Estatizar o transporte público. São Paulo pode partir na frente e o Recife?

ônibus recife - Foto Annaclarice Almeida DP/D.A.Press

No momento em que o país abre a discussão da melhoria do transporte público e até a possível mudança da matriz do transporte  rodoviário para o ferroviário, outra discussão coloca os empresários de ônibus em mais uma saia justa. Em São Paulo já se cogita a ideia da estatização do sistema de transporte público.

Na Região Metropolitana do Recife, o sistema de transporte público de passageiros terá sua primeira licitação. O edital chegou a ser lançado em janeiro deste ano, mas teve que ser cancelado porque nenhuma empresa se habilitou.O estado se prepara para faze o relançamento do edital ainda este mês. Mas, na verdade seria uma ótima oportunidade do governador Eduardo Campos dar as cartas ou, até mesmo, cogitar a estatização do sistema no estado.

Muitas variáveis precisam ser analisadas, claro. Mas o que se viu, até agora, foi uma dependência total do modelo que temos hoje, E que só interessa aos empresários do setor. Isso, inclusive justifica o fato de nenhuma empresa ter participado do primeiro edital lançado este ano. Mudar para que?

O que ninguém contava era com o tamanho das manifestações em todo o país por melhorias.Ter dado as costas para o primeiro edital pode não ter sido um bom negócio para os empresários. O cenário mudou e as exigências agora são muito maiores. Resta saber até onde o estado está disposto a mudar o que está posto hoje e que há muito não representa o interesse da maioria.

Logo abaixo a matéria do Portal Mobilize sobre a possível estatização em São Paulo:

Imagine a cidade de São Paulo com o serviço público de ônibus estatizado. Embora soe improvável para muitos, essa proposta já chegou à mesa do secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, assim como outra, que prevê uma mescla entre o sistema atual, de concessão à iniciativa privada, e a estatização total dos coletivos.

Tatto defende o modelo em vigência, mas diz “estar aberto” para ouvir outros cenários. “Temos vários modelos que poderiam ser analisados”, disse ontem, em seminário sobre a integração dos transportes na Universidade de São Paulo (USP).

“A cidade está no momento propício para debater tudo, todo o sistema de transporte. Eu tenho convicção de que, da maneira como está organizado em cima da lei existente, é possível melhorar o sistema (em vigor).”

A Prefeitura já foi responsável por grande parte do sistema de ônibus de São Paulo. Em 1947, criou a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) como forma de impedir que o controle da área ficasse só sobre controle privado. Mas a gestão era complexa: quando foi extinta, em 1993, o custo do passageiro transportado pela CMTC era de US$ 1,33, enquanto que nas empresas privadas era de US$ 0,30. Dez anos depois, quando Marta Suplicy era prefeita e Tatto era secretário de Transportes, também se cogitou a volta da CMTC. Os estudos não avançaram.

Atualmente, a gestão Fernando Haddad (PT) está novamente em processo de renovar os contratos com as empresas e cooperativas de ônibus da capital – assinadas na gestão Marta. O custo da nova licitação, que vale por até 15 anos, é de R$ 46,3 bilhões – o maior da história.

Segundo Tatto, o modelo da estatização transformaria motoristas e cobradores em funcionários públicos. “Tem um outro (cenário) em que a garagem e os funcionários ficam com os operadores (empresários).” Por sua vez, a Prefeitura compraria e seria dona dos ônibus – uma frota de cerca de 15 mil veículos.

“E tem o modelo que fala da tarifa zero. Do ponto de vista de custo, você tira de imediato o cobrador e toda essa parafernália do validador, tira a catraca”, explica o secretário. Nesse contexto, o custo público seria de aproximadamente R$ 4,5 bilhões para manter o sistema.

Modelo das rodovias. O Estado apurou que o governo estuda ainda a possibilidade de firmar contratos do tipo oneroso, em que as empresas escolhidas para gerir a rede teriam de pagar uma outorga para explorar o serviço e arcar com o custo de melhorias. O modelo é utilizado nas concessões de rodovias estaduais e ajudaria a cobrir parte do prejuízo assumido por causa da revogação da alta da tarifa.

