Protesto de greve pode virar guerra entre polícias

 

É imprevisível o que vai acontecer na tarde desta quarta-feira quando os policiais civis tentarem sair em passeata até o Centro de Convenções, onde está funcionando a sede do governo do estado. Imprevisível porque na tarde dessa terça-feira, o desembargador do Tribunal de Justiça de Pernamnbuco (TJPE) Silvio de Arruda Beltrão solicitou ao comandante da Polícia Militar, coronel Luís Aureliano, que disponibilizasse a força policial que se fizer necessária para impedir a passeata que os civis, que estão em greve há mais de uma semana, anunciaram para as 14h desta quarta.

A coisa pode ficar feia, levando em conta que já não existe um clima muito ameno entre as duas polícias e ainda mais que o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) já havia determinado que o protesto seria pacífico. Garantia essa que foi por água abaixo no momento em que os civis sabem que poderão ser impedidos pelos militares de lutarem por seus direitos. A categoria quer um aumento de 65% nos salários, melhores condições de trabalho e equipamentos de segurança novos. O governo já havia dito que não teria negociações além das já acertadas no ano passado, que seria um reajuste de 43% até o ano de 2014.

Em seu pedido, o desembargador Silvio Beltrão, o mesmo que já julgou a ilegalidade da greve justifica que “à luz dos fatos trazidos à baila (debate), os quais são de efetiva notoriedade pública, a categoria dos policiais civis vem paulatinamente descumprindo os termos da decisão que determinou a suspensão da greve com imediato retorno ao trabalho”, disse o desembargador. O Sinpol garantiu que a passeata que terá concentração na frente do Instituto de Criminalística (IC), na Rua Odorico Mendes com a Avenida Agamenon Magalhães está mantida para esta tarde.

O que ninguém sabe é o que pode acontecer quando os civis ganharem a rua. Estamos tratando de profissionais que já estão com os psicológicos muito abalados pelas cobranças e perigos inerentes da profissão, pelas decepções e frustrações com o governo e com a facilidade de ambas as partes trabalharem com uso de arma de fogo. Caso alguns não consigam contralar suas emoções e tragédias aconteçam, a pergunta é, desde já, quem será ou serão os responsáveis?

 

12 Replies to “Protesto de greve pode virar guerra entre polícias”

  1. Constituição Federal Art. 5º, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

    O Juiz chamou, com outras palavras, os Policiais Civis de Marginais! então vamos lá ao significado neste sentido: Marginal – S.m. Indivíduo que se põe fora das leis, que vive à margem da sociedade; indigente, vadio, delinqüente.adj. Neste caso quem esta delinquindo e infringindo a à lei? Quem é o Marginal?

    Os Policiais que estão se reunindo pacificamente?
    Ou o Estado que esta tentando suprimir um Direito constitucional?

  2. UMA VERGONHA O QUE ESSE GOVERNADOR ESTA FAZENDO COM A POLÍCIA CIVIL, E AINDA QUER SER PRESIDENTE?? DESSE JEITO VAI SER É SINDICO DE PRÉDIO…..NÃO TEM VERGONHA NA CARA….VAMOS VER O QUE VAI DAR….. PASSEATA SIM…. SALÁRIO JUSTO SIM… A IMPRENSA DEVERIA VISITAR AS DELEGACIAS DO CABO PARA VER A SITUAÇÃO QUE OS POLICIAIS VIVEM,, UMA VERGONHA…. NÃO TEM COMO TER MOTIVAÇÃO E ESTIMULO PARA UM LOCAL QUE NEM PORCO FICA…. LARGA DE MENTIR GOVERNADOR…. FAÇA ALGO CONCRETO…

  3. É uma lástima usar a PM/PE contra nós Policiais Civis. Assim estes que estão a frente da Polícia Civil cumprem o que prometeram: Acabar com a nossa instituição desmoralizar. Minha família estará comigo. Usem gás; metralharadoras, o q for. Nos estaremos lá.

  4. Já coloquei esse BLOG nos meus FAVORITOS! Se fosse depender do Diário de Pernambuco para obter notícia da greve estaria frita!

  5. Parabéns pela análise. Essa decisão envergonha a justiça e a democracia brasileira!Agora Só faltam mandar prender o pessoal do Sinpol!
    Mas mesmo assim, estaremos todos lá mais tarde exercendo nossos direitos constitucionais!

  6. ESTE POST ESTÁ NO SITE DA ADEPPE, BEM ADEQUADO:

    Luiz Felipe Pondé, pernambucano, filósofo, escritor e ensaísta, doutor pela USP, pós-doutorado em epistemologia pela Universidade de Tel Aviv, professor da PUC-SP e da Faap, discute temas como comportamento contemporâneo, religião, niilismo, ciência. Autor de vários títulos, entre eles, “Contra um mundo melhor” (Ed. LeYa).

    A polícia indefesa
    LUIZ FELIPE PONDÉ
    FOLHA DE SP – 13/02/12

    Qual o “produto” da polícia? Liberdade dentro da lei, segurança, enfim, a civilização

    A POLÍCIA é uma das classes que sofrem maior injustiça por parte da sociedade. Lançamos sobre ela a suspeita de ser um parente próximo dos bandidos. Isso é tão errado quanto julgar negros inferiores pela cor ou gays doentes pela sua orientação sexual.

    Não, não estou negando todo tipo de mazela que afeta a polícia nem fazendo apologia da repressão como pensará o caro inteligentinho de plantão. Aliás, proponho que hoje ele vá brincar no parque, leve preferivelmente um livro do fanático Foucault para a caixa de areia.

