Santa vence o Bragantino e a sirene do Arruda toca alto, avisando sobre o G4

Série B 2015, 29ª rodada: Santa Cruz 3x1 Bragantino. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Abrindo a 29ª rodada, o Santa cumpriu bem o seu papel no Arruda. Venceu o Bragantino por 3 x 1 e colocou um pé no G4, pressionando os adversários. Claro, a torcida irá torcer por um empate no Ba-Vi (ou derrota do Bahia) e tropeços de Paysandu e América, mas, de toda forma, a caminhada na Série B segue firme. Foi a primeira vez que Martelotte repetiu a escalação, aprovando a formação com João Paulo (segundo volante) e Daniel Costa (meia). À frente, acredite, quem destoou foi Grafite, perdendo muitas chances. Só fez bem o pivô. Já os ponteiros Luisinho e Lelê correram bastante e marcaram seus gols.

No primeiro tempo, a vantagem de um gol foi enxuta demais para a superioridade coral, que chegou a ter 70% de posse de bola (foi para o intervalo com 60%, ainda considerável). Controlou e atacou. Teve (mais) um gol anulado de Daniel Costa, pois antes do chute a bola bateu no braço de Vítor, favorecendo a finalização, sejamos justos. O gol de fato e de direito saiu aos 34, com Lelê batendo com personalidade, após uma bola cruzada. A segunda etapa começou com dois gols seguidos, com Luisinho ampliando e Alan Mineiro diminuindo.

Aos 14, o Braga quase empatou. O susto agitou o técnico tricolor, que acionou Bruno Moraes no lugar de Grafite. Era preciso “matar” o jogo, mas a mudança durou pouco tempo, pois Alemão foi expulso e Bruno sacrificado, dando lugar a Marlon, improvisado na defesa. Mesmo com um a menos durante 20 minutos, o Santa foi mais consistente, com o time paulista sem saber o que fazer com a bola. Aos 44, Luisinho deixou para Bruninho definir, ligando a sirene do Arruda. Um aviso em alto e bom som que o G4 está chegando de vez…

Série B 2015, 29ª rodada: Santa Cruz 3x1 Bragantino. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Balanço dos jogadores profissionais no Nordeste, inferior a dois salários mínimos

Quadro sobre os jogadores profissionais de futebol no Nordeste em 2015 (via CBF/FPF). Arte: Infogr.am (Cassio Zirpoli)

Um levantamento da CBF sobre o Nordeste, de 2015, aponta a existência de 1.911 contratos ativos de jogadores profissionais. No futebol, de uma forma geral, se enxerga um meio de altos salários, muito acima da média do trabalhador comum. Esse contexto existe, é verdade, mas numa parcela ínfima dos atletas, como Diego Souza (R$ 250 mil) e Grafite (R$ 166 mil), destaques de Sport e Santa Cruz, por exemplo. No geral, nas divisões inferiores, nacionais e estaduais, o rendimento mensal mal passa de um salário mínimo (R$ 788).

De acordo com o dado repassado pelo diretor de competições da FPF, Murilo Falcão, apenas 200 jogadores ganham mais de R$ 1 mil na região. E essa mesma fatia é a única com contratos superiores a três meses de duração. Pois é, o restante (89,5%) ganha menos e só atua 1/4 do ano. Não por acaso, no futebol local é comum ver os mesmos nomes disputando a primeira divisão no primeiro semestre e a segunda divisão no segundo semestre, sempre em clubes pequenos. Imagine em centros menos estruturados, como Sergipe e Piauí…

Em 2014, o movimento Bom Senso FC, liderado pelos próprios jogadores, também fez um raio x da categoria, num retrato nacional. Situação parecida. Dos 20 mil atletas no boletim informativo diário (BID), 82% joga por menos de salários mínimos (na época em R$ 724), com 15% de desempregados. Dos 684 clubes listados, 583 (ou 85%) ficam inativos por seis meses. É um problema geral.

Nordeste (CBF) 
1.911 jogadores profissionais
89,5% com menos de R$ 1.000
10,5% com mais de R$ 1.000

Brasil (Bom Senso FC)
20.000 jogadores profissionais
82% com menos de dois salários mínimos (R$ 1.448)
3% com mais de dois salários mínimos  (R$ 1.448) 

Na Série A2 do Pernambucano (abaixo), o cenário fica ainda mais evidente, até por ser “Sub 23”, com a possibilidade de inscrição de no máximo quatro jogadores sem limite de idade. Naturalmente, a faixa salarial cai ainda mais.

Série A2 (Sub 23) de 2015: Barreiros 0x0 Ipojuca. Foto: FPF/site oficial

O perfil da torcida do Santa Cruz, de acordo com o Ibope 2014

Perfil da torcida do Santa Cruz segundo a pesquisa Lance!/Ibope 2014. Crédito: José Colagrossi/Twitter

O Ibope liberou um verdadeiro raio x da torcida do Santa Cruz, produzido na última pesquisa do instituto, encomendada pelo diário Lance! em 2014. Com 24% da preferência pernambucana, seriam 2.210.052 tricolores, mensurando com a estimativa populacional do Brasil no mesmo período. Seriam 1.370.232 homens e 839.819 mulheres. No quadro, também é possível conferir o perfil de escolaridade, idade, renda familiar e a região onde mora a torcida. Um mapeamento detalhado como esse poderia ser utilizado pelo departamento de marketing do clube para ações pontuais, bem direcionadas.

Como curiosidade, a justificativa da expressão “time do povo”, que se expande à forte presença nas camadas menos abastadas. Segundo o levantamento, 74% da torcida coral recebe no máximo dois salários mínimos. Outro ponto é a presença do público, 100% no Nordeste, numa questão meramente estatística, pois, naturalmente, existem torcedores do clube em todas as regiões do país.

Os percentuais foram revelados pelo diretor-executivo do Ibope/Repucom, José Colagrossi. Em breve, ele deve divulgar também os perfis de Náutico e Sport.

Confira os dados do Ibope projetados com a população segundo o IBGE 2014:

Idade
10 a 15 anos: 486.211
16 a 24 anos: 331.507
25 a 34 anos: 397.809
35 a 44 anos: 221.005
45 a 54 anos: 419.909
Mais de 55 anos: 353.608

Escolaridade
Até 4ª série do fundamental: 707.216
5ª a 8ª série do fundamental: 596.714
Ensino médio: 795.618
Superior completo: 110.502

Classe social
A/B: 265.206
C: 1.237.629
D/E: 707.216

Renda familiar
Mais de 5 a 10 salários mínimos: 154.703
Mais de 2 a 5 salários mínimos: 397.809
Mais de 1 a 2 salários mínimos: 751.417
Até 1 salário mínimo: 884.020
Não respondeu: 22.100

Confira o quadro numa resolução maior clicando aqui.