O “calo” do Leste/Oeste

 

Por

Tânia Passos

A concepção do corredor Leste/Oeste foi iniciada com a requalificação da Avenida Conde da Boa Vista em 2008. Tudo começou por ela. Mas a via, que já se chamou Rua Formosa um dia, ficou de fora do projeto do governo do estado, quatro anos depois, na hora de finalmente receber o modelo do corredor Leste/Oeste, nos moldes do BRT (Bus Rapid Transit), ou Transporte Rápido por Ônibus, modal escolhido para o corredor. As obras também mudaram de sentido vindo do Oeste para o Leste, mas não chegarão à Conde da Boa Vista, nessa etapa. O projeto só foi licitado até a Praça do Derby.

 

A ironia é que a Boa Vista, que foi construída em 1899, significou o novo caminho para ligar justamente o Derby ao Centro da cidade. Essa ligação, claro, não pode ser rompida. São 169 ônibus e 110 mil passageiros que passam por dia pelo bairro em direção ao Centro. A Conde da Boa Vista efetivamente faz parte do Leste/Oeste, mesmo não tendo sido contemplada, ainda. A expectativa é que um outro projeto ainda não licitado atenda o restante do corredor nos próximos dois anos.

 

O projeto licitado até agora do Leste/Oeste terá 12,5 quilômetros. A Boa Vista tem 1,6 km. Ou seja, menos de 2km separam um modelo de transporte que promete ser referência de um “arranjo” para permitir a entrada do BRT numa via não preparada para o modelo. Já sabendo da limitação, a primeira hipótese levantada pela Secretaria das Cidades foi a de fazer uma integração temporal no Derby. Ou seja, os futuros ônibus do BRT chegariam até esse ponto para retornar.  O passageiros que quisessem seguir em frente até o Centro poderiam usar um bilhete temporal e mudar de condução, sem precisar pagar outra passagem. Isso tudo faltando 1,6km para concluir o percurso.

 

Fazer uma integração temporal com um volume de cerca de 100 mil passageiros é, no mínimo, arriscada e pode pôr em “xeque” o principal trunfo do BRT: a rapidez do sistema. O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano já pensa no plano B. De acordo com o diretor de planejamento, André Melibeu a integração temporal no Derby não é uma solução possível devido ao grande volume de passageiros. “A operação tem que continuar até o Centro. Não é possível fazer um transbordo no Derby com o volume diário de passageiros”, revelou.

 

Uma ideia que já chegou a ser cogitada foi a construção de algumas estações no modelo BRT na Conde da Boa Vista e em alguns pontos do Centro, que atenderiam, inclusive, o corredor Norte/Sul. Outra opção será adaptar os ônibus no BRT com uma porta do lado direito para o desembarque dos passageiros nas paradas já existentes da Conde da Boa Vista.

 

113 anos desde o Conde

 

 

A antiga Rua Formosa só recebeu o atual nome em 1870. Herdou o título do ex-presidente da Província Francisco do Rego Barros, falecido naquele ano. Ainda em construção a via passou por pelo menos três etapas. O primeiro trecho foi entre as ruas da Aurora e do Hospício. Depois mais um trecho até a Rua Gervásio Pires e por último até o Derby. Este último, também conhecido como caminho novo.

Do caminho novo ao corredor Leste/Oeste já se passaram 113 anos. O transporte e o número de passageiros não são comparáveis, mas a importância da via como corredor é indiscutível até hoje. “O importante é não tirar sua característica de via prioritária ao transporte público”, destaca o coordenador da Associação Nacional do Transporte Público (ANTP), César Cavalcanti.

Um total de 18 linhas passa pelo trecho do Leste/Oeste distribuídas em 169 ônibus. Com a implantação do sistema BRT, a estimativa é de reduzir a frota para 71 ônibus e apenas cinco linhas. “O número de pessoas transportadas deve ser equivalente ao que é hoje de 110 mil pessoas. Mas haverá uma redução significativa de ônibus em direção ao Centro”, revelou André Melibeu, diretor de planejamento do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano.

