Miguel Arraes, o nome do troféu do Campeonato Pernambucano de 2016

Miguel Arraes, governador de Pernambuco

Miguel Arraes completaria 100 anos em 2016. Ex-governador de Pernambuco em três oportunidades, 1963-1964, 1987-1990 e 1995-1998, o político deverá ser homenageado mais uma vez no futebol pernambucano. Em 2014, Miguel Arraes havia sido designado como o nome do primeiro turno, vencido pelo Salgueiro. A ideia era uma nomenclatura permanente, mas acabou sendo deixada de lado já no ano seguinte. Agora, devido ao centenário, a FPF pretende dar o seu nome ao troféu do Campeonato Pernambucano de 2016.

A reverência a políticos não é novidade no esporte local. Outras taças já receberam nomes de governadores. A última vez foi em 2009, com o neto de Arraes, Eduardo Campos. Segundo o presidente da federação, Evandro Carvalho, a entidade já encaminhou o pedido formal à família do político, natural de Araripe, no Ceará, falecido em 2005. Em relação ao modelo da taça, que sempre desperta curiosidade devido às ideias pouco ortodoxas, a divulgação só deve acontecer em abril, na reta final da competição.

Você concorda com a homenagem?

Relembre os últimos dez troféus do Estadual clicando aqui.

2006 – Troféu Diario de Pernambuco (Sport)
2007 – Troféu 100 Anos do Frevo (Sport)
2008 – Troféu Radialista Luiz Cavalcante (Sport)
2009 – Troféu Governador Eduardo Campos (Sport)
2010 – Troféu Tribunal de Justiça de Pernambuco (Sport)
2011 – Troféu 185 anos da Polícia Militar de Pernambuco (Santa Cruz)
2012 – Troféu Rede Globo Nordeste (Santa Cruz)
2013 – Troféu FPF (Santa Cruz)
2014 – Troféu 100 anos do Campeonato Pernambucano (Sport)
2015 – Troféu Centenário da FPF (Santa Cruz)
2016 – Troféu Centenário de Miguel Arraes 

Obs. Também serão homenageados Hélio Macedo, que completou 50 anos de radialismo esportivo em 1º de janeiro de 2016, e o pesquisador Carlos Celso Cordeiro, que faleceu em 23 janeiro, aos 72 anos. A FPF ainda estuda a forma.

Começa a segunda CPI do Futebol. Entre os convidados, até Evandro Carvalho

CPI do Futebol em 2015. Crédito: twitter.com/romariozonze

Aos poucos, a CPI do Futebol começa a ganhar corpo em Brasília. Na primeira audiência sobre o assunto no Senado, em 2015, foram ouvidos os jornalistas Juca Kfouri, José Cruz e e Jamil Chade, com depoimentos sobre os contratos da CBF, sobretudo o acordo para a realização de amistosos internacionais, com a empresa ISE. Após os documentos apresentados, o senador Romário, presidente da comissão parlamentar de inquérito, já disparou.

“Pelas provas trazidas, fica evidente que a ISE, que controla os amistosos da Seleção é uma empresa fantasma, que só existe para a CBF.”

A empresa tem apenas uma caixa postal, nas Ilhas Cayman, subcontratando outra empresa para a operacionalização dos jogos. Espera-se que a comissão investigue a fundo a estrutura do futebol no país, do topo à base. A lista é encabeçada pelo ex-presidente da CBF, José Maria Marin, preso na Suíça após a investigação do FBI sobre as ações da Fifa. A médio prazo, o foco deve ir além da confederação. Ainda não há data, mas os 27 presidentes de federações estaduais serão chamados ao Congresso. Inclusive Evandro Carvalho, da FPF.

“Eu acredito que todos eles (presidentes das federações) virão aqui bastante satisfeitos, pois eles vão nos ajudar, vão mostrar um pouco o que eles vem fazendo no futebol e pelo futebol nos últimos anos”.

O Baixinho justifica que como se trata de um convite, ninguém é obrigado a ir…

Vale lembrar que esta é segunda CPI do Futebol. Em 2001, a investigação focou o contrato de US$ 160 milhões entre CBF e Nike, assinado em 1996. Só que a apuração se transformou num papelão, tendo tempo até, em um dos interrogatórios, para questionar a marcação em Zidane na final do Mundial de 1998. Relembre o episódio, e o autor da pergunta, clicando aqui.

