Raio x dos 24 mil jogadores profissionais em atividade nos 722 clubes do Brasil

Registros e transferências de jogadores, segundo a CBF

Pelo terceiro ano consecutivo, a CBF detalha os jogadores profissionais em atividade no país, através da diretoria de registro e transferências. Em relação à última temporada foram 3.098 contratos a mais, num aumento de 14%. Em 2017, portanto, 24.841 jogadores de futebol firmaram algum tipo de acordo, incluindo 134 gringos, com a grande maioria entrando em campo somente nos quatro primeiros meses, durante os campeonatos estaduais. Embora a entidade não tenha atualizado o dado de contratos ativos durante todo o ano, o número de 2016 deixa isso claro, com apenas 8.938 atletas chegando até janeiro – na ocasião, isso representou 41% do total de profissionais.

Ao todo, foram quase 17 mil transferências nacionais, entre empréstimos, vendas de diretos econômicos e jogadores livres. Inicialmente, o balanço tinha três pilares (registro, transferências e salários), mas nos últimos dois relatórios a confederação não divulgou a divisão de salários dos atletas. No quadro pioneiro, 82% recebiam até R$ 1 mil e 95% no máximo R$ 5 mil. A dura realidade comum. Salário acima de R$ 100 mil? No Brasil, apenas 114.

O balanço dos atletas registrados no Brasil, segundo a CBF. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Segundo o novo balanço, de janeiro a dezembro vigoraram contratos envolvendo 722 clubes profissionais – no viés pernambucano, 22 times disputaram competições oficiais na temporada, a partir das Séries A1 e A2. Além disso, o relatório da confederação também inclui os clubes amadores e formadores, adicionando 397. A seguir, a evolução de clubes filiados.

O balanço dos atletas registrados no Brasil, segundo a CBF. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Entre as transferências nacionais, apenas 40 via compensação financeira, totalizando R$ 81 mi – Raniel, por exemplo, foi do Santa para o Cruzeiro por R$ 2 milhões. Já no âmbito internacional foram 657 saídas, com 130 ocorrendo via empréstimos ou cessão dos direitos econômicos, movimentando quase R$ 1 bilhão (!), com média de R$ 7,0 mi – Erick foi negociado pelo Náutico junto ao Braga por R$ 2,8 mi. No sentido inverso foram 527 nomes, dos quais 40 com valores. E o investimento foi de R$ 227 milhões, com média de R$ 5,6 mi – André veio do Sporting para o Sport ao custo de R$ 5,2 mi.

O balanço dos atletas registrados no Brasil, segundo a CBF. Quadro: Cassio Zirpoli/DP

Santa Cruz fatura R$ 2 milhões na venda de Raniel ao Cruzeiro e segue com 30%

Raniel em ação no Santa Cruz. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O Santa Cruz anunciou a venda de Raniel, ao Cruzeiro, em 25 de janeiro. Na ocasião, como de praxe no futebol pernambucano, nada de cifras oficiais, apenas percentuais. Na transferência, o Cruzeiro adquiriu 70% dos direitos econômicos do meia, dos quais 30% pertenciam ao tricolor. O clube faturou R$ 2 milhões, segundo apuração do blog. Esse valor é a soma do dinheiro recebido (dado incerto), dos três empréstimos da agremiação mineira e da quitação da dívida com Pisano e Uillian Correia, que vieram de BH.

Como o Santa detinha 60%, segue com 30%, visando uma futura venda, o que aumentaria ainda mais o lucro obtido da negociação. De toda forma, Raniel já tornou-se a 6ª venda milionária da história coral, ficando em 2º lugar, empatado com o atacante Gilberto. Considerando só percentual negociado (claro), está abaixo apenas de João Paulo, que saiu do Arruda pouco antes por R$ 3 milhões.

No geral, esta foi a 32ª transação do estado e a 80ª venda milionária do Nordeste. A título de curiosidade, o valor de mercado do jogador de 20 anos, considerando 100% dos ativos, seria, hoje, de R$ 6,6 milhões.

