Detentos curtindo tudo no Facebook de dentro do presídio

 

Enquanto algumas empresas não permitem que seus funcionários, até mesmo aqueles que trabalham com internet, tenham acesso às redes sociais, detentos do Presídio do Róger, em João Pessoa, na Paraíba, estão postando diariamente coisas no Facebook. O assunto foi destaque na capa do jornal Aqui PE dessa quinta-feira e trouxe à tona uma questão muito grave. Além dos telefones celulares que já conseguiam entrar nas unidades prisionais, agora os presos estão tendo acesso a smartphones e computadores conectados à internet. Segundo a matéria do jornal, os detentos atualizam suas páginas com fotos dentro da unidade e até de visitas dos familiares aos domingos. Uma das imagens mostra um preso segurando duas facas.

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Um dos presos tem 231 amigos na sua conta do Facebook. A Secretaria de Administração Penitenciária (Sedap) informou que já tem conhecimento do caso e que as medidas cabíveis estão sendo tomadas. Também no estado do Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) apura o caso de dois detentos que atualizavam perfis no Facebook de dentro da unidade penal de segurança máxima, em Campo Grande. Resta saber se a moda já chegou aqui em Pernambuco também. Pela lei, nenhuma pessoa que está detida em unidade prisional pode ter acesso a telefone ou acesso à internet, exceto para os presos que fizerem isso para fins de trabalho na unidade.

 

Presidente Dilma é recordista em receber cartas de presos

 

Homens e mulheres que vivem atrás das grades nas unidades prisionais de todo o país escolheram a presidente Dilma Rousseff como ouvidora dos seus problemas. Grande parte das correspondências que chegam ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) são destinadas à chefe do Executivo. Segundo reportagem produzida pelo Correio Braziliense, “não há dados sobre a quantidade de cartas encaminhadas pelos presos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que a Ouvidoria do Depen afirma é que o número de correspondências para Dilma é crescente, vindas sobretudo de mulheres. Fato curioso levando em conta a predominância masculina, 93,4%, na massa carcerária brasileira.”

As cartas dos detentos endereçadas à presidente pedem, sobretudo, atenção para a situação dos seus processos, são desabafos dos dias tristes dentro da prisão, algumas pedem ainda o perdão da pena e outras são explícitas demonstrações de carinho e admiração pela pessoa mais “poderosa” da nação. No entanto, as cartas que realmente são entregues a Dilma são apenas as que pedem o perdão da pena. A presidente recebe toda a documentação para análise já que ela é a única que pode conceder o indulto individual.

Leia abaixo parte da matéria publicada no Diario de Pernambuco desse domingo.

Brasília – Com caligrafia por vezes insegura, mas que preserva as evidências do capricho empenhado, presos de todas as partes do país contam suas agruras para a presidente Dilma Rousseff. São endereçadas a ela pelo menos 20% das cerca de mil cartas do cárcere que chegam mensalmente à Ouvidoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça. O número de correspondências recebidas pelo órgão, neste ano, bateu recorde, atingindo 7,7 mil em agosto — mesma quantidade computada nos 12 meses de 2011. Nas centenas de linhas dirigidas à maior autoridade do Brasil, detentos suplicam por ajuda. A condição de mulher, de mãe e o passado de Dilma na prisão, durante o regime militar, permeiam os pedidos feitos por quem vive atrás das grades. Há solicitações de todo tipo: do perdão da pena a sugestões sobre como conduzir a nação.

Presidente não tem acesso a todas as cartas. Foto: Iano Andrade/CB/D.A.Press

 

Condenada a seis anos e nove meses por envolvimento com drogas, uma presa de São Paulo, mãe de quatro meninos e uma menina nascida na prisão, encerra a carta classificada por ela como “um pedido de socorro” com aflição. “Me ajuda, não como presidente, mas sim como mãe que tem seus 5 filhos a espera de um milagre, creio que um dia irei provar que realmente sou inocente”, despede-se a mulher. Uma outra detenta, também de São Paulo, que se apresenta como dependente química, relata à presidente como surgiu a ideia de mandar a correspondência. “Acredite em mim, pois falo do mais profundo da minha alma, eu estava triste, desesperada e uma companheira me deu essa ideia de contar minha história e me redimir diante da Vossa Excelência”, afirma a presa de 18 anos e um filho de 25 dias.

Excelência, excelentíssima, cara e senhora são as formas de tratamento frequentes nas cartas. Um preso do Paraná, porém, foi mais efusivo no cumprimento inicial. “Para uma mulher muito especial para nação brasileira”, diz logo no começo da correspondência. Depois de desejar “saúde, paz, alegria e amor”, o condenado a 13 anos e quatro meses vai estreitando os laços com a presidente. “Pode ter certeza que a gente que tem filhos e nunca viveu no mundo do crime só temos a progredir e ajudar o povo brasileiro mais necessitado”, afirma. Na despedida, o desejo: “Que Deus lhe abençoe muito em todos os sentidos de sua vida e dos seus assessores”. O motivo da mensagem do preso paranaense se repete em 40% da enxurrada de cartas recebidas pelo Depen: assistência judiciária. (Renata Mariz)