Internação compulsória causa polêmica no Recife

Nove noites sem dormir, consumindo crack, foram a gota d’água para Lourdes (nome fictício), 26 anos, tomar a decisão de se internar em uma clínica de reabilitação. Depois de experimentar a pedra por curiosidade, aos 17 anos, ela embarcou no vício e na prostituição em uma cracolândia de Santo Amaro. Agora tenta se recuperar em uma unidade do Programa Atitude, do Recife. Lourdes foi uma das participantes da audiência pública realizada nessa segunda-feira, na Câmara de Vereadores do Recife, para discutir o projeto de lei federal 7.663/2010, que prevê internação involuntária (com autorização da família ou parecer médico) para usuários.

Usuária tenta deixar o vício mais uma vez. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press
Usuária tenta deixar o vício mais uma vez. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A Press

A proposta não encontra consenso entre segmentos que atuam com dependentes e o debate foi acalorado. A audiência foi convocada pelo vereador Luiz Eustáquio (PT), que é autor de projeto de lei municipal (17/2013) nos mesmos moldes do 7.663, mas que também institui a internação compulsória (com autorização judicial)  e mantêm a comunidade terapêutica Oásis da Liberdade, em Igarassu.

O deputado Osmar Terra (PMDB-RS), autor da proposta federal, participou da audiência e evitou usar o termo “internamento compulsório”. “A ideia é criar a internação involuntária. Depois da desintoxicação, o usuário terá condições de decidir se continua o tratamento”, explicou.

Outro ponto polêmico é o credenciamento das comunidades terapêuticas na rede pública. Os espaços são criticados porque usam a religião na recuperação. “Não podemos cair na catequese compulsória”, destacou Rafael West, coordenador estadual do Atitude.

Demanda

O psiquiatra Evaldo Melo, que atua há 40 anos com o tema, destacou que a internação involuntária já acontece no país. “Mas precisamos de um serviço público que dê conta do crescente número de usuários de drogas”, destacou Melo, que trabalha no Insituto Raid, unidade particular de recuperação. O projeto 7.663 segue para votação na Câmara dos Deputados em 8 de maio e o municipal passará pelas comissões de Legislação e Justiça e Direitos Humanos.

Do Diario de Pernambuco

2 Replies to “Internação compulsória causa polêmica no Recife”

  1. Sei que não podemos mais ficar de braços cruzados diante da situação das pessoas viciadas de nossa cidade e do país. é duro ver crianças, adolescentes, adultos e até famílias em ruas e escravas do craque ou de qualquer outra droga. Eles perdem a noção do certo e do errado para manter o vício e sozinhos não conseguem sair dessa situação. Concordo com a intervenção do governo mas e depois da internação, após “terminarem o tratamento”, para onde vão? Muitos deles nem tem casas pra morar e se tem estão em condições precárias. Outros tem família mas já foram abandonados por elas. Como eles vão se manter? E quem não tem escolaridade suficiente exigida em um emprego?
    Não sei se estou sonhando com a sociedade perfeita mas tenho certeza que nosso país e até Recife mesmo possui verba suficiente para apoiar essas pessoas para que tenham todos os recursos de ter uma vida com dignidade.

    Vejo muitos galpões, prédios e terrenos abandonados em nossa cidade. Por que não reformá-los e construir casas para essas pessoas ao invés de construir shoppings e empresariais? Não estou falando de Minha Casa Minha Vida que você paga no mínimo 50 reais ao mês por anos e anos para quitá-la. Por que não investir em diversos cursos profissionalizantes de QUALIDADE e que GARANTAM a contratação ao final por parte das empresas? Por que não investir no talento dessas pessoas para o artesanato, arte e até apoio pra montar seu próprio negócio? Por que não investir em educação de QUALIDADE e até diferenciada para eles e pra toda a população, não se contentando só com alfabetizar mas ampliar as chances de iniciar e terminar o ensino superior??

    Sem esses e outros suportes, essa internação compulsória vai resolver pouco ou nada desse problema que são as drogas em nosso país. Não todos, mas alguns ao saírem e ver que estão na mesma condição social de antes da internação podem não enxergar uma saída e voltar pra mesma “vida” de antes nas ruas.

  2. eu sou pai de uma adolescente de15 anos a treis anos vem lutando para enternar gratuitamente minha filha pois ainda não consegui si depender da minha filha ela não quer pois as autoridades so enterna quando não tem mais recuperação isso e um desabafo de um pai que não que perde a sua filha pa drogasmuito grato Esdras o pai.