bem mais que os outros. Nenhum dos três recebe menos de R$ 80 milhões por ano entre patrocinio e cota de tv.

  2. Leonardo-PE,

    É verdade, o fenômeno tem chegado em Recife aos poucos. E no sertão já está alastrado. Porém, como já falei aqui no Blog, com a melhora relativa de Pernambuco em relação ao resto do Brasil, prevejo que nossos times vão melhorar paralelamente à economia. E a transmissão de jogos pela internet também tem o potencial de bagunçar muito este panorama.

    Em 30 anos o cenário será totalmente diferente. E não necessariamente pior. Mas, para isso, é importante trabalharem juntos os clubes, a mídia e o governo local.

    Saudações hegemônicas e clássicas,

    Guilherme de Aquino 87/08

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  4. Barbiano kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!de certa forma,concordo com nosso governador.mas,esse”fenomeno”já está chegando na nossa capital.

  5. Estou ao lado do nosso governador Barbiano. É preciso uma ação governamental para manter a tradição de pernambucano torcer por time de Pernambuco. Nada me enoja mais do que ver um Pernambucano torcendo pelos times do sul-sudeste.
    Só não tenho certeza se o TCN é a melhor alternativa.
    Saudações hegemônicas e clássicas,
    Guilherme de Aquino 87/08

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