Corredores de ônibus prontos até 2013

Diario de Pernambuco

Por Macionila Teixeira

O cronograma das obras está pronto. Agora o desafio é cumpri-lo. Ontem, o governador Eduardo Campos assinou as ordens de serviço para a construção dos corredores exclusivos de ônibus dos eixos Norte-Sul e Leste-Oeste.

As duas intervenções fazem parte do conjunto de ações do Programa Estadual de Mobilidade (Promob), que visa compor um novo retrato para o transporte público da Região Metropolitana do Recife até a Copa do Mundo de 2014. Os dois corredores vão operar com veículos do modelo TRO (Transporte Rápido por Ônibus).

A  previsão do governo é que as obras fiquem prontas em maio de 2013, ou seja, com um ano de antecedência em relação ao calendário da Copa do Mundo. Entre as novidades anunciadas ontem, está a proposta viária da Vila Naval, para facilitar o acesso de quem trafega em veículo particular do centro para o subúrbio.
O governador adiantou que, a depender da equipe do estado, as datas serão cumpridas. “Há desapropriações a serem feitas e o que pode provocar algum tipo de atraso é se alguém decidir entrar na Justiça, por exemplo”, ponderou Eduardo Campos.

 

Mas o que ele fez mesmo questão de ressaltar ao longo de sua fala é o tempo a ser economizado pelo passageiro com a implantação do corredor Leste-Oeste. Para percorré-lo, os usuários terão um ganho de cerca de 30 minutos em cada viagem, o que significa um dia no final do mês. “Isso representa mais qualidade de vida.”

O corredor Norte-Sul será executado pelas empresas consorciadas EMSA-ATERPA e custará R$ 151 milhões. O início das obras está previsto para janeiro de 2012 e o tempo médio de conclusão é de 18 meses.

Os serviços começarão no trecho entre Igarassu e Paulista, com a recuperação de placas e drenagem. As obras do Leste-Oeste serão gerenciadas pelas empresas consorciadas Mendes Júnior-Servix e devem começar no próximo mês. Essa intervenção está orçada em R$ 145 milhões e começarão com a requalificação da Avenida Caxangá, na altura do Caxangá Golf Clube.
Os corredores vão receber o TRO, um sistema onde os veículos trafegam em faixas exclusivas, possuem ar-condicionado, GPS, sistema de segurança através de registro de imagens e contagem eletrônica de passageiros.

As tarifas são cobradas antes do passageiro entrar nos ônibus e os embarques e desembarques são feitos em estações construídas no mesmo nível dos coletivos, o que deve agilizar o tempo de parada dos veículos. “Primeiro vamos fazer a recuperação das vias atuais, com a troca de placas de concreto. Do contrário, não terão como sustentar o porte do TRO”, explicou o secretário das Cidades, Danilo Cabral.
Quando as obras do corredor Norte-Sul estiverem a todo vapor na Avenida Cruz Cabugá, será posta em prática a proposta viária da Vila Naval. A ideia é abrir um alternativa para quem vem em veículos particulares no sentido centro-subúrbio. A via segue paralela à Cruz Cabugá.

Quem vem pela Ponte do Limoeiro e entra à direita, na estrada que beira o mangue (Batista Regueira), passará pelo terreno da Marinha mais à frente e poderá seguir até as imediações do Shopping Tacaruna.

“Derrubaremos o muro construído há alguns anos pela Marinha e a via será recuperada para dar acesso aos veículos”, explicou Danilo Cabral. Quem vem em veículo particular no sentido subúrbio-centro, terá duas faixas na Cabugá. Mas no sentido contrário, por conta da construção do corredor exclusivo para o TRO, haverá apenas uma faixa.

