Os campeões estaduais do Nordeste dentro do prazo da CBF em 2017: ABC, Botafogo, Ceará, Confiança, CRB e Vitória

O dia 7 de maio marcou o encerramento dos campeonatos estaduais, país afora, seguindo o calendário oficial da CBF. Alguns terminaram até antes, enquanto outros precisaram extrapolar o prazo. No Nordeste, seis dos nove estados conheceram os seus campeões de 2017. As exceções foram Maranhão, com um imbróglio jurídico, Pernambuco, com a decisão adiada para 18/06 por falta de datas, e Piauí, ainda em andamento no returno. Abaixo, a turma que já levantou a taça, mirando agora o Brasileirão.

Entre os pitacos do blog sobre os campeões de 18 finais, apenas oito acertos: Vitória, Ceará, Brasiliense, Paysandu, Botafogo, Flamengo, ABC e Chapecoense. Ainda falta uma na lista, justamente a do Cornélio de Barros.

ABC campeão potiguar de 2017. Foto: ABC/divulgação

ABC (54º título no RN) – 18 jogos; 13 vitórias, 3 empates e 2 derrotas
O alvinegro de Natal foi o primeiro a comemorar no país, em pleno feriado de 1º de maio. Empate sem gols no Frasqueirão, segurando a vantagem obtida na ida contra o Globo, quando fez 1 x 0. O troféu do recordista de títulos estaduais foi erguido pelo capitão Oswaldo, o zagueiro emprestado pelo Sport.

Botafogo campeão paraibano de 2017. Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Botafogo (28º título na PB) – 22 jogos; 16 vitórias, 2 empates e 4 derrotas
O Belo esteve nas últimas cinco finais paraibanas. Após o bi em 13/14, foi vice em 15/16, voltando a erguer a taça diante do Treze. Fez o resultado em Campina Grande (2 x 3), empatando na capital, em um Almeidão lotado.

Ceará campeão cearense de 2017. Foto: Ceará/divulgação

Ceará (44º título no CE) – 16 jogos; 12 vitórias, 3 empates e 1 derrota
Em 2016, não chegou nem à semifinal, custando a vaga no Nordestão. Desta vez, o foco foi total. Na decisão, o Vozão venceu o Ferroviário duas vezes, evitando a partida extra. Destaques para o campeoníssimo técnico Givanildo Oliveira e para o atacante Magno Alves, rendendo aos 41 anos.

Confiança campeão sergipano de 2017. Foto: Confiança/divulgação

Confiança (21º título no SE) – 21 jogos; 13 vitórias, 5 empates e 3 derrotas
O time proletário tropeçou no Batistão, mas foi buscar a taça no interior, lá em Itabaiana. Venceu com um gol de Thiago Silvy aos 27 minutos do segundo tempo. Foi o 3º título em 4 anos. Valeu também a volta à Lampions.

CRB campeão alagoano de 2017. Foto: Federação Alagoana de Futebol (FAF)/divulgação

CRB (30º título em AL) – 19 jogos; 12 vitórias, 6 empates e 1 derrota
O Galo da Pajuçara sagrou-se tricampeão ao vencer o CSA nos dois jogos da decisão no Rei Pelé, com o falastrão Neto Baiano comandando a festa. Após boa Série B na última temporada, o clube manteve o domínio local.

Vitória campeão baiano de 2017. Foto: Vitória/divulgação

Vitória (29º título na BA) – 14 jogos; 11 vitórias e 3 empates
Sob comando interino de Wesley Carvalho na decisão, o leão da barra foi campeão invicto pela 4ª vez, sendo o 12º título estadual numa final contra o Bahia. Como foi a primeira decisão baiana com torcida única, por questão de segurança, todos os 30 mil espectadores comemoraram no fim.

Exportando a tecnologia do Todos com a Nota para onze estados

Cartão magnético do Todos com a Nota. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O Campeonato Pernambucano já foi subsidiado pelo programa Todos com a Nota, do governo do estado, em oito edições: 1998 e 2008/2014.

