Nem BRT, nem faixa azul. Agamenon Magalhães é caos de uma ponta a outra

Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
Avenida Agamenon Magalhães, perimetral do Recife, travada. Foto: Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

Por

Rosália Vasconcelos

O ramal do sistema Bus Rapid Transit (BRT) da Avenida Agamenon Magalhães corre risco de não sair do papel. Após vários prazos vencidos para o início das obras, o projeto está sendo avaliado pelo governo do estado, que vai decidir se o trecho é prioritário no atual momento. Embora ainda não tenha descartado oficialmente a implantação do BRT na artéria, a Secretaria de Cidades já não trabalha mais com prazos e diz que não sabe se a pauta vai entrar nos planos do estado.

Diante da falta de perspectivas para o projeto, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) estuda implantar uma Faixa Azul na Agamenon Magalhães, com o objetivo de melhorar o fluxo do transporte coletivo no corredor. A velocidade média da via, em horários de pico, é de 17km/h.

“Houve a contratação de empresa para a implantação do Ramal Agamenon Magalhães, mas a companhia não tem interesse em continuar. Está ocorrendo processo de distrato contratual”, informou, através de nota, a assessoria da Secretaria das Cidades de Pernambuco.

Segundo o gerente de Mobilidade da pasta, Gustavo Gurgel, há um termo de compromisso entre a secretaria e a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 120 milhões, para a realização das obras. Ele acrescenta que o grau de prioridade do serviço será uma avaliação administrativa que não se deve à falta de recursos. No inicío do ano, contudo, a pasta justificou que as obras, previstas inicialmente para serem entregues antes da Copa do Mundo, estavam atrasadas porque a verba do governo federal não havia sido liberada.

Análises
Por causa da intenção de implantar o ramal, a via ficou de fora das prioridades da CTTU para a Faixa Azul, sistema de faixas exclusivas para ônibus e táxis com passageiros que deve abranger 60km até o fim de 2016. “A possibilidade de implantar uma Faixa Azul na avenida não está descartada, mas depende dos resultados de uma série de análises técnicas e simulações de engenharia de tráfego, que indiquem a viabilidade de garantir um aumento considerável na velocidade dos transportes coletivos que circulam no local”, ponderou a CTTU, por nota. O órgão afirmou que os estudos serão realizados.

 

Agamenon Magalhães - Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Solução eficaz para os ônibus

O consultor em transporte público Germano Travassos comenta que os ônibus ocupam apenas 30% da Agamenon Magalhães atualmente, e, com as faixas exclusivas, o uso do espaço viário pelo transporte coletivo poderia até 20 vezes mais eficiente.

“A Faixa Azul é uma alternativa barata e simples de melhorar a mobilidade, que deve ser prioritária para as pessoas e não para os veículos. O espaço viário é finito”, opina Travassos. Na Avenida Mascarenhas de Morais, por exemplo, onde os congestionamentos são constantes, foi possível aumentar a velocidade média de 21 km/h para 35,42 km/h.

O consultor disse, no entanto,  que no caso da Agamenon Magalhães, a solução da faixa azul para acomodar os veículos BRT do corredor Norte/Sul é totalmente inadequada, pois compromete os conceitos da operação dos sistemas BRT, e inviabiliza o uso daquela via perimetral na rede estrutural de transporte público da RMR e, em especial, do Recife.
O Ramal de BRT da Agamenon Magalhães faria parte do Corredor Norte/Sul, que liga Igarassu ao Centro do Recife. A proposta era de que o corredor, quando chegasse na altura do Shopping Tacaruna, se bifurcasse. Um outro ramal, que passa pela Avenida Cruz Cabugá até a Avenida Guararapes, está quase concluído. No caso da Agamenon, o corredor se integraria ao Terminal de Joana Bezerra.

CTTU vai ampliar fiscalização eletrônica nos corredores de tráfego

Radar eletrônico na Avenida 17 de agosto, no Recife Foto Guilherme Veríssimo DP.D.A.Press
Radar eletrônico na Avenida 17 de agosto, no Recife Foto Guilherme Veríssimo DP.D.A.Press

O Recife dispõe de 46 equipamentos eletrônicos de fiscalização no trânsito, incluindos os três novos radares que vão passar a multar os infratores a partir do dia 1º de novembro. A meta da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) é  de instalar mais 203 radares eletrônicos ao longo de 2015. A licitação que incluiu todos os equipamentos em um único pacote, prevê, prioritariamente, a instalação nos corredores de faixa exclusiva de ônibus e dos dois corredores de BRT.

