Jet skis disputam espaço com banhistas

Destaque

Diario de Pernambuco

Por Wagner Oliveira

O perigo pode vir do mar, na forma de uma potente máquina capaz de atingir 100 km/h. As mortes provocadas por jet skis em São Paulo e no Rio Grande do Sul deixaram banhistas mais atentos à presença desses veículos em praias de todo o país. Em Pernambuco, a situação não é diferente. O uso da moto aquática preocupa a população e as autoridades. No Litoral Sul, é comum ver pilotos em manobras arriscadas e circulando perto dos banhistas. Em visita às praias mais badaladas do estado, o Diario flagrou pessoas usando os veículos em áreas movimentadas, inclusive com crianças. Apesar de a Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE) ter montado a Operação Verão para coibir e punir o uso irregular, quem frequenta as praias de Serrambi, Carneiros, Tamandaré, Guadalupe e Porto de Galinhas diz que os equipamentos continuam causado temor.

A Norma da Autoridade Marítima (Normam) prevê que atividades náuticas só podem ser praticadas a, no mínimo, 200 metros da beira-mar. Dados das capitanias dos portos do Nordeste revelam que 20 acidentes e 15 mortes ocorreram em sete estados de dezembro de 2010 a fevereiro deste ano, sendo um em Pernambuco, em dezembro de 2011, em um rio em Belo Jardim. Os últimos acidentes com mortes no Brasil aconteceram entre 18 de fevereiro e o último sábado. As vítimas foram duas crianças e dois adultos.

Em Pernambuco, outro caso grave ocorreu em dezembro, em Muro Alto, quando dois jets skis colidiram e um turista ficou ferido. Depois desse caso, a fiscalização aumentou. Ao todo, 181 autos de infração foram aplicados a barcos, lanchas e motos aquáticas de 15 de dezembro a 4 de março. O comandante da CPPE, o capitão-de-mar-e-guerra Ricardo Padilha, ressalta que a fiscalização não consegue impedir que as pessoas usem os equipamentos de maneira irregular.

Quem esteve em Tamandaré e em Carneiros no fim de semana passado assistiu a um “desfile” dos veículos. “Já vi brigas na praia por causa disso. As pessoas que estão com crianças ficam com medo”, contou um vendedor. Segundo a CPPE, apenas os habilitados com a permissão Arrais Amador podem pilotar jet skis.

O deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) apresentou, na semana passada, um projeto de lei para regulamentar o uso e criar punição para quem entregar os veículos a pessoas não habilitadas, sobretudo adolescentes. “A coisa está fora de controle e inocentes estão morrendo”, destacou o deputado.

Plano para o caos na Agamenon

 

 

O projeto de construção de quatro viadutos na Avenida Agamenon Magalhães está cada dia mais consolidado e irreversível. Ontem, a Secretaria das Cidades (Secid) abriu os envelopes com os nomes das empresas interessadas em executar as obras. Seis consórcios e uma empresa estão participando do processo de licitação. Em até 15 dias, a vencedora do certame deverá ser conhecida. A expectativa é que até o dia 15 de maio seja dada a ordem de serviço para o início dos trabalhos. No entanto, a Agamenon só poderá se transformar num canteiro de obras quando houver um plano que garanta o mínimo de transtornos aos motoristas e pedestres que circulam por lá diariamente. Para isso, a Secid já começou a adotar medidas para diminuir esses danos, como a viabilização dos planos de circulação e de comunicação que deverão entrar em vigor assim que as intervenções começarem.

De acordo com o secretário das Cidades, Danilo Cabral, o plano de circulação é que vai nortear as demais medidas que serão adotadas na Agamenon Magalhães e no seu entorno para que os transtornos no trânsito sejam menores. A responsabilidade pela elaboração desse plano será da empresa que vencer a licitação. Ela deverá apresentá-lo antes de as obras começarem junto com o projeto final dos viadutos. Já o plano de circulação terá que indicar períodos, horários e endereços de interdições de vias, inversões do trânsito e outras medidas. “São 100 mil veículos que circulam pela Agamenon, o que já satura a avenida”, afirmou.

