Quando não basta o espírito olímpico

Bandeiras das Coreias do Sul e do Norte

Em 2000, na Olimpíada de Sydney registrou um ato histórico. Sob uma única bandeira, as delegações das Coreias do Norte e do Sul desfilaram juntas no estádio Olímpico.

Seria aquele um marco de união de uma nação dividida ao meio há décadas?

O norte comunista e o sul capitalista. Alvos de uma longa Guerra Fria.

A península da Coreia conta com a demarcação desde 1945, num acordo após a Segunda Guerra Mundial entre os governos de Washignton e Moscou. Pois é.

Entre 1950 e 1953, as duas Coreias chegaram guerrear, com mais de dois milhões de mortos no conflito e a criação de uma faixa de segurança desmilitarizada entre as duas nações com 4 quilômetros de largura e 238 de comprimento.

Das capitais Seul e Pyongyang, a ordem continua para 72 milhões de coreanos.

Irmãos até que se prove o contrário…

A disputa entre soviéticos e americanos acabou, inclusive na Olimpíada, mas o imbróglio na fronteira asiática mantém o clima sempre tenso. Até mesmo com ameaça de mísseis.

A cada quatro anos, o espírito olímpico parece apaziguar a pseudo-rivalidade construída por regimes políticos, à parte da vontade do povo.

Nos Jogos Olímpicos na Austrália, apesar da bandeira unificada, os países não competiram juntos. Tampouco seria assim em 2012, em Londres.

Logo no primeiro dia de competições, um insólito episódio e desde já histórico, mostrando de forma visceral que o racha está longe de terminar.

A seleção de futebol feminino da Coreia do Norte enfrentaria a Colômbia na primeira rodada do torneio olímpico.

Na entrada das equipes, a bandeira apresentada no telão foi a do Sul. As jogadoras se recusaram a jogar. A partida só foi iniciada com a divulgação da bandeira do país.

Nem sempre é possível empregar o lema olímpico do Barão de Coubertin.

Do boicote de capitalistas em 1980 e socialistas em 1984 a uma simples bandeira…

Desfile das Coreias do Sul e do Norte na Olimpíada de 2000, em Sydney

Tendência de queda

O formato atual da Copa do Mundo, com 32 seleções, foi implantado há doze anos, na França. Desde então, a competição passou a ter 64 jogos.

Já foram realizadas quatro edições nesta era do gigantismo.

E a média de gols vem caindo gradativamente… Será mesmo uma tendência?

Confira abaixo o total de gols dos últimos Mundiais, a média e o percentual de queda em relação à edição anterior. Será que teremos uma reviravolta em 2014? Tomara.

1998: 171 gols (média de 2,67)
2002: 161 gols (média de 2,51) -5,9%
2006: 147 gols (média de 2,29) -8,7%
2010: 145 gols (média de 2,26) –1,3%

Ataque dos campeões (pela ordem): França, 15 gols; Brasil, 18; Itália, 12; Espanha, 8.

Aumenta a ilusão

Alcides Gigghia, autor do gol do título mundial de 1950, no Maracanã

O atacante Luis Suárez abriu o placar contra a Coreia do Sul com apenas 8 minutos numa chuvosa Port Elizabeth, neste sábado.

Era o Uruguai em vantagem nas oitavas de final. Caminho aberto para ficar entre as oito melhores seleções da Copa do Mundo de 2010.

Algo muito distante do atual cenário do fútbol charrúa. Combalido há décadas. Tanto que o maior jornal do Uruguai, o El País, colocou logo a seguinte manchete no site:

Suárez adelanta a Uruguay y aumenta la ilusión

A Coreia do Sul chegou ao empate, mas o mesmo Suárez, autor de 74 gols em 97 jogos pelo holandês Ajax, marcou um golaço ( “golazo”) e cravou o já histórico 2 x 1.

E o mesmo El Pais mudou o título para Gigante la celeste. A ilusão começa a ficar real…

A Celeste foi a última das 32 seleções a se classificar para o Mundial da África. Lá, caiu em uma chave dificílima. Passou. Foi para as oitavas após 20 anos. Passou. Agora, chega às quartas de final, algo que não acontecia desde 1970, quando acabou em 4º.

E chega bem. Na raça. E com técnica. Finalmente um “time”, e não apenas um bando.

Glória em 1930 e 1950. E em 2010?

Não reconheceu o senhor acima, com a Taça Jules Rimet? É Alcides Ghiggia, que marcou o gol do Maracanazo há 60 anos… E não foi uma ilusão. Não mesmo.

Oitavas de final – Parte I

Aos poucos, o mata-mata da Copa do Mundo vai ganhando forma. Nesta terça-feira, dois duelos das oitavas de final foram firmados. Confira uma breve análise das chaves.