Os aparelhos estão localizados na Avenida 17 de Agosto, no bairro do Monteiro; Avenida Doutor José Rufino, na Estância e Rua Guilherme Pinto, no bairro das Graças. Os cruzamentos também contam com refletores de LED, que acenderão quando o semáforo fechar para os veículos, para uma travessia mais segura aos pedestres.

Os pontos de fiscalização estão próximos a escolas e, no caso da Rua Guilherme Pinto, ao Instituto de Cegos de Pernambuco, onde há um fluxo alto de pedestres, crianças e deficientes visuais, mais vulneráveis a acidentes de trânsito.

CTTU licitou 206 equipamantos de fiscalização. Os corredores de Faixa Azul e BRT serão contemplados Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press
CTTU licitou 206 equipamantos de fiscalização. Os corredores de Faixa Azul e BRT serão contemplados Foto Guilherme Veríssimo DP/D.A.Press

A CTTU pretende implantar 50 quilômetros de Faixa Azul. Até agora estão em operação 22 km. “Nós vamos avançar na delimitação dos corredores exclusivos a medida que os novos radares forem disponibilizados”, ressaltou a presidente da CTTU, Taciana Ferreira. Os radares irão registrar infrações por excesso de velocidade, parada sobre a faixa de pedestre, avanço de semáforo e no caso dos corredores invasão do espaço destinado ao transporte público.

As infrações por excesso de velocidade variam de acordo com a velocidade que o condutor ultrapassar o equipamento de fiscalização (60 km/h e 40km/h). As multas vão de R$ 85,13 a R$ 574,62, além dos pontos registrados na Carteira de Habilitação.

Já os veículos flagrados avançando o semáforo ou parados sobre a faixa de pedestre, estarão sujeitos a multas de R$ 191,54 e 7 pontos na CNH e de R$ 85,13 e 4 pontos na CNH, respectivamente. “A tendência é de um número decrescente de multas. Com a fiscalização eletrônica os motoristas tendem a respeitar mais e com o tempo há uma redução nas infrações”, revelou Taciana Ferreira.

Saiba Mais

Sistema de identificação veicular  com leitura das placas
– Identifica veículos com restrição de circulação
– Permite estatística do tempo de percurso
– Identifica a velocidade média dos veículos
– Registra a placa dos veículos que avançarem o sinal vermelho
– Registra a placa dos veículos que estacionarem na faixa de pedestre

Ampliação dos equipamentos de fiscalização:
46 equipamentos existem atualmente
203 novos equipamentos serão instalados nos cruzamentos da cidade
72 câmeras auxiliam no monotiramento do tráfego em tempo real

Algumas das principais avenidas que reberão os equipamentos:
– Avenida Sul
– Avenida Domingos Ferriera
– Avenida Caxangá
– Avenida Mascarenhas de Moraes
– Avenida Beberibe
– Avenida Dois Rios
– Avenida Norte
– Avenida Agamenon Magalhães
– Avenida Conselheiro Rosa e Silva
– Avenida Herculano Bandeira
– Rua Cosme Damião
– Rua Cônego Barata
– Estrada dos Remédios
– Avenida Visconde de Albuquerque
– Estrada Velha de Água Fria

Fonte: CTTU

Mascarenhas de Morais vai receber faixa azul para o ônibus no Recife

 

Faixa azul para o ônibus no Recife - Foto - CTTU/Divulgação
Faixa azul para o ônibus no Recife – Foto – CTTU/Divulgação

A partir da próxima segunda-feira (13), a Avenida Mascarenhas de Morais ganhará um corredor exclusivo para transporte público. Com sete quilômetros de extensão, inicialmente a Faixa Azul, como foi batizada, será instalada apenas no sentido cidade/subúrbio. A segunda via exclusiva instalada na capital funcionará de segunda a sexta-feira, das 6h às 22h. A ação faz parte das estratégias de melhoria de tráfego da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) e da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU).

