E eu com isso?

 

Por

Tânia Passos

Quem disse que calçada é lugar para estacionar carro? Pois é, se existe um ponto que deveria ser inquestionável é que calçada é espaço sagrado do pedestre. Pelo menos deveria. Mas é comum encontramos carros “esparramados” nos passeios como se estivessem em casa. A cultura do não fazer nada alimenta esse tipo de prática.

E se é ruim para o pedestre imagine para o cadeirante. Ontem recebi um email da cadeirante Mosana Cavalcanti, que há nove anos mora na Rua Capitão Ruy Lucena, junto ao Quartel da Rádio Patrulha, na Rua Dom Bosco, no bairro Boa Vista. Ela já perdeu as contas de quantas vezes ficou impedida de seguir em frente por causa dos carros estacionados em cima da calçada do Quartel, muitas vezes dos próprios soldados. Ela conta que certa vez pediu a um soldado para tirar o carro da calçada devido a sua condição de usuária de cadeira de rodas e recebeu a seguinte resposta: E eu com isso?

Parece inacreditável que para muita gente o direito a acessibilidade seja um problema que só diz respeito aos outros. Para pessoas assim, a única linguagem é a lei ou a autoridade de quem dispõe de poderes para tal. No caso da calçada do Quartel da Rádio Patrulha, a determinação da atual comandante, coronel Conceição Antero, que mandou retirar todos os veículos da calçada, tem sido motivo de elogios dos usuários. O tal soldado que não se incluía como responsável, talvez não tenha feito o mesmo questionamento a comandante. Mas pode fazer o mesmo por outras calçadas. O mais importante é enterdemos que todos temos a ver com “isso” todas as vezes que limitamos o direito do outro.

Fonte: Diario de Pernambuco

3 Replies to “E eu com isso?”

  1. Eu acho que essa atitude é mais comum entre os policiais do que se imagina. Ontem mesmo eu discuti com um, numa rede social, que, ao comentar uma foto que circulava e mostrava um carro da PM estacionado em local proibido, defendia que, por Lei, em serviço, eles poderiam estacionar em qualquer lugar. Eu questionei, claro, pois achei que é preciso ter bom senso. Perguntei em que casos isso era permitido. Ele ficou bastante bravo e respondeu grosseiramente que em qualquer situação. Eu disse que ele, como qualquer servidor público, deveria ser um educador para a cidadania, um agente multiplicador da lei, além de um técnico, cumpridor de suas obrigações. Por isso deveria ser mais cordial nas suas colocações. O post precisou ser deletado pois ele ameaçava descer o nível. Uma pena. Tenho certeza de que nenhum cidadão em sã consciência questionaria o local de estacionamento ao ver qualquer agente da Lei em ação. Agora no caso de ontem e nesse da Mosana Cavalcanti a reação desses profissionais é assustadora e inadimissível.

  2. Na rua Professor José Brandão na calcada do Colégio Boa Viagem é um estacionamento instituido, até rampa de concreto para os carros subirem existe. Um quarteirão. O educandário deveria ser multado pela dircon e cttu, pois está facilitando e corroborando a infração de trânsito. Deveria ser notificado e multado. O colégio que educa deseduca! No restaurante Dias a calçada é para os clientes não para os pedrestres, até guia ou meio fio é rebaixada para os cleintes. Pior de tudo que esse restaurante é de classe alta, pessoas viajadas para o exterior, mas nao aplicam nada que conhecem. Nos paises que visitam respeitam, pois existem leis, fiscalização e prisao. Essa é a diferença!
    Isso ninguém ver!

  3. Falar em barreiras nas calçadas, hoje, fui do cruzamento do Hosp. Getúlio Vargas até o Extrabom da Caxangá e deparei com a seguinte situação: uma moça empurrando um cadeirante na faixa de carro, no sentido centro, rente à calçada. O problema não era veículos sobre as calçadas, mas a situação destas. Conheço bem o trecho e há vários tipos de piso, ausência de rampa, rua não calçada, calçada com piso quebrado e árvores com raízes expostas, entre o banco e o Getúlio há uma comércio na calçada que poderia ser recuado, a própria calçada do Getúlio tem vários problemas. Enfim, arriscado ou não, a cadeira de roda só circula bem na via dos carros porque o piso não tem dezenas de problemas.
    Para ter uma ideia, até dentro do Getúlio a acessibilidade é ruim.
    Sei, segundo matéria de TV, que a Dircom está ciente e estão para fazer uma revisão no hospital quanto a isto. Também sei que há um serviço do governo que disponibiliza veículo especial para levar deficientes motores para fazer tratamentos e o governo promete requalificar o passeio do Leste-Oeste torcendo para que deixem no padrão da Av. Conde da Boa Vista.
    Enfim, não é só falta de respeito ao deixar obstáculos sobre as calçadas, mas também a falta de padronização e fiscalização do uso dessas. Dispor veículo para levar e trazer cadeirantes ao seu local de tratamento é assumir em parte que falta mobilidade nas vias para esse usuário, pois do contrário, ir até uma parada de ônibus, tomar um ônibus e chegar até o local de tratamento não seria um problema.