Moradores entram com ação cível contra os viadutos da Avenida Agamenon Magalhães

 

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos
Taniapassos.pe@dabr.com.br

 

A licitação da obra dos quatro viadutos da Avenida Agamenon Magalhães será em março, mas os moradores que residem nas vias do entorno ainda não se conformaram com o projeto e entraram com duas ações: uma no Ministério Público Federal e outra no Ministério Público de Pernambuco.

As ações questionam dois pontos básicos: a ausência de um estudo de circulação nas vias do entorno para saber quais os impactos da obra para a cidade e ainda a razão dos projetos terem sido bancados pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE).

Os documentos foram entregues no último dia 27 de janeiro e teve anexado um abaixo-assinado com 100 assinaturas. “A gente acha muito estranho que a Urbana, que é parte interessada, tenha participado da elaboração do projeto”, revelou a moradora Valéria Moura.

Já em relação ao estudo de circulação de tráfego, os moradores querem um posicionamento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) se o projeto do governo do estado trará ou não benefícios para o trânsito. “A prefeitura do Recife não vem se posicionando sobre essa questão e a gente quer que o Ministério Público solicite a CTTU um estudo confirmado se será benéfico ou não a obra”, afirmou Valéria.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife, a CTTU só irá se pronunciar quando for provocada pelo Ministério Público Federal e Estadual. O secretário executivo de Mobilidade Urbana da Secretaria das Cidades, Flávio Figueiredo confirmou que os projetos foram bancadados pela Urbana.

“É a contrapartida dos empresários. O estado está investindo na infraestrutura e eles pagaram a execução do projeto. Foi um convênio assinado pelo estado e publicado no Diario Oficial”, revelou. A elaboração do projeto custo R$ 1 milhão. Os empresários também haviam bancado o projeto anterior feito pela equipe do urbanista Jaime Lerner do corredor Norte/Sul, que previa um elevado por cima do canal, mas foi descartado.

 

Entrevista – Flávio Figueiredo – secretário executivo de Mobilidade Urbana da Secretaria das Cidades

A queda de braço entre os moradores que residem nas vias por onde irão passar os viadutos não é de agora. Na primeira quinzena de janeiro houve uma reunião no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) para discutir os pontos do projeto, mas no final não houve consenso e o estado reafirmou que o projeto será mantido. O secretário executivo de Mobilidade Urbana da Secretaria das Cidades, o engenheiro Flávio Figueiredo é quem está na linha de frente das negociações.

Os moradores entraram com duas ações no Ministério Público Federal e Estadual contra o projeto dos quatro viadutos na Agamenon. O senhor já tinha conhecimento?
Sim. Nós estamos acompanhando de perto e nós estamos preparados para prestar quaisquer esclarecimento que nos for solicitado pelo Ministério Público. Estamos muito tranquilos quanto a isso.

Um dos questionamentos dos moradores é em relação a ausência de um estudo de circulação de tráfego para o pós obra. Isso foi feito?
Nós fizemos um estudo de circulação, inclusive com simulações de como os viadutos irão melhorar o tráfego na Agamenon Magalhães. Foi graças a esse estudo que percebemos o ganho na velocidade da via, que irá beneficar o corredor Norte/Sul. Os viadutos são apenas um detalhe do Norte/Sul, assim como haverá os elevados nos Bultrins e Ouro Preto.

Então os moradores estão certos quando dizem que não houve um estudo de impacto para as vias do entorno?
O nosso objetivo era identificar os efeitos do projeto na Avenida Agamenon Magalhães. Nós iremos também contratar junto com a obra, um estudo de tráfego para definir as ações durante as obras. Na verdade existe uma insatisfação de um grupo de 40 famílias, mas é preciso entender que o projeto vai atender as ações do corredor Norte/Sul em um universo que atende cerca de um milhão de pessoas e a coletividade tem prioridade em relação a minoria.

Por que o projeto dos viadutos foi bancado pela Urbana-PE?
O governo está investindo cerca de um bilhão na execução dos corredores de tráfego e nada mais justo que os empresários entrarem com uma contrapartida. E isso foi feito com a assinatura de um convênio entre o estado e a Urbana.