 A Faixa Azul vai da Rua Júlio Verne até a Rua Arthur Lopes. Diariamente, são transportadas cerca de 60 mil passageiros através das 11 linhas de ônibus que trafegam na via (no sentido da implantação). São 1.151 viagens de transporte coletivo por dia. Foram gastos cerca de R$ 160 mil com a sinalização horizontal e vertical nesse trecho. A expectativa é que, até o final deste mês, seja implantado também o trecho da Avenida Marechal Mascarenhas de Morais que fica no sentido subúrbio/cidade.
Projeto
Este é o segundo de seis corredores que receberão a iniciativa até junho de 2014. A primeira via a receber o projeto foi a Rua Cosme Viana, em Afogados, no dia 16 de dezembro. Ao final das implantações, serão cerca de 60 quilômetros de faixas exclusivas para o transporte público. Atualmente, existem 7,6 quilômetros de corredor exclusivo no Recife.
A princípio, a fiscalização será realizada pelos agentes de trânsito da CTTU. Posteriormente, serão instalados equipamentos de fiscalização eletrônica para coibir a invasão de automóveis no corredor. A licitação para a aquisição das 406 câmeras responsáveis por fiscalizar os 60 quilômetros de Faixa Azul será realizada em fevereiro.
Multa
O veículo flagrado trafegando pela faixa será autuado em R$ 53,20 (infração leve – 3 pontos na Carteira Nacional de Habilitação). Além dos ônibus, também vão ter acesso às Faixas Azuis os táxis que estiverem transportando passageiros durante o trajeto. Os demais veículos só poderão entrar no corredor quando precisarem realizar conversões e acessar os lotes à direita. A sinalização horizontal vai mostrar aos condutores, quando a linha for pontilhada, que é possível entrar na faixa.
Vias que ainda receberão a Faixa Azul:
– Avenida Recife
– Avenida Beberibe
– Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho
– Avenida Engenheiro Domingos Ferreira
– Avenida Herculano Bandeira
– Avenida Conselheiro Aguiar
– Avenida Antônio de Gois
– Rua Cônego Barata
– Estrada dos Remédios
– Avenida Visconde de Albuquerque
– Estrada Velha de Água Fria

O táxi deve ou não compartilhar a faixa do ônibus?

 

Táxi na Faixa Azul, no Recife - Foto - Blenda Souto Maior DP/D.A.Press
Táxi na Faixa Azul, no Recife – Foto – Blenda Souto Maior DP/D.A.Press

Face a discussão sobre a possibilidade de circulação de táxis com passageiros nas faixas exclusivas de ônibus, reproduzimos artigo do engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos publicado originalmente no boletim “Mobilidade e conjuntura”, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).No Recife, a Faixa Azul, via exclusiva do ônibus também permite a presença do táxi com passageiro. Para ler no original, acesse o link www.antp.org.br.

A recente discussão sobre a conveniência de continuar permitindo o uso dos corredores de ônibus pelos táxis em São Paulo levanta questões muito importantes a respeito de como o Estado trata as várias formas de transporte.

O táxi é um importante serviço em cidades médias e grandes, seja para moradores que precisam de uma forma mais cômoda de deslocamento, seja para visitantes que não podem ou não querem usar o transporte coletivo.

O sistema de táxi de São Paulo reconhecidamente presta serviços de boa qualidade. Os motoristas são educados e dirigem de forma prudente, respeitando as leis de trânsito. O custo cobrado é definido por taxímetros regulados, que sempre indicam o mesmo valor para percursos feitos em condições semelhantes. Os veículos são em maioria relativamente novos e se mostram sempre em boas condições, além de limpos.

O táxi é um serviço regulamentado pelo poder público, mas não é “coletivo”, pois é de uso exclusivo de quem o contrata, mostrando sua natureza de transporte individual.

As políticas de mobilidade relacionadas ao táxi precisam ser analisadas considerando estas particularidades. Há três pontos importantes a considerar a este respeito: o custo do uso do táxi em relação aos demais modos, sua utilização dos corredores de ônibus e seu suposto papel de um transporte que retira automóveis das ruas para o benefício geral.

Em relação ao custo, o táxi é, em sua natureza, um automóvel alugado temporariamente, com motorista. Por isto ele tem um custo elevado de uso: em 2012, a tarifa média de ônibus no Brasil era de R$ 2,5, ao passo que uma viagem média de táxi nas grandes cidades custava entre R$ 15 e R$ 20. Assim, na maioria dos casos ele é usado por pessoas de renda média ou alta.

