O recorrente deserto do Náutico na Arena Pernambuco, um calvário sem fim

Assinatura do contrato do Náutico com a Arena Pernambuco. Foto: Aluisio Moreira/divulgação

A pauta estava no mesa do conselho deliberativo do Náutico: ir ou não à Arena Pernambuco? Dos 86 nomes presentes, 84 votaram a favor do acordo.

Jogar em um estádio moderníssimo durante 30 anos parecia um novo passo para o Timbu. Fora os detalhes do contrato, com percentual nos ingressos pagos, outro nos bilhetes subsidiados, luvas, investimento no CT etc. Dinheiro que em um primeiro momento seduziu os alvirrubros.

Em contrapartida da ida, esperava-se o óbvio. Um estádio funcional, com uma mobilidade ainda não vista no Recife, a partir de dois acessos viários e um metrô batendo à porta. Confortável e acessível. Como sabemos, não seria o caso. Já a votação do conselho resultou posteriormente, em 17 de outubro de 2011, nas assinaturas do consórcio que administra a arena, do governador Eduardo Campos e do então presidente timbu, Berillo Albuquerque.

E partir daí, mudando de casa em junho de 2013, o Náutico começou o seu calvário. O mosaico vermelho é praxe nos seus jogos, sobretudo à noite, no meio da semana. A queixa no acesso ao local, a 19 km do Marco Zero, é sistemática e o poder público não se mexe – nem para cumprir a promessa de implantar o BRT na Radial da Copa, que, apesar do nome, não ficou pronta.

Contudo, a própria operação da arena já recebe queixas, como a falta de guichês, a saída lenta no estacionamento e os poucos bares abertos. Em campo, a fase do time não ajuda? Talvez, mas é bem difícil acreditar que com o mesmo rendimento não haveria uma presença bem maior nos Aflitos

Jogos oficiais com 500 pessoas? Clássico com 4 mil? O empate em 3 x 3 entre Náutico e Piauí, pelo Nordestão, foi só mais um às moscas. No borderô, apenas 698 pessoas. Não dá, 30 anos assim não.

Hoje, o contrato em nada se parece com uma “parceria”. Nem para o Náutico nem para o consórcio. Não haver um plano B para o mando dos jogos já não faz sentido algum – ao contrário de Sport e Santa, sem contratos definitivos.

Abrir a arena para ninguém, de forma recorrente, é quase comodismo da empresa criada através da parceria público-privada, com a garantia de receita do governo do estado caso a previsão anual de faturamento seja abaixo de 50%. Francamente, hoje 50% seria um sucesso, pois o dado é muito menor. Enquanto isso, o estado vai se afundando para bancar a conta milionária. O fardo do governo anterior está pesado. Para mim, para você, para o contribuinte.

No cartaz que marcou a assinatura do contrato, havia a frase “Clube Náutico e torcida alvirrubra, bem-vindos à Arena Pernambuco”. Quatro anos depois, pouquíssimos alvirrubros se sentem à vontade por lá…

Nordestão 2015, Náutico x Piauí. Foto: Celso Ishigami/DP/D.A Press

Náutico cede empate e perde a chance de liderar no regional. Precisa de um técnico

Nordestão 2015, Náutico 3x3 Piauí. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Os 698 destemidos torcedores alvirrubros que foram à Arena Pernambuco, num jogo marcado para as 22h desta quinta-feira, conseguiram se fazer ouvir após o apito final. A vaia ecoou em todo estádio.

Uma frustração justa, ao ver a vitória escapar de forma inacreditável diante do adversário mais fraco do grupo, que nos três jogos anteriores pelo Nordestão não havia feito um gol sequer. Pois marcou três.  O empate em 3 x 3 com o Piauí manteve o Náutico numa situação complicada em termos de classificação às quartas de final do regional – lembrando, até aqui, a campanha de 2014, quando caiu na primeira fase.

Mesmo treinado de forma interina por Levi Gomes – no lugar de Moacir Júnior, que saiu sem deixar saudades -, o time tinha a obrigação de conquistar um resultado positivo. Tecnicamente, era melhor. Havia mostrado isso com sobras na peleja em Teresina, quando venceu.

Desta vez, os pernambucanos chegaram a abrir 3 x 1, até os 34 minutos do segundo tempo. O resultado elevaria o Timbu à liderança do grupo C. Cláudio, que entrara após o intervalo, marcou duas vezes, derrubando o Náutico na tabela – segue um ponto abaixo do líder Salgueiro, que segurou o empate com o Moto Club. E se Levi Gomes queria usar o jogo para cavar uma efetivação, o tropeço mostra que a diretoria deve continuar procurando um nome para sacudir o elenco. Enquanto há tempo…

Nordestão 2015, Náutico 3x3 Piauí. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

Jogos de Náutico, Santa e Sport sem TV no Estadual, um hiato sem solução

TV

A transmissão ao vivo na televisão do Campeonato Pernambucano foi ampliada em 2011, com o início da operação pay-per-view, em caráter de desgustação, através do canal PFC. Essa grade foi somada aos jogos exibidos pela Rede Globo, que já detinha os direitos em sinal aberto desde 2000. Na prática, a cada rodada ficou estipulado uma partida na tevê aberta e outra na tevê paga.