Para o engenheiro e ex-presidente da antiga EMTU, atual Grande Recife de Consórcio Metropolitano, Oswaldo Lima Neto, o centro da cidade é ainda muito atraente. “A Conde da Boa Vista não pode ficar de fora do corredor pois representa um grande polo de viagens. Cito apenas dois exemplos: o Shopping Boa Vista e o Atacadão dos Presentes, que são estabelecimentos que atraem usuários do transporte público”.  O Centro, destaca,  será beneficiado com a implantação dos corredores. “Tanto o corredor Norte/Sul quanto o Leste/Oeste irão proporcionar mais mobilidade a Boa Vista”.

 

16 Replies to “O “calo” do Leste/Oeste”

  1. LESTE-OESTE até o DERBY vai complicar demais. Se NORTE-SUL vai até a estação metrô central, por quê o LESTE-OESTE não vai?

  2. As autoridades sabem do pepino que seria uma migração na praça do Derby não só pela quantidade de pessoas, mas justamente por outro motivo que muitos ainda não perceberam e considero um alerta se a migração ocorresse: a quantidade de migrações que os usuários que saem de pontos mais afastados do corredor por ônibus fariam comprometendo o tempo que é uma das vantagens do BRT.
    Hoje, se pega um único ônibus para o centro. No futuro, isso poderia implicar em três com a migração no Derby. A atual linha de bairro viraria alimentadora de TI próximo ligado ao corredor; do TI para o BRT; na Praça do Derby, do BRT para ônibus convencional até a Guararapes ou TI Recife.
    Para um sistema que promete ganho de tempo, três migrações que envolveriam pessoas com saúde em dia ou não, com hora para chegar ao trabalho é horrível.
    Já falei aqui e a ideia de criar estações exclusivas da Boa Vista até o TI Recife para o BRT é uma necessidade vide uma das possibilidades em estudo. Existe modelo compatível cujo Espírito Santo irá adotar garantindo convivência com os demais ônibus que circulam no trecho.
    Dotar os BRTs com portas no lado direito para aproveitar as atuais paradas não é uma solução por alguns motivos: não tem espaço nessas paradas para colocar o pagamento antecipado isolando-as dos que pegam os veículos que tem cobrador; adaptar as paradas para tal não faz sentido e isso ainda poderia afetar o uso por outros veículos (deslocar de B para A e vice-versa), ou o governo pensa que só vai descer gente na Boa Vista querendo concentrar o embarque no TI?; um BRT que usa pagamento antecipado ter cobrador para só atuar na Boa Vista considerando que as paradas existentes não só receberiam desembarque, mas fariam embarque seria irônico.
    Se há locais na Boa Vista que poderiam receber estações BRT, seriam entre as paradas situadas na Dom Bosco e perto Soledade, outra entre a Soledade e a do Shopping Boa Vista, última entre Rua do Hospício a sentido subúrbio em frente ao Atacadão. Na Guararapes, uma tanto para o Leste-Oeste quanto para o Norte-Sul, no lado esquerdo da Rua Floriano Peixoto, entre as pontes Duarte Coelho e Boa Vista. Essa seria a última estação antes do TI Recife.

  3. Tânia, agradeço por mais essa matéria que levanta uma das várias dúvidas que tenho, mas, infelizmente, o governo ainda não se pronunciou sobre o que fará. Aguardo por outras que explorem as recentes mudanças que o corredor teria sofrido e porquê das mesmas.

    • Obrigada Raimundo. Vamos continuar vigilantes das soluções que nos são apresentadas. E conto com seu conhecimento e colaborção sobre essas questões.

  4. eita.é uma trapalhada atrás da outra!esse 2o mandato Eduardo Campos(na figura do Grande Recife)é uma lastima.esse tal de BRT é uma piada só pra encher linguiça!

