Para uma arena de R$ 532 milhões, uma engenharia financeira de quase R$ 1 bi

Arena Pernambuco decorada para da Copa do Mundo de 2014. Crédito: twitter.com/jeromevalcke A verba liberada para a construção do moderno estádio em São Lourenço da Mata se aproximou de um bilhão de reais. Não é exagero. Entre financiamentos do estado para pagar o custo da construtora, que por sua vez também adquiriu um empréstimo, o estádio da Copa do Mundo de 2014 teve uma verba na ordem de R$ 890 milhões, segundo o Portal da Transparência.

Inicialmente, com base de cálculo maio de 2009, o orçamento, entre projeto, construção e início da operação, era de R$ 532.615.000. Tal valor estava sob contrato, para entregar o estádio no máximo em dezembro de 2013, segundo a parceria público-privada entre governo do estado e Odebrecht. Como se sabe, o empreendimento foi antecipado em oito meses para que o estado fosse subsede da Copa das Confederações de 2013, o que encareceu a obra substancialmente.

Era um tanto óbvio que a despesa extra seria grande. Do pico de trabalhadores imaginado, com 1.800 homens, o número saltou para 5.000 operários dia e noite no canteiro. O estádio foi erguido à tempo do evento-teste da Fifa. Contudo, o custo final nunca foi revelado. Nem pelo governo do estado e nem pelo consórcio. E não foram poucos os questionamentos para obter o dado…

Agora, o Portal da Transparência traz um número impressionante. Num valor repassado através de três financiamentos – para o contrato original -, sendo dois pelo BNDES e um pelo BNB, o montante foi de R$ 890.835.424,65, ou um acréscimo de 67,25%. De forma bruta, foram injetados mais R$ 358.220.424,65 na engenharia financeira – com empréstimo pagando empréstimo entre estado e concessionária. Todas as verbas foram liberadas em 2013, a última delas em 23 de dezembro. E não necessariamente foram utilizadas para a conclusão do estádio.

Um último detalhe. Nota-se que pela verba cedida poderia ter sido de 930 milhões…Custo da Arena Pernambuco. Fonte: Portalda Transparência

Atualização (1): a Odebrecht entrou em contato com o blog e enviou uma nota explicando o modelo financeiro. Segundo a construtora, o texto do Portal da Transparência foi redigido de forma confusa – e ainda segue assim.

“A construção e a operação da Itaipava Arena Pernambuco seguem o modelo de Parceria Público Privada (PPP) com o Estado de Pernambuco. Para executar a obra, a concessionária Arena Pernambuco Negócios e Investimentos S.A. (Itaipava Arena Pernambuco) contratou financiamentos do BNB (R$ 250 milhões), do BNDES (R$ 280 milhões) e de um banco privado (R$ 70 milhões), além de investimentos próprios. Após a conclusão da arena e do início das operações, o Estado de Pernambuco pagou à Arena Pernambuco parte deste investimento.

A linha de financiamento da Arena Pernambuco com o BNDES (ProCopa Arenas) foi a mesma que aprovou o financiamento de R$ 400 milhões ao Estado de Pernambuco, recurso que assumiu um papel de garantia de pagamento ao BNDES. Assim, os dois financiamentos obtidos no BNDES (do Estado e da Arena Pernambuco) não devem ser somados para obtenção do custo da obra do estádio ou dos financiamentos. A concessionária quitou sua dívida com o BNDES no momento em que recebeu o recurso do Estado de Pernambuco.” 

Atualização (2): em entrevista ao repórter João de Andrade Neto, do Superesportes, o secretário de planejamento do estado, Fred Amâncio, diz que o custo final, ainda em análise, não ultrapassará R$ 630,5 milhões. Em 2013, o secretário extraordinário da Copa, Ricardo Leitão, havia estimado em R$ 650 milhões.

Entre projeções e explicações, há o fato: com um ano de operação, a Arena Pernambuco ainda não teve o seu custo oficialmente divulgado. Aí não há desculpa.

10 Replies to “Para uma arena de R$ 532 milhões, uma engenharia financeira de quase R$ 1 bi”

  1. NADA A VER COM O POST.MAS ESTOU CHOCADO COM A MORTE DE FERNANDÃO UM CARA DE CARÁTER É INCRIVEL COMO AS COISAS ACONTECEM R[ÁPIDO. QUE DEUS O TENHA EM UM BOM LUGAR.

  2. Vamos conjugar?
    EU Paguei
    TU Pagaste
    ELE Pagou
    NÓS Pagamos
    VÓS Pagastes
    ELES LUCRARAM

  3. O pulo do pico de operários, a mudança de materiais e métodos explica muito. Uma coisa importante que aprendi é um ditado de produção de software. “nove mulheres não geram uma criança em 1 mês”. Nem todo processo produtivo pode ou é capaz de ser acelerado. E com certeza para todo funcionário que recebe 100 por dia uma empresa paga 100+INSS+..+proporcional de 13 + proporcional de ferias. Esse dobro é o dobro de muitas coisas. E nem sempre vai diminuir em dobro o tempo de execução de um serviço, vide o numero de pedreiros que “dobrou” de 1.800 para 5.000. E interessante a nota do consorcio.

  4. Muito pelo contrário, quando se reduz o prazo de execução de uma obra e a verba existe, o valor da obra tende a se reduzir de forma bastante significativa, uma vez que os custos administrativos serão reduzidos, os quais representam um peso de mais ou menos de 20% do valor obra. Com relação a mão de obra direta, exemplo: Se um pedreiro executa um determinado serviço em 2 dias, para se realizar este mesmo serviço em 1 dia serão necessários 2 pedreiros e mesmo assim o custo final será o mesmo, ou seja, 2 diárias de um pedreiro, ao custo de 100 reais por dia = 200 reais, assim como, 1 diária de 2 pedreiros ao custo de 100 reais por dia para cada pedreiro, será também 200 reais.Concluindo: Em uma obra, quando se dobrada a mão de obra, se reduz o tempo de serviço pela metade e os custos permanecem os mesmos, os adicionais noturnos, domingos e feriados são compensados na redução de tempo de administração da obra. (25 anos de experiência em custos de obras). Essas aí não cola, tem que inventar outra!!!!!

  5. É lamentável, um gasto tão grande… E pessoas tendo que comprar remédios de pressão e diabetes porque nos postos de saúde não tem.

  6. ISSO É O QUE SE SABE , POIS DEVE TER GASTADO MUITO MAIS!!! NO BRASIL A CORRUPÇÃO E O SUPER FATURAMENTO É MUITO ALTO!!!!!!!!!!

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