Central móvel de monitoramento nas prévias de Olinda

Por Thamires Oliveira

Para garantir a segurança nas prévias do carnaval de Olinda, 43 câmeras vão monitorar o movimento no Sítio Histórico. A prefeitura deu início, ontem, às operações da Central de Monitoramento Móvel. O ônibus, que ficará nas imediações do Palácio dos Governadores, conta com sete câmeras, cinco externas e duas internas, e será integrado a outros 20 equipamentos de filmagem. Além disso, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que reativará 16 câmeras disponíveis na área até o carnaval, tendo como ponto de apoio a Plataforma de Observação Elevada.

Ônibus ficará nas imediações da prefeitura. Foto: Anderson Freire/Esp.DP
Ônibus ficará nas imediações da prefeitura. Foto: Anderson Freire/Esp.DP

Durante as prévias do último fim de semana, arrastões, tiros e brigas foram filmados pelos moradores e foliões. As imagens viralizaram nas redes sociais e assustaram quem pretende brincar o carnaval em Olinda. Durante a tarde de ontem, a cúpula de segurança municipal discutiu estratégias de segurança e maneiras de coibir a violência, em conjunto com a Polícia Civil, Ministério Público de Pernambuco, Bombeiros, Polícia Militar, Poder Judiciário e Conselho Tutelar. “Como precaução, já estamos com o ônibus de monitoramento para levar tranquilidade a todas as pessoas que vêm à nossa cidade”, afirmou o prefeito Lupércio Nascimento.

Das sete câmeras da Central de Monitoramento, quatro ficam nas laterais e uma é giratória e elevada. No interior do ônibus, três guardas municipais farão o controle por quatro monitores. “Nossa central estará próxima dos locais onde normalmente tem ocorrido delitos. De posse das imagens, vamos transmitir ao pessoal da prefeitura e Polícia Militar para que haja intervenção imediata”, explicou o Coronel Pereira Neto, secretário de Segurança Urbana de Olinda. De acordo com o gestor, na última prévia havia dez guardas municipais nas ruas. Para os próximos dias, além do ônibus, duas viaturas e duas motos, o número de guardas será maior.

A central estará interligada, até o fim de semana, a outras 20 câmeras de monitoramento de serviços públicos de toda a cidade. “Vamos avaliar os equipamentos que têm menos uso e tranferi-las para cá”, destacou Lupércio.

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco anunciou ainda a reativação de câmeras de segurança do Sítio Histórico ligadas à plataforma na Praça do Carmo. “Esse equipamento é um caminhão de alta tecnologia, com servidores de alta performance, que será instalado em Olinda. Nós traremos as imagens das 16 câmeras e teremos dois policiais militares trabalhando em regime de 24 horas”, explicou o major João Barros, coordenador do Centro Integrado de Comando e Controle da Secretaria de Defesa Social. Os pontos mais movimentados, como os Quatro Cantos e a área em frente ao Palácio dos Governadores, funcionarão já no próximo domingo. Até o carnaval, todas as 16 câmeras estarão ligadas.

TJPE nega pedido de suspensão da reunião que aprovou aumento das passagens

O desembargador Itabira de Brito do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) negou nesta quarta-feira o pedido feito pelo conselheiro Márcio Morais, através de liminar, que pedia a suspensão da reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), realizada na última sexta-feira. Durante essa reunião, foi aprovado o aumento de 14% no valor das passagens de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Segundo o magistrado, “o que se entende dos autos é que, até prova em contrário, a reunião foi revestida de legalidade e tinha quorum suficiente para as deliberações”. Sendo assim, o desembargador não viu presentes os pressupostos necessários para a concessão da liminar. “Nego o pedido de liminar mandamental, mantendo íntegra, neste momento, a reunião e seus efeitos ora atacados.”
Alguns coletivos irão circular sem cobradores. Foto: Nando Chiappetta/DP
Aumento das tarifas continua valendo. Foto: Nando Chiappetta/DP

Márcio representa os estudantes no CSTM e não conseguiu participar da reunião que aconteceu na sede da Secretaria das Cidades, no prédio do Detran, no bairro da Iputinga, e foi marcada por polêmicas e protestos. O desembargador Itabira de Brito alegou falta de provas robustas para o indeferimento da liminar.

Na última sexta-feira Márcio falou com o Diario após a aprovação do aumento. Ele contou que chegou dentro da sala às 8h05, mas a votação já havia ocorrido. “Fui impedido pelo capitão na entrada, que chegou a me ameaçar de prisão, e depois pelo vigilante. Não quero crer que foi uma atitude orquestrada”, afirmou.

Márcio chegou a pedir vistas, negado pelo presidente do conselho, o secretário das Cidades, Francisco Papaléo. Os representantes do movimento denunciaram ainda a existência de pelo menos cinco pessoas, não integrantes do conselho, dentro da reunião.

