Morte de Antônio Carlos Escobar e do menino-aranha completa oito anos

No dia 17 de dezembro de 2005, numa noite de sábado. Dois crimes de repercussão foram registrados pela polícia no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Poucas horas separaram as mortes do médico psicanalista Antônio Carlos Escobar, 60 anos, e do adolescente Tiago João da Silva, que ficou conhecido como menino-aranha.

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Escobar morreu ao tentar evitar um assalto. Foto: Reprodução internet

Escobar, um dos psicanalistas mais experientes do país, foi assassinado enquanto tentava salvar um casal de um assalto no semáforo da Avenida Domingos Ferreira com a Rua Tomé Gibson. No carro da vítima, um Clio, apenas a mulher dele, a psicóloga Teresa Guimarães, presenciou a cena do disparo. Segunda ela, Escobar buzinou e bateu no carro da frente na tentativa de afastar os assaltantes, mas terminou penalizado com um tiro que bateu no braço direito, na altura do ombro.

Foto: Tiago João foi apreendido várias vezes. Teresa Maia/DP/D.A Press
Tiago João chegou a ser apreendido várias vezes. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

Do outro do bairro, nas proximidades da praça de Boa Viagem, alguém que se tornou famoso por protagonizar cenas de violência caiu sem vida, depois de ser atingido por 14 tiros. O assassinato pôs fim à série de “escaladas” do menino-aranha, que foi apontado pela polícia como autor de vários assaltos a apartamentos de classe média alta no Grande Recife. Tiago ganhou várias manchetes de jornais após ter conseguido escalar prédios altos, entrar nos apartamentos e furtar objetos sem ser percebido pelos moradores.

Instituto Antônio Carlos Escobar vai encerrar suas atividades

Criado em 2005 para discutir a segurança pública em Pernambuco e apresentar propostas para reduzir a criminalidade, o Instituto Antônio Carlos Escobar (Iace) fechará as portas na próxima semana. De acordo com o psicanalista José Carlos Escobar, um dos fundadores, a instituição cumpriu sua missão de cobrar investimentos do poder público. Isso porque, desde 2007, com a criação do Pacto pela Vida, o estado vive um momento de redução da violência. No próximo dia 21, às 19h30, uma cerimônia no Conselho Regional de Medicina (Cremepe) oficializará o encerramento das atividades.

Para José Carlos Escobar, entidade cumpriu sua função (HELDER TAVARES/DP/D.A. PRESS)

Para José Carlos Escobar, entidade cumpriu a sua função

“Nossa avaliação é positiva, pois o estado está apresentando queda na violência. Ao longo desses anos, fizemos muitas mobilizações pedindo segurança. Vamos apresentar uma revista com o balanço das ações”, afirmou Escobar. Ele é irmão de Antônio Carlos Escobar, que deu nome ao instituto. Antônio Carlos foi assassinado em dezembro de 2005, quando ladrões atiraram contra ele num sinal da Avenida Domingos Ferreira, no Pina. A vítima tinha acabado de acionar a buzina do seu carro para chamar a atenção para o assalto a um casal que ocupava um veículo à frente dele.

Uma das campanhas de maior impacto do Iace aconteceu logo após sua criação. Representantes de 37 entidades, a maioria ligada aos direitos humanos, decretaram “estado de medo” em Pernambuco. O movimento divulgando a violência foi estampado em outdoors e outbuses com imagens de vítimas de crimes. Em 2006, o estado registrava uma taxa de 55 homicídios para cada 100 mil habitantes, uma das médias mais altas do Brasil. Seis anos depois, o índice caiu para 37 mortes para cada 100 mil habitantes.

Do Diario de Pernambuco