Campeão brasileiro em 2009, Andrade acerta com o Petrolina pelo acesso na A2

Contratação de Andrade através do Petrolina. Crédito: Petrolina/facebook (@PetrolinaSocialFutebolClube)

Em 6 de dezembro de 2009, num Maracanã repleto, o Flamengo venceu o Grêmio por 2 x 1, com um gol de cabeça de Ronaldo Angelim, e conquistou o pentacampeonato brasileiro. O time, que contava com Adriano e Petkovic em grande fase, era comandado por Andrade, ex-jogador do rubro-clube e campeoníssimo na década de 1980. Iniciou a carreira já com um título de Série A. Porém, sete anos depois, segue sem se firmar na primeira divisão.

Passados 2.612 dias, mais um passo surpreendente (não necessariamente positivo) na carreira de Andrade. O treinador, hoje com 59 anos, foi anunciado pelo Petrolina. Não adianta puxar pela memória, pois a Fera Sertaneja não está na primeira divisão pernambucana. Em 2016 não disputou sequer a segundona, pois alegou problemas financeiros para se licenciar na ocasião. Volta à Série A2 no segundo semestre de 2017, com um treinador improvável.

Após o titulo no Fla, Andrade trabalhou em apenas cinco clubes, sempre com passagens curtas: Brasiliense (2010), Paysandu (2011), Boavista-RJ (2012), São João da Barra-RJ (2014) e Jacobina-BA (2015). No Petrolina, tentará colocar clube na elite após cinco anos. Em termos de torcida na Associação Rural, talvez se apoie na presença flamenguista no Sertão do São Francisco. Na última pesquisa na região, via instituto Opine, em 2008, o Trio de Ferro só tinha 6,8%, com forte influência do clube carioca. Agora personificada em Andrade.

Clássico das Emoções com 40% de gratuidades na Arena Pernambuco

Borderô de Náutico 1x1 Santa Cruz, pela 1ª rodada do hexagonal do Estadual 2017. Crédito: FPF/site oficial (reprodução)

O empate entre Náutico e Santa Cruz, válido pela 1ª rodada do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano de 2017, registrou o pior público em 17 clássicos realizados na Arena Pernambuco desde a abertura, há quatro anos. Foram apenas 4.622 espectadores. Para completar, o borderô oficial, divulgado somente no dia seguinte, apresenta o número intrigante de pagantes. Apenas 2.764, sendo 1.888 alvirrubros e 876 tricolores. Faltou algo? Sim, o número de gratuidades, com 1.858 pessoas girando as catracas!

Nos últimos quatro Clássicos das Emoções com borderôs à disposição na web, o jogo desta temporada foi o que contou com mais não pagantes, que corresponderam a 40% do total. Justamente no jogo de menor público. 

Claro, havia muita gente trabalhando durante a partida (seguranças, jornalistas, organizadores etc), além de 400 ingressos autorizados para o clube mandante, mas o dado geral ficou bem acima da média. No fim, uma bilheteria de R$ 75,6 mil, resultando numa renda líquida de R$ 44.695. Dado irrisório num clássico quase centenário e quase sem pagantes…

Gratuidades no Clássico das Emoções na Arena:
11/07/2015 – Náutico 2 x 0 Santa Cruz – 1.658 (13,7% de 12.085)
01/02/2016 – Náutico 2 x 0 Santa Cruz – 1.043 (11,2% de 9.296)
24/04/2016 – Náutico 1 x 2 Santa Cruz – 1.506 (9,6% de 15.596)
29/01/2017 – Náutico 1 x 1 Santa Cruz – 1.858 (40,1% de 4.622)

Pernambucano 2017, 1ª rodada: Náutico 1x1 Santa Cruz. Foto: Yuri de Lira/DP

Nas entrelinhas da entrevista de Evandro Carvalho sobre a ameaça ao Nordestão

FPF, a entidade de futebol superavitária. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O público pífio na abertura do Estadual, o menor neste formato com hexagonal do título, mostrou uma faceta inacreditável do presidente da FPF, que parece se negar a enxergar os problemas da competição que organiza.

Em entrevista ao repórter Alexandre Arditti, do Jornal do Commercio, Evandro Carvalho não só ameaçou a continuidade do torneio regional como inverteu a ordem que mantém a estrutura atual do futebol brasileiro. A seguir, as cinco aspas publicadas (em negrito) e as observações do blog.

“Do modo que está (a Copa do Nordeste), com 20 clubes e quatro meses de disputa, não dá. Ou o Nordestão volta a ser uma copa, iniciando e terminando antes dos Estaduais ou tem que ser extinto”
Mesmo ampliado, de 16 para 20 clubes, em 2015, o torneio manteve a mesma estrutura de 12 datas (6 na fase de grupos e quartas, semi e final em ida e volta). Desde a volta ao calendário oficial, em 2013, o regional foi realizado paralelamente ao Pernambucano, cuja média de público variou de 4,5 mil a 6,3 mil nos anos com TCN. Mais: enquanto presidente, Evandro não viu este cenário sugerido por ele. O que não dá, mesmo, é a autorização de gramados, mesmo na primeira fase, como ocorreu no Estadual 2017. Era única opção para iniciar o campeonato? Então nota-se que é preciso repensar o Campeonato Pernambucano, e não a Copa do Nordeste, ascendente financeiramente há 5 anos (de R$ 5,6 mi para R$ 18,5 milhões em premiações).