O recorrente deserto do Náutico na Arena Pernambuco, um calvário sem fim

Assinatura do contrato do Náutico com a Arena Pernambuco. Foto: Aluisio Moreira/divulgação

A pauta estava no mesa do conselho deliberativo do Náutico: ir ou não à Arena Pernambuco? Dos 86 nomes presentes, 84 votaram a favor do acordo.

Jogar em um estádio moderníssimo durante 30 anos parecia um novo passo para o Timbu. Fora os detalhes do contrato, com percentual nos ingressos pagos, outro nos bilhetes subsidiados, luvas, investimento no CT etc. Dinheiro que em um primeiro momento seduziu os alvirrubros.

Em contrapartida da ida, esperava-se o óbvio. Um estádio funcional, com uma mobilidade ainda não vista no Recife, a partir de dois acessos viários e um metrô batendo à porta. Confortável e acessível. Como sabemos, não seria o caso. Já a votação do conselho resultou posteriormente, em 17 de outubro de 2011, nas assinaturas do consórcio que administra a arena, do governador Eduardo Campos e do então presidente timbu, Berillo Albuquerque.

E partir daí, mudando de casa em junho de 2013, o Náutico começou o seu calvário. O mosaico vermelho é praxe nos seus jogos, sobretudo à noite, no meio da semana. A queixa no acesso ao local, a 19 km do Marco Zero, é sistemática e o poder público não se mexe – nem para cumprir a promessa de implantar o BRT na Radial da Copa, que, apesar do nome, não ficou pronta.

Contudo, a própria operação da arena já recebe queixas, como a falta de guichês, a saída lenta no estacionamento e os poucos bares abertos. Em campo, a fase do time não ajuda? Talvez, mas é bem difícil acreditar que com o mesmo rendimento não haveria uma presença bem maior nos Aflitos

Jogos oficiais com 500 pessoas? Clássico com 4 mil? O empate em 3 x 3 entre Náutico e Piauí, pelo Nordestão, foi só mais um às moscas. No borderô, apenas 698 pessoas. Não dá, 30 anos assim não.

Hoje, o contrato em nada se parece com uma “parceria”. Nem para o Náutico nem para o consórcio. Não haver um plano B para o mando dos jogos já não faz sentido algum – ao contrário de Sport e Santa, sem contratos definitivos.

Abrir a arena para ninguém, de forma recorrente, é quase comodismo da empresa criada através da parceria público-privada, com a garantia de receita do governo do estado caso a previsão anual de faturamento seja abaixo de 50%. Francamente, hoje 50% seria um sucesso, pois o dado é muito menor. Enquanto isso, o estado vai se afundando para bancar a conta milionária. O fardo do governo anterior está pesado. Para mim, para você, para o contribuinte.

No cartaz que marcou a assinatura do contrato, havia a frase “Clube Náutico e torcida alvirrubra, bem-vindos à Arena Pernambuco”. Quatro anos depois, pouquíssimos alvirrubros se sentem à vontade por lá…

Nordestão 2015, Náutico x Piauí. Foto: Celso Ishigami/DP/D.A Press

Central solta o grito de campeão após 13 anos, com outro governador na taça

Pernambucano 2015, 1º turno: Ypiranga 1x1 Central. Foto: Raniere Marcelo/divulgação

O Central confirmou o favoritismo e conquistou a Taça Eduardo Campos.

O título, que na verdade corresponde à primeira fase do Campeonato Pernambucano de 2015, foi garantido com uma rodada de antecedência.

E nada melhor que uma partida contra um grande rival, o Ypiranga. Um cenário com o devido apoio da torcida alvinegra, que percorreu os 56 quilômetros que separam Caruaru de Santa Cruz do Capibaribe.

No Limeirão, o empate em 1 x 1, sem aperreio (no campo), terminou com festa.

O último grito de “campeão” havia sido há 13 anos. Curiosamente, o troféu também teve nome de governador. No caso, a Copa Jarbas Vasconcelos, disputada em 2002 pelos intermediários enquanto os grandes participavam do Nordestão. Aquela volta olímpica também foi fora de casa, em Petrolina.

Em 2011, é verdade, a Patativa ganhou o ‘primeiro turno’ do Estadual. Porém, naquele ano a competição não foi dividida em turnos , o que tornou o triunfo em algo meramente simbólico. Agora não. Havia um troféu protocolado pela FPF.

