Navegar é preciso

 

Por

Tânia Passos

Há ainda um certo ceticismo em relação a implantação e até eficácia do projeto de navegabilidade do governo do estado, que irá atender o eixo Oeste, com 11 quilômetros, entre a BR-101 e a estação do metrô Recife, e parte do eixo Norte. O projeto foi incluíndo no PAC da Mobilidade e o relatório de impacto ambiental está em análise na Agência Estadual de Recursos Hídricos (CPRH). O prazo de implantação do projeto é até 2016, mas há uma expectativa que ele saia até a Copa.

Na verdade, o que pretendo chamar atenção não é se o projeto sairá ou não do papel. Acredito que sim. O que chamo atenção é da importância de se incorporar a cultura da navegabilidade numa cidade que é naturalmente cercada por rios. Se o modal terá condições de concorrer com os carros ou ônibus, isso só o tempo dirá. A estimativa é de 65 mil passageiros por dia no eixo Oeste. O transporte fluvial é uma ferramenta a mais de deslocamento. Da mesma forma que devemos apostar também nas ciclovias e nas calçadas. Quanto mais opção de modal melhor.

Recentemente escutei em um seminário sobre mobilidade um questionamento se o projeto Navega Recife terá uma operação eficiente. Foi questionado, por exemplo, o tempo para fazer o embarque e desembarque dos passageiros nas cinco estações fluviais, uma vez que a viagem só prossegue com todos os passageiros sentados e com equipamentos de segurança. É provável que isso acabe impactando no tempo total do percurso, ainda mais quando não se existe ainda a cultura da navegação.

Mas é também uma questão de escolha. Se o usuário do carro ou ônibus prefere perder tempo no meio do congestionamento da Avenida Rui Barbosa, por exemplo, onde o rio será uma paralela da via, será uma opção. O rio, no entanto, irá oferecer outros atrativos como a paisagem maravilhosa, a tranquilidade de uma viagem, sem congestionamento, e ainda a possibilidade de olhar a cidade sobre um prisma até então esquecido. Navegar será preciso sim, seja como forma de deslocamento, integrado com outros modais, mas principalmente para se criar, enfim, uma cultura de transporte fluvial na cidade.

 

Fonte: Diario de Pernambuco

Novo capítulo do binário da Zona Norte

Antes do dia 1º de setembro muita discussão deve ocorrer a respeito do binário da Zona Norte. No próximo sábado, os moradores do entorno do binário prometem fazer uma mobilização criticando as intervenções. Pelo menos, se não sair nenhum acordo na audiência pública marcada para hoje à noite pela CTTU, no auditório do Centro Salesiano na Estrada do Arraial às 20h.

Amanhã será a vez de uma discussão no plenário da Câmara de Veradores do Recife.A Comissão de Meio Ambiente, Transporte e Trânsito marcou para às 10h uma audiência, que será presidida pelo vereador Romilde Gomes. O tema da audiência são as mudanças provocadas pela implantação do binário entre as Estradas do Arraial e do Encanamento, na  zona norte do Recife. Deverão participar as autoridades ligadas ao trânsito da cidade, em especial a CTTU, principal alvo das críticas;

 

Mais 20 táxis para o aeroporto do Recife

O serviço de táxi no Aeroporto Internacional dos Guararapes – Gilberto Freyre voltou a ser discutido no Recife. No último sábado (11), foi lançado o edital de seleção pública para a ampliação do cadastramento de profissionais para o atendimento dos viajantes. A seleção será feita pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) e abrirá 20 vagas para táxis comuns.

Os interessados em participar deverão se inscrever entre os dias 20 e 24 de agosto, das 14h às 17h, na sede da CTTU, no bairro de Santo Amaro. É preciso ser permissionário do Sistema de Táxi Comum do Recife e estar regularizado. Também é importante que os profissionais estejam regularmente cadastrados como pessoa física, sejam proprietário do veículo e, em casos de financiamento, ser o arrendatário, não tenham sanções disciplinares aplicadas pelo município nos últimos seis meses, não tenham débitos com o município e nem sentença condenatória nas esferas estadual e federal.

A iniciativa faz parte do Plano de Ações para o Trânsito do Recife 2012/2013, lançado em julho. O objetivo da ação é melhorar o atendimento aos passageiros que chegam na cidade.

 

Fonte:

Um novo começo para o transporte público do Recife

Diario de Pernambuco

Por Tânia Passos

Há quase três décadas o Recife desenhava a sua malha viária metropolitana com sete vias radiais e quatro corredores perimetrais. Os nomes podem até parecer estranhos, mas basta entender que a malha viária foi pensada como um leque com as vias perimetrais (horizontais) fazendo ligação com radiais (verticais) formando uma rede. Foi assim que teve início a lógica do transporte metropolitano da cidade numa rede estruturada para 23 terminais e absorvendo o transporte dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife. O conceito foi plantado em 1985 e é hoje um dos maiores trunfos para a melhoria do transporte público na cidade. Isso será mostrado nessa que é a última reportagem da série Metrópole em movimento.

