Morre mais pedestre em Pernambuco do que vítimas em acidente de carro

Em 2013 1,2 mil pessoas morreram atropeladas em Pernambuco. No mesmo período 1.008 pessoas perderam a vida em acidente de carro - Foto - Ricardo Fernandes DP/D.A.Press
Em 2013, cerca de 1,2 mil pessoas morreram atropeladas em Pernambuco. No mesmo período, 1.008 pessoas perderam a vida em acidente de carro – Foto – Ricardo Fernandes DP/D.A.Press

O pedestre ainda é um alvo fácil e frágil no trânsito, e muitas vezes se coloca em situação de risco. Em Pernambuco, entre 2011 e 2013, foram registrados 9,6 mil acidentes – evitáveis – com pessoas que se deslocam a pé, a maioria provocada por descuido ou imprudência do próprio pedestre ou do motorista. Ao todo 1,2 mil morreram nesse período. Morrem mais pedestres do que acidentados de carro. No mesmo período, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, perderam a vida em acidentes de carro 1.008 pessoas.

No dia (18) do lançamento da campanha da Semana do Trânsito, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que traz como tema a segurança do pedestre, duas mulheres entraram nas estatísticas.

Uma das vítimas foi atropelada por um ônibus no cruzamento da Avenida Cruz Cabugá com a Avenida Norte. Severina Bezerra de Menezes, 43 anos, foi atingida quando fazia a travessia pela faixa de pedestre e morreu na hora.

O motorista da empresa Cidade Alta, que teve o nome preservado, vai responder por homicídio culposo, sem intenção de matar. Em nota, a empresa informou que o sinal estava verde para o motorista. O delegado de plantão da Polícia Civil Paulo Medeiros contou que alguns passageiros do ônibus confirmaram essa versão.

Mas a falta de atenção do pedestre não tira, segundo o chefe do departamento de educação de trânsito da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Francisco Irineu, a responsabilidade do condutor.

“O Código de Trânsito é claro: a responsabilidade é do maior para o menor. O pedestre é a parte mais frágil, e não importa se o sinal está aberto. O condutor tem que ficar atento aos pontos de travessia.”

Já o consultor em trânsito Eduardo Biavati alerta para a velocidade. “Quando o condutor está em baixa velocidade e atento, ele consegue evitar o atropelamento”, afirmou.

Por falta de atenção, uma motorista perdeu ontem o controle do carro e invadiu a faixa contrária na Avenida Norte, por cima do gelo baiano e acabou atingindo uma mulher que estava fazendo panfletagem na via. A CTTU não caracterizou esse acidente oficialmente como atropelamento porque a mulher foi atingida pelo carro após a batida. A vítima não corre risco de morte.

No Recife, a média mensal de atropelamentos no ano passado foi de 33,1, o que dá pelo menos um atropelamento por dia. Nos seis primeiros meses de 2014 foram registrados 176 acidentes envolvendo pedestres.

Calçada some na Rua João Lyra esquina com a Aurora no Centro do Recife Foto - Gulherme Veríssimo DP/D.A.Press
Calçada some na Rua João Lyra esquina com a Aurora no Centro do Recife Foto – Gulherme Veríssimo DP/D.A.Press

Sem segurança nem conforto

Ser pedestre não é fácil e quando o sistema viário não ajuda é mais difícil ainda. Na RMR, um terço da população se desloca a pé, na maioria das vezes sem condições de acessibilidade. Além de buracos e obstáculos, enfrentam invasão do passeio e acabam migrando para a faixa de rolamento, o que aumenta os riscos de atropelamento.

O auxiliar de serviços gerais Wanderson Rodrigues caminha ao trabalho todo dia e enfrenta trechos sem calçada, como na Rua João Lyra. “A calçada acaba numa esquina onde os ônibus fazem uma curva acentuada e a gente fica sem espaço”, afirmou.

Para o arquiteto e urbanista Francisco Cunha, autor do livro Calçadas: o primeiro degrau da cidadania urbana, a invisibilidade do pedestre é resultado de uma cultura de ignorância. “O pedestre nunca é visto como prioridade. Quando um motorista sai da garagem, passa pela calçada sem preocupação se há alguém fazendo a travessia.”

Há um ano, ele iniciou uma campanha para “multar” carros estacionados nas calçadas. “Foram confeccionados dois mil blocos de multas educativas e serão feitos mais 10 mil”, diz o arquiteto.