Excepcionalmente, apenas as finais da competição passam em conjunto. Contudo, ao contrário de outras competições estaduais, como Paulistão, Carioca, Gaúcho e Mineiro, que têm um contrato mais elaborado com o PFC, nem todos os jogos dos grandes clubes do Recife passam. Afinal, aqui existem três tradicionais, e se são dois jogos transmitidos, a conta não bate.

Da edição de 2012 à 7ª rodada do hexagonal do título de 2015, o Sport teve 82% dos jogos transmitidos. A quantidade proporcional de jogos na telinha vinha crescendo: 69%, 86% e 100%, no ano passado – fato que, aliás, ocorreu em toda a temporada passada, com 69 jogos oficiais. Por isso, é emblemático que o confronto contra o Serra Talhada no Sertão, em 8 de março, não tenha Globo ou PFC. O último jogo do Leão no certame sem tevê havia sido há dois anos, mais precisamente em 6 de março de 2013, na Ilha do Retiro, contra o Pesqueira.

Neste período, Náutico e Santa também tiveram jogos somente nas ondas do rádio. Um deles, justamente o Clássico das Emoções, o segundo disputado neste ano. Essa situação só deverá mudar quando o acordo com o PFC (até 2018) for melhorado, demandando a transmissão integral de alvirrubros, rubro-negros e tricolores. Segundo a FPF, ainda não há prazo para isso.

Abaixo, o número de jogos de cada um e, entre parênteses, as partidas transmitidas na TV (Globo/PFC) e o quanto isso representa percentualmente.

Náutico – 66 jogos, 41 transmissões (62%)
2012 – 24 (15 / 62%)
2013 – 21 (10 / 47%)
2014 – 14 (11 / 78%)
2015 – 7 (5 / 71%)*

Santa Cruz – 62 jogos, 43 transmissões (69%)
2012 – 26 (15 / 57%)
2013 – 15 (10 / 66%)
2014 – 14 (12 / 85%)
2015 – 7 (6 / 85%)*

Sport – 62 jogos, 51 transmissões (82%)
2012 – 26 (18 / 69%)
2013 – 15 (13 / 86%)
2014 – 14 (14 / 100%)
2015 – 7 (6 / 85%)*

* Até a 7ª rodada do hexagonal do título.

As tabelas de Santa Cruz e Náutico na Série B de 2015

Santa Cruz e Náutico, os representantes pernambucanos na Série B de 2005. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

A CBF divulgou a tabela oficial da Série B do Campeonato Brasileiro, que nesta temporada terá mais uma vez dois times pernambucanos, Santa Cruz e Náutico. A estreia dos clubes será entre os dias 8 e 9 de maio – a data exata ainda será anunciada pela confederação, uma vez que esta foi a tabela básica. O Santa Cruz jogará fora de casa, diante do Macaé, enquanto o Náutico receberá a Luverdense na Arena Pernambuco.

Clássicos das Emoções: 12ª rodada (Arena Pernambuco) e 31ª rodada (Arruda).

Como ocorre desde 2006, os quatro primeiros colocados ascendem à elite nacional. Em 2015, a novidade é a implantação do fair play trabalhista, nos mesmos moldes da Série A, após decisão do conselho técnico, no Rio.

Acessos à Série A
Náutico – 1988 (2º), 2006 (3º) e 2011 (2º)
Santa Cruz – 1992 (4º), 1999 (2º) e 2005 (2º)

Podcast 45 minutos (106º) – Desempenho do Sport no regional e matérias sobre FPF

A boa apresentação do Sport diante do Socorrense, no Nordestão, é um dos temas centrais da 106ª edição do 45 minutos, junto às reportagens do Diario de Pernambuco sobre as medidas polêmicas da FPF, como o “pedágio” nas cotas dos times locais nos torneios nacionais, o tempo de bola rolando no Estadual acima da Copa do Mundo e a ausência de prêmio pelo título de 2015.

A gravação deste podcast teve 1h24min, somando a “resenha”, claro. Neste programa, o compartilhamento no facebook ou no twitter o credencia a participar do sorteio de uma camisa oficial (laranja) do Sport. No fim do áudio, o anúncio do vencedor do uniforme do Náutico, a promoção anterior.

Estou neste podcast ao lado de Celso Ishigami, João de Andrade Neto, Rafael Brasileiro e Fred Figueiroa. Ouça agora ou quando quiser!