Não por acaso, o Recife é uma das raras metrópoles do país que dispõe de um sistema metropolitano integrado, onde o usuário se desloca dentro do sistema com apenas uma passagem. “O SEI é invejado por muitas cidades”, assegura o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, Nelson Menezes. A empresa é responsável por gerir o transporte metropolitano e dos municípios consorciados. Apesar disso, a capital pernambucana ainda não é referência em transporte público e é fácil entender a razão. A maior parte das intervenções planejadas para o SEI não saiu do papel. O maior avanço foi em relação a construção de terminais de integração. Dos 23 previstos, sete foram construídos na década de 1990 e outros sete foram entregues entre 2002 e 2012. E até 2014, o sistema irá dispor de 25 terminais de integração, dois a mais do que estava previsto.

Enquanto estava sendo construído, o sistema viário que possibilitaria um deslocamento mais rápido e eficiente dos coletivos nas radiais e perimetrais foi deixado para trás. Das quatro perimetrais planejadas, dispomos apenas da primeira: a Avenida Agamenon Magalhães, que foi inaugurada no final da década de 1960. As outras três perimetrais estão incluídas no PAC Mobilidade, que tem prazo de execução até 2016.

Nas radiais, a situação é menos crítica. Das sete, duas foram contempladas com as linhas Centro e Sul do metrô, as avenidas Mascarenhas de Morais e José Rufino. Duas já funcionavam com corredores exclusivos: a PE-15 e a Avenida Caxangá, que estão incluídas respectivamente nos corredores Norte/Sul e Leste/Oeste. As duas vias estão recebendo um novo formato para se adequar aos moldes do BRT (sigla inglesa para Transporte Rápido por Ônibus). A radial da Avenida Presidente Kennedy, em Olinda, está em obras para dispor de um corredor de ônibus.

Estão de fora, por enquanto, as avenidas Norte e Abdias de Carvalho, que também são radiais. “A gente está com a faca e o queijo na mão. Agora é a vez de apostar nos corredores e não parar”, ressaltou a engenheira Regilma Souza, que participou da criação do SEI. O intervalo longo entre o que foi planejado e o que ainda falta ser executado afeta diretamente o usuário do sistema.

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Mudanças para melhorar o trânsito

 

A Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) vai investir R$ 1,5 milhão para implementar dez medidas que pretendem melhorar a mobilidade da cidade até o final de 2012. A segunda etapa do Plano de Ações para o Trânsito foi lançada ontem com propostas que vão da criação de binários e eliminação de giros à esquerda em corredores viários à ampliação e qualificação dos serviços prestados pelos táxis e pelas linhas complementares de ônibus. Outras oito ações foram previstas para 2013, inclusive com orçamento garantido de R$ 10 milhões, mas a decisão sobre se serão ou não executadas caberá ao futuro gestor da PCR. A primeira parte do plano foi executada entre maio de 2011 e junho de 2012 e custou R$ 18 milhões.

Uma das ações voltadas para melhorar a fluidez do tráfego na Zona Sul é a restrição da circulação de caminhões com mais de seis metros de comprimento, em Boa Viagem e no Pina, nos horários de pico, ou seja, das 6h30 às 9h e das 17h às 20h. A proibição será de segunda a sexta-feira nas avenidas Herculano Bandeira, Domingos Ferreira, Conselheiro Aguiar, Boa Viagem e Engenheiro Antônio de Goes. A medida, que deverá começar a valer em setembro de 2012, já agrada os motoristas. “Essa restrição vai ser boa porque o caminhão deixa o trânsito mais lento e causa engarrafamentos”, observou o taxista Cristóvão Leão da Silva, 39 anos.

O prazo para a proibição da circulação dos veículos de carga é o mesmo para a mudança de sentido na Rua Jornalista Francisco de Almeida, também em Boa Viagem. A via servirá como rota alternativa para desafogar o trânsito na Domingos Ferreira, no lado Oeste, complementando o binário da Francisco da Cunha com a Nelson Hungria. Também em setembro ficará proibido fazer o giro à esquerda na Avenida Agamenon Magalhães com a Odorico Mendes. Quem quiser seguir para Campo Grande terá como opção cruzar a Agamenon ou fazer o retorno por baixo do viaduto em frente à fábrica Tacaruna.