A troca de notas fiscais por ingressos foi copiada na Paraíba em 1998, com o Vale Legal, e nesta temporada, com o Gol de Placa, com previsão de investimento de R$ 3 milhões. Em Pernambuco, com uma estrutura estendida a oito torneios junto à FPF, só no ano passado o total injetado foi de R$ 13 milhões.

Em 2015, segundo o presidente da federação pernambucana de futebol, Evandro Carvalho, o programa estatal poderá ser implantado em até onze estados. Apenas o Piauí teve o nome revelado. Todos teriam solicitado junto à secretaria da fazenda do estado uma transferência tecnológica do programa.

Nos últimos quinze anos a aplicação do TCN foi modernizada, mas basicamente no Recife. Da troca física de notas fiscais por um vale lazer ao cartão magnético acumulando pontos, com reservas por telefone ou internet, aplicativos e cadastro biométrico. Só na capital são 370 mil usuários.

De fato, a implantação do projeto em 1998 fez a média de público saltar de 2.080 para 10.895. Nas últimas edições, contudo, a torcida não foi tanto a campo no interior, apesar das médias oficiais de 5.548 e 6.318.

Caso confirmada a exportação de “know-how”, os demais campeonatos estaduais da região deverão registrar um aumento imediato nas médias de público.

Mas que o cenário seja o de 1998, com arrecadação e estádios realmente cheios.

Clássico das Multidões na versão paraibana

Sport de Campina Grande e Santa Cruz de Santa Rita, integrantes da 1ª divisão paraibana de 2014

O Clássico das Multidões entre Sport e Santa Cruz é um dos mais tradicionais do Nordeste e também um dos mais populares, envolvendo diretamente aproximadamente quatro milhões de torcedores.

Disputado desde 1916, o duelo conta com mais de 500 capítulos. Na vizinha Paraíba, em uma escala bem menor, existe outra versão oficial da partida…

Sport Club Campina Grande e Santa Cruz Recreativo Esporte Clube.

Representantes de Campina Grande e Santa Rita. Em 2014, as duas equipes se enfrentaram pela primeira vez na elite estadual. Vitória tricolor, 2 x 0.

Enquanto o Santa Cruz teve uma inspiração umbilical no Tricolor do Arruda – sendo fundado em 1939 -, com as mesmas cores e mascote, o Sport campinense adotou uma nomenclatura bem semelhante, mas com cores (alviverde) e mascote (bode) distintos. A agremiação, que existia apenas com categorias de base, foi profissionalizada em 2012.

Até a estreia na primeira divisão, o “clássico paraibano” havia ocorrido somente na segundona estadual, com ampla vantagem coral.

08/07/2012 – Sport 2 x 6 Santa Cruz
21/07/2012 – Santa Cruz 2 x 1 Sport
03/09/2013 – Sport 0 x 1 Santa Cruz
11/09/2013 – Santa Cruz 4 x 0 Sport

Homônimos à parte, o único clássico entre os recifenses Sport e Santa Cruz fora de Pernambuco aconteceu justamente na Paraíba.

Em 22 de abril de 1951, em João Pessoa, houve um empate sem gols.

Confira uma postagem sobre os genéricos dos clubes pernambucanos aqui.

Agora sim, o Botafogo certo na manchete paraibana

Capas do Correio da Paraíba, de João Pessoa

A influência dos clubes de futebol do Rio de Janeiro é enorme na Paraíba. A ponto de atrapalhar o desenvolvimento dos times locais, limitando o tamanho das torcidas.

O Flamengo, clube de maior torcida no estado vizinho, volta e meia ocupa as manchetes paraibanas. Internet, impresso, televisão.

Vasco, Fluminense e Botafogo também têm espaço. A disputa para Botafogo, em João Pessoa, Treze e Campinense, ambos em Campina Grande, torna-se acirrada.

Em 19 de agosto, por exemplo, o Correio da Paraíba trouxe a manchete de duplo sentido, “Botafogo na ponta”. Na verdade, o peso era mesmo para o alvinegro paraibano, líder na Série D, e o carioca na A.

