Conheça os maiores obstáculos dos ciclistas nas ruas do Recife

Obstáculos que os ciclistas encontram nas ruas do Recife Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.Press
Obstáculos que os ciclistas encontram nas ruas do Recife Foto – Bernardo Dantas DP/D.A.Press

Pedalar pela cidade pode ser uma atividade perigosa para os ciclistas, mesmo para os mais experientes. Motoristas de ônibus que não respeitam a distância mínima, buracos e ciclofaixas irregulares são apenas alguns dos obstáculos enfrentados diariamente para quem usa a bicicleta como meio de transporte principal ou como lazer e esporte. Para o organizador do grupo Kansadus Ciclo Aventuras, Amâncio dos Santos, o que mais o preocupa na hora de sair de casa com a bike, além do fluxo de carros nos horários de pico, é a má estrutura.

“Faltam faixas exclusivas para bikes e as estradas, ruas e avenidas são impróprias. Se durante o dia as ciclofaixas mal existem, imagina pedalar à noite, com tantos buracos”, conta Amâncio, que também fala da dificuldade de pedalar em dias de chuva.

“A ciclovia móvel na rua Vinte e Um de Abril, em Afogados, disponível nos domingos, passa do mesmo lado que a faixa de ônibus, o que não deveria ocorrer”, afirma. Segundo ele, os ciclistas que trafegam por lazer pelo local passam por apuros quando os ônibus param nos pontos de passageiros. A área seria, supostamente, um espaço para a ciclofaixa.

Para Roberta Tavares, do grupo Amigos Para Sempre (APS – Ciclismo Cultural), um dos problemas dos ônibus é o vácuo de ar provocado quando o veículo passa em alta velocidade próximo ao ciclista. “Com a rapidez e o tamanho do ônibus, o vento que bate depois pode desestabilizar a bicicleta”, justifica ela, que indica pedalar em locais de pouco movimento e em grupo para quem está começando.

Em seus percursos, acidentes como o de um colega que teve que desviar de um carrinho de som que vinha na contramão são mais difíceis de acontecer, mas causam bastante estrago. Já quedas em ladeiras são mais comuns. “Um parceiro nosso desceu uma ladeira em alta velocidade, passou por um buraco pequeno, mas seguiu o percurso, mesmo tendo perdido um pouco do equilíbrio. O que ele não contava é que vinha uma lombada logo em seguida. A queda foi inevitável”, relata Roberta.

Pedalando há 3 anos, como esporte e lazer, o engenheiro Guilherme Aires conta que, para ele, o principal elemento de proteção é não estar sozinho. “Você se sente mais seguro, dificilmente um carro se aproxima tanto do grupo como quando você pedala só”, diz. Foi quando voltava, sozinho, de uma pedalada com o grupo APS no dia das mães deste ano, que sofreu um acidente com um táxi.

“Ele foi me espremendo em direção à calçada e fui me afastando, mas a lateral do carro bateu no guidão da bike e me desequilibrei. Caí no asfalto, o taxista parou o carro pra ver o que aconteceu, mas não prestou socorro. Levei algumas semanas para me recuperar, usando uma tala no braço”, afirma Guilherme Aires.

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Novo ordenamento muda lógica dos estacionamentos nas ruas do Recife

 

Rua dos Arcos só é permitido estacionar em um lado da rua. Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Rua dos Arcos só é permitido estacionar em um lado da rua. Foto – Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

As vias públicas que são verdadeiras “garagens” a céu aberto estão recebendo novos ordenamentos. De forma ainda tímida, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) começa, aos poucos, a disciplinar a permissão ou proibição de estacionamento de acordo com a função das vias arteriais principais, secundárias e coletoras.

Um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal do Recife, no último dia 4, determina o tipo de estacionamento de acordo com as características das vias. A classificação funcional dos corredores, no entanto, ainda remete a uma lei de 1996. E que também precisa ser revista. Pela lei 16.176/96, vias como Avenida Norte, Cruz Cabugá e Conselheiro Aguiar ainda são consideradas artérias secundárias.

Na prática, a classificação implica diretamente no ordenamento de onde é permitido estacionar ou não. Nas artérias principais, a exemplo das avenidas Boa Viagem, Domingos Ferreira e Mascarenhas de Morais, não é permitido estacionar. Já em vias arteriais secundárias e coletoras, quando o trânsito de veículos tem sentido único, não será permitido o estacionamento nos dois lados da via. E com sentido duplo, não será permitido em nenhum dos lados.

A denominação das vias, na verdade, não obedece a um critério objetivo. Segundo o engenheiro e coordenador regional da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), César Cavalcanti, o entendimento não é uniforme.

“Não há padrões objetivos. Ela pode ser determinada dentro de uma categoria e em outra não”, disse. Segundo a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, vias como a Cruz Cabugá já deveriam ser classificadas como artéria principal. “A cidade mudou de 1996 para cá e a Cruz Cabugá hoje tem uma importância, inclusive metropolitana, fazendo ligação com Olinda”, disse.

O disciplinamento dos estacionamentos é um dos aspectos que estão sendo avaliados nas mudanças que a CTTU está implantando. Também estão sendo observados os pontos críticos de congestionamento, de circulação e de risco de acidente. “Na Rua dos Palmares, onde o cruzamento permitia que o motorista fizesse a conversão à direita ou esquerda no cruzamento, dependendo do sentido, elevava o risco de acidente para o pedestre. Agora é proibido”, explicou.