Melhorar as calçadas e travessias do Recife é um dos desafios da Secretaria de Mobilidade. Entre as ações estão a redução da velocidade no Bairro do Recife, com a Zona 30, e a melhoria dos passeios. “Agimos para deixar as calçadas mais livres”, afirmou o secretário João Brag

Previdência ameaçada no futuro com mortes de jovens no trânsito

 

Eduardo Biavati - Foto - Bernardo Dantas DP/D.A.PressFoi no início da década de 1990 que o sociólogo Eduardo Biavati foi chamado para fazer parte de uma pesquisa na rede hospitalar Sarah Kubitschek, em Brasília. A missão era identificar as causas dos atendimentos de pacientes vítimas de lesão medular e cerebral.

Identificar e desenvolver ações de prevenção. O trânsito era o vilão da maior parte dos atendimentos. Desde então, o sociólogo tem atuado na área de educação do trânsito e hoje é um dos mais requisitados profissionais do país na defesa do tema. Atualmente, é consultor de trânsito do Detran no Rio Grande dos Sul.

Recentemente, esteve no Recife para participar da 1ª Conferência Interdisciplinar Universitária de Trânsito, promovida pela UPE/FCAP. Uma de suas preocupações é a educação do adolescente, futuro motorista, mais facilmente influenciado pelo grupo.

Para ele, não bastam as ações voltadas para as crianças. A lacuna educacional está justamente no jovem, as maiores vítimas do trânsito. As mortes prematuras trazem um impacto direto nas contas da previdência. Na entrevista, ele alerta que os idosos de amanhã podem ficar sem a renda da aposentadoria, caso a futura mão de obra continue a morrer no trânsito. Acompanhe a entrevista.

Como o senhor decidiu pela área da educação de trânsito?
Uma das principais patologias atendidas na rede Sarah Kubitschek, onde fui chamado para integrar uma equipe de pesquisa em 1992, era de pacientes jovens com lesões graves e o trânsito estava por trás. As conexões dessa violência no trânsito resultam na ponta do iceberg de uma problemática, onde a raiz da violência no trânsito está diretamente ligada ao comportamento das pessoas.

E qual seria a razão de tantas pessoas morrerem no trânsito?
A sociedade moderna se organizou para dar primazia ao veículo. As pessoas não morrem por azar. Não é uma questão individual, ela é sistemática. As pessoas estão sendo expulsas das cidades. Uma reprodução da forma de ocupar os espaços. O trânsito mata pessoas porque o espaço que vai para o carro sai de algum lugar.

É o canteiro central que tinha árvore, é a calçada que diminui de tamanho ou o pedestre que anda no canto do muro, quando existe calçada. Alguém pode dizer, mas o carro tem que ter o espaço dele. E o pedestre também. O povo brasileiro anda muito a pé. Pelo menos 30% da população das cidades brasileiras se deslocam a pé. Não é um dado para ser ignorado.

O senhor também defende o controle da velocidade para reduzir as mortes?
As pessoas se machucam em função direta da velocidade. Quanto mais alta a velocidade média, mais energia cinética circulando. Nós temos um limite para suportar essa energia. Às vezes o impacto é tão violento que o sapato fica e a pessoa voa. E como a gente baixa a energia cinética? Reduzindo a velocidade. Então, a melhor maneira de compartilhar o espaço na via é reduzindo a velocidade de maneira justa para chegarmos a um ponto de equilíbrio. A verdade é que, no Brasil, a velocidade nas vias urbanas é ainda muito alta.

Garantir o aumento da velocidade nas vias é uma das ferramentas dos órgãos de trânsito para reduzir os engarrafamentos e permitir mais fluidez ao tráfego. É uma lógica inversa?
Sim. A lógica é inversa porque o poder público está atendendo à demanda de uma parcela da população. Isso deveria ser feito exclusivamente para dar prioridade ao transporte público. Os corredores de ônibus do sistema BRT precisam de fluidez. Mas o olhar dos engenheiros, em geral, e dos gestores de trânsito é resolver o congestionamento do veículo particular.

Porque ele é o eleitor que mais reclama, que tem mais informações, que aparece na imprensa…Essa classe média, que hoje é enorme no Brasil, demanda vias para sua circulação. Mas o gestor público deveria pensar o seguinte: os maiores deslocamentos são feitos a pé, então a prioridade deve ser as calçadas e não os viadutos.

Foto - Késia Souza DP/D.A.Press

Como o senhor percebe a transição da bicicleta para as motos?
É preocupante. No interior muita gente se desloca de bicicleta. A gente esquece que o veículo mais popular no Brasl, tirando as pernas, são as bicicletas. Só que essa cultura da bicicleta, vem morrendo há décadas. As pessoas nas cidades do interior, na primeira oportunidade, abandonam a bicicleta ou jegue pela moto. A tendência é de uma total motorização no interior. E nas cidades maiores, as bicicletas estão completamente sem espaço. Se andar a pé já é difícil, de bicicleta beira o impossível. A não ser que você corra riscos. E novamente porque a velocidade é alta.