UruguaiCoreia do SulUruguai x Coreia do Sul
Estádio Nelson Mandela Bay
Port Elizabeth, sábado, às 11h

Os bicampeões mundiais, perdidos no tempo, querem recuperar o respeito em 2010. No mínimo isso. Com uma campanha surpreendentemente sólida e um futebol aplicado, a Celeste Olímpica aparece como favorita contra o rápido time asiático, que marcou cinco gols na primeira fase. Nada mal. Será uma disputa equilibrada.

MéxicoArgentinaArgentina x México
Estádio Soccer City
Joanesburgo, domingo, às 15h30

Desde a traumática classificação para a Copa nas duas últimas rodadas, a Argentina engrenou. Ganhou cara de time, conjunto e carisma, na imagem absoluta do seu técnico. Maradona caminha para virar imortal em Buenos Aires. Vale destacar que o jogo é um replay das oitavas de 2006 (vídeo). Provavelmente, com o mesmo final.

Buenos Aires e Seul estão lá

Copa do Mundo de 2010: Argentina 2 x 0 Grécia

Grupo B.

A Argentina, lotada de reservas, jogou para o gasto. E venceu por 2 x 0. Três jogos e três vitórias para a “Família Maradona”. O time se tornou o primeiro a encerrar a primeira fase da Copa com 100% de aproveitamento. A vítima foi a “quadrada” Grécia, que se despede do Mundial mais uma vez na fase de grupos, como em 1994.

Em Durban, também na terça, Nigéria e Coreia do Sul disputaram uma espécie de prévia das oitavas. Jogo corrido, valendo vaga, contra um adversário direto.

Copa do Mundo de 2010: Coreia do Sul 2 x 2 NigériaA Nigéria fez 1 x 0, sonhou com a vaga (a primeira da África em 2010) e tomou a virada… Depois, Yakubu perdeu um gol inacreditável para as Super-Águias. Lance histórico desde já. Logo depois, ele empatou de pênalti.

No fim, o 2 x 2 foi comemorado. Mas bem longe dali… Na capital Seul. A Coreia, que chegou à semifinal na base do “apito” em 2002, em casa, se classifica pela primeira vez longe de seu reduto. Os asiáticos choraram.

Fotos: Fifa

Rivalidade platina aquece a Copa

Copa do Mundo de 2010: Argentina x Coreia do Sul

Nas primeiras 16 partidas do Mundial da África do Sul (1ª rodada) foram apenas 25 gols, com uma baixíssima média de 1,56 gol por jogo. Muito abaixo do índice mais econômico da história, registrado em 1990. Há duas décadas, o Mundial da Itália viu apenas 115 gols em 52 partidas, com uma média pífia de 2,21.

Mas a segunda rodada da Copa de 2010 está dando um alento ao principal ato do futebol, o gol. Foram 8 gols em 2 partidas. Primeiro, o chocolate uruguaio de 3 x 0 sobre os sul-africanos, que já saiu do lugar comum até agora, o insosso 1 x 0.

Nesta quinta-feira, a Argentina, grande rival da Celeste no Río de la Plata, foi além e cravou 4 x 1 sobre os sul-coreanos. Com direito a 3 gols de Higuaín, que também tomou o posto de artilheiro do uruguaio Forlán, que havia feito dois.

Com esse poder de fogo um pouco maior, a média da Copa do Mundo subiu para 1,83. Ainda está longe de pelo menos passar 1990 – e fugir do recorde negativo -, mas um acréscimo de 0,27 com apenas dois jogos foi animador.

Em tempo: o duelo entre Argentina e Uruguai tem grande chance de acontecer já nas oitavas de final. Para sacudir Buenos Aires e Montevidéu, como em 1930

Foto: Fifa

Funcionou em 2004. Não em 2010

Copa do Mundo de 2010: Coreia do Sul 2 x 0 Grécia

Em 2004, a Grécia ganhou de forma surpreendente a Eurocopa. Fechada na defesa, saindo de vez em quando para o ataque e vencendo quase sempre por 1 x 0, os gregos conseguiram levar a taça para Atenas.

Com o status de 13º lugar no ranking da Fifa, o time azul desembarcou na África com o desejo de apagar  a imagem deixada pela única campanha do país em uma Copa. Em 1994, jogaram 3 vezes, perderam as 3, sofreram 10 gols e não marcaram nenhum…

Neste sábado, a Grécia enfrentou um time que, teoricamente, não seria tão difícil.

Mas os gregos não viram a bola em Port Elizabeth. Pelo contrário. Que o futebol do campeão europeu de 2004 não mudou muito é fato. Só que o ferrolho não serviu contra a rápida equipe coreana, em 47º no mesmo ranking da Fifa.

Coreia do Sul 2 x 0! Assim, a Grécia chegou a 4 jogos na história do Mundial: 4 derrotas, 12 gols sofridos e nenhum a favor.