  5. Tânia e Raimundo,

    Pelo que entendi, para o BRT ir até o final da Conde da Boa Vista teria que se adaptar as paradas, correto? Mas, perdoem a ignorância, qual o problema em se adaptar as paradas para que se tenha pagamento antecipado?
    Não consegui entender a raiz do problema.
    Tânia, você falou em adaptar portas do lado direito do BRT. Raimundo, você mencionou a questão de se ter cobrador apenas para o trecho da Conde da Boa Vista, mas nenhum dos dois explicou o porquê ou a dificuldade em se adaptar as paradas para o modelo BRT.
    Perdoem se a pergunta já foi respondida em outro momento.
    Abs

    PS: Tânia, permita-me sugerir um tema para reportagem/post. Já morei na França, durante a faculdade e lá o pagamento das passagens é adiantado, compra-se um bilhete, e não existem cobradores. Dessa forma, o passageiro “composta” o bilhete nas máquinas dentro do ônibus e, aleatoriamente, fiscais entram nos ônibus para verificar se os passageiros pagaram e “compostaram” seu bilhete. Em caso de fraude, o passageiro é autuado e levado à delegacia.
    Pois bem…entendo que culturalmente teríamos dificuldades em implantar sistema semelhante aqui em PE, porém, porque não implantar sistema com bilhete tendo validade por tempo. Assim manteríamos as catracas para entrada e não precisaríamos de cobradores.

  6. Alexandre,

    o BRT ir até a Boa Vista ou até o TI Recife para fazer jus ao SEI (não entendo até hoje porque a linha Caxangá/Boa Vista só é ligada ao TI Caxangá e não vai até o TI Recife para criar mediação com o metrô), pela situação da avenida, dependeria de uma das duas situações e aí questiono uma delas: adaptar as paradas existentes; criar estações modelo BRT seguindo o resto do corredor.

    No final, o link mostra o modelo de estação BRT que será usado em Vitória-ES, primeira ilustração de cima para baixo que cabe como uma luva para a Boa Vista. O nosso é a segunda opção e vou explicar como funciona a primeira a seguir.

    Não vejo graça adaptar as paradas por alguns motivos e aí vai ocorre uma situação em cadeia que foi o que a Tânia relatou na matéria. A estação BRT tem 3m de largura e uns 35m de comprimento enquanto a do Derby terá 70m de comprimento com a mesma largura. Lá na praça irá provocar o encurtamento das calçadas para uns 2m afim de manter as três faixas para veículos em cada sentido.
    Na Boa Vista, as paradas são segmentadas em A e B da Rua do Hospício até Dom Bosco. Tiveram que fazer remanejamento de linhas quando requalificaram a Boa Vista para não travar nas entradas e saídas da paradas, principalmente por conta de veículos articulados que ocupam mais espaço em manobras, bem como outras linhas mais movimentadas. Ali todas são acessadas pelo lado direito do veículo, enquanto o BRT é pelo esquerdo e em nível mais alto. Se for para aproveitar as paradas, terão que pegar uma das A ou B para deixar apenas para os BRT, isolar da outra parte cujos veículos tem cobrador interno até para não misturar pagamento antecipado do dentro do veículo, criar um local para o cobrador receber o pagamento antecipado e com banheiro, e isso tudo em no máximo 2,5m de largura (acredito que seja apenas 2m de largura a parada). Se você alargar a parada, ou vai estreitar para o tráfego misto que já é apertado ou vai estreitar para os ônibus prejudicando a ultrapassagem. Note que isso tudo na parada e na via. Agora, se o acesso continua pelo lado direito, então o BRT será obrigado a ter portas também neste lado e isso reflete em menos assentos para os usuários. É possível ter porta no lado direito usando degraus para evitar subir o nível da parada, só que isso prejudica os idosos por exemplo, pois um lado é acesso em nível e outro como é hoje, via degrau. Se o BRT não tiver porta do lado direito e a o trecho dedicado da parada tiver nível elevado, então ele será forçado a entrar no tráfego misto para fazer embarque/desembarque, o que é um absurdo, pois uma coisa é ele transitar e outra é parar fazer migração de passageiro, além de deixar vulnerável a um congestionamento criando atraso e olha que os ônibus sofrem desse mal no corredor.