Então, não é possível compartilhar a mesma via com veículos tão grandes e rápidos. Eu sou ciclista e pedalo desde criança, mas não sou louco de andar ao lado de um ônibus ou caminhão a 40km/h ou 60 km/h. Então, essa batalha que a gente vem tendo de incentivar e resgatar a bicicleta, vai desembocar numa outra batalha. Nós temos que baixar a velocidade e criar ciclovias ou ciclofaixas. Não que seja necessário separar a cidade do resto, mas é um processo de transição para resguardar a segurança do ciclista.

Aqui no Recife, o órgão de trânsito baixou a velocidade nas vias, onde há ciclofaixas aos domingos para 40km/h. Já é um caminho?
É um caminho, mas 40km/h é uma velocidade que mata pessoas. Para se ter uma ideia, a cada 10 pedestres atropelados em um veículo a 40km/h, quase metade morre. Com 30km/h, a cada 10 atropelados, três morrem. É uma diferença muito grande. De 30 para 40km/h quase dobra o número de mortes, no caso de adultos. Porque se forem crianças, ai mata mesmo. É uma forma talvez, muito simbolicamente, de conscientizar os motoristas. Olha, ao lado de uma bicicleta, a velocidade tem que ser baixa. O problema que eu vejo é que as ciclofaixas cumprem esse papel de educação simbólica. De mostrar que nós podemos conviver. Isso é um aprendizado útil. Por outro lado, gera um questionamento: e se a gente pudesse ter ciclofaixa todos os dias?

Os acidentes com moto sáo considerados uma verdadeira epidemia em todo o país. Como o senhor enxerga esse fenômeno?
Eu diria que não se pode atribuir a uma questão meramente comportamental. Em São Paulo, grande parte dos acidentes de moto acontece na madrugada. E não são de pessoas que estavam em festas. O perfil é de trabalhadores. O que está por trás dessas mortes é o cansaço. Na verdade, a moto é mais do que um meio de locomoção, ela é principalmente uma ferramenta de trabalho para muitos profissionais autônomos.

Mas as nossas estatísticas não mostram isso. Os europeus investiram 15 milhões de euros em uma pesquisa denominada MAIDS, para identificar como acontecem os acidentes com moto. São informações importantes para serem aplicadas nas políticas públicas.

Uma questão que o senhor levantou foi da relação dos acidentes de trânsito com a previdência. Como isso acontece?
A pergunta é: o que cada um de nós tem a ver com o fulaninho que tomba no trânsito? E eu digo: Tudo. Porque a tragédia do trânsito tem uma idade para acontecer e ela acontece justo na entrada da adolescência e início da vida adulta. Só que esse adulto jovem vai fazer falta lá na frente. Porque nascem cada vez menos crianças.

Então, todos nós, hoje, adultos, quando chegarmos aos 85 anos, quem estará atrás de nós trabalhando para sustentar a previdência? A previdência social no Brasil caminha para uma falência a longo prazo e a gente vai estar vivo para ver. Então, o que cada um vai fazer chegando aos 85 anos com uma bengala na mão e descobrindo que não tem mais aposentadoria? De modo que a cada vítima que se fere no trânsito, todos nós nos machucamos.

Mensagem de celular supera álcool em mortes no trânsito

 

Reprodução/Internet

Dirigir alcoolizado foi substituído. Agora, mandar mensagens de texto enquanto dirige é a principal causa de morte adolescente em os EUA. Um estudo realizado pelo Centro Médico da Cohen Crianças de Nova York mostra que mais de 3.000 adolescentes morrem a cada ano como resultado de envio de mensagens SMS durante a condução um veículo. Isso se compara com os números 2.700 adolescentes que são mortos a cada ano como resultado de dirigir alcoolizado, uma figura na quinta-feira pela CBS News.

O autor do estudo, Dr. Andrew Adesman, chefe de desenvolvimento e comportamentais Pediatria do Centro Médico Infantil de Cohen, disse à rede de transmissão em que as leis que proíbem mensagens de texto e dirigir não estão provando ser eficaz. 57% de todos os meninos entrevistados disseram que eles texto enquanto dirige, mesmo em estados onde é contra a lei. 59% disseram que enviou uma mensagem de SMS durante a condução em estados sem tais leis. CBS News repórter Carolyn Gusoff disse que metade de todos os estudantes do ensino médio entrevistados disseram que eles mandou uma mensagem ao operar seu veículo a motor.