A pesquisa origem-destino do metrô de 2007 mostrou que os usuários de táxi têm a renda mais alta entre os usuários de todos os modos motorizados: a renda familiar do usuário de táxi era 2,5 vezes superior à dos usuários de trem, o dobro da renda dos usuários de ônibus, 50% superior à renda dos usuários de metrô e 5% superior à dos usuários de automóvel.

Apesar desta característica de transporte especial para setores de renda média e alta, o táxi sempre obteve vários subsídios por parte das autoridades públicas. Em 1995 foi promulgada a lei federal 8989, que isentou de IPI a compra de táxis pelos profissionais habilitados. Na maioria dos estados do país, este tipo de veículo também goza de isenção de ICMS e de IPVA.

Uma das consequências destas isenções é que elas permitem a redução do custo para o usuário de táxi, favorecendo quem não necessita de favorecimento. Estudo realizado pelo Instituto Movimento para o caso de São Paulo mostrou que os descontos para aquisição de veículos novos – IPI do governo federal e ICMS do governo estadual – acrescentados à isenção do IPVA pelo governo estadual para todos os veículos representam cerca de R$ 134 milhões por ano.

Isto representa um subsídio médio anual de R$ 4.771 para cada táxi que tem direito aos descontos (cujo proprietário é uma pessoa física) e a um subsídio de 20% de cada tarifa paga pelo usuário do táxi em São Paulo, que é a pessoa com renda mais alta na cidade. Adicionalmente, o subsídio representado pelo estacionamento grátis permanente nas vias públicas (em pontos localizados) pode ser estimado em R$ 86 milhões, o que eleva o subsídio anual a R$ 220 milhões.

Em 2010 o subsídio “operacional” (impostos) servia a 180 mil passageiros por dia (R$ 2,4 por usuário) ao passo que o subsídio para os ônibus da cidade (R$ 800 milhões) servia a 6,2 milhões de passageiros (R$ 0,41 por usuário) ou seja, o subsídio ao passageiro do táxi era seis vezes superior ao subsídio para o passageiro do ônibus.

Caso seja considerado também o subsídio para o estacionamento dos táxis, o fator se torna dez vezes superior. Adicionalmente, se considerarmos que a renda média dos usuários de táxi é o dobro da renda dos usuários de ônibus, a relação “subsídio por reais de renda” chegará a vinte, mostrando a enorme iniquidade desta política pública.

Em relação ao uso dos corredores pelos táxis a discussão começou em 2005 quando a decisão foi legalizada, mas não havia gerado nenhum estudo específico. Houve apenas uma declaração genérica na época da sua aprovação, por parte de um grupo de estudos da SMT, de que os táxis não causariam problemas para os ônibus.

O novo estudo confirma o esperado: os táxis prejudicam os ônibus porque mais veículos no mesmo fluxo reduzem a velocidade de todos que nele estão.

Assumindo ainda o comportamento de “entre e sai” dos táxis nos corredores (para otimizar seu tempo de percurso), o movimento acaba prejudicando os fluxos das demais faixas, cujos veículos precisam reduzir sua velocidade para que o táxi entre (ou saia).

É claro que a presença dos táxis não é o único fator da lentidão dos ônibus, que está ligada também à quantidade de semáforos e ao excesso de linhas e de ônibus sem condições de ultrapassagem entre si, mas seria preciso reinventar a física para demonstrar que táxis não atrapalham os ônibus nos corredores.

Finalmente, seu suposto papel de “retirada” de automóveis das ruas não se sustenta, pois o táxi é apenas um “automóvel alugado com motorista”, que substituirá o automóvel que o passageiro iria usar. O táxi percorrerá a mesma distância, ocupará o mesmo espaço viário, gastará quantidade semelhante de energia, emitirá quantidade semelhante de poluentes e estará sujeito ao mesmo tipo de acidente de trânsito.

O consumo e a emissão nos corredores pode ser menor devido ao tráfego mais fluido, mas a maioria das viagens de táxi não usa corredores e enfrenta o mesmo trânsito que seria enfrentado por seu usuário que fosse com seu carro particular.

Assim, o uso do táxi em São Paulo (e no Brasil) recebe uma série de subsídios que não fazem sentido do ponto de vista técnico, ambiental ou social. Ao final, ele representa uma ajuda para as pessoas de renda mais alta da sociedade e prejudica quem utiliza o ônibus nos corredores.

