População deve fiscalizar bikes das estações do Recife


Era só uma questão de tempo. O vandalismo ou roubo, nesse caso, já estava previsto pelos organizadores do projeto Porto Leve, que implantou o primeiro serviço de bicicleta de aluguel no Recife, no último dia 8 de janeiro, com 10 estações e 100 bicicletas. E no primeiro fim de semana de implantação do serviço, um pneu de uma das bicicletas da estaçãop da Rua do Lima, em Santo Amaro, foi roubado.

Em entrevista ao blog, o diretor de inovação do Porto Digital, Guilherme Calheiro, já mencionava a possibilidade de vandalismo. “No Rio de Janeiro, logo que o sistema foi implantado houve um certo vandalismo. Mas a gente acredita que quando a comunidade incorporar o serviço vai atuar como fiscal dos equipamentos”, ressaltou Guilherme Calheiros. Ainda segundo o diretor do Porto Digital, no caso de desmonte as peças não servem para ser comercializadas. Elas foram projetadas especialmente para o modelo desenvolvido para o projeto. Se as peças não servem, quem sabe os pneus. Deve ter sido isso, que a pessoa que praticou o roubo deve ter pensando…

A iniciativa da implantação do serviço de aluguel de bikes foi bem recebida pela população. Aliás, cabe agora a própria população se tornar fiscal do serviço e não apenas do poder público. Nenhuma iniciativa terá êxito se a população não incorporar a ideia.

A cozinheira Maria José da Silva, de 63 anos, que trabalha próximo ao local, ficou surpresa com a violação em um projeto recente que tem conquistado os recifenses. “Não abrimos aos domingos, quando chegamos nesta segunda, já estava assim. Sabemos que a rua fica esquisita, principalmente à noite, mas mas não é violento. Ficamos assustados”, ressaltou. A estação funciona diariamente das 6h às 22h.

Porto Leve
O projeto de compartilhamento de bicicletas PortoLeve é uma iniciativa do Parque Tecnológico Porto Digital em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e o Governo do Estado de Pernambuco.

Este projeto visa incentivar as pessoas a se deslocarem em bicicletas para distâncias de pequeno percurso, a fim de contribuir com a mobilidade das pessoas e garantir um ambiente livre de gás carbônico e outros poluentes atmosféricos.As bicicletas do PortoLeve estão disponíveis em 10 estações distribuídas inicialmente em pontos estratégicos do Bairro do Recife e dos bairros de Santo Amaro e Santo Antônio.

 

Com informações da redação do DP

Ciclistas entregues à própria sorte

 

 

Por

Tânia Passos

O Recife inicia uma nova fase no transporte não motorizado com o primeiro serviço de aluguel de bicicletas na cidade e um número surpreendente de mais de 700 inscritos já no primeiro dia. Isso só reforça o quanto a cidade tem demanda por esse tipo de transporte.

Aproveitar essa tendência é uma decisão sábia de qualquer gestor público. Mas está também na hora de passarmos para um outro patamar: apostar em campanhas educativas que ajudem a implantar a cultura de que ser amigo do ciclista agrega valores sociais e ambientais. Junto a isso, uma boa sinalização de redução de velocidade, respeito à distância de 1,5 metro e ainda implantar ciclorrotas, onde não for possível instalar ciclovias.
O fato é que ser ciclista hoje no Recife, embora politicamente correto, ainda é um risco. E os acidentes, mesmo pouco noticiados, estão virando rotina e tirando vidas. Na primeira semana de janeiro, um ciclista foi atropelado no Viaduto das Cinco Pontas e morreu. Também este mês, um ciclista foi atropelado no Viaduto Capitão Temudo.

O impacto destruiu o capacete e o ciclista experiente, que guiava um grupo, chegou a subir uns dois metros e sobreviveu a queda. Nos dois casos, os motoristas não reduziram a velocidade e tampouco respeitaram a distância. Não por acaso, os viadutos não dispõem de nenhum tipo de sinalização. Não foram feitos para as bicicletas. Na verdade, os motoristas acreditam que o espaço é só deles. Não há compartilhamento e o ciclista é o invasor. Sempre foi assim. Mas pode começar a ser diferente. É hora de passarmos para uma nova fase.