A fim de tornar totalmente adolescentes conscientes dos perigos de mensagens de texto e dirigir, algumas escolas estão oferecendo aulas que abordam os perigos do envio e recebimento de mensagens SMS enquanto ao volante, enquanto outros tiveram simuladores construídos de modo a que os adolescentes podem experimentar em primeira mão o quão perigoso isso realmente é. Legisladores estão tentando levantar as multas associadas a esta ação, enquanto no Reino Unido, as mensagens de texto capturado durante a condução irá enfrentar uma multa £ 90 ($ 138 USD), o que representa um aumento de 50%.

“A realidade é que as crianças não estão bebendo sete dias por semana – eles estão levando seus celulares e mensagens de texto sete dias por semana, assim você sabe intuitivamente esta uma ocorrência mais comum”-Dr Andrew Adesman, chefe de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, Cohen Crianças. Centro Médico

“Com o tanto de mensagens de texto e de mão uso de telefones celulares ao volante, causando mais prejuízo do que estar no limite de álcool no sangue ou sob a influência de maconha, a polícia precisa para atingir o grande número de motoristas que continuam a desrespeitar a lei.” -Professor Stephen Glaister, diretor da Fundação RAC.

Estudos mostram que uma pessoa que está dirigindo enquanto mensagens de texto é 23 vezes mais probabilidade de acabar em um acidente do que um motorista que se abstém de tal ação. Texting faz com que um motorista a perder 79% de seu foco. E pelo jeito, a imagem que usei como a imagem em miniatura para esta história é o último texto real de 22 anos de idade Alexander Heit, que foi morto em um acidente, assim como ele estava escrevendo esta mensagem de texto. Você deve obter os arrepios de ouvir isso.

Fonte: Phone Arena (Via Portal do Trânsito)

Pedestres lideram ranking de mortes em acidentes de trânsito em SP

 

Foto - Alcione Ferreira DP/D.A.Press

Levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que 39% das mortes no trânsito notificadas no Estado foram de pedestres. Em comparação com o número de vítimas fatais de acidentes envolvendo veículos automobilísticos, motos e bicicletas, as vítimas de atropelamentos lideram o ranking de óbitos.

Do total de 5.394 mortes por acidentes de trânsito notificadas no Estado em 2011, 2.114 foram de pedestres, 1.721 de motociclistas, 1.273 de passageiros de veículos automobilísticos e 286 de ciclistas. Entre os tipos de colisões mais fatais estão, respectivamente, a de pedestres com automóveis, ônibus e veículos motorizados de duas ou três rodas.

Em relação a 2010, quando foram notificados 1.968 óbitos por atropelamentos no Estado, o número de mortes registrados no Estado foi 9% maior em 2011. O número de internações de pedestres também apresentou aumento, passando de 10.155 em 2010 para 10.548 em 2011. Em relação às internações, o número de vítimas de atropelamentos é menor somente ao de motociclistas.

“Quando o pedestre é atingido por um veículo, toda a energia do impacto é transferida para a vítima, que não possui dispositivos de segurança, como cinto de segurança, estofados, air bags, barras de proteção, entre outros, para minimizar a energia liberada após a batida. Mesmo motocicletas ou bicicletas são capazes de causar mortes por conta desta transferência de energia. Além disso, por ser muito frágil quando exposto aos acidentes com outros veículos, o corpo humano fica vulnerável a traumas graves que podem comprometer funções vitais”, diz Gustavo Feriani, supervisor médico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgência (Grau) da Secretaria.

Dez dicas para evitar os acidentes com pedestres

A Secretaria de Saúde sugere algumas dicas para evitar atropelamentos. O Mobilize comenta algumas dessas sugestões.

1. Atravesse a rua sempre na faixa de pedestre
A sugestão é óbvia, mas nem sempre cumprida. O problema é que nem sempre a faixa existe, ou às vezes está mal conservada ou não é dotada de rampas de acessibilidade. E faltam semáforos de pedestres. No entanto, mesmo com semáforo e faixa, não dê mole para o azar: alguns motoristas ainda não respeitam seres caminhantes.

2. Use viadutos, pontes ou passarelas para atravessar grandes avenidas e estradas
Passarelas deveriam ser melhor cuidadas pelas autoridades para estimular a travessia. Algumas se transformam em “banheiros públicos” ou depósitos de lixo. Quanto aos viadutos, alguns deles, como o Pacaembu, em S. Paulo, não têm calçadas. Daí fica muito difícil e perigoso caminhar nesses locais.