Ou seja, a comemoração foi legítima por parte da fiel torcida alvinegra, que ainda sonha com o primeiro Campeonato Pernambucano.

Classificado para o hexagonal do título, o Central também ganhou a vaga na Série D do Brasileiro. Disputará pela terceira vez seguida.

E assim a Patativa vai ocupando o seu calendário com o mínimo de dignidade…

Pernambucano 2015, 1º turno: Ypiranga 1x1 Central. Foto: FPF/divulgação

Os times dos candidatos a governador de Pernambuco

Os times dos candidatos a governador de Pernambuco. Fotos: Diario de Pernambuco

Os seis candidatos a governador de Pernambuco torcem pelos clubes do estado.

No embalo do levantamento dos postulantes a presidente da república, feito pelo site Pombo sem asa, o blog foi atrás do cenário local…

O Sport é o clube do coração de três candidatos, do empresário Armando Monteiro e do representante da causa operária, Pantaleão. Zé Gomes também é rubro-negro. Este, aliás, é sócio patrimonial do Leão.

Em seguida vem o Santa Cruz, com dois candidatos. Indicado pelo ex-governador Eduardo Campos (alvirrubro), o socialista Paulo Câmara, em seu primeiro pleito majoritário, é tricolor. Costuma frequentar o Arruda, mas a campanha, claro tomou o seu tempo.

O estado foi governado por um alvirrubro nos últimos sete anos – até a saída de Eduardo Campos para a campanha presidencial – , mas o fato não será repetido no próximo ciclo, uma vez que nenhum alvirrubro se candidatou.

A surpresa é a torcida de Miguel Anacleto pelo Íbis. Seria um repeteco de Miguel Arraes, que dizia apoiar o Pássaro Preto apenas para não criar arestas com as grandes torcidas? Não é o caso. Anaclato diz ser torcedor do Íbis há muito tempo, com dois uniformes no armário.

Armando Monteiro Neto (PTB) – Sport
Carlos Pantaleão (PCO) – Sport
Jair Pedro (PSTU) – Santa Cruz
Miguel Anacleto (PCB) – Íbis
Paulo Câmara (PSB) – Santa Cruz
Zé Gomes (PSOL) – Sport

Os times dos governadores de Pernambuco nos últimos 25 anos:

1990/1991 – Carlos Wilson (PMDB) – Náutico
1991/1995 – Joaquim Francisco (PFL) – Náutico
1995/1999 – Miguel Arraes (PSB) – Íbis
1999/2006 – Jarbas Vasconcelos (PMDB) – Sport
2006/2007 – Mendonça Filho (DEM) – Santa Cruz
2007/2014 – Eduardo Campos (PSB) – Náutico
2014 – João Lyra Neto (PSB) – Santa Cruz

Do projeto à arena, o longo trabalho de Eduardo. A mobilidade ficou no plano B

Eduardo Campos e Ricardo Teixeira (presidente da CBF) no Recife em 14 de março de 2007. Foto: Juliana Leitao/DP/D.A Press

O interesse do Recife na Copa do Mundo de 2014 era natural. Havia sido sede em 1950 e economicamente mostrava-se forte para repetir a história. As exigências de infraestrutura, claro, seriam bem maiores, começando pela oferta de um estádio moderno. Não cabia a nenhum dos palcos locais e o governo desde o começo não se mostrou disposto a articular qualquer reforma, por mais que existisse um lóbi para o Arruda através do plano de reforma com a Arena Coral. Com cinco meses de gestão, Eduardo Campos apresentou a candidatura do estado ao Mundial. Nada de São Lourenço da Mata, de Arena Pernambuco.

Já está caindo no esquecimento, mas a ideia inicial era a Arena Recife-Olinda, também com 45 mil lugares, mas encravada no bairro olindense de Salgadinho. O orçamento era de R$ 335 milhões, valor que rapidamente foi multiplicado pela necessidade de desapropriar quase todo o terreno selecionado. Durou algum tempo, até o último dia de inscrição de projetos em todo o país visando o torneio da Fifa. Em 15 de janeiro de 2009, num evento surpreendente, foi apresentada a Cidade da Copa, um novo complexo urbano na zona oeste da região metropolitana, tendo o estádio como mola mestra. Uma previsão de investimento em dez anos de R$ 1,59 bilhão.