Os motivos para tantos subsídios têm razões exclusivamente políticas, de distribuição de benesses a grupos sociais que têm muita influência real – a classe média – ou potencial – os taxistas, por sua rede de relacionamentos e por seu contato direto e diário com a parte mais rica da sociedade, seja de moradores, seja de visitantes.

Embora no caso de São Paulo o serviço de táxi seja reconhecidamente de boa qualidade e mereça o respeito de todos, é preciso rever as políticas de incentivo à sua operação, dentro de uma revisão geral de financiamento da mobilidade.

Primeiro dia da Faixa Azul com carroças e carro estacionado na via

Carro estacionado na Faixa Azul da Rua Cosme Viana - Recife FOto - DP/D.A.Press
Carro estacionado na Faixa Azul da Rua Cosme Viana – Recife Foto -Blenda Souto Maior  DP/D.A.Press

O primeiro dia útil de funcionamento da Faixa Azul no Recife foi um misto de alívio temporário para mergulhar novamente no caos. O trecho da faixa exclusiva do ônibus de 1,6 km na Rua Cosme Viana, no bairro de Afogados, corresponde apenas a uma parte do sistema de 12 faixas a ser implantado pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) até 2014.

Na Cosme Viana, inaugurada como modelo, houve invasão do trecho por carroças, carro estacionado, além de bicicletas na contramão. Pela sinalização da CTTU, as bicicletas poderão usar a faixa do ônibus nos finais de semana. O motorista Cristiano Vicente, da linha PE-15/Afogados, elogiou a faixa. “Acho que ganhei uns 15 a 20 minutos, mas depois a gente entra no engarrafamento”, contou.

Desde 2008, não eram implantados novas faixas. Além dos ônibus, também vão ter acesso às Faixas Azuis os táxis que estiverem transportando passageiros durante o trajeto. Os demais veículos só poderão entrar no corredor quando precisarem realizar conversões e acessar os lotes à direita.
Vias que receberão os corredores, além da rua Cosme Viana:

· Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes
· Avenida Recife
· Avenida Beberibe
· Avenida Engenheiro Abdias de Carvalho
· Avenida Engenheiro Domingos Ferreira
· Avenida Herculano Bandeira
· Avenida Conselheiro Aguiar
· Avenida Antônio de Gois
· Rua Cônego Barata
· Estrada dos Remédios
· Avenida Visconde de Albuquerque
· Estrada Velha de Água Fria.

A primeira faixa azul para ônibus no Recife resgata uma ideia de 40 anos

 

Rio de Janeiro implantou faixa exclusiva no lado direito da via. Mesmo modelo que o Recife adotará. Foto - Fábio Costa DP.D.A.Press
Rio de Janeiro implantou faixa exclusiva no lado direito da via. Mesmo modelo que o Recife adotará. Foto – Fábio Costa DP.D.A.Press

A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) e a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) anunciam nesta quinta-feira a primeira Faixa Azul (corredor exclusivo para ônibus) da cidade. A entrevista coletiva será concedida pelo secretário João Braga e a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.

O encontro acontece esta tarde, na sala de reunião da Semoc, no 12º andar do edifício-sede da Prefeitura do Recife. O modelo segue os exemplos que vêm dando bons resultados em São Paulo e no Rio de Janeiro e funciona nos moldes do BRS (Bus Rapid Service).

No Rio, segundo a Secretaria Municipal de Transportes, houve redução de cerca de 20% no tempo de viagem dos ônibus nos sete corredores implantados. No Recife, a expectativa é de aumentar a velocidade do transporte público em 30% a 35% na primeira Faixa Azul, a da Avenida Mascarenhas de Morais. No total, serão seis corredores exclusivos.

Para ser implantado, o modelo do BRS demanda, basicamente, a pintura da via – delimitando o espaço do ônibus e tirando o transporte público da disputa com os outros veículos no trânsito -, além de fiscalização humana e eletrônica. O sistema permite que os automóveis entrem na faixa dos ônibus apenas para acessar vias locais ou estabelecimentos. Se circular pelo corredor, o carro será multado.

As avenidas Abdias de Carvalho, Recife, Beberibe, Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar, além da Antônio de Góes e da Herculano Bandeira, também serão contempladas. Essa última teve uma faixa exclusiva de ônibus desativada em 2002.

