Suspeito de matar Sérgio Falcão se contradiz em depoimento

Em duas horas de um depoimento cercado de contradições, o policial militar reformado Jailson Melo, 53 anos, suspeito de assassinar o empresário da construção civil Sérgio Falcão, 52, em agosto do ano passado, voltou a afirmar nessa quarta-feira, ao sair do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que é inocente. Segundo informações extraoficiais, o inquérito sobre o caso, ocorrido há nove meses no apartamento da vítima, na Avenida Boa Viagem, deve ser concluído em junho. Além do indiciamento de Jailson, considerado o executor, outras pessoas que teriam envolvimento no crime serão denunciadas à Justiça.

Acompanhado de seu<br />
advogado, na saída do<br />
DHPP, Jailson disse ser<br />
inocente. Ao lado, óculos<br />
da vítima, que foram<br />
encontrado pela polícia<br />
por baixo de um dos pés<br />
dela, seria uma das<br />
provas de homicídio (BRUNA MONTEIRO DP/D.A PRESS)

A linha principal é de que o homicídio foi motivado por interesses no patrimônio financeiro da vítima, que, apesar da crise da Construtora Falcão, mantinha contas  no exterior. A defesa do suspeito segue com a tese de negativa de autoria. “Jailson não mudou em nada o depoimento. Sérgio Falcão puxou a arma que estava na cintura dele (do PM) e atirou contra a boca. Foi um ato de covardia, que acabou prejudicando outra pessoa”, disse o advogado André Fonseca. Na saída do DHPP, o suspeito voltou a afirmar que era inocente. Durante o depoimento, a delegada Vilaneida Aguiar questionou se Jailson Melo poderia participar de uma nova reconstituição. Ele se negou a repetir a simulação.

Espera
Enquanto junta as últimas peças do quebra-cabeça, a polícia ainda aguarda a entrega das respostas aos 17 questionamentos feitos sobre o laudo do Instituto de Criminalística, que apontou o suicídio – contrariando as investigações. Uma lesão na testa e outra na região esquerda da cabeça, além de marcas no chão, apontariam para luta corporal entre vítima e suposto assassino.

O laudo negou que houve agressão. Outra dúvida: os óculos da vítima estavam por baixo de um dos pés dela. Como foram parar lá? Hoje completam-se 70 dias de espera. O promotor André Rabelo afirmou que pode responsabilizar criminalmente os peritos Sérgio Almeida e Jairo Lemos, se entender que houve protelação para divulgação dos resultados.

Por Raphael Guerra, do Diario de Pernambuco