    Partilho do mal-estar típico quando na presença de policiais devido ao monopólio legítimo da violência que eles possuem. Um sentimento de opressão marca nossa relação com a polícia. Mas aqui devemos ir além do senso comum.

    Acompanhamos a agonia da Bahia e sua greve da Polícia Militar, que corre o risco de se alastrar por outros Estados. Sem dúvida, o governador da Bahia tem razão ao dizer que a liderança do movimento se excedeu. A polícia não pode agir dessa forma (fazer reféns, fechar o centro administrativo).

    A lei diz que a PM é serviço público militar e, por isso, não pode fazer greve. O que está corretíssimo. Mas não vejo ninguém da “inteligência” ou dos setores organizados da sociedade civil se perguntar por que se reclama tanto dos maus salários dos professores (o que também é verdade) e não se reclama da mesma forma veemente dos maus salários da polícia. É como se tacitamente considerássemos a polícia menos “cidadã” do que nós outros.

    Quando tem algum problema como esse da greve na Bahia, fala-se “mas o problema é que a polícia ganha mal”, mas não vejo nenhum movimento de “repúdio” ao descaso com o qual se trata a classe policial entre nós. Sempre tem alguém para defender drogados, bandidos e invasores da terra alheia, mas não aparece ninguém (nem os artistas da Bahia tampouco) para defender a polícia dos maus-tratos que recebe da sociedade.

    A polícia é uma função tão nobre quanto médico e professor. Policial tem mulher, marido, filho, adoece como você e eu.

    Não há sociedade civilizada sem a polícia. Ela guarda o sono, mantém a liberdade, assegura a Justiça dentro da lei, sustenta a democracia. Ignorante é todo aquele que pensa que a polícia seja inimiga da democracia.

    Na realidade, ela pode ser mais amiga da democracia do que muita gente que diz amar a democracia, mas adora uma quebradeira e uma violência demagógica.

    Sei bem que os inteligentinhos que não foram brincar no parque (são uns desobedientes) vão dizer que estou fazendo uma imagem idealizada da polícia.

    Não estou. Estou apenas dando uma explicação da função social da polícia na manutenção da democracia e da civilização.

    Pena que as ciências humanas não se ocupem da polícia como objeto do “bem”. Pelo contrário, reafirmam a ignorância e o preconceito que temos contra os policiais relacionando-a apenas com “aparelhos repressivos” e não com “aparelhos constitutivos” do convívio civilizado socialmente sustentável.

    Há sim corrupção, mas a corrupção, além de ser um dado da natureza humana, é também fruto dos maus salários e do descaso social com relação à polícia, além da proximidade física e psicológica com o crime.

    Se a polícia se corrompe (privatiza sua função de manutenção da ordem via “caixinhas”) e professores, não, não é porque professores são incorruptíveis, mas simplesmente porque o “produto” que a polícia entrega para a sociedade é mais concretamente e imediatamente urgente do que a educação.

    Com isso não estou dizendo que a educação, minha área primeira de atuação, não seja urgente, mas a falta dela demora mais a ser sentida do que a da polícia, daí “paga-se caixinha para o policial”, do contrário roubam sua padaria, sua loja, sua casa, sua escola, seu filho, sua mulher, sua vida.

    Qual o “produto” da polícia? De novo: liberdade dentro da lei, segurança, a possibilidade de você andar na rua, trabalhar, ir ao cinema, jantar fora, dormir, não ser morto, viver em democracia, enfim, a civilização.

    Defendem-se drogado, bandido, criminoso. É hora de cuidarmos da nossa polícia.

    “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

  7. “Polícia não pode ficar contra polícia. Preocupado com os boatos de que os policiais militares seriam escalados para combater o movimento dos policiais civis, o presidente da Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados (ACS – PE), Renílson Bezerra, entrou em contato com o Comando Geral da PMPE e o secretário de Defesa Social, Wilson Damázio. “Estamos num regime democrático de direito. O movimento da Polícia Civil é legítimo e busca melhores condições para a categoria. Nós, policiais e bombeiros militares, enfrentamos os mesmos problemas”

  8. É um absurdo o que está acontecendo. Minha avó sempre contou as histório de Miguel Arraes, diz ela que ele junto com os amigos lutaram contra a ditadura, momento de grande dificuldade para os brasileiros. A ironia, é ver a Justiça junto com o Governador do Estado, que é neto de Arraes que tanto lutou pelo Estado Democrático, participar deste absurdo, que é usar a força bruta, a violência tão combatida, contra aqueles que a promovem. Se eles fazem isso com os seus, imagine com outros… Reunião é direito de todos, não pode ser suprimido, nem tão pouco forçado brutalmente a sua não ocorrência. O juiz já havia feito sua parte determinando multa pelo não retorno, autorizar a VIOLÊNCIA, É UM ATO DE VIOLÊNCIA, ELE DEVERIA SER RESPONSABILIZADO POR ISSO, PERANTE O CNJ.

  9. Depois da Polícia Civil decretar greve em Pernambuco, agora é a vez da Polícia Federal deflagrar uma greve a nível nacional. A decisão foi tomada nesta quarta (01), pelo Conselho da Federação Nacional dos Policias Federais.

  10. hoje desembargador ele esta contra os direitos dos trabalhadores em segurança que dao a vida por ela. ontem advogado trabalhista muito lutou em busca dos direitos dos trabalhadores silvio beltrao esquece tudo e se mostra uma pesspoa que nada aprendeu mesmo quando professor na faculdade de humanas o que é isso o homem se queres conhecer quem é lhe de o poder. é uma pena………