Mobilidade à espanhola

 

Diario de Pernambuco

Por Juliana Colares

 

A Veneza brasileira agora quer ser a Barcelona brasileira no quesito mobilidade urbana. A cidade espanhola virou caso de sucesso com o Pacto da Mobilidade, criado em 1998 com a participação de seus moradores. Doze anos depois, a segunda maior cidade daquele país, com uma população bem parecida à recifense – 1,6 milhão de pessoas -, comemora avanços, como a ampliação da rede de metrô, a integração dos transportes públicos e a criação de uma extensa rede de ciclovias. O exemplo de Barcelona é destaque no seminário Cidade e Mobilidade, que ocorre nesta semana, nos dias 21 e 22. Dali, devem sair diretrizes para a consolidação de um pacto pela mobilidade da capital pernambucana. O evento será realizado no Teatro Apolo, no Recife Antigo. Ele ocorre em meio à votação do Plano Municipal de Transporte e Mobilidade, que está tramitando na Câmara de Vereadores.

O Pacto de Barcelona possui dez metas, que vão da construção de um modelo de transporte público de qualidade à promoção do uso de combustíveis mais limpos. Nesses 12 anos, a cidade conseguiu chegar a 117 km de rede de metrô, reintroduzir o bonde elétrico como meio de transporte de massa e integrar diferentes meios de transporte, mediante pagamento de bilhete único. Além disso, a cidade investiu no transporte por bicicletas e instalou pontos de recarga de veículos elétricos.

Segundo o presidente do Instituto da Cidade do Recife Engenheiro Pelópidas Silveira (ICPS), Milton Botler, o pacto recifense seguirá o exemplo do de Barcelona, mas não necessariamente será igual ao que existe na Espanha. “Os elementos do pacto do Recife fazem parte do plano de mobilidade que está em discussão há um ano e meio. O pacto reforça o plano, fixando metas de acordo com as principais diretrizes que serão estabelecidas. Um dos principais pontos que iremos discutir no seminário será como envolver a população na criação e cumprimento desse pacto”, disse.

O Pacto da Mobilidade de Barcelona é administrado pela prefeitura e surgiu diante do aumento do uso do transporte individual. Lá, a frota de veículos gira em torno de 1 milhão – eram 981.580 em 2010. A capital pernambucana beira a marca de 600 mil veículos nas ruas – maio fechou com uma frota de 584.774. A última audiência pública do Plano Municipal de Transporte e Mobilidade do Recife será realizada no final da próxima semana, encerrando a fase de consulta pública. O projeto deve ser votado em plenário até o início do próximo semestre.

O seminário é fruto de uma parceria entre a Prefeitura do Recife, a UPE e a Universidade Politécnica da Catalunha, por meio da Rede Universitária Iberoamericana de Técnicas Municipais. O arquiteto Francesc Ventura e o engenheiro Carles Labraña, que participaram da elaboração do Pacto pela Mobilidade de Barcelona, participarão do encontro, que é aberto ao público.

Saiba mais

Metas do Pacto para a Mobilidade de Barcelona

1. Conseguir um transporte coletivo de qualidade e integrado

2. Manter as velocidades das viagens e melhorar a velocidade do transporte público de superfície

3. Aumentar a superfície e qualidade da rede viária dedicada aos pedestres

4. Aumentar o número de vagas de estacionamento e melhorar sua qualidade

5. Melhorar a informação e a formação dos cidadão e a sinalização das vias públicas

6. Obter uma legislação adequada à mobilidade da cidade de Barcelona

7. Melhorar a segurança viária e o respeito entre os usuários e usuárias dos diferentes modos de transporte

8. Promover o uso de combustíveis menos contaminantes, além do controle da contaminação e do ruído causado pelo trânsito

9. Fomentar o uso da bicicleta como modo habitual de transporte

10. Conseguir uma distribuição urbana de mercadorias e produtos que seja ágil e ordenada

Objetivos da Política de Mobilidade Urbana do Recife

1. Promover deslocamento das pessoas e bens

2. Ampliar e alimentar o Sistema Estrutural Integrado

3. Promover a integração entre os diversos modais, com prioridade para o transporte público de passageiros e os meios não motorizados

4. Reduzir as situações de isolamento dos cidadãos

2 Replies to “Mobilidade à espanhola”

  1. O modelo de Recife é quase um resumo do de Barcelo. Quase um resumo, pois se melhorar a segurança viária inclui maior policiamente, têm bairros que estão a ver navios literalmente neste quesito tendo em vista que as futuras estações, por exemplo, deverão ter câmeras e a possibilidade de um guarda patrimonial, além de possíveis câmeras da SDS em alguns corredores por conta de estabelecimentos bancários, mas não adianta concentrar esforços em um local e no entorno haver desprovimento. O respeito entre os usuários depende de uma formação educacional que começa lá no berço. Se adulto não há isso, mudar a conduta é uma dura batalha e o povo aqui demonstra falta de educação básica como desrespeitar assento preferencial, jogar lixo nas vias ou no piso dos coletivos, usar bolsas grandes nas costas ou no tórax dificultando a locomoção/acomodação de outros ao invés de deixarem entre as pernas, como várias outras.
    O governo federal defende o uso do etanol como combustível limpo/sustentável, contudo não cria mecanismos que evitem a mudança de preço e a sua disponibilidade, bem como não dá benefícios aos veículos de locomoção elétrica afim de se tornarem acessíveis ainda que para poucos. Sobre a poluição sonora, se a promessa de fiscalizão das películas parece conto de fadas, pois não se vê isso nas ruas como prática comum, os agentes usando decibelímetros para aferir o ruído então…
    Bem, esperar que as medidas locais tenham êxito já será uma vitória. Outros pontos como os levantados e que ao meu ver não são abordados ou ainda estão em discussão sejam definidos logo.

  2. O grande problema de Recife, reside no plural. Temos vários. um deles é o silencio da prefeitura com as inumeras construções feitas diariamente que atrapalham e as vezes impossibilitam a mobilidade. Os gestores pecam também, quando se resumem a imitar os exemplos de outras cidades. Cada cidade é unica, e tem soluções unicas que , as vezes, exigem pessoas COMPROMETIDAS, AFIM DE RESOLVEREM os problemas com garra e conhecimento técnico. Outro entrave, é que quem coordena o trânsito em Recife tem origem política e não técnica. Por mais boa vontade que se tenha, tem hora que um especialista no assunto resolve mais do que um líder sindical ou um “peixe” de político. Não adianta se limitar a dizer que congestionamentos e problemas existem em outras cidades do mundo, queremeos e precisamos de ação, desculpas esfarrapadas agente conta em casa, aos eleitores não.Enquanto não houver perfeita interação entre as secretarias e órgãos municipais, tendo como objetivo a mobilidade urbana, o trânsito em Recife ficará de mal a pior…
    E não me venha falar que faltam táxis em Recife. Os taxistas nuca poderão substituir os ônibus e metrôs em suas funções. Táxista não é mágico não!