Sindicato dos Rodoviários contabiliza 1.143 assaltos a ônibus neste ano

A coisa está fora de controle. Ninguém aguenta mais tanto assalto a ônibus no Grande Recife. Como se não fosse bastante, os crimes também estão se multiplicando nas estações e nos vagões do metrô. Os vigilantes que atuam nas estações do metrô do Recife fazem protesto na manhã desta terça-feira contra a falta de segurança. A categoria está revoltada com a morte do colega Bianor José da Silva, 51 anos, assassinado a tiros no final da manhã dessa segunda-feira enquanto trabalhava na Estação Ipiranga. Depois de ser baleado na cabeça e no pescoço, o vigilante teve a arma roubada e morreu no local.

Suspeito foi morto dentro do vagão. Foto: Reprodução/TV Clube
Já houve morte até dentro do vagão do metrô. Foto: Reprodução/TV Clube

Já o Sindicato dos Rodoviários realizou uma passeata na manhã dessa segunda-feira. Os profissionais saíram da sede sindical, na Rua Araripina, bairro de Santo Amaro, passaram pela Avenida Cruz Cabugá, Ponte Duarte Coelho e Rua do Sol. O ato foi acompanhado por carro de som, faixas e cartazes. Algumas linhas de ônibus que trafegam pelo centro da cidade ficaram paradas durante a manifestação. Segundo o sindicato, 1.143 assaltos a ônibus foram praticados na Região Metropolitana do Recife do começo do ano até o dia 29 de agosto. Somente no mês de agosto, 146 investidas criminosas foram registradas.

A Região Metropolitana do Recife teve um sábado violento no transporte público com dois assaltos a ônibus que deixaram os motoristas feridos. Por volta das 14h, dois suspeitos, um deles armado, entraram em um ônibus da linha Rio Doce/CDU, nas proximidades do Centro de Convenções, no bairro de Salgadinho, Olinda e pediram os pertences dos passageiros. Houve uma troca de tiros entre a dupla e um passageiro armado, que reagiu ao assalto. Um dos suspeitos morreu e outro ficou ferido, mas mesmo assim conseguiu fugir e ainda baleou o motorista do coletivo ao sair do ônibus.

De acordo com o 1º Batalhão da Polícia Militar, nenhum pertence dos passageiros foi levado. Tanto o motorista quanto o assaltante baleado foram levados para o Hospital da Restauração. O condutor Roberto Carlos de Souza, 53 anos, atingido no pescoço, passou por uma cirurgia vascular e permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado grave. Já o suspeito identificado como Davi Honório da Silva, 17 anos,  não resistiu aos ferimentos e morreu.

Pela manhã, um motorista de ônibus foi baleado de raspão enquanto dirigia o coletivo da linha CDU/ Várzea. O veículo seguia pela Avenida Caxangá, no bairro do Benfica, quando um homem em uma bicicleta teria “emparelhado” com o coletivo. O condutor do ônibus teria tentado livrar o veículo do homem mas ele efetuou um disparo de arma de fogo. O tiro atingiu, de raspão, a mão do condutor, que passa bem.

Cerca de 50 passageiros estavam no ônibus e ficaram assustados, abaixando-se com medo de serem atingidos. Uma mulher chegou a passar mal. O suspeito foi localizado na comunidade do Beraldo, no bairro da Madalena. Encaminhado para o Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Alef Rafael Ferreira da Rocha, 22 anos, confessou que estava assaltando na Caxangá mas disse que não pretendia assaltar o coletivo.

A luta para bloquear telefone celular nos presídios

Por Vandeck Santiago, texto publicado no Em foco do Diario de Pernambuco

Se o que está acontecendo no Rio Grande do Norte estivesse acontecendo em São Paulo, Rio ou Brasília não tenho dúvidas que o problema estaria sendo tratado com mais prioridade e empenho. Não há nesta afirmação nenhum bairrismo às avessas ou coisa parecida, mas tão somente uma constatação da gravidade da situação que ora aflige o nosso vizinho. Faz três semanas que o crime organizado pratica uma série de ataques na capital e em municípios do interior de lá. Ontem, em seguida a uma madrugada de novos atos criminosos, o governador Robinson Faria (PSD) solicitou ao presidente interino Michel Temer que o efetivo das Forças Armadas enviado para reforçar o combate ao crime permaneça no estado por mais 30 dias, e que um contingente extra seja enviado para Mossoró, segunda maior cidade, depois da capital, Natal.