3. Não deixe as crianças sozinhas na hora de atravessar
No Brasil, crianças não podem ir à escola sozinhas? Atenção motoristas: as crianças tem prioridade. Os carros devem parar e esperar que elas passem.

4. Tenha cuidado com as crianças que brincam em áreas de circulação de veículos
Vale o conselho anterior: crianças têm prioridade. Carros, motos e bicicletas devem parar e esperar que elas passem. Em ruas residenciais, se a velocidade permitida não ultrapassasse nunca os 20 ou 30 km/h, as crianças teriam mais segurança para brincar.

5. Respeite os limites de velocidade
Se possível, reduza a velocidade a 40 km quando estiver dentro de uma cidade. E, em alguns trechos residenciais e proximidades de escola, tire o pé e circule a 20 km ou 30 km por hora. Fica mais fácil parar e evitar acidentes.

6. Respeite as faixas de pedestres e os sinais de trânsito
Parece óbvio, mas não é. E algumas faixas de pedestres não são visíveis para os motoristas. Atenção autoridades: é preciso sinalizar – à distância – a aproximação de uma faixa de pedestres: placas, sinalização de piso e luminosos são indicados para os pontos mais perigosos.

7. Sempre olhe para os dois sentidos antes de iniciar a travessia
Atenção pedestre: olhe mesmo porque há motoristas, motociclistas e ciclistas que insistem em circular na contramão.

8. Não dirija alcoolizado
Óbvio, mas o conselho vale também para motociclistas e ciclistas.

9. Não ande na via destinada para o trânsito de veículos
Atenção autoridades: em alguns locais é impossível andar na calçada, isso quando existe calçada.

10. Mesmo quando o trânsito estiver parado, tenha cuidado com as motos que trafegam pelos corredores
Comentário: pelo Código Brasileiro de Trânsito, as motos não poderiam andar pelos corredores entre os carros. Por que as autoridades não impedem essa prática?

11. Um ponto adicional, agora para as autoridades
Semáforos para pedestres devem ser programados para pessoas comuns, não para atletas velocistas. Nem todo mundo pode atravessar as ruas correndo, como coelhos acuados, como diz o arquiteto e professor Alexandre Delijaicov. Idosos, por exemplo. E o Brasil está se tornando um pais de velhinhos. Os carros podem esperar.

Fonte: Secretaria de Saúde de SP (Via Portal Mobilize)

Máquinas de triturar braços e vidas

Acidente - Foto - Hélder Tavares DP/D.A.Press

Por

Luiz Flávio Gomes

Quase oitenta milhões de carros e motocicletas disputam os espaços públicos entre eles assim como entre eles e os pedestres e ciclistas. Quando mostramos para os estrangeiros o número de pessoas mortas no trânsito brasileiro – mais de um milhão de 1980 a 2013, 127 por dia, um óbito a cada 12 minutos – eles perguntam: faltam leis? Respondemos que não. Leis nós temos, razoavelmente boas tanto quanto as da Suíça.

O problema é que aqui não temos os suíços para cumprirem tais normas de trânsito. Transformamos os veículos em máquinas de triturar braços (como no caso de David Santos Souza, cujo membro foi decepado por um motorista na Avenida Paulista, em São Paulo) e vidas. Continuamos engrossando nossas pilhas imensas de cadáveres antecipados. Por que tantos massacres?

Boa parte deles faz parte da nossa guerra civil étnica e social, fundada na profunda ruptura social entre o Estado e os segmentos favelizados, ocupados por gente segregada, apartada (os inimigos).

Aqui falamos da violência pública, violência levada a cabo pela maquinaria de guerra do Estado, formada pelo sistema policial-jurídico. Outra parte é fruto da guerra civil no trânsito: o carro foi transformado em arma de guerra (tão potente quanto uma arma de fogo) e o outro (as outras pessoas) em inimigo. Na guerra, o objetivo é sempre destruir (triturar) o inimigo (ou pedaços do seu corpo). É isso que estamos fazendo, com razoável eficiência: 127 pessoas mortas diariamente no trânsito e cerca de 140 intencionalmente. Nossas máquinas de triturar vidas contam com uma produção tanatológica diária de uns 270 óbitos.

O Estado Democrático de Direito (anunciado pela Constituição), a moral humanitária e o progresso coletivo (sobretudo o econômico) não passam de indicadores civilizatórios totalmente inócuos e artificiais em sociedades como a brasileira, marcada (em grande parte) pela brutalidade selvagem assim como pela absoluta ausência de formação ética (entendida como a arte de viver bem humanamente – como diz Savater). O desprezo pela vida humana (muitas vezes a própria e, com frequência, a dos outros) só encontra paralelo no descuido com a coisa pública.

