Nas notas oficiais de Náutico e Santa, a miopia sobre o problema das organizadas

Miopia

A partir das notas oficiais de Náuticoe Santa Cruz após a confusão entre as torcidas organizadas nos Aflitos é possível entender um pouco a postura de cada clube com um problema histórico no futebol pernambucano.

Na nota alvirrubra, o “desconhecimento” por parte da direção de que a Terror Bicolor havia passado a tarde na sede, a convite dos integrantes da Fanáutico.

“A diretoria do clube fará uma rígida apuração interna dos fatos e tomará todas as providências para identificar os envolvidos e denunciar às autoridades competentes qualquer um que tenha tido participação no lamentável incidente.” 

nota tricolor soou ainda pior. O texto aponta o “extenso histórico de violência” da Terror Bicolor (facção do Paysandu), mas não diz uma linha sequer sobre o mesmo comportamento da Inferno Coral.

“Foi com surpresa que a diretoria do Santa Cruz tomou conhecimento de que a referida torcida (Terror), com um extenso histórico de violência, tinha sido acolhida na sede do Náutico durante a tarde de ontem.” 

Segue com o seguinte trecho: “se faz necessário identificar os envolvidos, caracterizando individualmente a ação de cada um”. Claro que isso é importante, mas ao mesmo tempo passa a imagem que a “generalização” caracterizaria a culpabilidade da torcida organizada (visão que só se ‘aplica” à Terror Bicolor).

“Punições genéricas, por mais espetaculares que possam parecer aos olhos da opinião pública, apenas reforçam a sensação de impunidade individual.” 

Pois é, o Náutico não sabia que a organizada do Papão estava em sua sede e o Santa não reconhece o histórico de violência da Inferno. Essa miopia beira a conivência. E o Sport neste contexto? Errou bastante, durante anos. Até o presidente do clube, João Humberto Martorelli, iniciar uma cruzada, só em 2015, para romper a relação, com a exclusão de sócios ligados à Torcida Jovem, a proibição do uso da marca, de espaços no clube e até ação na justiça.

Não há margem para clubismo na discussão, sobre um duradouro problema, que tem no estado a maior omissão, com o inoperante serviço de inteligência da secretaria de defesa social e a impunidade quase onipresente na justiça. Um cenário inseguro que vai minando a maioria (de bem) nos jogos de futebol…

As imagens da violência inacreditável no futebol

A descrição era inacreditável.

Torcedor morre atingido por um vaso sanitário.

No dia seguinte ao lamentável episódio na saída do Arruda, a Secretaria de Defesa Social (SDS) divulgou o vídeo com o momento exato do crime. Imagens captadas pelas câmeras do órgão, na Rua das Moças.

Mesmo vendo, segue difícil de acreditar que o futebol chegou a isso.

Que o futebol pernambucano chegou a isso…

Segurança através do monitoramento das redes sociais com viés futebolístico

Rede social

Desenvolvido em segredo há um ano, um software programado para combater a violência no futebol através das redes sociais será lançado em Pernambuco neste mês. Orçado em R$ 900 mil e criado por um pool de empresas, entre elas a Microsoft, o software será cedido à Secretaria de Defesa Social do estado.

Trata-se de um megacruzamento de dados e arquivamento de informações colhidas em redes como facebook, twitter, orkut etc. Segundo a Federação Pernambucana de Futebol, que participou do investimento com uma fatia de 10%, a ideia é mapear e monitorar os focos de violência na região metropolitana, uma vez que a mesma interação que as redes sociais fomentam para agregar pessoas serve também para agilizar processos um tanto controversos.

No futebol é comum a agenda negativa criada por supostos integrantes de torcidas organizadas, publicada nos respectivos perfis virtuais. No Recife, membros das três principais facções já brigaram nas ruas e nos estádios após ameaças na internet. Públicas, mas quase sempre descobertas após os fatos.

A nova plataforma, utilizada num modo semelhante por grandes companhias de segurança, deve ser a primeira em uma federação de futebol no país.