Ranking coral de vendas, em R$

As maiores vendas do Santa Cruz no Plano Real, até 08/02/2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Ranking coral de vendas, em US$ (convertendo as maiores vendas em reais)

As maiores vendas do Santa Cruz no Plano Real, convertidas em dólar, até 08/02/2017. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Salgueiro domina o Santa Cruz do começo ao fim e goleia no Sertão

Pernambucano 2016, 7ª rodada: Salgueiro x Santa Cruz. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz (divulgação)

O Santa não viu a cor da bola no Sertão. O atual campeão estadual foi goleado pelo Carcará, que vai mostrando as garras para fisgar a inédita taça. O domínio foi tamanho que a primeira finalização tricolor, sem perigo, só aconteceu aos 16 do segundo tempo. Àquela altura, com o sol ainda incomodando, o Salgueiro já vencia por 3 x 0, abusando das jogadas pela direita, com a velocidade de Tamandaré, na beira dos 35 anos. O fato de Martelotte ter poupado alguns jogadores nem serve como desculpa, pois Sérgio China fez o mesmo.

O primeiro gol foi a única polêmica da tarde. Aos 30, o árbitro José Woshington, o mesmo do último clássico, marcou mão na bola do zagueiro Leonardo, que estava de costas, com a bola indo em direção oposta ao gol. Até então, a impressão era de que a “recomendação da CBF” não estava valendo no Estadual, mas a falta de critério deixa jogadores, torcedores e jornalistas sem saber ao certo o que vale. Sobre a cobrança, o meia Rodolfo Potiguar, que faz mais uma bom ano no Cornélio, mandou uma bomba no meio e abriu o placar.

Melhor em campo, o mandante ampliou no último lance antes do intervalo. Desta vez, a queixa da torcida coral foi sobre a postura do time, completamente envolvido. Tamandaré avançou na lateral – foram cinco vezes somente no primeiro tempo – e tabelou com Cássio, que bateu firme. Recomeçou o jogo e o Carcará seguiu usando os lados. Por lá, chegou ao terceiro gol, com uma jogada de linha de fundo para Jhon, embaixo da barra, empurrar para as redes. O centroavante assumiu a artilharia, com quatro tentos. Vai longe esse Carcará?

Pernambucano 2016, 7ª rodada: Salgueiro x Santa Cruz. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz (divulgação)

Gol improvável de Vítor, aos 44 do 2º tempo, deixa o Santa a dois pontos do G4

Série B 2015, 27ª rodada: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Aos 44 do segundo tempo, já à noite, Allan Vieira foi acionado por Vítor na ponta esquerda, desmarcado. O ala cruzou com efeito e, dentre tantas opções possíveis, surgiu o improvável Vítor. Ele mesmo. O burocrático lateral-direito de 32 anos, de pouca força física, ainda mais àquela altura, chegou rápido diante de uma área estática e cabeceou para as redes. Não marcava há dois anos, mas definiu a dificílima vitória do Santa sobre o Ceará, 2 x 1, levantando à loucura os 14 mil tricolores na Arena Pernambuco (confusão de organizadas à parte).

Diante do ameaçado campeão do nordeste, os corais tomaram uma pressão incrível no segundo tempo. Em três lances a zaga pernambucana foi pega desprevenida, contando com Tiago Cardoso e um impedimento mal marcado. E todos os gols também saíram na etapa complementar. Primeiro com Grafite, o novo cobrador oficial de pênaltis (Lelê, derrubado na área, recebeu a bola em condição irregular), com 5 gols em 9 jogos. Bem em campo, o Vozão empatou com Ricardinho. Pressionado pela classificação, tentou a virada. Bastou dar um espaço a Vítor, em São Lourenço, para voltar zerado à Fortaleza.

O suado resultado, somado aos empates de Bahia e Vitória, deixou o Santa com 44 pontos, a apenas dois do G4, na 5ª posição. Numa perseguição implacável, a meta nunca esteve tão perto, justamente na reta final da competição. No próximo sábado, no Maranhão, o time de Martelotte tentará a quarta vitória consecutiva. Chegou a hora da verdade. Até os improváveis estão ajudando.

Série B 2015, 27ª rodada: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Rafael Martins/Esp/DP/D.A Press

Recuo de Raniel no Santa interrompe um caminho semelhante ao de Hugo e Elizeu

Documento comprovando a retirada da ação de Raniel contra o Santa Cruz. Crédito: Santa Cruz/facebook

O meia Raniel é o atleta de maior potencial de mercado no Santa desde Gilberto, negociado em 2011 por R$ 2 milhões. Com contrato até o fim de 2017, o jogador de 19 anos vem sendo recuperado a longo prazo, devido à punição pelo uso de cocaína. Cercada de expectativa, a volta da (ainda) promessa aconteceu em 15 de setembro, em Varginha. No dia anterior, porém, os seus representantes, em posse de uma procuração, haviam entrado com uma ação rescisória na justiça.