    Então, compensa adaptar as paradas? Para mim, não. Agora, e o modelo de Vitória, como funcionaria na Boa Vista? Entre as paradas existentes há espaço para implantar essas estações. A Boa Vista tem 5,5 faixas. Duas para o tráfego misto e três e meia para o de ônibus. É só ver onde há parada, pois fica a meia faixa para a parada, duas para ônibus no sentido desta e uma no oposto. A estação BRT de Vitória usa a mesma concepção, logo precisa de três faixas pelo menos e temos três e meia. A faixa de ônibus é de 3,5m, a estação precisa de 3m de largura e o sentido oposto 3,5m de largura. O formato dela faz com que o lado que não é embarque/desembarque, o veículo só passa e quando há o recuo para tal, quem não for parar segue reto. Nela só para o BRT, então os demais ônibus que não são BRT ultrapassam evitando a retenção e os atuais não formam fila até chegar perto das paradas para cada um ir para a sua? Ainda que haja retenção quando o BRT for sair da estação, hoje já ocorre isso, pois quando um sai da parada para ultrapassar outro ele obriga quem vem atrás a parar se estiver mais afastado.
    O modelo de estação existe e até para construir não iria prejudicar os demais ônibus na avenida, pois as faixas para cada sentido seriam disponibilizadas. O que alguns poderiam questionar é que com uma estação com 3m de largura, espaço para manobrar seria ruim visto que teria o espaço para os não-BRT transitarem além do tráfego misto ao lado que já é apertado. É só no desenho fazer com que o ônibus saia reto, pois entrar é fácil. Sair se tornar ruim com veículo articulado, pois a traseira pode colidir com a estação, então evitar manobra acentuada é uma necessidade.

    Com a explicação, percebeu que não é tão simples adaptar as paradas e eu considero criar estações entre as paradas como o mais acertado, pois evitaria mudanças nos veículos?

    Quando falei que o BRT poderia ter cobrador, foi uma ironia.

    Sobre adotar o chamado por aqui bilhete único que inclui migração temporal sem fazer novo pagamento, o problema é exatamente o controle. Primeiro que as pessoas teriam que ter o cartão eletrônico, algo que tendo estação com cobrador, quem não pode ter o cartão ou não tem, paga em espécie e tem acesso liberado a estação. Sei que há linhas de ônibus cujo motorista asusme função de cobrador, só que evitar a circulação de dinheiro dentro dos ônibus desestimula o assalto aqui. As novas estações terão segurança eletrônica e, acredito, também tenham algum vigilante patrimonial. Assim, o ladrão se quiser assaltar o ônibus, vai ter que assaltar primeiro a estação no futuro.
    Outra é que essa medida, espero, acabe com o acesso ao menos nos corredores de pessoas que se dizem torcedoras de times que costumam invadir os ônibus saltando as catracas ou entrando pelas janelas. O BRT é todo fechado, então ou elas vão inventar de invadir a estação ou farão isso através das linhas alimentadoras que podem ser interceptadas antes ou até chegar ao TI para então pegar o BRT.
    Não sou contra o bilhete único e até acho interessante seu uso aqui para situaçôes que evitariam forçar o usuário ir até um TI para então tomar outra linha sobrecarregando o TI a depender do destino e disposição de ônibus, mas alguns falam que o bilhete único fere a concepção do SEI.

    http://img535.imageshack.us/img535/2553/brtvitoria11.jpg

  7. Alexandre,

    faço uma observação quanto a aplicação da estação na Boa Vista com relação a ilustração. Essa indica quatro faixas e tratei com três e meio. Respeitando quatro, não teria espaço se a estação tiver 3m de largura, então ou reduziria a largura da estação para 2,5m ou alargaria a via perto da estação. O alargamento da via é previsto no Leste-Oeste, tanto que já vi pessoas fazendo medições nas calçadas perto dos pontos das estações. Na Caxangá, por exemplo, não tem como um BRT ultrapassar outro sem invadir o tráfego misto.

  8. a verdade verdadeira é:adaptar parada não é solução.isso sem falar nos”espertinhos”q vão se aproveitar dessa adaptação para não pagar passagem!

  9. Leonardo-PE,

    facilitar a vida de espertinhos é uma situação que a adaptação poderia permitir. Se hoje vemos pessoas que aproveitam para entrar por trás, seja para andar de graça ou tirar o sustento vendendo algo, bem como outras que se misturam aquelas que saíram de veículo quebrado para embarcar em outro sem pagar, o novo modelo deve evitar isso, pois vai ter uma pessoa responsável na estação para controlar entrada e saída, e só vai entrar nela quem pagar e tiver livre acesso.
    Isso é um ponto. O outro implica em alteração nos veículos.

