A Central de Problemas da Polícia Civil do estado

Policiais civis que trabalham na Central de Flagrantes da Capital da Polícia Civil, na Rua Odorico Mendes, no bairro de Campo Grande, no Recife, onde também funciona o Instituto de Ciminalística (IC), denunciam que estão trabalhando em condições “insalubres e precárias”. O local é onde são registrados os autos de prisão em flagrantes após o horário de encerramento do expediente das delegacias distritais.

Foto: Reprodução Google Street View
Foto: Reprodução Google Street View

Segundo a denúncia recebida pelo blog, lá existem quatro delegacias de plantão e uma delegacia de Programa de Jornada Extra de Segurança Pública (Pjes), no entanto, haveria apenas três impressoras nos corredores para atender à demanda dessas cinco delegacias. “As pessoas têm que se deslocar da sua sala e ir buscar as impressões no corredor. Esse uso, inclusive, sobrecarrega os toners das impressoras, causando, às vezes, paralisação dos serviços pelo desgaste do mesmo”, disse um policial.

Outra reclamação dos servidores do local é sobre o sistema de refrigeração. “Sem exceção nenhuma, os ar condicionados de todas as salas estão cheios de poeira, com forte possibilidade de transmitir doenças respiratórias. Existem salas que os ar condicionados estão quebrados, só fazem ventilar. Não existe manutenção nesses aparelhos e alguns estão com pingueiras intermináveis”, reforçou outro policial.

Os policiais reclamam também que os dormitórios localizados nessas delegacias não têm nenhum tipo de ventilação. “No banheiro masculino tem um vazamento de água há meses e nunca foi consertado. Além disso, ou as pessoas levam água para beber ou morrem de sede ou contaminados com a água do bebedouro, que nunca recebeu tratamento na caixa de água de onde a água é retirada”, ressaltou.

Falta de peritos no Instituto de Criminalística (IC) atrasa investigações

A falta de peritos no Instituto de Criminalística (IC) de Pernambuco está prejudicando as investigações e, consequentemente, a Justiça. Segundo a Associação de Polícia Científica de Pernambuco (Apoc-PE), o número reduzido de profissionais tem comprometido a qualidade dos laudos. E muitos deles estão deixando de ser entregues no prazo. Atualmente, só 128 peritos estão na ativa no estado, quando uma lei estadual de 2007 diz que deveriam ser 270.

Com uma defasagem de mais de 50% no número de profissionais, o IC ainda corre o risco de perder mais 15 peritos nos próximos meses devido à lei sancionada semana passsada que determina aposentadoria compulsória para profissionais com mais de 65 anos e opcional para as mulheres com mais de 25 anos de serviços.

Trabalho pericial é essencial para a obtenção de respostas sobre as ocorrências. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press
Trabalho pericial é essencial para a obtenção de respostas sobre as ocorrências. Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press

“A situação é precária. O número de peritos é pequeno. Muitos deles estão levando laudos para concluir em casa, quando deveriam estar descansando. Isso acontece devido à pressão para a entrega dos resultados”, afirmou Enock José dos Santos, presidente da Apoc-PE.

As dificuldades para a realização das perícias acontecem do Grande Recife ao interior. “Existem três regionais em Salgueiro, Caruaru e Petrolina. Apenas os peritos de Petrolina, que são seis, atendem a 18 municípios”, contou Enock. Hoje, a situação da regional vai ser denunciada ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O mesmo será feito em relação à situação de Caruaru, Salgueiro e Recife, na próxima semana. “Estamos trabalhando com a corda no pescoço. O IC precisa urgentemente de mais profissionais”, disse um perito.

Ainda de acordo com o presidente da Apoc, cerca de 200 armas aguardam por perícia na regional do IC de Petrolina. Porém, o número de profissionais não é suficiente para a demanda. “O último concurso aconteceu em 2006. O quadro está defasado. Isso faz com que a Justiça receba laudos que podem não estar bem fundamentados”, completou Enock Santos.

Segundo o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Osvaldo Morais, a falta de peritos é muito percebida no interior. “A carência é grande, e os profissionais se esforçam para entregar os laudos”, ressaltou Osvaldo. O papel do perito criminal é a busca da verdade material com base técnica. Não é atribuição da categoria acusar ou suspeitar de ninguém, mas examinar fatos e elucidá-los para compor as conclusões dos inquéritos.