Eduardo Campos assina o convênio com o Náutico para a Arena Pernambuco, em 17 de outubro de 2011. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

Na ocasião, Eduardo Campos justificou a mudança como a necessidade de criar uma nova direção no crescimento do Recife e a facilidade na execução do projeto – apesar da pessão para desapropriar Jardim Penedo de Baixo, o pequeno centro rural que havia na área. Com a Arena Pernambuco, Pernambuco não só ganhou força na corrida da Copa do Mundo como se candidatou à Copa das Confederações de 2013. Neste caso, os laudos de execução não foram levados tão em conta. Valeu a articulação política (praxe), com junto a Ricardo Teixeira (então um interlocutor com a Fifa) e Lula (e a aproximação de Dilma, então aliada).

A cada declaração de Jérôme Valcke, batendo forte (e com justiça) na preparação brasileira, Pernambuco parecia mais longe do evento-teste. O torneio acabou crescendo mesmo, de quatro para seis sedes e Recife e Salvador foram confirmados em 8 de novembro de 2012. “A Copa das Confederações é matéria vencida”, dizia dias antes Eduardo Campos. O plano de aceleração da obra do estádio funcionou, com a antecipação da entrega em oito meses. O custo da arena, no entanto, extrapolou, dos R$ 532 milhões previstos para uma “projeção” de R$ 650 milhões.

Com mais de um ano de operação, o estádio segue sem o seu preço final, numa conta que Eduardo jamais respondeu – e que vingará até 2043, numa parceria público-privada cujo faturamento iniciou muito abaixo do esperado, com menos da metade dos R$ 73 milhões exigidos sob contrato anualmente. No presente, o estado tem em seu histórico uma realização de sucesso na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, com um total de oito jogos.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco, visita a obra do estádio em São Lourenço com Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Aldo Rebelo, ministro do Esporte, em 5 de março de 2013. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

Mais de 400 mil turistas vieram ao estado, entre brasileiros e estrangeiros, com aceitação acima de 90%, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas (turista doméstico) e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (internacional). Índices puxados pela receptividade de um torneio inesquecível em todo o país, mas que não apagam, de forma alguma, os problemas vistos na mobilidade. Esse ponto era o de maior expectativa de transformação na capital, impulsionado pelos investimentos públicos no Mundial.

Entretanto, o atraso – haja burocracia – respingou forte no Mundial, com a criação de um plano B para o transporte, focado exclusivamente para os torneios, com estacionamentos e ônibus especiais, num cenário bem diferente daquele imaginado em 15 de janeiro de 2009. Mas algo precisava ser feito. Se a infraestrutura não foi plenamente entregue – as obras, ainda necessárias, ao menos continuam -, um plano paralelo foi perfeitamente executado. As duas Copas passaram. E o legado ainda é o grande desejo da população. Era o de Eduardo também, em outro ritmo.

Eduardo Campos pisa pela primeira vez no gramado da Arena Pernambuco, em 14 de abril de 2003. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A Press

Três dias de silêncio no futebol de Pernambuco

Os três grandes clubes do Recife decretaram três dias de luto ofical por causa da trágica morte de Eduardo Campos, ex-governador do estado de 2007 a 2014. Através dos sites oficiais, as agremiações prestaram homenagem. Abaixo, a íntegra dos textos.

Confira também as notas da FPF e da CBF.

Clube Náutico Capibaribe
Nota oficial do Náutico sobre a morte de Eduardo Campos

Ex-governador era um alvirrubro exemplar

O Clube Náutico Capibaribe com grande pesar lamenta pela morte do ex-governador e grande alvirrubro Eduardo Henrique Accyoli Campos. A Família Alvirrubra solidariza-se com os familiares daquele que sempre esteve ao lado da nossa Instituição, ao longo da nossa história. O Clube está de luto por três dias.

Vá em paz, Eduardo Campos!

Santa Cruz Futebol Clube
Nota oficial do Santa Cruz sobre a morte de Eduardo Campos

Nota oficial

O Santa Cruz Futebol Clube lamenta profundamente a morte do Ex-Governador de Pernambuco e Candidato à Presidência da República do Brasil, Eduardo Campos. Ao longo da sua intensa e bem sucedida vida pública colocada à serviço de Pernambuco e do Brasil, o Ex-Governador Eduardo Campos sempre manteve a sua atenção voltada para o mundo dos esportes.

