Grávidas usuárias de crack terão atenção especial do governo

A barriga de sete meses de gravidez é um incentivo. Não impede, porém, que B.B, 19 anos, acenda um cachimbo de crack quando a abstinência chega ao limite. “Comecei a usar grávida de dois meses da minha primeira filha. Tinha me separado. Eu estava passando debaixo de uma ponte, vi uma roda de gente e fui saber o que era. Foi a primeira vez que usei o crack”, contou.

Esperando seu segundo filho, J.BJ. participa do Atitude (RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS)

Hoje, ela luta para se livrar do vício. Entre idas e vindas está numa casa de apoio há três meses mas passou um mês fora e só retornou há três dias. No Recife e Jaboatão, são pelo menos 68 gestantes e usuárias de crack e outras drogas vivendo nas ruas, estima a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.

Devido ao número relevante, a pasta passará a oferecer, na segunda quinzena de março, atendimento especializado a estas mulheres, através do Programa Atitude, que trabalha com dependentes químicos. As gestantes ficarão lá por até um ano, separadas das usuárias que não grávidas, no novo Centro de Acolhimento Intensivo, de localização sigilosa.

De acordo com o secretário Bernardo D’Almeida, o núcleo funcionará 24 horas e a meta é atender pelo menos 90 gestantes da RMR. O maior desafio, segundo ele, é convencê-las a entrar no programa. “As equipes fazem um atendimento inicial nas ruas e as convidam. Se ela aceitar, vai para o acolhimento. O fato de ser um espaço específico pode atraí-la. Também estaremos integrados com outros programas como o Mãe Coruja, no qual ela vai ganhar kits e enxoval.

Após ela ter o bebê, ficará de um a dois meses até ser alocada em um aluguel social, onde disponibilizamos moradia por até seis meses”. O investimento com a ampliação do programa é de R$ 1,5 milhão.

J. B. J., 30, participa do Atitude desde 2012 e gostaria de atendimentoo especializado. Grávida do segundo filho, diz que está “limpa” há seis meses, quando descobriu a gestação. “A minha força de vontade e o programa me ajudam. Comecei aos 15 anos e usava tudo. Me prostituí e fui presa na Alemanha por aliciar menores”.

Para compor o quadro do programa, de hoje até a próxima segunda-feira estão abertas as inscrições para 30 profissionais das áreas de assistência social, psicologia e enfermagem trabalharem no Centro de Acolhimento. É necessário experiência com usuários de crack.

Obs: Os interessados em atuar no centro devem enviar currículo para o e-mail: centrodeprevencao.adm@hotmail.com

Do Diario de Pernambuco