O plano de circulação vai viabilizar a execução do plano de comunicação, que está sendo chamado de plano de prestação de serviços aos usuários da Agamenon. Essa é uma estratégia que os órgãos de fiscalização e controle do trânsito pretendem fazer em conjunto para informar o cidadão a respeito das mudanças no tráfego, dos trechos e horários críticos e das rotas alternativas para fugir dos engarrafamentos. Segundo Danilo Cabral, além de placas indicativas, arte-educadores e agentes de trânsito nas ruas, pedestres e motoristas receberão as informações via rádio, televisão e internet, por meio das redes sociais, como Twitter e Facebook. Os dois planos devem entrar em prática quando as obras de maior relevância começarem. Os viadutos serão erguidos nos cruzamentos com as avenidas que apresentam as maiores retenções: Bandeira Filho, Paissandu, Dom Bosco e Rui Barbosa. A obra deve ser concluída até dezembro de 2013. O investimento está orçado em R$ 135 milhões.

Capibaribe, enfim, navegável

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

 

Quem apostou que o projeto da navegabilidade não sairia do papel, perdeu. No dia 31 de março serão publicados no Diário Oficial da União os projetos que vão receber recursos do PAC da Mobilidade, entre eles o da navegabilidade dos rios que cortam o Recife. Após a publicação do documento terão  início os tramites para a liberação do financiamento de cerca de R$ 289 milhões para os dois corredores fluviais aprovados: Oeste e Norte. Mas antes mesmo do dinheiro chegar, o governo do estado está contratando a execução do projeto executivo e do Ei-Rima (estudo de impacto ambiental) para agilizar a execução das obras.

A expectativa é que as obras dos corredores fluviais comecem até o segundo semestre deste ano. O tempo de execução dos dois corredores, que totalizam quase 14 quilômetros de navegação, é de 24 meses. Ou seja, em pleno mês da Copa a promessa é de termos embarcações prontas para serem usadas no transporte público. A estimativa inicial é que os dois corredores atendam uma média de 80 mil passageiros por mês. O corredor de maior demanda será o Fluvial Oeste, que terá 11 km de percurso e um total de cinco estações integradas com o ônibus e o metrô: estação central do metrô/Recife, Derby, Torre, Santana e Apipucos.

Já o corredor Fluvial Norte terá apenas 2,9 km de extensão, entre a Estação dos Correios, na Rua do Sol e a Estação Tacaruna, na bacia do Beberibe, em Santo Amaro. “Nesse corredor a maior demanda geradora de fluxo é o Shopping Tacaruna. E quem estiver no centro terá a opção de usar o barco, mas o objetivo principal é estimular essa cultura e futuramente fazer a ligação com Olinda”, revelou o engenheiro e doutor em mobilidade urbana, Oswaldo Lima Neto, que participou da elaboração do projeto básico.

É quase com uma certa incredulidade que o recifense fala sobre o projeto de navegação. “E vai mesmo sair do papel? Se for verdade eu acho que será muito bom para a cidade”, afirmou Alan Diego, 23 anos, estudante. O projeto prevê um total de 13 embarcações, sendo 11 para o Fluvial Oeste e duas para o Norte. O intervalo das viagens está estimado em 10 minutos. As embarcações serão fechadas e climatizadas e o passageiro viajará sentado.

Para o secretário das Cidades, Danilo Cabral, a implantação do projeto de navegabilidade inaugura uma nova etapa no sistema de transporte público da cidade. “Nós estamos criando a cultura da navegabilidade. Os rios têm um papel muito importante na circulação da cidade e é preciso aprender a tomar proveito dessa geografia”, revelou. Segundo ele, o Recife foi a única capital metropolitana que apresentou projeto de navegabilidade no PAC da Mobilidade.