As lições de mobilidade de Bogotá

 

 

O colombiano Enrique Peñalosa, que foi prefeito de Bogotá entre 1998 e 2001, está no Brasil para uma série de palestras sobre mobilidade urbana, e a visão dele sobre o assunto é muito interessante e deveria servir como exemplo para o poder público.

Quando foi prefeito de Bogotá, Peñalosa foi responsável por inúmeras melhorias radicais para a cidade e os seus cidadãos. Ele promoveu um modelo de cidade que dá prioridade aos espaços públicos, restringindo o uso do automóvel. Na sua gestão, foram construídos centenas quilômetros de calçadas, ciclovias, ruas fechadas para pedestres e parques.

E os avanços não foram fáceis “Eu fui quase deposto por remover as áreas das ruas que a elite da cidade se apropriou ilegalmente para usar como estacionamento”, costuma dizer em entrevistas.

 

Aos domingos, ruas de Bogotá se transformam em ciclovias e áreas para pedestres

 

Na última segunda, Peñalosa participou do ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre. Segundo relato do repórter Felipe Prestes no site Sul 21, o discurso do político foi contundente.
Separamos abaixo algumas frases proferidas por Peñalosa na palestra, registradas no site Sul 21, que podem ser uma boa reflexão para o nosso poder público e também para o cidadão comum.

“Calçadas são um direito do cidadão. Ter carros estacionados é uma decisão política. Não há nada técnico, nem legal que obrigue a ter vagas. Estacionar não é um direito constitucional” – Enrique Peñalosa

“A política de transporte público em cidades como Nova York e Londres pensa em como reduzir o número de carros. Em cidades como Bogotá, São Paulo ou Porto Alegre os secretários de Transporte sempre pensam em como facilitar a circulação de carros, o que não dá certo” – Enrique Peñalosa

“Tratar os engarrafamentos com vias maiores é como apagar fogo com gasolina” – Enrique Peñalosa

“Em uma boa cidade, as pessoas estão do lado de fora, não em shopping centers. Em uma boa cidade, não vamos de carro comprar pão e leite. Somos pedestres, necessitamos caminhar” – Enrique Peñalosa

“Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público. Cidades assim não são uma ilusão hippie. Elas já existem” – Enrique Peñalosa.

 

Fonte : Eu Vou de Bike

2 Replies to “As lições de mobilidade de Bogotá”

  1. A calçada é um direito do cidadão, ótimo. Estacionamento ser um fator político, em alguns locais é vermos carros diplomáticos e de entes do governo estacionados em locais proibido, e o exemplo não vem de cima? Se pode limitar a maioria dos cidadão que não tem regalias, cadê a isonomia? Se é algo a ser pensado vaga para carro que tomaria espaço na via ou na calçada, defender exageradamente bike não mostra que em alguns países há congestionamento de bikes nas via, vários espaços ainda que melhor ordenados são destinados ao estacionamento destas, então numa questão de ocupação de espaço, tira de um veículo poluidor para um limpo, mas não deixa de ocupar/roubar.
    Alguns locais pensam em reduzir o número de carros como New Iork por haver uma grande concentração em certos locais e isso leva a índices de emissão ruim numa via, prejudica a circulação de táxi, pode provocar acidentes leves, e o sistema de transporte público, arriscaria a dizer, é subutilizado pelo potencial que tem. Aqui o pessoal que já investiu bem no público ver que este tem um limite, o aumento de renda não impedirá a redução da frota e tem que haver espaço para a circulação, ainda que restrita, e até para ampliar a malha do público, algumas interveções terminam que favorecendo o particular.
    As duas últimas citações paracem surreal, pois isso vai depender muito da cultura e situação de cada local, ou seja, teria que haver mudanças em várias áreas para virar realidade na suposta realidade que alguns locais apresentam.
    Se rico vai de transporte público, a pé, ou de bike para o trabalho, só se for daquele com sangue ambientalista ou que não esnoba a riqueza que tem tipo o falecido CEO da Apple. Todavia, até para isso ser realidade, a segurança público precisa funcionar e não é o caso do Brasil. Cidadão comum é perseguido na saída de banco ou abordado enquanto vai a padaria ou a parada de ônibus por ciclista!???? Rico sai de carro blindado e com transparência mínima, quando não escoltado e ainda assim, se facilar no sinal deixando vidro pouco aberto, alguém pode abordar. Lá fora, alguns locais se dão ao luxo da pessoa sacar dinheiro em caixas eletrônicos na calçada sem problema.
    Bem, sugestão é sempre bom, mas daí virar realidade são outros quinhentos. A cultura do brasileiro para certas coisas está muito distante de outros países. Em alguns locais do exterior, um cidadão local ao avistar alguém jogando lixo no chão já diz que se trata de um brasileiro. Muitos dos problema que temos poderiam ser minimizados se houvesse educação e não há, apelar para coisas como ricos no transporte público, ir a pé comprar pão (depende até do local onde a pessoa mora para ver se há um estabelecimento que permita ir a pé), vai demorar muito para vermos por aqui, até porque, se político não dá exemplo, vai ser o cidadão que elege estes quem dará?

  2. Sou fã desse cara, uma das frases marcantes de mobilidade urbana que tenho foi falada por ele “estacionamneto não é um direito constitucional, pois ruas e avenidas foram feitas para trafegar e não para servirem de garagem, disse enrique penalosa, o revolucionário de Bogotá.

    Abraços minha amiga Tânia Passos.

    Blog Meu Transporte