 

 

Governador Eduardo Campos fala da polêmica entre VLT e BRT

 

Governardor Eduardo Campos fala pela primeira vez sobre a polêmica VLT e BRT. Imagens: Tânia Passos/DP/D.A Press

Saiba mais

BRT (Bus Rapid Transit)

O valor para implantação é de R$ 480 milhões

Terá capacidade para transportar 110 mil passageiros/dia

O projeto foi pensado para atender a demanda futura de 15 a 20 anos

Se a demanda subir, terá que passar por novas obras para implantar outro modal que suporte a quantidade e passageiros

VLT (Veículo Leve sobre Trilhos)

O valor para implantação seria de R$ 890 milhões

Teria capacidade para transportar 150 mil passageiros/dia

O projeto foi pensado para atender a demanda futura de 30 a 40 anos

Aumentando a demanda, não será preciso construir outra ferrovia, apenas aumentar o número de composições

Semelhanças

Tanto o BRT quanto o VLT usariam um corredor exclusivo a ser construído no canteiro central
da BR-101 e teriam estações, assarelas, viadutos e elevados Nos dois sistemas, a passagem
é paga antes do embarque e os ois tipos de veículos têm ar-condicionado

2012, a promessa de entrega de obras para aCopa

 

Já não era sem tempo. O governador Eduardo Campos anuncia hoje a ordem de serviço de obras estruturadoras dos terminais integrados de passageiros. E tempo de execução é curto.

A meta do governo é fazer a entrega dos equipamentos em 2012. Aliás, 2012 vem sendo apontado como o ano chave para entrega de grande parte dos equipamentos viários anunciados desde 2009.

Entre as obras está a do Terminal Integrado São Cosme e Damião, que será o principal ponto de integração para a cidade da Copa. O TI fica entre as cidades de Recife e São Lourenço da Mata e terá investimentos na ordem de R$ 17 milhões. O terminal terá duas plataformas de embarque e desembarque.

Uma para o Transporte Rápido de Ônibus (TRO) e outra para o modelo de transporte convencional, além de dois quiosques, quatro lojas, uma lanchonete e um bicicletário. A obra tem duração de 12 meses.

Já a  obra do Corredor do Ramal de Acesso à Cidade da Copa, que fará a ligação do TI Cosme e Damião à Arena também já começou. A Ordem de Serviço foi dada no início deste mês. As empresas consorciadas Mendes Junior/Servix venceram a licitação – um investimento R$ 131 milhões.

Enquanto isso, os processo de licitação dos corredores exclusivo de ônibus dos eixos Norte/Sul e Leste/Oeste ainda estão em andamento. um investimento total de R$ 476 milhões, sendo R$ 129 milhões de recursos do Tesouro Estadual e R$ 347 milhões do PAC Copa. Para o Norte-Sul, o investimento é de R$ 159 milhões, já o Leste-Oeste terá um custo de R$ 165 milhões.

E finalmente, a passarela do Aeroporto Internacional Recife/Guararapes – Gilberto Freyre também ficará pronta para a Copa do Mundo de 2014. Sua licitação também será anunciada pelo governador Eduardo Campos – um investimento de R$ 27 milhões.

Segundo o secretário Danilo Cabral, Pernambuco segue em ritmo acelerado para cumprir os prazos com o Governo Federal. “O Governador Eduardo Campos assumiu com a presidente Dilma a responsabilidade de finalizarmos todas as obras de mobilidade até o final de 2013 e é isto que estamos fazendo”.

Demais intervenções: Serão lançados também os editais de licitação para a reforma dos Terminais do Recife, Igarassu e Camaragibe e para contratação de projeto executivo de reforma dos TIs de Afogados e Cavaleiro. Ainda serão licitados equipamentos (kit básico) que irão padronizar os 13 Terminais existentes e os que estão em construção. Através do Fundo de Manutenção, também será dada a Ordem de Serviço para a reforma emergencial dos Terminais de Integração do Barro e Cavaleiro e de outros cinco miniterminais.