Nossas políticas públicas, em geral (de saúde, de educação, de segurança viária etc.), não passam de necro-políticas, fundadas nas racionalidades aberrantes da tanatologia. A sociedade brasileira e o funcionamento da nossa egoísta convivência (ressalvadas as exceções) não retratam uma nação integrada, caracterizada pela ética e pelo respeito ao outro. Aqui atropelamos as pessoas e jogamos seus braços nos córregos como dejetos repugnantes. Ausência absoluta não só de respeito às regras jurídicas, senão, sobretudo, de ética. A selvageria chega ao ponto de se ignorar que um braço pode ser reimplantado.

O nível de ensino (e dos exemplos públicos) que damos para a grande maioria da população é deplorável. Nosso ensino público é uma falsidade incontestável. O Estado não é instrumento da aplicação igualitária da lei, muito menos o bem-feitor social que privilegia todos os segmentos. Vivemos de mentiras, assentadas sobre uma única verdade: a dos milhões de cadáveres antecipados, porque desde o início da nossa colonização não aprendemos a respeitar a vida humana (ao contrário, somos máquinas treinadas para triturá-las, intencional ou acidentalmente, nas ruas, nas casas, nas boates etc.).

Fonte: Portal do Trânsito

Mortes no trânsito: Europa diminui 5% ao ano, Brasil cresce 4%

 

A taxa brasileira de mortes por 100 mil veículos é 4,9 vezes maior que a europeia! E o trânsito brasileiro mata 24% mais pessoas em número absoluto que a União Europeia, mesmo possuindo uma frota 4 vezes menor.
E enquanto a mortandade no trânsito no Brasil só cresce, atingindo uma taxa média anual de crescimento no número de mortes de 4,06% ao ano na última década (2001/2010), na União Europeia ela só diminui, chegando a uma taxa média de diminuição de 5% entre 2000 e 2009.
Há duas décadas a União Europeia estabeleceu uma Política Púbica voltada exclusivamente para a Segurança Viária, com o intuito de reduzir drasticamente seu número de mortes da década de 90 (75.400) em 50% e conseguiu! (em 2009 o número de mortes de toda a União Europeia chegou a 32.787) Veja:
Se o ritmo de crescimento de mortes no trânsito brasileiro se mantiver estável nos próximos 50 anos (ou seja, continuar crescendo 4,06% ao ano), podemos projetar que o total de vítimas fatais saltará para 313.708 no ano de 2060, totalizando um aumento de 982% em relação ao ano 2000.
Já se o ritmo de redução de mortes no trânsito europeu se mantiver estável nos próximos 50 anos (ou seja, continuar caindo 5% ao ano), podemos projetar que o total de vítimas fatais cairá para aproximadamente 2.500 por ano em 2060, totalizando uma redução de 95% em relação a 2000.
Tanta discrepância serve para demonstrar como políticas de prevenção, maiores investimentos em segurança e educação no trânsito bem como em campanhas de conscientização trouxeram resultados fantásticos na União Europeia (todo um continente), enquanto nossa velha e arcaica maneira de lidar com esse grave problema (novas leis e mais sanções penais e administrativas) só tem contribuído para piorar o cenário de morticínio no trânsito brasileiro.
É chegada a hora, portanto, de deixarmos para trás velhas práticas e passarmos a investir com seriedade na fórmula EEFPP (educação, engenharia, fiscalização, prevenção e punição adequada).
*Colaborou: Mariana Cury Bunduky – Advogada, pós graduanda em Direito Penal e Processual Penal e Pesquisadora do Instituto Avante Brasil.

Fonte: Portal do Trânsito

 

 