6 Replies to “Moradores entram com ação cível contra os viadutos da Avenida Agamenon Magalhães”

  1. Tânia,
    O secretário Flávio Figueiredo está equivocado quando diz que são apenas 40 famílias. Serão mais de 100 famílias prejudicadas.72 famílias residem nos 4 edifícios que ficam ao lado do Clube Portugês.Como esse projeto do governo não vai melhorar em nada o Trânsito nessa área o governo fica tentando enganar áquelas pessoas que não tiveram acesso ao projeto. O governo está sempre dizendo que vai beneficiar 2 milhões de pessoas por isso esse projeto insano se justifica. Eles estão se esquivando de informar aos seus leitores que pela rua Dr. Bandeira Filho circulam usuários do transporte coletivo, e o que será dessas pessoas? Todos os dias vão está em um engarrafamento ,apenas com uma diferença em cima dos viadutos.Por esta rua passam: Alto Santa Izabel, Casa Amarela Rosa e Silva, Casa Amarela Nova Torre, Guabiraba (Dery), Brejo,Aguazinha( Joana Bezerra),Sítio dos Pintos(Dois Irmãos e Derby)Beberibe, Córrego da areia, Santa Casa,Alto da Bondade (Joana Bezerra)Alto Santa Terezinha,Córrego do Euclides,Dois Unidos – Derby,dentre outros.O sacrifício dessas pessoas também não está sendo visto pelo governo. Porque insistir em um projeto que vocês sabem será um desastre? Estamos aguardando o pronunciamento dos Ministérios Públicos Estadual e Federal.

  2. GOVERNADOR COMO VAI FICAR ESSE PROJETO DO VIADUTO? VAI SER MUITO MAIS TRANSTORNO, USO TODOS os dias essa avenida e o trânsito é um absurdo com o tempo que gasto e com essa mudança vai ficar muito pior….VEJA ISSSO!!!!!

  3. 10 razões contra os viadutos na Agamenon
    EM 05 DE Fevereiro DE 2012

    Por Luís Fernando Oliveira

    A falta de planejamento é a tônica de Recife. Há muito perdemos o aspecto de metrópole aprazível e nos tornamos uma cidade insana, que não oferece qualidade de vida para seus moradores. Atualmente, a mobilidade mostra-se o grande problema da capital. No entanto, ao invés de buscar uma solução racional, o governo do Estado está propondo aquela que pode ser considerada a pior intervenção urbana feita em Recife, talvez só comparada à construção da Dantas Barreto, aquela avenida que acabou com a moradia no bairro de São José, destruiu casarios e igrejas históricas e não facilita em nada o fluxo viário.

    Trata-se dos quatro viadutos da Av. Agamenon Magalhães, cujo edital já se encontra publicado. A obra contraria o bom senso:

    1.Em primeiro lugar, não vai resolver o problema do trânsito na região. No máximo, pode adiar o estrangulamento total da Agamenon. As vias paralelas e transversais vão continuar com seus gargalos e a tendência é que os engarrafamentos atuais, em vias como a Av. Rui Barbosa e a Av. Rosa e Silva, fiquem piores, pois receberão maior fluxo de veículos. E esses efeitos só serão objeto de estudo durante a obra.

    2. O custo de R$ 132 milhões em verbas públicas é muito alto para o seu pouco benefício.

    3. Durante a construção, percorrer a Agamenon será um inferno, mesmo que a obra fique pronta no prazo.

    4. Vai provocar o fechamento do comércio local, como farmácias e supermercados. A vizinhança, que poderia fazer suas compras a pé, vai precisar deslocar-se para outros bairros. Resultado: mais carros nas ruas e mais engarrafamento.

    5. O projeto não privilegia o transporte coletivo e sim o individual. E ainda torna mais difícil a vida de quem trafega pelo local a pé ou de bicicleta.

    6. A criminalidade deve aumentar nessa região, como acontece no entorno de todos os viadutos.

    7. Em uma cidade com deficiência de moradia, os viadutos serão ocupados por moradores de rua, em busca de um espaço privilegiado, mas sem as condições mínimas de dignidade. Fica praticamente impossível aos governos vedarem essa ocupação irregular.

    8. A Agamenon não é só rota de passagem. Milhares moram e trabalham nas suas imediações. Mas os problemas apontados devem desvalorizar o mercado imobiliário, prejudicando os edifícios empresariais e residenciais.

    9. Viadutos enfeiam. Uma cidade esteticamente apreciável é como uma bela mulher: todos se sentem bem ao seu lado. Em uma cidade modelo de soluções urbanas, como Curitiba, é raro o uso de viadutos e o trânsito flui bem melhor que em Recife.

    10. Aliás, todas as cidades modernas estão abandonando o uso de viadutos. São Paulo estuda derrubar o seu Minhocão, assim como o Rio de Janeiro cogita derrubar o elevado da zona portuária para as Olimpíadas. Só que se gastou muito para construí-los e uma demolição também é onerosa. É praticamente uma viagem sem volta e impede que se faça qualquer alternativa, inclusive como aquelas previstas originalmente para o Corredor Norte-Sul, de instalação de VLTs em elevados ao longo da avenida. Recife está na contramão.