  10. Bom eu fico me perguntando como o governo tem estes problemas no novo modal e não fez que este modelo se adapta-se mais rápido, digo isso porque o estado deveria pensar mais na mobilidade do que na beleza da mobilidade sem funcionar direito, a questão da Cod, Boa vista poderia ser resolvido com estações tubo, que são feitas fora da via e chegaria ate o local por carretas, e os pontos antigos seria demolido gradualmente com pequenas intervenções, mais o governo esta querendo gastar mais pela beleza então este gargalo não vai deixa de existir pois nossa cidade não esta preparada para este modelo vai ser mesmo um projeto pela metade, se vc pensar em tira uma parada comum e colocar uma estação tubo na parte central da via.

  11. Marcio Cunha,

    eu andei vendo estações tubo pela net e lendo comentários quanto ao uso, eu não viria elas como uma opção para a Boa Vista, embora como você bem falou, a implantação delas é muito mais prática.
    Elas são um pouco estreitas tendo em vista que as daqui terão 3m de largura e ainda que pareca muito, nossas estações são bem menores que a TransOeste do Rio. O tamanho da estação vai depender da demanda no local onde se encontra, bem como dos intervalos dos veículos (no Rio, mesmo com estações enormes, há filas no lado de fora que só serão sanadas com o aumento previsto da frota). As tudos são mais vulneráveis estrutalmente falando, tanto que já li reclamações como infiltrações e chuva invadido a estação quando o veículo faz embarque/desembarque. Isso não ocorrerá no modelo adotado aqui, pois a cobertura da estação também abriga o ônibus. Com boa vontade, em três meses uma estação do modelo usado no Leste-Oeste e Norte-Sul fica pronta, pois parte dela é de alvenaria e a outra é de estrutura em aço que tem alguns componentes prontos só precisando soldar. Outra, com relação a via, é que é atualmente não daria para remover estação normal e colocar uma no meio da via, pois há muitos ônibus na Boa Vista que não são BRT, logo ou se cria estação exclusiva para o BRT afastada das convencionais, ou ali, e seria muito mais caro, padronizar para o novo formato fazendo com que todas as linhas de ônibus não-BRT que vão para a Boa Vista ganhem portas no lado esquerdo em nível. Note que essa situação tornaria as estações pequenas integrações, pois o cara que pega o ônibus não-BRT em local que precisa acessar pelo lado direito e pagar dentro na presença de cobrador, na Boa Vista ao sair ficaria na estação e pegaria outro ônibus sem pagar com destino diferente dos corredores.
    Esse é um problema que alguns da área dão sugestão do tipo só na Boa Vista circular BRT fazendo com que as outras linhas com acesso pela direita e cobrador dentro se dirijam aos TIs próximos. Destes TIs sairiam linhas circulares com ônibus BRT para se chegar a Boa Vista padronizando todo o corredor para o modelo BRT e não misto como deve ocorrer.
    É um erro, como mostrou outra matéria, a falta de interação entre os projetos da prefeitura, governo estadual e federal.
    Para padronizar a Boa Vista para o BRT, outros TIs teriam que ser feitos nas proximidades, pois o TI Recife e o Joana Bezerra não suportariam receber todas as linhas de corredores que não adotam o BRT. Ideas como criar um TI na Av. Mario Melo que concentaria os não-BRT vindo da zona norte, bem como poderia ser criado um TI junto a estação desativada do Forte das Cinco Pontas onde o VLT deverá chegar no futuro ficando esta responsável pelas linhas que usam a Dantas Barreto. São formas de reduzir a quantidade de veiculos na Boa Vista e Guarapares, bem como padronizar o corredor abrindo espaço para ciclo faixas e ciclovias. Norte-Sul e Leste-Oeste devem diminuir o fluxo na zona central, mas ainda é pouco.