Planejamento urbano para reduzir mortalidade no trânsito

O tratamento dado à mortalidade no trânsito brasileiro confirma-se pouco exitoso em anos sucessivos de insistência. Não pelas boas intenções promovidas nessa direção, mas por representar um modelo desarticulado que reduz a questão à modesta plataforma educação-fiscalização-engenharia. O Código de Trânsito Brasileiro/CTB enumera significativos instrumentos de regulação do uso do sistema viário, mas até aqui a sua aplicação se revelou incapaz de reverter a evolução desse trágico quadro, embora não pelo que preceitua, mas pela timidez, inépcia e omissão de gestores ainda reféns de decisões que incentivam o uso do transporte individual motorizado.
É preciso deter essa tendência, porque conceitualmente a mortalidade no trânsito não está exclusivamente associada à logística da circulação viária, como tem sido historicamente tratada no Brasil, mas aos problemas das cidades como um todo. Importantes pesquisadores anotam que nada deve ser experimentado isoladamente nesse contexto, mas sempre em relação ao seu entorno, à sequência de eventos que levaram àquilo, à memória das experiências passadas (LYNCH, 1960).
Portanto, urge observar e agir diferente, agregando às ações possíveis conceitos urbanísticos adequados; considerar que a questão da mortalidade no trânsito está inexoravelmente vinculada ao planejamento urbano, à qualidade da saúde pública; imprescindível à equidade na ocupação e uso dos espaços de mobilidade; necessário ao desenho urbano socialmente inclusivo – logo, imperativo ao caráter coletivo que enseja viver nas cidades.

 

Confirma essa percepção a recente lei que instituiu a Política Nacional da Mobilidade Urbana, lei que emoldura as diretrizes por meio das quais os gestores das cidades brasileiras poderão redimensionar suas políticas urbanas relacionadas ao tema. Com todas as letras a lei diz, em vários momentos, que trânsito é fração da mobilidade e como tal as ações a ele relacionadas devem emergir das políticas de desenvolvimento urbano acompanhadas das respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo.

 

O exercício do poder e a autoridade na política têm implicações diretas no êxito deste tipo de ação (WALL WATERMAN, 2010), até porque as diretrizes desta lei implicam ousadia na gestão, sugerem quebra de paradigmas (KNEIB, 2011), e confirmam a máxima de que não podemos resolver os problemas utilizando o mesmo tipo de pensamento que usamos quando os criamos (EINSTEIN, 1934).

 

Inova nesse contexto o Governo de Goiás em parceria com o Ministério da Saúde e as 22 Prefeituras Municipais cujos territórios reúnem 73,24% das mortes no trânsito em Goiás (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Definido como uma das 40 ações prioritárias constantes do Plano de Ações Integradas/PAI o “Observatório da Mobilidade e Saúde Humanas do Estado de Goiás” foi instituído por Decreto Estadual como ferramenta técnica destinada a enfrentar esta adversidade sob a égide do planejamento urbano e da saúde pública.
Programa de desenvolvimento urbano lapidado no mapa estratégico da Secretaria de Estado das Cidades e de vigilância e prevenção a epidemias da Secretaria de Estado da Saúde, o Observatório consolida a visão explicitada na Lei Nacional de Mobilidade Urbana. Concluídos os seminários regionais, o momento é de atitude, gesto, e para isso, ganha o substancial apoio executivo, dentre outros atores, das Prefeituras envolvidas, SEGPLAN, DETRAN e da Universidade Estadual de Goiás/UEG que atuará como plataforma acadêmica para a realização das dezenas de pesquisas e ações imediatas necessárias ao seu intento.
* Antenor Pinheiro é jornalista, Superintendente de Desenvolvimento Urbano e Trânsito da Secretaria de Estado das Cidades/GO e Coordenador da ANTP Regional Centro-Oeste.

Fonte: ANTP

Documentário mostra os riscos de ser pedestre

A morte do jovem Vitor Gurman, atropelado em julho de 2011, na Zona Oeste de São Paulo, resultou no documentário “Luto em luta”, em cartaz a partir de sexta-feira (21) nas salas de cinema da capital paulista. O filme mostra histórias parecidas com a do administrador morto quando voltava a pé para casa.

O filme é uma produção independente que durou um ano para ser finalizado e custou R$ 35 mil. Ele expõe, através de depoimentos de vítimas, familiares e imagens de acidentes, a tragédia diária do trânsito da capital paulista. Pedro ouviu especialistas em trânsito, médicos, psicanalistas, jornalistas, juristas, políticos e cidadãos comuns.

Só neste ano, de janeiro a junho, 604 pessoas morreram no trânsito de São Paulo. Destas, 266 eram pedestres. Muitas morreram atravessando avenidas movimentadas. Outras morreram andando na calçada, como aconteceu com Gurman.

Veja o trailer do documentário:

Cinto de segurança também no banco traseiro

 

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Foi no final da década de 1950 que o sueco Nils Bohlin inventou o cinto de segurança de três pontos. Quase quatro décadas depois, em 1997, o atual Código de Trânsito Brasileiro (CTB) tornou obrigatório o uso do cinto para todos os ocupantes do carro, seja nas rodovias ou em áreas urbanas. Mas ainda tem muita gente que não leva em conta a importância do equipamento de segurança. Principalmente no banco traseiro do veículo. No ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou um total de 2.938 notificações pela falta do cinto de segurança. A infração aparece entre as seis mais cometidas pelos motoristas que circulam nas rodovias federais que cortam o estado. Na capital pernambucana, a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) registrou, em 2011, 4.204 infrações pela falta do uso do equipamento.