    Eduardo Campos vem fazendo um trabalho bem aprovado no Estado. É uma estrela em ascensão nacional. Fica ruim associar sua imagem a uma obra atrasada, feita sem consulta da população interessada, de impacto negativo para as futuras gerações de recifenses. Repensar essa obra é antes de tudo um sinal de bom senso e espírito democrático, e uma boa oportunidade de rebater as críticas feitas pela mídia nacional de que teria inclinações para o coronelismo.

    Cabe também aos homens públicos sensatos e aos moradores uma posição contra esse projeto. Ou uma nova Dantas Barreto pode surgir, deteriorando toda uma área da nossa amada cidade.

    Luís Fernando Oliveira é recifense.

  4. Perfeitas colocações, Luís Fernando. Todos que realmente se importam com o Recife deveriam ler esse texto. Que cidade queremos para o futuro? Leiam e pensem.

    Desconfiem de “projetos” enfiados goela abaixo da cidade. Para que tanta pressa? Por que construir sem nem mesmo um estudo de impacto no entorno? Falta habitual de capacidade de gestão, interesses escusos, ou ambos?

  5. Cara Tânia Passos,
    ……Os 3 viadutos polêmicos do Parque Amorim……
    Vaidade das vaidades. É muito dinheiro jogado fora, esbanjando dinheiro fácil. Dinheiro da Copa, até para bancar em ano eleitoral campanhas políticas caríssimas. De repente um grupo empresarial bem articulado e melindroso convenceu o Governo em construir uma meia-sola, com 3 “viadutos estaiados, mostrando o que há de mais arrojado na Engenharia moderna, um verdadeiro colosso para servir de Cartão-Postal para gringo ver. Porém, só se preocupando com a mobilidade do Corredor Norte-Sul, deixando as radiais da Av. Agamenon Magalhães, afogadas com tremendos engarrafamentos para todos os lados, desde Santo Amaro, afetando a própria Agamenon. Só que agora os engarrafamentos vão desfilar montados sobre os colossos que o Governo vai construir para exibição. “Engana que eu gosto…
    Porém, se o nosso Governador fizer uma reflexão realista e tiver a coragem cívica de decidir realizar a alternativa do viaduto longitudinal de 300 m que está sendo apresentado, terá a oportunidade de mostrar que é um político conciliador e de larga visão de futuro, um Estadista, e assim realizará mais obras em benefício do povo de Pernambuco. Digo que é preciso ter coragem, porque este projeto polêmico envolve interesses de poderosos, prejudiciais ao povo e ao Erário Público. COM O MONTANTE DOS RECURSOS INICIAIS MAIS OS ADITIVOS QUE SERÃO ACRESCENTADOS, POIS ESTE ARTIFÍCIO JÁ SE TORNOU PRAXE ENTRE AS EMPREITEIRAS, A SEREM GASTOS SOMENTE NO PROJETO DOS 3 VIADUTOS POLÊMICOS DO PARQUE AMORIM, DARÁ PARA CONSTRUIR O VIADUTO LONGITUDINAL DE 300 m NA AV. AGAMENON MAGALHÃES E MAIS DOIS TÚNEIS, SENDO UM NO CRUZAMENTO DA RUA JOAQUIM NABUCO COM A RUA AMARO BEZERRA E O OUTRO, NO CRUZAMENTO DA AV. ROSA E SILVA COM A RUA AMÉLIA, URGENTEMENTE NECESSÁRIOS PARA DESAFOGAR O TRÂNSITO NESTAS DUAS RADIAIS DA AGAMENON, CUJOS CONGESTIONAMENTOS,EM HORAS DE PICO, SE IRRADIAM POR TODAS AS OUTRAS RADIAIS E PELA PISTA LOCAL, DESDE SANTO AMARO ATÉ A ILHA DO LEITE, INCLUINDO TAMBÉM O CORREDOR NORTE-SUL, NOS DOIS SENTIDOS.
    Está aí a Engenharia de tráfego para comprovar que eu estou falando a verdade, e poderá subsidiar o nosso Governador em sua decisão, a seguir um dos dois caminhos: ou escuta o clamor do seu povo, ordenando a alternativa destacada em letras maiúsculas, no segundo parágrafo, ou resolve atender aos interesses de grupos empresariais poderosos que não têm compromisso com o bem-estar social do povo, optando pelos 3 viadutos polêmicos do Parque Amorim, mandando assim que o povo se lixe.
    Antônio Alfredo Coelho Beviláqua