Destarte, estabeleceu importantes vínculos com o Santa Cruz Futebol Clube, ajudando a Instituição Coral em momentos de extraordinárias dificuldades – sem alaridos ou exibicionismos de quaisquer espécie. Em assim sendo, neste momento de profunda consternação e dor, o Santa Cruz Futebol Clube se solidariza com a família enlutada, ao mesmo tempo em que decreta Luto Oficial de três dias nas Repúblicas Independentes do Arruda.

Atenciosamente,

Antonio Luiz Neto
Presidente Executivo do Santa Cruz Futebol Clube

Sport Club do Recife

Nota oficial do Sport sobre a morte de Eduardo Campos

Sport Club do Recife lamenta falecimento de Eduardo Campos

O Sport Club do Recife manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do ex-governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos, ocorrido nesta quarta-feira (13), em voo com destino ao Estado de São Paulo.

O clube presta sua solidariedade aos familiares do político e demais envolvidos no acidente. Foram eles: Alexandre da Silva (fotógrafo), Carlos Augusto Leal Filho “Percol” (assessor e filho de Carlos Ramos Leal, ex-jogador leonino), Geraldo da Cunha (piloto), Marcos Martins (piloto), Marcelo Lira (cinegrafista) e Pedro Valadares Neto (assessor).

Diante do triste acontecimento, o presidente executivo rubro-negro, João Humberto Martorelli, determina luto de três dias na Ilha do Retiro.

A volta da Seleção ao Recife em uma ligação do Palácio do Campo das Princesas

Eliminatórias da Copa, 2009: Brasil 2x1 Paraguai. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, como candidato a presidente da república.

O amistoso entre Brasil e Polônia em 1995, numa noite de chuva forte no Arruda com dois gols de Túlio Maravilha, era a última imagem da Seleção no estado. Por mais que o apoio ao time verde e amarelo fosse além da conta no Recife, vide o tetracampeonato, pesou contra (e como) a briga a política entre os presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, e da FPF, Carlos Alberto Oliveira. Um longo hiato de 14 anos. A cartoloagem afastou a Seleção da capital como nunca antes visto.

A queixa era recorrente, aumentando com os inúmeros amistosos da Canarinha em Londres. Através de telefonemas e até uma viagem ao Rio de Janeiro, Eduardo Campos, então governador, reaproximou os dirigentes. Teve muita paciência, pois sabia o tamanho da raposa envolvida – francamente, ninguém era ingênuo naquele contexto. Começou em 2007, tendo retorno dois anos depois. Questionado pela mídia, dizia que o “estado era pé quente”. Nos bastidores – onde cresceu politicamente, saindo das asas do avô -, Campos tinha plena consciência de seu objetivo. É inegável a popularidade em um jogo da Seleção Brasileira.

Ricardo Teixeira e Eduardo Campos em encontro na CBF, em 2001. Foto: Site da CBF

A regra da Conmebol apontava que apenas Rio e São Paulo poderiam receber o time em jogos das Eliminatórias. Com atuações fracas, num cenário semelhante àquele antes do antológico 6 a 0 sobre a Bolívia, houve a descentralização de sedes. Aí, o bote, o acordo. Eduardo garantiu a segurança (1.600 policiais, recorde), a arrecadação (R$ 4,3 milhões, recorde) e o apoio. Dito e feito, com o Mundão novamente amarelo em todos os cantos, em uníssono do começo ao fim. Contra o bem armado Paraguai, do atacante Cabañas, o Brasil venceu por 2 a 1, em 10 de junho de 2009, com gols de Robinho e Nilmar. Tanto apoio valeu uma entrevista especial do capitão Lúcio, quebrando o protocolo junto ao técnico Dunga, para dizer “voltaremos”

Voltaram mesmo, não com o hexa – ainda em dívida – , mas para a despedida do Arruda como a casa pernambucana da Seleção. Com as obras da arena em São Lourenço na reta final, o Arruda recebeu um amistoso fora de uma Data Fifa. Justamente porque o governo do estado articulou mais uma vez. Jogo marcado às pressas, sem tanta gente (29 mil) e diante de uma equipe inexpressiva (China). A goleada xing-ling por 8 a 0 valeu só para que o hiato não voltasse a crescer. O que não deve mesmo ocorrer. Um novo jogo da Seleção está sendo articulado para breve, como sempre, articulado a partir de uma ligação do Palácio do Campo das Princesas…

“Aqui está a mais ativa, carinhosa e pé-quente torcida que a Seleção pode ter. Ajudamos o Brasil nos momentos mais difíceis.” (Eduardo Campos em 21 de outubro de 2011)

Amistoso 2012: Brasil 8x0 China. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.AA Press

Eduardo Campos e o seu legado com o futebol subsidiado. À frente da trincheira

Eduardo Campos assina o documento com a criação do Todos com a Nota, em 1998. Foto: Ricardo Borba/DP/D.A Press

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, como candidato a presidente da república.

