Moradores de favelas do Rio disputam “olimpíadas” de rua

Da Agência Brasil

Nos próximos dois meses, mais de 5 mil atletas competirão em modalidades lúdicas e esportivas nos Jogos da Rua, um evento que, em sua primeira edição, reúne delegações de 32 complexos de favelas da região metropolitana do Rio. Com esportes como o futebol e o basquete e brincadeiras como amarelinha, pau na lata e peteca, a competição busca integrar as comunidades e aumentar a autoestima dos moradores.

“Eles não estão aqui defendendo uma competição, estão aqui defendendo a bandeira da favela deles. Já que eles moram lá, e já que a favela existe, precisamos valorizar esse território que sempre foi estigmatizado”, disse Celso Athayde, integrante do conselho da Central Única de Favelas (Cufa), que organiza os jogos. “As favelas são territórios que não podem conviver por barreiras historicamente construídas. Então, a gente cria formas de integração e alguns símbolos para que possamos ir eliminando essas barreiras. Os jogos são mais um salto neste pensamento”.

A escolha das 21 modalidades lúdicas procurou valorizar atividades que fazem parte do cotidiano e do lazer dos moradores das comunidades. Dentre os jogos que terão premiação com medalhas de ouro, prata e bronze estão dominó, sinuca, queimada, pião, pipa, sueca, totó, golzinho de rua, estilingue e futebol de botão. Até a batalha do passinho (uma competição de dança), nova moda nas comunidades, foi contemplada.

Comunidades do Rio participam dos jogos de rua
Nos próximos dois meses, mais de 5 mil jovens participarão dos Jogos da Rua, evento que reúne delegações de 32 complexos de favelas da região metropolitana do RioTânia Rêgo/Agência Brasil

“Não existe na favela espaço físico em que a gente possa praticar atividades de alta perfomance, de alto rendimento. A gente resolveu valorizar o que a favela já faz, fazendo com que eles produzam o evento também”, disse Celso, que acrescentou que os jogos levam aos moradores das comunidades o espírito dos grandes eventos esportivos, dos quais são excluídos. “Eles não participam nem como voluntários, porque têm que saber inglês, então, como participar desse processo de alguma maneira e ter algum sentimento de pertencimento?”

Na cerimônia de abertura, sob o Viaduto Negrão de Lima, espaço cultural de grande importância em Madureira, na zona norte do Rio, o atleta olímpico do taekwondo Diogo Silva acendeu a pira que representa o início dos jogos. Amanhã (3), a competição começa com a primeira fase das disputas de amarelinha, com dois representantes de cada favela por gênero. Os jogos ocorrerão apenas nos fins de semana e um quadro atualizado de medalhas vai ser mantido no site da Cufa.