Após indiciamento, ex-gerente do Ciods é submetido ao Conselho de Justificação

A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) iniciou o trâmite do Conselho de Justificação ao qual foi submetido o ex-gerente do Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciods) coronel Ricardo Fentes. Ele foi indiciado pela Polícia Civil pelos crimes de corrupção passiva e falsidade ideológica. Segundo a polícia, no mesmo inquérito, também foram indiciados dois empresários pelo crime de corrupção ativa.

Três membros da Corregedoria irão apurar as denúncias feitas contra Fentes e, ao final, encaminhar para análise do secretário de Defesa Social. Caso as denúncias sejam comprovadas, coronel Fentes, que está atualmente reformado, pode perder a patente de oficial. A distribuição do Conselho de Justificação em desfavor do coronel Fentes foi publicada no Boletim Geral da SDS do último dia 21.

Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Fentes disse que provará sua inocência. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Segundo a Polícia Civil, o coronel confessou ter recebido indevidamente o valor de R$ 400 mil reais em contratos de prestação de serviço ao Ciods, ao longo da sua gestão, no ano de 2015. O crime de falsidade ideológica é relativo à emissão de falso atesto da conclusão de serviços para que as empresas pudessem receber o valor de contrato. A investigação foi realizada pela Delegacia de Polícia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp).

Em coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (20), o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Joselito Kherle do Amaral, informou que a investigação, que começou em 2015 e foi concluída em fevereiro de 2017, foi conduzida pela delegada Patrícia Domingos.

De acordo com Kherle, o crime de falsidade ideológica foi comprovado pelo fato de o ex-gerente do Ciods receber propinas relativas ao conserto e manutenção de câmeras de segurança da SDS espalhadas pelo Recife e Região Metropolitana. “Ele recebia, mas os serviços não eram executados. Duas empresas venceram a licitação para fazer a manutenção das câmeras de segurança, mas não prestavam o serviço, apesar de pagar uma parte a ele (Fentes). Acreditamos que algumas câmeras que deixaram de funcionar nesse período não foram consertadas, e o estado ficou sem elas por isso”, afirmou.

Segundo o gestor da Polícia Civil, novas empresas estão prestando o serviço atualmente. Procurado pelo blog Segurança Pública na semana passada, coronel Fentes informou que ainda não havia sido informado do seu indiciamento. Disse também que iria provar sua inocência na Justiça e negou que tivesse confessado em depoimento o recebimento de R$ 400 mil.

Em Pernambuco, salários de PMs variam de R$ 2,5 mil a R$ 14 mil

Policiais pernambucanos, pelo menos os praças, também não estão bem no quesito remuneração quando comparados aos militares de outros estados brasileiros. Um soldado da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) está recebendo, atualmente, o soldo (salário) de R$ 1.961,70. Quando somados aos R$ 500 de gratificação de risco, o valor mensal chega a R$ 2.461,70, que fica bem abaixo do que recebe um soldado da PM no Distrito Federal, ou seja, R$ 4.122,05 por mês.

Os valores dos pagamentos dos militares pernambucanos está regulamentado pela Lei Complementar Nº 169, de 20 de maio de 2011, e tem validade até 2014, quando acontece mais um reajuste no mês de junho.

Já um coronel da PMPE está embolsando por mês, como valor de soldo, R$ 10.212,53. A gratificação de risco dos oficiais, que diga-se de passagem se arriscam bem menos que os praças, é de R$ 3.734,28, o que acaba rendendo a eles, ao final do mês, um salário de R$ 13.946,81. Não é de hoje que o blog tem recebido diversos e-mails com reclamações referentes à disproporção entre os valores das gratificações pagas aos militares do estado. Entre as outras patentes, os salários com as gratificações variam de R$ 2.871,98 (cabos) até R$ 11.347,26 (tenente-coronel).

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Salários de policiais variam mais de 200% de um estado para outro

Comandante da Polícia Militar de Pernambuco é cantor e músico

O efetivo de 18 mil homens da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) está sendo comandado por um cantor. O coronel que está ocupando o mais alto posto da corporação toca violão desde os 16 anos e canta músicas de pop rock e forró tradicional. Até deixar o Sertão para encarar o novo desafio, o coronel Carlos Pereira, 48, fazia parte da Banda Thempus, que costumava fazer apresentações em eventos beneficentes, principalmente em Petrolina. Recém empossado como novo comandante da PM, o oficial revelou que a banda deu uma parada por enquanto.

Coronel (de chapeú) toca violão e canta. Foto: Reprodução/Facebook
Coronel (de chapeú) toca violão e canta. Foto: Reprodução/Facebook

De agora em diante, o coronel cantor tem como maior desafio levar à frente a vontade do governo do estado em seguir cumprindo as metas do programa estadual de segurança Pacto pela Vida e motivar um efetivo que não tem se mostrado satisfeito com as condições de trabalho e com a remuneração recebida.

Com uma vasta experiência no policiamento do Sertão, Carlos Pereira adiantou que vai dar continuidade ao trabalho que estava sendo desenvolvido pelo coronel Luís Aureliano e investir ainda mais na filosofia de Polícia Comunitária. “Um dos pontos fortes da minha gestão vai ser a ampliação da interação da polícia com a comunidade. Esse é um exemplo que tem dado certo em vários estados do Brasil e em alguns países do exterior.

Banda Thempus deu um tempo Foto: Reprodução/Facebook
Banda Thempus deu um tempo Foto: Reprodução/Facebook

Vamos incentivar os PMs e fazerem visitas aos moradores e comerciantes de todos os bairros para que eles possam sentir o que acontece nessas localidades e começar a traçar estratégias de combater a violência no lugar”, comentou o coronel. Ainda segundo o oficial, a polícia passará a ter mais contato com a população, a presença será mais efetiva e serão realizadas reuniões com a comunidade. “A partir desse trabalho, poderemos atacar os problemas de cada localidade”, ponderou o comandante da PM.

Outro ponto forte da nova gestão é a proposta de fortalecer a integração da corporação com outros órgãos como a Polícia Civil, Polícia Científica, Corpo de Bombeiros, Poder Judiciário e Ministério Público de Pernambuco (MPPE). “Além disso, os municípios estão sendo estimulados a participarem mais efetivamente do Pacto pela Vida. Inclusive, será oferecida uma premiação para as cidades que conseguirem os melhores resultados”, ressaltou o comandante.

Questionado sobre a discussão da implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em todos os estados do Brasil, coronel Carlos Pereira disse não achar necessária a iniciativa em Pernambuco. “As UPPs funcionam bem em territórios onde os criminosos dominam 100% da área, o que não é o caso do nosso estado. Não existe uma única área em Pernambuco onde a polícia não possa entrar”, ressaltou.

Coronel Pereira quer PM perto da população. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press
Coronel Pereira quer PM perto da população. Foto: Wagner Oliveira/DP/D.A Press

Artista
Casado e pai de três filhos, o coronel Carlos Pereira foi obrigado a deixar de lado a carreira de músico. “Sempre gostei muito de tocar violão e de cantar. Nossas apresentações eram em eventos filantrópicos. Mas, agora, a Banda Thempus deu um tempo. Entre os integrantes, apenas eu sou militar. Os demais são músicos. De agora em diante meu tempo vai ser dedicado ao comando da Polícia Militar e uma coisa que também precisamos dar atenção é à criminalidade na Zona Rural do Sertão. Lá, os crimes de proximidades ainda acontecem em grande número. Precisamos combater isso e a programa Polícia Comunitária vai ser fundamental nesse processo”, finalizou.