Recife é a capital com maior tempo de espera pelo ônibus, diz pesquisa

 

Passageiros ônibus/Recife - Foto - Roberto Ramos /DP/D.A. Press
Passageiros ônibus/Recife – Foto – Roberto Ramos /DP/D.A. Press

 

A Proteste, revista especializada no direito do consumidor, realizou uma pesquisa sobre transporte público com os associados de oito grandes cidades do país – Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A pesquisa apresentou baixas avaliações por conta do caos urbano enfrentado pela maioria dessas metrópoles.

A coleta de dados foi feita tendo como base um questionário enviado aos assoaciados, que responderem sobre suas experiências no transporte público. A pesquisa foi realizada entre abril e maio de 2014 e foram encaminhados 3.045 questionários em todo o país.

No Recife, 70 pessoas responderam ao questionário. De acordo com Talita Trindade, técnica da Proteste responsável pela pesquisa, foram feitas perguntas específicas do tempo de espera e deslocamento. “Nós pedimos o percurso mais recente, mas cada um fez a própria avaliação”, revelou a técnica. Na pesquisa, a capital pernambucana aparece como campeão de espera nas paradas de ônibus com um tempo de até 35 minutos. A melhor pontuação ficou com Curitiba com apenas 18 minutos de espera.

Em relação ao tempo gasto nos deslocamentos, o pior resultado foi do Rio de Janeiro com um tempo de percurso de 93 minutos. O Recife aparece em segundo com um tempo de percurso de 90 minutos.De acordo com os resultados obtidos, a cidade que tem o melhor transporte suburbano é Porto Alegre.A capital gaúcha aparece com o menor tempo de deslocamento, equivalente a 56 minutos.

O coordenador da Regional Nordeste da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), César Cavalcanti, questionou o resultado da pesquisa. “Não sei a metodologia empregada na pesquisa, mas comparar o tempo dos deslocamentos é complicado, uma vez que são cidades com dinâmicas bem distintas”, criticou.

Ainda segundo o coordenador da ANTP, o usuário costuma potencializar o tempo de espera. “Ninguém gosta de esperar e é natural que a sensação da espera seja maior do que é, na verdade, principalmente quando não há conforto algum”, revelou César Cavalcanti.

Ranking

Tempo de espera na parada

Cidade        Minutos

Recife        35
Salvador    34
Rio         29
Brasília    27
Belo Horizonte    25
São Paulo    25
Porto Alegre    19
Curitiba    18

Tempo de viagem

Cidade        minutos
Rio de Janeiro    93
Recife        90
Salvador    87
São Paulo    85
Belo Horizonte    74
Brasília    72
Curitiba    61
Porto Alegre    56

Fonte: Proteste

Prioridades para melhorar o transporte público

No resultado da enquete do blog sobre o que é prioridade para melhorar o transporte público, um diagnóstico fiel dos principais entraves que fazem o transporte público perder a preferência para o individual.

A primeira delas, responsável por 42% da pesquisa, aponta a redução do tempo de espera como a principal prioridade e reflete não apenas a incerteza do horário de chegada do coletivo, mas também da perda de tempo para os deslocamentos.

Nos futuros corredores de tráfego, uma das promessas é a instalação de painéis com os horários das viagens que poderão ser acessados também pelo celular. Esse item será importante para reduzir a angústia da espera, mas a redução do tempo vai depender também da implantação de faixas exclusivas para os ônibus não apenas nos principais corredores, mas em todo o sistema.

No segundo item de prioridade para o transporte público conquistar o usuário do transporte individual está a climatização dos coletivos e mais conforto das cadeiras. Essa condição foi apontada por 30% das pessoas que votaram na enquete. Oferecer mais conforto aos usuários é só uma questão de decisão dos empresários do setor. Isso só será feito se houver uma exigência dos usuários e cobrança do órgão gestor, no caso o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano.

A pesquisa também indica que para usar o transporte público, 20% das pessoas afirmam que precisam de estacionamento para deixar o carro e de ônibus circulares que possam fazer essa integração. Essa lógica, aliás,  já deveria ser usadas nos terminais integrados. O mesmo se aplica com os bicicletários.

Já a segurança nos terminais é cobrada por apenas 5% das pessoas que consideram importante melhorar o funcionamento do sistema. O percentual indica que para a maioria, essa insegurança não é percebida. Já a acessibilidade e melhoria das calçadas são condições para 3% dos pesquisados. Pelo grau de deteriorização das calçadas, as pessoas com deficiência não devem considerar a possibilidade de entrar no sistema.