“A Copa do Nordeste está desvirtuada. A CBF misturou futebol e política e estrangulou os Estaduais. Não temos mais datas. Os Estaduais na região passam por dificuldades, mas estamos num momento de reviravolta. Temos que resolver isso de uma vez por todas. Não podemos esperar”
A segunda sentença beira o surrealismo, pois foi justamente a política, das federações junto à CBF, que tirou o Nordestão do calendário nacional, em 2003. Em 2001/2002, quando o regional foi disputado com turno (15 rodadas) e mata-mata, no auge econômico-esportivo, as federações da região enfraqueceram a disputa ao condicionar a mudança do Campeonato Brasileiro, que passou a ser de pontos corridos (46 rodadas na época) durante oito meses, à retirada das copas regionais. Porém, a briga foi parar na justiça, com a Liga do Nordeste (que possuía contratos assinados de patrocínio e tevê) exigindo mais de R$ 25 milhões de indenização. Acuada quase uma década depois, a CBF cedeu e incorporou a Lampions até 2022, via acordo judicial. E hoje já paga mais que o Estadual: R$ 600 mil por 4 jogos (podendo chegar a R$ 2,8 milhões por 12) x R$ 950 mil por 10 jogos. Lembrando que o calendário oficial de 2017, apresentado pela CBF em julho de 2016, reduziu a Copa do Nordeste de 12 para 8 datas. O formato atual só foi “autorizado” porque as federações dos estados nordestinos, que ganharam 4 datas, pulando de 14 para 18, “cederam” 4. Não há justificativa no regulamento, restando a constatação óbvia, de dar poder, outra vez, às federações. Logo, o discurso reducionista de Evandro pode, sim, ser aplicado, justamente por um regulamento geral desvirtuado, para usar a mesma palavra.

“Se os Estaduais acabarem, estaremos contribuindo ainda mais para a crise que afeta o país”
Para começar, não defendo o fim dos estaduais, mas uma reformulação. De acordo com a diretoria de registro de transferências da CBF, cerca de 80% de todos os 21 mil atletas profissionais do país ganham até R$ 1 mil e só trabalham durante 4 meses. A realização do Estadual, da forma como é hoje, independentemente do Nordestão, não é determinante para essa crise, mas sim o desemprego gerado em 2/3 do ano, com uma estrutura de calendários regulares, no âmbito nacional, para apenas 60 clubes (nas Séries A, B e C). Hoje, existem 766 clubes no país. Somando as quatro divisões, chega-se a 128 times em atividade anual, o que corresponde a 16% do total. O Estadual torna-se quase irrelevante numa análise expandida. Indo além dos empregos, caberia à própria federação a articulação de um contrato de TV (mais recursos, mais condições de pagar folhas e jogadores mais qualificados) ao menos razoável. Hoje, para dar um exemplo, Sport, Náutico e Santa, somados, ganham quase o mesmo da TV que o América-MG no campeonato mineiro (2,85 mi x 2,80 mi)

“Em Pernambuco, sabemos que a extinção do programa Todos com a Nota teria um impacto grande no público. A crise financeira que abala o país é outro fator negativo. Tem também a questão da violência, que assusta os torcedores de bem. Além disso, é início de competição. O Náutico não teve o fim de Série B que se esperava, enquanto o Santa Cruz foi rebaixado”
A violência é, sim, um problema crônico, com as (suspensas) uniformizadas. E a saída do Todos com a Nota foi um baque. Primeiro, porque, em alguns anos, o TCN turbinou o quadro geral com fantasmas. Denúncia feita várias vezes pelo Diario. Sem TCN, a competição local de 2016 teve uma média de 3.498, sendo a pior desde 2003, segundo dados da própria FPF. Afinal, foram 17 anos de ingressos subsidiados e o público precisa ser reacostumado a “pagar”, ingresso ou mensalidade de sócio (com acesso livre). Porém, o programa estatal também pode ser visto como uma muleta que impulsionou números num campeonato que há tempos necessitava de ajustes. E Evandro se sustenta em apenas dois pilares, ignorando o formato de uma competição na qual 4 dos 6 se classificam, com 2 dos 3 representantes do interior impedidos de receber os grandes clubes em suas cidades nesta edição. Qual o nível de competitividade disso? São jogos que pouco agregam a uma provável classificação do Trio de Fero, além da falha organizacional (da FPF) em fazer um torneio basicamente no Recife. E a federação que marcou Central (de Caruaru) x Náutico na Ilha do Retiro acha que o problema é o Nordestão?!