O “esquecimento” faz vítimas. Em 2011, a PRF registrou 138 acidentes onde pelo menos um ocupante não usava o cinto de segurança. Esses acidentes resultaram em 118 feridos e 31 mortos no estado. Pelo artigo 167 do CTB, a falta do cinto de segurança é uma infração grave. A multa é de R$ 127,69 e mais cinco pontos na carteira. A presidente do Conselho Estadual de Trânsito (Cetran), Simíramis Queiroz, chama atenção para os ocupantes do banco traseiro. “Os passageiros que sentam no banco de trás, muitas vezes não se sentem obrigados a usar o cinto e passam a ser uma arma letal para quem está na frente com o cinto”, alerta Simíramis. Ela lembra que com o impacto, o passageiro do banco de trás pode esmagar quem estiver na frente.

A turismóloga Ana Cláudia Melo Pinho, 30 anos, mãe de Natália, 9, e Luís Pedro,4, ensina as crianças desde cedo a usar o cinto. “Eles entram no carro e já colocam o cinto”, revelou a mãe. Natália de 9 anos, sabe usar o cinto de três pontos, mas o irmão Pedro ainda precisa de ajuda. Aliás, pela idade, ele deveria usar a cadeirinha. A obrigatoriedade da cadeirinha infantil é uma determinação da Resolução nº 277 do Contran. Cada equipamento é destinado a uma faixa etária, que varia de zero a 7,5 anos. As crianças acima de sete anos e meio já podem sentar no banco usando apenas o cinto de segurança, mas somente se estiverem no banco de trás do veículo. No banco da frente só é permitido o transporte de maiores de 10 anos de idade.

Cuidado

O dentista Flávio Seabra, 36, levou o filho Felipe, 4, ao shopping e não esqueceu da cadeirinha. “Quando ele tiver maior a gente põe o assento para facilitar a colocação do cinto”, ressaltou a mãe Bárbara Seabra, 37. Ainda, segundo Simíramis Queiroz, também é importante observar a capacidade de cada veículo. “A quantidade de passageiros definida pelo fabricante independe de peso, tamanho e idade. Não adianta dizer que uma criança de dois anos vai no colo. Ela também conta como passageiro”, explicou. O CTB também determina o uso do cinto de três pontos, mas na maioria dos carros, o cinto traseiro, no assento intermediário (do meio), é de apenas dois pontos. “Isso só vai mudar quando a legislação exigir que o fabricante faça a adequação. O cinto de dois pontos ainda é muito usado no Brasil”, disse

Número de mortes e acidentes com motos cai em Pernambuco

 

O número de mortes e acidentes envolvendo motocicletas está diminuindo em Pernambuco. É o que mostra levantamento realizado no Hospital da Restauração (HR) e no Instituo de Medicina Legal (IML). Os números foram divulgados hoje pelo Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto (Cepam).

A queda é mais significativa no HR, a maior emergência do Norte-Nordeste. No primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano anterior, a unidade de saúde registrou uma diminuição no atendimento aos motociclistas de 21%. Em números absolutos, a redução equivale a 114 pacientes a menos.

Quando se leva em consideração os atendimentos aos acidentados de veículos automotores (carro de passeio, ônibus, van, caminhão e máquinas agrícolas), a redução é ainda maior. De janeiro a março de 2012, a emergência do HR atendeu 387 pacientes. No mesmo período de 2011, foram 657, ou seja, houve uma queda de 41%.

Já no Instituto de Medicina Legal (IML), no primeiro trimestre de 2012, houve uma redução de 16,7% no número de motociclistas mortos, em comparação ao mesmo período de 2011. Ao todo, foram 26 óbitos a menos. Nas mortes registradas no IML relacionadas aos acidentes com este tipo de veículo, a redução foi de 19%, com 364 mortes nos três primeiros meses de 2011, contra 295 no mesmo período deste ano.

Os dados estão sendo comemorados pelo comitê criado em maio de 2011, sob coordenação da Secretaria Estadual de Saúde (SES), já apresenta resultados positivos. De acordo com o secretário estadual de saúde, Antonio Carlos Figueira, coordenador do Cepa, a meta está sendo superada graças às ações educativas e de fiscalização como a Operação Lei Seca, que vêm reduzindo o número de pessoas embriagadas nas abordagens das blitzes.

 

Fonte- Diario de Pernambuco/últimas notícias