Agora, em 23 de setembro, uma manchete exclusiva ao “Belo”, que conquistou o acesso à terceirona. E que esse destaque na imprensa se torne corriqueiro por lá, até porque o futebol paraibano está querendo reagir, com um 2013 já histórico.

Campinense, o campeão da Copa do Nordeste.
Botafogo, garantido na Série C de 2014.
Treze, líder da terceira divisão nacional.

Um canal de televisão por assinatura exclusivo para o futebol do Nordeste

TV Esporte Interativo

O canal Esporte Interativo ganhará uma versão exclusiva para o futebol nordestino, com a cobertura diária dos clubes locais. A informação apresentada pela revista Veja, e já confirmada, surgiu a partir de um modelo tradicional na tevê norte-americana, com a segmentação de esportes e regiões. O “Esporte Interativo Nordeste” foi viabilizado após a sociedade com a Time Warner.

Até o momento, além da Copa do Nordeste, seis Estaduais estão garantidos: Ceará, Alagoas, Paraíba, Maranhão, Sergipe e Piauí. O novo canal deverá exibir 200 jogos ao vivo em sua grade. O contrato com o Nordestão, com 62 partidas por ano, vai até 2022. Em janeiro, o presidente da empresa, Edgar Diniz, havia garantido um investimento de R$ 100 milhões no setor nesta década.

Seguem fora do pacote o Pernambucano, o Baiano e o Potiguar. O certame do Rio Grande do Norte já está em negociação. Já os dois principais torneios não deverão entrar logo no portfólio. Ambos têm contrato com a Rede Globo e com o Sportv. O contrato baiano, de R$ 3 milhões anuais, vai até 2015. Já o pernambucano, de R$ 1,32 milhão por edição, acabará em 2014.

O próximo passo do novo canal é a sua inserção nas principais operadoras de tevê por assinatura do país. O Esporte Interativo ainda não faz parte da Sky…

Os genéricos dos grandes clubes do Recife

Clubes "genéricos": Santa Cruz/PB, Náutico/RR e Sport/AL

O futebol pernambucano tem mais de um século de história. Náutico e Sport disputam clássicos desde 1909. O Santa Cruz chegará ao seu centenário em 2014. Os três times contam com torcidas numerosas, não apenas no estado.

A paixão de pernambucanos se estendeu a outros estados. As cores foram mantidas ao longo dos anos. A tal ponto que surgiram genéricos profissionais.

Isso mesmo, homônimos, e com as mesmas cores e mascotes. Confira alguns dos principais exemplos de tricolores, alvirrubros e rubro-negros país afora.

As páginas no facebook dos times genéricos: Santa Cruz, Náutico e Sport.

Santa Cruz Recreativo Esporte Clube de Santa Rita, na Paraíba.

Fundado em 15 de abril de 1939. A Cobra Coral já conquistou o campeonato estadual em duas oportunidades, em 1995 e 1996 e também duas vezes a segunda divisão. Atua no estádio Virgínio Veloso Borges, com 5 mil lugares.

Santa Cruz de Santa Rita/PB em 2011. Foto: Aventuras do Futebol/Flickr

Náutico Futebol Clube de Caracaraí, em Roraima.

Fundado em 22 de dezembro de 1962. Inicialmente em Boa Vista, mudou de sede há dois anos. O Timbu do Norte deu sorte e conquistou seu primeiro título estadual, nesta temporada. Joga no estádio Vital Rodrigues, com 3 mil lugares.

Náutico de Roraima em 2013. Foto: Facebook/Náutico F.C.

Sport Club Santo Antônio de Atalaia, em Alagoas.

É o mais novo dos três, de 13 de junho de 2007. Foi promovido à elite alagoana em 2010, com o vice da segundona. O Leão da Mata disputou três edições e acabou rebaixado em 2013. Atua no Luiz de Albuquerque, com 4 mil lugares.

Sport Atalaia em 2009. Foto: http://blogtoquedeprimeira.wordpress.com

As versões mais modestas contam com a torcida dos clubes mais tradicionais?