Como secretário da fazenda, em 1998, Eduardo Campos articulou a criação de um subsídio para o futebol pernambucano. Na gestão de seu avô, Miguel Arraes, implantou o programa Todos com a Nota. No ano anterior, o campeonato estadual havia tido a sua pior média de público desde que a FPF passou a computar o índice. Apenas 2.080 pessoas a cada jogo, número inviável. Porém, com o a troca de R$ 50 em notas fiscais por um vale lazer, dando direito a um ingresso, as arquibancadas encheram como nunca. Literalmente.

A média foi de 10.895 espectadores, a maior da história, a maior do país naquela temporada. Desde então, a fórmula passou a imperar no futebol local. Durante boa parte do tempo, o programa foi o grande catalizador do esporte, mas também tornou-se uma muleta para os dirigentes locais. Controverso em sua execução no interior nos últimos anos – com mais trocas de bilhetes do que torcedores presentes nas partidas -, o TCN ficou em xeque. Mas apenas a sua execução, e não a sua necessidade, com mais de 70 milhões de reais investidos nesse tempo todo. Ajudando não só os clubes do interior, mas sobretudo Náutico, Santa Cruz e Sport.

O subsídio voltou no segundo semestre de 2007, após a mudança no governo estadual, de Jarbas Vasconcelos para o próprio Eduardo Campos, alvirrubro e sem arestas com as cores rivais. O projeto acabou abrangendo mais competições, como as duas divisões estaduais, as quatro séries nacionais, o futebol de base e o feminino. Também entrou na era digital, com quase 400 mil pessoas portando cartões magnéticos, num sistema já observado por outros estados. Cresceu. No último ano a verba distribuída foi de R$ 13 milhões. Um avanço paralelo à criação de uma contrapartida bem controversa, com a obrigação de mandar alguns jogos na Arena Pernambuco para seguir fazendo parte.

Ao novos gestores, que devem dar continuidade ao subsídio no futebol de Pernambuco, a missão é equilibrar a distribuição da receita com a presença da torcida, outrora nosso maior orgulho. Esse estímulo ainda é plenamente possível, numa história iniciada em uma assinatura em 19 de janeiro de 1998.

“A campanha do Todos com a Nota traz o torcedor mais pobre para o estádio. Sabemos que o futebol é um lazer importante. No interior, isso significa a presença de todas as nossas torcidas. Precisamos massificar isso, pois é algo que mexe com a nossa autoestima. Em todo o Nordeste, só Pernambuco continua forte nessa resistência. Estamos em uma trincheira e precisamos ser o exemplo, com o crescimento e valorização das torcidas locais”. (Eduardo Campos, em 13 de janeiro de 2011)

As transformações do futebol pernambucano, segundo Eduardo Campos

Eduardo Campos com as camisas e bandeiras de Náutico, Santa Cruz e Sport

Ex-governador do estado, casado, pai de cinco filhos, candidato a presidente da república…

A biografia de Eduardo Campos também se estende de forma umbilical ao futebol pernambucano.

Desde 1998, quando foi o mentor do Todos com a Nota na gestão de Miguel Arraes, seu avô, à construção de uma arena fora da capital para a Copa do Mundo. Alvirrubro de coração, não se furtou em festejar os melhores momentos de Santa e Sport no cenário nacional.

Nem tudo deu certo. Torcedores fantasmas e uma conta difícil de pagar na Arena Pernambuco, arranhões num legado que passa a ser missão das novas gerações na política.

A trágica morte do ex-governador não termina a sua história…

Eduardo Campos e o seu legado com o futebol subsidiado. À frente da trincheira

A volta da Seleção em uma ligação do Palácio do Campo das Princesa

Três dias de silêncio no futebol de Pernambuco

Do projeto à arena, o longo trabalho de Eduardo. A mobilidade ficou no plano B

Aqui, os meus sentimentos pelas sete vítimas do acidente aéreo em Santos.