Outra ação que a CTTU pretende concluir ainda neste ano é a elaboração de um estudo para criar os táxis acessíveis, que seriam veículos adaptados para cadeirantes. Para isso, será preciso revisar a legislação desse transporte no município e abrir novas permissões. O estudo deve ficar pronto em outubro. “A ideia é termos veículos grandes que possam levar também pessoas com mobilidade reduzida de forma confortável. Essa foi uma demanda que partiu da nossa percepção de que a prestação do serviço para esse público está deixando a desejar”, declarou a presidente da CTTU, Maria de Pompéia Pessoa. Ainda em relação aos táxis, serão acrescentados 20 novos veículos à frota atual, de 60 carros, para atender os passageiros que desembarcam no Aeroporto do Recife.

Vídeo mostra o formato final da navegabilidade do Capibaribe

A assinatura do edital da dragagem do Rio Capibaribe é o primeiro passo para implantação do projeto. O cronograma prevê o início da dragagem no mês de outubro com 18 meses para ser concluída e em janeiro de 2013 a licitação das estações de embarque com 15 meses para execução. Se tudo correr de acordo com o cronograma, teremos o rio navegável em 2014. veja o vídeo institucional com os dois ramais que serão atendidos no PAC Mobilidade: Oeste e Norte.

E a navegabilidade no Recife dá os primeiros passos

O projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe dá nesta quarta-feira o primeiro passo. Esta tarde, o governador Eduardo Campos assina o edital para dar início às obras de dragagem. A solenidade está marcada para as 16h, no auditório Tabocas do Centro de Convenções, onde funciona provisoriamente a sede do governo do estado.
O objetivo é tornar o rio navegável após a remoção de lixo, escombros de antigas construções e de parte da vegetação. A primeira fase das obras vai começar no bairro de Casa Forte, seguindo até Apipucos. Ao todo, serão dragados 17 quilômetros do rio, das proximidades da BR-101, passando pelos bairros do Parque Santana (Casa Forte/Poço da Panela), Torre, Derby, área central do Recife e Tacaruna (divisa entre Recife e Olinda).

A ação faz parte do programa Rios da Gente, orçado em R$ 289 milhões, para proporcionar a navegabilidade de 13,9 km do Rio Capibaribe por meio de embarcações adequadas ao transporte de massa. Serão duas rotas: a Oeste, com 11 km de extensão, que vai da BR-101 ao centro do Recife e a Norte, com 2,9 km de extensão, do centro do Recife até Olinda, nas proximidades do Shopping Tacaruna.

O edital de licitação será publicado no Diário Oficial e nos jornais de grande circulação na edução desta quinta-feira e os trabalhos serão coordenados pela Secretaria das Cidades.

Oportunidades x investimentos

 

Há muitos questionamentos sobre o legado da Copa do Mundo para as cidades que estão recebendo investimentos na melhoria da infraestrutura, em especial, no sistema viário. Mas é inegável que se trata de uma oportunidade única em décadas. A questão é como esses investimentos estão sendo aplicados e de que forma as cidades se planejaram para direcionar suas ações.

No caso de Recife, o que conta a favor são os estudos elaborados no Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU). Os corredores de transporte e as perimetrais, que receberão investimentos foram pensados dentro de uma lógica da circulação e integração com o sistema de transporte público. Nem todas fizeram isso.

O Rio de Janeiro talvez esteja perdendo uma grande oportunidade de mudar a dinâmica de circulação com os investimentos que está recebendo para a Copa do Mundo e a Olimpíada. Há uma certa inquietude por parte dos especialistas em relação às escolhas que estão sendo feitas no direcionamento dos recursos.

Ninguém entendeu ainda porque o corredor TransOeste, o primeiro a entrar em operação, tenha sido feito onde foi. O corredor com pista exclusiva para ônibus e estações de embarque e desembarque em nível e com pagamentoantecipado, um luxo só, foi instalado em uma área pouco habitada. Na verdade, há trechos enormes de nada em um corredor que terá 56 quilômetros depois de concluído. O trecho não estava previsto no PDTU, mas o município alega que quer direcionar o crescimento para aquela área.

Outro questionamento que se faz é em relação ao corredor da TransBrasil, na Avenida Brasil, que hoje já tem uma demanda de 1,2 milhão de passageiros. Para se ter uma ideia, o corredor exclusivo de ônibus mais antigo de Curitiba tem uma demanda cinco vezes menor e a cidade já planeja um metrô prevendo um milhão de usuários em 2044. Há outros elementos, no entanto, que precisam ser observados: tempo e dinheiro. Decidir em cima dessas duas premissas limita em muito as opções.

O corredor da 4ª perimetral do Recife, por exemplo, caberia um metrô, mas os especialistas concordam que o ônibus com corredores exclusivos irá cumprir a sua função, por um determinado período, e no futuro o modal poderá ser substituído, mas o corredor não irá nascer com sua demanda estrangulada como é o caso da TransBrasil. O que temos hoje e o legado que será deixado, dependerá das escolhas que estão sendo feitas, mas dificilmente teremos de uma só vez a chance de mudar como a que estamos tendo agora.