Em jogo morno na Arena PE, o visitante Náutico empata com a Acadêmica Vitória

Pernambucano 2018, 4ª rodada: Vitória x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O nível de concentração num clássico é, corriqueiramente, maior. Associando isso à intensidade, com nível proporcional, talvez seja possível compreender a morosidade do Náutico diante do Vitória. Atuando como ‘visitante’ na Arena Pernambuco, uma vez que o tricolor das tabocas não está podendo atuar no Carneirão, vetado neste Estadual, o timbu até arriscou um sistema de jogo semelhante ao da goleada sobre o Sport, mas não conseguiu encaixar jogadas com velocidade e objetividade. Uma postura de 90 minutos.

Seguindo a lógica de ‘jogar sem a bola’, embora desta vez com 47% em vez de 30%, como na apresentação anterior, o alvirrubro parecia esperar um adversário que naturalmente se contentaria com o empate. E o Vitória, na prática, nem colaborou para isso, pois começou o jogo muito mal, sobretudo tecnicamente. Daí, a surpresa com o gol de Thomas Anderson, aos 19/1T, se aproveitando de uma indecisão da dupla de zaga, Breno/Camutanga. De fora da área, limpou e bateu colocado. Logo, não haveria mais contragolpes.

Pernambucano 2018, 4ª rodada: Vitória x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Do outro lado, o meia Wallace Pernambucano ficou isolado, lembrando as primeiras rodadas do time, com Daniel Bueno, já (merecidamente) no banco. O empate só viria no 2T, também aos 19 minutos, num pênalti sofrido por Camutanga. Coube a Wallace, ‘centroavante’ há duas partidas, bater com tranquilidade, 1 x 1. O jogo seguiria sem grandes chances, com Roberto Fernandes fazendo mudanças. Talvez, consciente do ritmo na temporada, sendo este o 7º jogo oficial do Náutico em apenas três semanas. E precisa ter mesmo gás para o 8º, nesta quarta. Afinal, trata-se de um compromisso de R$ 600 mil, o valor da cota da segunda fase da Copa do Brasil, em caso de classificação diante do Cordino. Uma receita essencial para o clube.

Histórico de Náutico x Vitória (todos os mandos)*
55 jogos
32 vitórias alvirrubras (58,1%)
12 empates (21,8%)
11 vitórias tricolores (20,0%)
* Considera Desportiva Vitória (1991-2007) e Acadêmica Vitória (2008-2018)

Contando só a versão atual: 7 jogos, com 5V do timbu, 1E e 1V do taboquito

Pernambucano 2018, 4ª rodada: Vitória x Náutico. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O verdadeiro recorde de público do estádio dos Aflitos, estabelecido em 1970

Pernambucano 1970: Náutico 1 x 0 Santa Cruz. Foto: Arquivo/DP

Náutico 1 x 0 Sport, gol de Ramos, 1968

A curta descrição é suficiente para relembrar o clássico que valeu ao alvirrubro o ainda exclusivo hexacampeonato pernambucano. Também para determinar o maior público da história dos Aflitos, tomado por 31 mil pessoas, ainda na época do ‘balança mas não cai”, deixando a marca ainda mais surpreendente.

Ao menos para o recorde de público, a descrição muda agora.

Náutico 1 x 0 Santa Cruz, gol de Bita, 1970

Durante uma pesquisa no acervo do Diario de Pernambuco, até então com outra pauta futebolística, o blog encontrou a ficha do Clássico das Emoções que botou o timbu na rota do segundo turno daquele ano. O caderno esportivo trouxe o seguinte título: “Bita atrapalhou o bi do Santa”. Posteriormente, o tricolor faturaria o bi – na verdade, chegaria ao pentacampeonato. No entanto, aquele clássico parou a cidade, com uma superlotação do Eládio de Barros Carvalho, como mostra a ficha do jogo (abaixo), com 25.305 pagantes e 5 mil crianças, além de outras gratuidades e policiais militares. Ou seja, o público total, critério adotado pelo blog, supera em 552 pessoas a partida do hexa.

Pernambucano 1970: Náutico 1 x 0 Santa Cruz. Foto: Arquivo/DP

Eram outros tempos, com o espaço calculado para cada torcedor sendo bem menor (assento de 30 cm, em vez de 50 cm), além da liberação para gente em pé, aumentando consideravelmente a assistência. Não por acaso, os dois maiores públicos, os únicos acima de 30 mil na história do Eládio, ocorreram antes da ampliação do estádio, com obras entre 1996 e 2002.

Sobre o ‘novo’ recorde, vale destacar as escalações dos times. Aliás, timaços.

Os 10 maiores públicos nos Aflitos
31.613 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (16/08/1970, Estadual)
31.061 – Náutico 1 x 0 Sport (21/07/1968, Estadual)
29.891 – Náutico 0 x 1 Grêmio (26/11/2005, Série B)
28.022 – Náutico 0 x 2 América-MG (04/12/1997, Série B)
22.177 – Náutico 0 x 1 Santa Cruz (05/07/2001, Estadual)
21.121 – Náutico 0 x 1 Sport (21/04/2001, Nordestão)
20.699 – Náutico 2 x 0 Ituano (18/11/2006, Série B)
20.506 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (11/12/1974, Estadual)
20.100 – Náutico 1 x 0 Sport (02/12/2012, Série A)
19.880 – Náutico 1 x 0 Corinthians (21/10/2007, Série A)

Pernambucano 1970: Náutico 1 x 0 Santa Cruz. Foto: Arquivo/DP