Segundo a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira, a licitação dos equipamentos de fiscalização eletrônica que serão usados no monitoramento das vias será feito paralelamente ao trabalho de pintura das faixas.

“O automóvel que for flagrado em dois pontos de monitoramento eletrônico será multado. Se ele passar por dois pontos, será verificado que houve invasão da faixa”, afirmou. A infração, prevista no Código de Trânsito Brasileiro, é considerada leve. A multa é de R$ 53,20 e o condutor recebe três pontos na carteira.

O carro só poderá acessar o corredor dos ônibus quando a faixa for tracejada. Quando for contínua, não será permitido. O BRS é um modo de transporte que dá prioridade ao transporte público sobre a via”, disse, apontando como principais benefícios do sistema a regularidade, o aumento da velocidade e, consequentemente, a redução do tempo de viagem.Na Mascarenhas de Morais circulam 51 linhas de ônibus e 170 mil passageiros do transporte público por dia.

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Caminho azul para o ônibus

 

Rio de Janeiro implantou faixa exclusiva no lado direito da via. Mesmo modelo que o Recife adotará. Foto - Fábio Costa DP.D.A.Press
Rio de Janeiro implantou faixa exclusiva no lado direito da via. Mesmo modelo que o Recife adotará. Foto – Fábio Costa DP.D.A.Press

Quando a cidade que tem a maior frota de veículos do país (7,5 milhões) decidiu que estava na hora de destinar pelo menos uma faixa para o ônibus, a ideia, embora estivesse longe de ser absurda, suscitou dúvidas quanto à eficácia e questionamentos de quem parecia ter “perdido” um pedaço que sempre foi seu.

Com 225 km de faixas exclusivas para o ônibus e sem muitos alardes e investimentos, a capital paulista deu um passo importante para o resgate da cidadania do transporte coletivo, que havia sido esquecida. Não só a iniciativa deu certo, como a proposta começa a ganhar corpo em outras cidades.

A capital pernambucana vai inaugurar sua primeira faixa exclusiva nos moldes do BRS, até o fim do ano. No Recife, o modelo ganhou o nome de Faixa Azul. “A nossa expectativa é que até março de 2014, a gente consiga implantar a faixa do ônibus em seis corredores na cidade”, afirmou o secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, João Braga.

A primeira experiência na cidade é a da Avenida Mascarenhas de Morais, Zona Sul da cidade, onde há expectativa de aumento de até 35% na velocidade dos ônibus. Também estão previstas faixas nos corredores da Avenida Domingos Ferreira e Conselheiro Aguiar. “Nestes dois corredores, nós estamos incluindo também as avenidas Herculano Bandeira e Antônio de Góes, que fazem a interligação natural”, explicou a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Taciana Ferreira.

Também estão previstas faixas exclusivas nas avenidas Abdias de Carvalho, Recife e Beberibe. Elas serão implantadas em 56 km de vias. Em 2014, a capital pernambucana também vai contar com 33 km do corredor Norte/Sul e 12 km do Leste/Oeste, ambos do sistema BRT. Hoje, a cidade tem 39,5 km de faixas segregadas, incluindo trechos que estão sendo incorporados aos corredores do BRT.

A faixa da direita, permite que o carro entre no corredor do ônibus apenas para acessar vias locais ou lojas. Automóveis não podem circular na faixa. De acordo com o gerente de operações de tráfego da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), Tadeu Leite Duarte, técnicos de Curitiba foram conhecer o modelo da faixa exclusiva no lado direito da via. “Eles vieram estudar a possibilidade de implantar uma faixa à direita nos corredores onde já circula o BRT”, revelou.

Não é só Curitiba que quer pegar carona, o Rio de Janeiro também está apostando na mesma proposta de uma faixa para o ônibus no lado direito, que lá é chamada de Bus Rapid Service (BRS) — Serviço Rápido por Ônibus, em tradução livre. “Está fazendo muito sucesso aqui. Nós estamos tendo um aumento de 20% na velocidade operacional dos ônibus, apenas por priorizá-lo na faixa. Não é nem uma via segregada”, explicou Alexandre Sansão, subsecretário de Transportes.

Acompanhe aqui o 3º vídeo da série Livre Acesso