Prisões brasileiras abrigam mais de 600 mil pessoas, 61% acima de sua capacidade Wilson Dias/Agência Brasil
Prisões brasileiras abrigam mais de 600 mil pessoas. Wilson Dias/Agência Brasil

São 1.200 homens das Forças Armadas: mil do Exército e 200 da Marinha. A chegada deles, há uma semana, conseguiu conter a escalada ininterrupta de ataques. O temor do governador é que se a tropa deixar hoje o estado, que é o prazo previsto para a retirada, os atos criminosos recrudesçam. O último balanço informa que até sexta-feira já ocorreram 114 ataques em 40 cidades, o que equivale a cerca de 25% do total dos 167 municípios do estado. Numa comparação aproximada, é como se em São Paulo 170 municípios estivessem sendo alvos de ataques. São principalmente incêndios de ônibus e viaturas, tentativas de incêndio e disparos contra prédios públicos. Uma reação violenta e inaceitável do crime contra o poder do Estado.

Motivada pelo quê? Pela decisão do governo estadual em 28 de julho de bloquear sinal de celular no presídio de Parnamirim. Todo mundo neste país sabe que de dentro das unidades prisionais detentos que comandam o crime organizado dão orientações para seus seguidores que estão fora. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, até cunhou uma pertinente frase para definir a situação. Os presídios e penitenciárias são “escritórios executivos do crime organizado”, disse ele no Recife, ao participar de debate na Rádio Jornal. O ministro defende o bloqueio do sinal, mas lança a advertência de que os estados devem ter “a capacidade” de enfrentar “a queda de braço” que se seguirá à decisão – ou seja, a reação violenta do crime organizado.

Para o brasileiro que observa a situação de fora, como mero cidadão preocupado com a segurança na cidade em que vive, é assustador ver o poder de fogo desses grupos: uma medida destinada a cortar a comunicação entre comando e comandados do crime pode desencadear ondas de violência que os estados, por si sós, talvez não estejam prontos para enfrentar.

O caso também tem dificuldades na esfera judicial. No último dia 3 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 8 votos a 3 que leis estaduais não podem obrigar as operadoras de celular a bloquear o sinal de celulares em presídios e penitenciárias. As ações contestando a proibição foram da Associação Nacional das Operadoras Celulares (Acel). “Celulares entram nos presídios por omissão do Estado, e este quer repassar os custos para as empresas”, disse o ministro Luiz Fux, um dos que votaram pela inconstitucionalidade das leis estaduais de bloqueio. Os ministros do Supremo, em sua maioria, entenderam que apenas a União pode legislar sobre o tema.

Em quatro estados hoje existem leis estaduais que obrigam as operadoras a instalar os bloqueadores: Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina. Uma lei semelhante acabou de ser aprovada no Piauí, mas a determinação do Supremo veio antes que ela entrasse em vigor. No Rio Grande do Norte não houve lei estadual. O ministro Raul Jungmann aventa uma solução para o impasse: que a União edite uma lei liberando a instalação de bloqueadores de sinal em todos os estados. Existem hoje 1.424 unidades prisionais em todo o Brasil.

O tema do crime organizado tem margeado o debate político no país. O que está acontecendo no Rio Grande do Norte mostra que o problema é um dos principais desafios não só dos estados, mas também do Estado.

Ônibus sem cobrador: será que os assaltos irão diminuir?

Muito tem se falado sobre a retirada da figura dos cobradores de ônibus de algumas linhas que circulam no Grande Recife. Os testes começaram na manhã desta segunda-feira e pegaram muitos passageiros de surpresa. Com o novo modelo, quem for pegar ônibus só poderá pagar a passagem com o cartão do Vem. A ideia do Grande Recife Consórcio de Transportes é reduzir o número de assaltos a coletivos.

Alguns coletivos irão circular sem cobradores. Foto: Nando Chiappetta/DP
Alguns coletivos irão circular sem cobradores. Foto: Nando Chiappetta/DP

A justificativa da ação é a de que sem dinheiro em caixa, os assaltantes estariam menos tentados a entrar nos ônibus para praticar assaltos. Porém, em quase todos os casos de investidas criminosas ao transporte público o maior alvo são os passageiros. Carteiras, relógios e telefones celulares são os bens mais procurados pelos ladrões. Gostaria de estar enganado, mas acredito que essa medida não será suficiente para reduzir as estatísticas criminosas assustadoras. E você, o que pensa sobre esse assunto?

Leia mais sobre o assunto em:

Medo é companheiro das viagens de ônibus no Grande Recife

Medo é o companheiro das viagens de ônibus no Grande Recife

Texto meu publicado na página Em Foco do Diario de Pernambuco desta quinta-feira com arte feita por Jarbas.

