CBF, a responsável pelo Nordestão. Quando não quis, acabou sem dó

Copa do Nordeste. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Antes do ponto de vista do blog, é preciso ler a nota de esclarecimento da CBF, publicada nesta segunda sem um motivo aparente.

“A Confederação Brasileira de Futebol e a Liga do Nordeste gostariam de esclarecer que a CBF é a única responsável pela organização e coordenação da Copa do Nordeste, apoiada na operação pelas Federações de cada Estado envolvido na competição. O modelo é o mesmo para todas as 13 competições oficiais da CBF das quais a Copa do Nordeste é integrante.

Cabe à Liga do Nordeste a responsabilidade pelos aspectos comercial, de marketing e promoção da competição. Mesmo assim, todas essas ações são desenhadas e planejadas em conjunto pela CBF, Liga do Nordeste e empresas de TV e marketing contratadas.

CBF, Liga do Nordeste e Federações comemoram a realização e o sucesso de mais uma edição da Copa do Nordeste, a terceira consecutiva. Aproveitam para parabenizar os clubes pelo desempenho na grande competição que disputaram e agradecem o apoio e incentivo da imprensa, dos torcedores, patrocinadores e apoiadores.”

O sucesso do Nordestão chama a atenção, fato. A necessidade de a CBF chamar para si esta visibilidade é que causa surpresa. É sempre bom lembrar que foi a própria entidade que implodiu o torneio em 2003, ao retirá-lo do calendário oficial, após pressão das federações – e tendo a implantação dos pontos corridos no Brasileirão como desculpa perfeita. Voltando àquela época, a Lampions League vivia o seu auge, com 16 times no formato de turno.

Em 2001 e 2002, o faturamento foi de R$ 26 milhões. Apesar do contrato assinado com a tevê e patrocinadores, o torneio ruiu. Sem datas em 2003, Bahia, Sport, Santa e Náutico ficaram de fora. Com isso, o torneio teve 12 times (o Vitória topou a briga) e apenas 14 jogos. A Liga do Nordeste, a mesma parceira na atualidade, foi à justiça para recuperar o dano e o caso se arrastou por uma década – intercalado por outro torneio sem calendário, em 2010. O imbróglio virou uma indenização de R$ 30 milhões. Derrotada, a CBF articulou um acordo para evitar o pagamento e aceitou organizar dez edições.

Em 2015, o regional teve a maior movimentação financeira de sua história, na ordem de R$ 29 milhões, com a maior média de público do primeiro semestre (7.818). A ponto de clubes como Flamengo e Goiás quererem participar – francamente, não cabe a presença de times de outras regiões. Com o interesse consolidado no público e os times priorizando a Lampions em detrimento dos estaduais, a competição passou ser tratada como “modelo”.

A CBF organiza a competição? Não há discussão nisso. Mas é impossível esquecer que essa relação só começou após uma batalha nos tribunais, à parte do que era melhor para o futebol da região. A partir de 2023, sem obrigação de chancela, a confederação só realizará a Copa do Nordeste se quiser. Quando não quis, acabou sem dó. Portanto, não há garantias.

One Reply to “CBF, a responsável pelo Nordestão. Quando não quis, acabou sem dó”

  1. Acredito que o motivo da nota seja esclarecer que o Esporte Interativo não é responsável pela competição.

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