E o dia 16 foi mesmo longo no Arruda, com declarações dos representantes, a defesa da direção coral e a blindagem à revelação, que sequer desembarcou com o time. O impasse seguiu até a foto postada por Raniel junto ao presidente tricolor, Alírio Moraes. A história chegou foi encerrada, oficialmente, com o documento solicitando a extinção da ação. Havia alguma pendência financeira? Provavelmente, pois empresários do futebol monitoram situações do tipo há tempos. Advogado, Alírio desconstruiu a tese e a Duts MKT Esportivo recuou.

Raniel não seria o primeiro a sair assim do Recife. Hugo (2008) e Elizeu (2009), gerados no Arruda e na Ilha, foram seduzidos por propostas (Vasco e Inter) que não vingaram e ingressaram da pior forma no mercado. Lembra deles? Agora, que o Santa cumpra a sua parte. Para não dar brecha e, sobretudo, para cumprir as suas obrigações. Ao jogador, a paciência para reconquistar o povão e jogar bola, simples. Até porque, num futuro breve, todos podem sair ganhando.

Podcast 45 (172º) – As metas de Santa, Náutico e Sport até dezembro de 2015

A nova edição do 45 minutos começou com o balanço da Série B, analisando a vitória do Santa Cruz em Varginha, com a matemática para reaproximar o time do G4 e as opções que Martelotte ganhou (sobretudo Bruno Moraes). Antes virar o assunto, um debate sobre a situação de Raniel, que entrou na justiça para deixar o clube. Sobre o Náutico, que empatou em casa com o Atlético-GO, comentamos o distanciamento do time, quase fora da briga – não por acaso, o tema “eleições’ já se tornou realidade. Por fim, o Sport, virando a chave do Brasileiro, na zona da marola após o empate com o Joinville, tendo a Copa Sul-Americana como meta possível até o fim do ano.

Confira um infográfico com as principais atrações da gravação aqui.

Nesta edição, estive ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Santa se impõe em Varginha, buscando se firmar de vez na briga pelo acesso

Série B 2015, 26ª rodada: Boa Esporte 1x3 Santa Cruz. Foto: PAKITO VARGINHA/FUTURA PRESS

Vitória pra embalar. O Santa enfim voltou a vencer fora de casa, com autoridade. Seis rodadas após o único triunfo até então, em Bragança, o campeão estadual se impôs em Varginha, 3 x 1 no Boa. Havia um contexto claro em relação aos corais: se aproveitar do mau momento do adversário, com cinco derrotas nas costas. Tanto que Martelotte ousou, com uma formação mais aberta, com João Paulo, Daniel Costa e Raniel, de volta após longa suspensão. Do outro lado, um time sem confiança, pressionado. com erros bobos e faltas bruscas.

Um exemplo disso é a reação do Boa ao gol perdido aos 12 minutos, quando Chapinha acertou a trave. No minuto seguinte, com a bola de pé em pé, o Santa deu o troco e chegou livre à meta. De Daniel Costa para Luisinho, aberto na direita, e de lá para Bruno Moraes, empurrando para as redes de carrinho. No primeiro tempo o placar só não foi maior – mesmo com o visitante ainda desordenado – porque Luisinho acertou a trave no pênalti sofrido por ele mesmo.

Finalização à parte, Luisinho teria na verdade uma noite de “garçom”, com mais duas assistências na segunda etapa. Aos 7, para Bruno Moraes (substituindo bem demais o suspenso Grafite), e aos 12 para Daniel Costa. O gol mineiro não mudou o panorama da noite. Com a vitória, os corais seguem a quatro pontos do G4, mas em igualdade em relação aos mandos de campo (13 em casa e 13 fora). Em casa, portanto, tem a chance de diminuir a diferença. Jogo na Arena Pernambuco, contra o ameaçado Ceará. É a hora da torcida empurrar.

Série B 2015, 26ª rodada: Boa Esporte 1x3 Santa Cruz. Foto: PAKITO VARGINHA/FUTURA PRESS