A Paraíba tem time para torcer. E é um campeão nordestino

Copa do Nordeste 2013, final: Campinense 2x0 ASA. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Há muito tempo a Paraíba vê o futebol local à margem das grandes equipes nacionais em termos de torcida.

No Nordeste como um todo, o processo de comunicação via rádio consolidou torcidas nacionais de clubes do Sudeste, sobretudo os cariocas.

Contudo, no estado vizinho a transformação foi bem mais acentuada. Em 2011, uma pesquisa produzida pelo instituto Data Vox, com 4.213 entrevistados, apontou que 62% do público tem um time nacional.

Destes, 49,67% são Flamengo. Metade do estado. Na capital João Pessoa, o maior reduto, times locais como Botafogo e Auto Esporte pararam no tempo.

Em Campina Grande, de porte econômico semelhante, o Clássico dos Maiorais é a grande bandeira numa tentativa de manter acesa a paixão no futebol do estado.  A disputa entre Campinense e Treze movimenta a cidade desde 1957.

Com poucas realizações além da fronteira do estado, seja qual for a divisão nacional ou torneio regional, a Paraíba acabou sofrendo um certo preconceito dos próprios irmãos nordestinos.

Obviamente, qualquer pessoa tem o direito de torcer pelo time que quiser e aqui não se discute isso. E de fato a reação dos vizinhos não era nada educada.

Quantas vezes não ecoou em estádios pernambucanos, baianos, cearenses e potiguares o seguinte grito.

“Arerê, na Paraíba não time pra torcer”.

O objetivo nada nobre era ferir o orgulho do torcedor. Podemos agora afirmar que tal grito de guerra cairá drasticamente em desuso.

Com uma campanha histórica, o Campinense ergueu neste domingo o troféu de campeão do Nordeste. Em um Amigão com quase vinte mil pessoas numa tarde já marcada para sempre na memória da torcida, o time venceu o ASA por 2 x 0.

Campeão sobre pernambucanos, baianos, cearenses, potiguares etc.

Fora da Série D até agora, a Raposa quebrou uma escrita impressionante na galeria de campeões nordestinos. Nas nove edições anteriores, desde 1994, os vencedores sempre integraram a elite nacional no ano da conquista.

Subvertendo as lógicas conhecidas no futebol da região, goleando o Santa Cruz, eliminando o Sport na Ilha, silenciando o Castelão contra o Fortaleza e faturando o prêmio de R$ 1 milhão, o Campinense colocou a Paraíba no mapa da bola.

Um troféu que exige respeito. E tem mesmo que respeitar…

Copa do Nordeste 2013, final: Campinense 2x0 ASA. Foto: Rafael Ribeiro/CBF

As marcas dos campeonatos estaduais do Nordeste

Marcas oficiais dos campeonatos estaduais do Nordeste em 2013, com naming rights da Chevrolet e Naming Rigths. Montagem: Cassio Zirpoli/DP/DA. Press

Cada vez mais o modelo econômico chamado naming rights se insere no futebol.

Em 2013, pela primeira vez todos os campeonatos estaduais do Nordeste estarão asssociados a alguma empresa, modificando os nomes oficiais das competições.

No caso, a apenas duas empresas para nove estados.

Em 2011, a Federação Pernambucana de Futebol firmou um contrato com a Coca-Cola com duração de quatro anos. A cada edição, R$ 600 mil.

Agora, a montadora Cheverolet entrou na parada e irá bancar vinte torneios regionais em todo o país nos próximos dois anos, com um emblema padrão. Na região, foram oito.

Apenas Pernambuco não entrou na lista recém-divulgada, até porque há uma multa rescisória com a gigante companhia de refrigerante.

No futebol local, apesar da marca exposta de forma pioneira, a projeção para um ano realmente rentável será a partir de 2015, uma vez que serão encerrados os contratos de naming rights (Coca Cola) e transmissão dos jogos (Rede Globo).

Ou seja, um novo patamar financeiro deverá ser estabecido (saiba mais aqui).

Até lá, que uma nova marca, mais moderna, também apareça nessas bandas.