  12. Raimundo,

    Perdoe-me a pergunta, que pode parecer muito básica, mas me responda o seguinte: O que aconteceria se o governo restringisse o tráfego na Av. Conde da Boa Vista apenas ao transporte coletivo e às bicicletas? Teríamos essa possibilidade? Qual impacto traria a quem deseja usar o carro, não teríamos vias alternativas para o transporte individual? É viável?
    Abs,

  13. Alexandre,

    difícil te responder essa pergunta, pois não sou especialista na área, mas faço minhas observações vendo o dia a dia, pesquisa, etc. A resposta técnica deixaria para a CTTU, mas essa já está cheia de problemas.
    Enfim, vamos lá! A Boa Vista já é dominada pelo transporte público, tanto que a de tráfego misto é apenas para tráfego local (ir a algum estabelecimento na via e acessar vias transversais). Contudo, ainda assim o volume de carros não é baixo. Se ali não mais pudessem circular os carros, quem precisa ir para algum ponto na avenida teria que apelar para as ruas transversais e paralelas, só que aí está um grande problema de fluxo que teria que ser revisto, além de ter espaço disponível para estacionar quando preciso. Tomando como sentido a Rua Bom Bosco até a Rua da Aurora, para ir sentido centro as opções são Rua João Fernandes Vieira e a Av. João de Barros com as suas respectivas continuações. A comunicação entre essas vias se dá por ruas tranversais que ou vão para a Boa Vista ou desta sentido Santo Amaro. O problema é que essas vias são estreitas, já recebem um grande fluxo de ônibus e carros, tem escolas e universidade por perto, ou seja, só trânsito complicado e no entorno estacionar é péssimo. No sentido subúrbio, a Manoel Borba é a via, da mesma forma, com ruas transversais que levão a Boa Vista ou desta para ela em situação similar. Então, proibir o trânsito de carros na Boa Vista implicaria hoje em sobrecarregar as ruas paralelas e transversais, sem contar a falta de espaço para estacionar. A loja C&A tem estacionamento voltado apenas para a Boa Vista. Alguns bancos idem, além de ter prédios do governo que tem veículos e precisam de circular por ela. Logo, não daria para eliminar a circulação. Poderia reduzir? Sim! Ter edifícios-garagem públicos além de alguns particulares que já têm perto da via próximo as paralelas seria uma forma de evitar maior circulação bem como ter onde estacionar, pois já é complicado obter vaga no entorno. Melhorar o transporte público fazendo com que o condutor migre para o ônibus é outra bem mais relevante.
    Você perguntou sobre ter ciclovia e eu te diria que é possível, só que precisaria retrabalhar toda a via e isso envolveria o transporte público como falei para o Marcos Cunha acima. A avenida tem 5,5 faixas, então é possível deixar as duas para o tráfego misto que são menores (3m de largura), padronizar o corredor para o formato BRT incluindo os ônibus. Todos os veículos sendo BRT e adotando o intervalos no trecho, não seria preciso ultrapassar, tanto que a linha expresssa Camaragibe/Boa Vista ali é paradora só ficando expressa na Caxangá. Evitando a ultrapassagem por ônibus, teríamos ao menos uma faixa de rolamento capaz de criar uma ciclo-faixa de mão dupla ou colocar uma menor para cada sentido junto a calçada.
    A Tânia até postou matéria aqui de projetos que requalificariam a Boa Vista tirando a faixa de carros, mas deixando uma via central para transitar veículos de emergência. Eu fui parcialmente contra o projeto, pois pelo relato que fiz ao seu questionamento, não é tão fácil assim isentar a circulação de veículos particulares na avenida. Talvez o rodízio fosse melhor de ser implantado, além, claro, de melhorar o transporte público para só usar o carro quando for preciso.

  14. o”impacto”pra quem usa carro é péssimo caro alexandre!o transporte individual deve ser restrito(a tendencia é essa).caro Raimundo:gostaria de ser otimista.mas,do jeito como está Recife,principalmente,no quesito”educação”,não levo fé.sem falar q a falta de planejamento desse Governo De Pernambuco tá passando dos litimes do Suportável!

  15. Leonardo-pe,

    concordo! A falta de educação impera, bem como convergência entre propostas municipais e estaduais. Termos dois TIs prontos a espera de um novo trem para o metrô mostra o nível de entendimento entre os envolvidos.