“Mas não temos dúvidas que, à medida que o campeonato aquecer, a média de público vai subir”
No mata-mata, a média deve subir, sem dúvida. Mas até lá, o que justifica uma média de 1.077 pessoas, contabilizando os 26 jogos com borderô na 1ª fase e no hexagonal, até o momento? A partir da semifinal, criada em 2010, os motivos são óbvios. 
Interesse numa disputa real (títulos e vagas nas copas) e a realização de clássicos com algum apelo. Contudo, o formato atual se restringe a quatro jogos à vera. Enquanto isso, liderar o hexagonal com 10 vitórias em 10 jogos não vale uma vantagem concreta, nem esportiva (o mando é único ponto) nem financeira. Exigir que os times atuem com forçam máxima em campanhas com classificações asseguradas em vez de decisivos confrontos no Nordestão e na Copa do Brasil é pensar em benefício próprio, o da FPF, cuja arrecadação caiu bastante em 2016, sem o TCN. Com 8% da renda bruta de todos os jogos, abocanhou R$ 379 mil, contra R$ 612 mil do último ano subsidiado.

Por fim, o posicionamento dos clubes, que não dão um pio. Acho mais grave que a visão do mandatário, porque beira covardia, pra não dizer outra coisa

Criador do Tema da Vitória, da Fórmula 1, faz arranjo na trilha da Copa do Nordeste

Maestro Eduardo Souto, criador do Tema da Vitória, produz arranjo para a trilha da Copa do Nordeste. Foto: divulgação

O maestro carioca Eduardo Souto Neto foi o responsável por um dos jingles mais conhecidos do país, o “Tema da Vitória”. Hoje tocada nas (raras) vitórias brasileiras na Fórmula 1, a canção instrumental foi criada em 1983, a pedido da Rede Globo, para celebrar o vencedor do GP do Brasil, independentemente da nacionalidade. Acabou imortalizada nas 40 (das 41) vitórias de Ayrton Senna.

Pois bem, o mesmo maestro, hoje aos 65 anos, refez os arranjos da trilha oficial da Copa do Nordeste, visando a edição 2017. A gravação, desta vez solicitada pelo Esporte Interativo, foi feita em seu próprio estúdio, em sua casa no Rio de Janeiro. A música, liberada às emissoras de televisão e rádios que exibem o regional, costuma ser tocada na entrada dos times e nos gols.

“Eu gosto muito de futebol e eu procurei fazer uma coisa que fosse exatamente pra cima, porque o tema musical que já existe e que eu acho muito bonito, já tem essa característica toda nordestina naturalmente, já é melodioso e bonito. Faltava aquela coisa para levantar a torcida”.

Ouça à integra (1min15s) da nova versão instrumental da Lampions e opine…

Ranking dos pênaltis e das expulsões (1)

Pernambucano 2017, 1ª rodada do hexagonal: Sport 3x0 Central. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

Pelo 9º ano consecutivo, o blog contabiliza os pênaltis marcados e os cartões vermelhos aplicados no Campeonato Pernambucano. Em 2017, como ocorre desde 2009, o levantamento analisa somente o turno principal. Nesta caso, as dez rodadas do hexagonal do título. Ou seja, só entram na conta os dados de Santa Cruz, Sport, Náutico, Salgueiro, Belo Jardim e Central.

Na primeira rodada do hexagonal, de cara, cinco marcações. Um pênalti na Ilha, convertido por Diego Souza, e quatro expulsões. Começou com o lateral centralino Luís Matheus, dando motivo à penalidade ao “espalmar” a bola em cima da linha. No Clássico das Emoções, confusão e um vermelho pra cada (Dudu e Jaime). No Antônio Inácio, Romário, do Calango, tomou dois amarelos.

Pênaltis a favor (1)
1 pênalti – Sport
Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Central, Salgueiro e Belo Jardim

Pênaltis cometidos (1)
1 pênalti – Central
Sem penalidade – Náutico, Santa Cruz, Sport, Salgueiro e Belo Jardim

Cartões vermelhos (4)
1º) Sport e Salgueiro – 1 adversário expulso; nenhum vermelho
3º) Náutico e Santa – 1 adversário expulso; 1 vermelho
5º) Central e Belo Jardim – nenhum adversário expulso; 1 vermelho 

Rankings anteriores: 200920102011201220132014, 2015 e 2016.

Entre 2009 e 2011, com doze time e turno e returno, o ranking levou em conta 132 partidas em 22 rodadas. Com o torneio mais enxuto, num hexagonal a partir de 2014, o número de jogos analisados caiu para 30, em 10 rodadas.

Ano (jogos/pênaltis): 2009 (132/48), 2010 (132/70), 2011 (132/46), 2012 (132/57), 2013 (66/35), 2014 (30/6), 2015 (30/7) e 2016 (30/9)

Mais pênaltis a favor
2009 – Náutico (7)
2010 – Náutico (11)
2011 – Náutico e Araripina (7)
2012 – Santa Cruz (8)
2013 – Sport e Porto (6)
2014 – Santa Cruz (2)
2015 – Sport (3)
2016 – Náutico (4)

Mais pênaltis cometidos
2009 – Ypiranga (11)
2010 – Porto (12)
2011 – Petrolina e América (7)
2012 – Araripina (10)
2013 – Belo Jardim (5)
2014 – Porto (4)
2015 – Santa Cruz e Serra Talhada (2)
2016 – América (3)