Associação Nacional de Transporte Público defende faixas só para os ônibus

 

Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transporte Público, defende as faixas exclusivas
Luiz Carlos Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transporte Público, defende as faixas exclusivas

O que significa para a cidade de São Paulo esse resgate do espaço para o transporte público?
Significa um avanço considerável na implantação da lei da mobilidade urbana. Esta é uma medida que pode ser adotada de imediato por todas as cidades em que a velocidade média dos ônibus é muito baixa em razão de vias congestionadas. O exemplo de São Paulo, onde há uma alta taxa de motorização, e onde a medida alcançou um grande sucesso junto aos passageiros de ônibus, pode incentivar outras cidades brasileiras a seguirem nesta mesma direção.

Essa é uma iniciativa que chega tarde, levando-se em conta que São Paulo já tem uma frota de 7,5 milhões de veículos…
Estamos atrasados em todo o país no tocante à melhoria do transporte coletivo. O tratamento dado ao transporte coletivo pelo poder público é muito inferior ao que ele dispensou ao transporte individual. Veja que o SISTRAN (Sistema de Integração de Transportes da Região Metropolitana de São Paulo), que implantou as primeiras faixas (exclusivas) é de 1975, quando já se previa a prioridade ao transporte coletivo. Curitiba também começou com os corredores na década de 1970. Portanto, já havia exemplos mais do que suficientes para provar que esta solução fazia sentido. Faltou vontade política para executá-la por vários governos sucessivos.

Houve, de fato, um vácuo temporal para os investimentos no setor do transporte público?
A comunidade do planejamento de transporte sempre recomendou faixas exclusivas para o ônibus. O que faltou, na verdade, foi vontade política de fazer. Não vamos esquecer que a escolha do automóvel como modo de transporte, em razão das vantagens para a macroeconomia do país, levou a administração pública a direcionar recursos públicos para construção e expansão da infraestrutura coerente. A própria forma de crescimento da cidade é decorrente em grande parte deste tipo de escolha que a sociedade fez ao longo dos últimos 50 anos. A grande questão é que a infraestrutura para o transporte individual não tem mais como se expandir, daí o congestionamento inevitável.