Andar de ônibus na Região Metropolitana do Recife (RMR) virou sinônimo de medo. As notícias de assaltos a passageiros e cobradores são cada vez mais frequentes. Em média, cinco coletivos são assaltados por dia no Grande Recife. Os relatos de violência durante as abordagens deixam amedrontados todos que precisam usar o transporte público diariamente. Na noite da última terça-feira, um ônibus que fazia a linha Curado IV/Barra de Jangada foi alvo de dois assaltantes. Os passageiros viveram momentos de tensão, quando, por volta das 22h, a dupla anunciou o assalto nas imediações do Viaduto Prefeito Geraldo Melo, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes.

Armados com facões, os criminosos recolheram os pertences das pessoas e ainda ameaçaram cortas os dedos das vítimas. Logo após desceram do coletivo, os dois suspeitos foram abordados e detidos pela população. Os dois foram quase linchados. Um deles conseguiu fugir. O outro, bastante ferido, foi preso em flagrante pela Polícia Militar. Com ele foram recuperados nove telefones celulares, três relógios e 10 anéis. Tudo havia sido roubado dos passageiros. As vítimas prestaram queixa na Delegacia de Prazeres, onde o caso foi registrado. Mais um para a assustadora e complexa estatística.

O Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco informa que de janeiro a maio deste ano, 704 ônibus foram assaltados na RMR. No ano passado, segundo o sindicato, esse número foi de 490 registros no mesmo período. “Os assaltos estão aumentando a cada dia e a segurança dos passageiros está ameaçada. Do início de junho até hoje (ontem), 102 coletivos foram assaltados. A questão da segurança no transporte público não tem sido levada a sério pelas autoridades competentes”, comentou o assessor assistente de comunicação do sindicato, Genildo Pereira. Os números apresentados pelo sindicato revelam uma realidade sentida na pele pelos dois milhões de passageiros que usam os coletivos para se locomoverem diariamente.

Enquanto os números do Sindicato dos Rodoviários apontam para 704 assaltos a ônibus nos cinco primeiros meses deste ano. O total notificado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) fica bem abaixo. De acordo com dados da Gerência de Análise Criminal e Estatística (Gace), no período de janeiro a maio de 2016 foram registradas 415 ocorrências de assaltos a coletivos na Região Metropolitana do Recife. No mesmo período do ano passado foram notificados 293 casos. Segundo o sindicato, a diferença na contagem se deve ao fato da SDS notificar apenas os assaltos onde a renda do coletivo é levada pelos criminosos. “Na nossa avaliação, os casos onde apenas os passageiros são assaltados também são computados”, ressaltou Genildo Pereira.

Ainda de acordo com a SDS, “a Polícia Militar segue realizando a Operação Transporte Seguro em pontos da RMR que são selecionados de acordo com a incidência criminal, com base nos dados coletados pela Gace/SDS, para a realização de blitz policial com foco na abordagem em coletivos. Na operação, patrulhas de unidades especializadas e de área realizam as abordagens nos usuários e nos coletivos. De janeiro a maio de 2016 foram realizadas 11.912 abordagens, resultando na apreensão de seis armas de fogo, três armas brancas e 24 pessoas encaminhadas à delegacia.” Também segundo a SDS, a Polícia Civil está dando prioridade, através da Diretoria Integrada Metropolitana, aos inquéritos policiais que apuram roubos contra coletivos e seus passageiros.

O medo de ser a próxima vítima está tão grande que já tem gente abrindo mão de andar de ônibus portando telefones celulares, relógios e outros pertences de valor. Na lista dos lugares mais perigosos estão rodovias federais, corredores viários e avenidas bastante movimentadas. Um dos trechos de maior incidência está na BR-101 Sul, em toda extensão da RMR. As avenidas Sul e Agamenon Magalhães também são locais escolhidos para anúncios das investidas criminosas. Situação crítica também é observada na PE-60, no Cabo, e na PE-15, em Paulista. “Quando eu vou pegar um ônibus, procuro levar apenas as coisas necessárias e evito atender o telefone celular durante a viagem. Os assaltos estão acontecendo a qualquer hora e em todos os lugares”, destacou a dona de casa Ivonete Salustino, 45 anos.

As armas usadas para praticar os assaltos a ônibus, em geral, eram revólveres e até mesmo pistolas. No entanto, nas últimas investidas, os suspeitos estão entrando nos coletivos armados com facas e até facões. Alguns escondem as armas brancas dentro de mochilas e nas próprias roupas. No caso dessa terça-feira, os ladrões que ameaçaram cortar os dedos das pessoas que não conseguissem tirar os anéis e alianças estavam armados com facões. Uma prova de que as fiscalizações nas estradas precisam ser mais eficientes. E que as vítimas, ao entrarem nos coletivos, precisam contar com muita sorte para não terem supresas desagradáveis durante o percurso.

Cinco ônibus assaltados por dia

Cinco assaltos a ônibus, em média, acontecem por dia na Região Metropolitana do Recife (RMR). Segundo o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, 671 foram registrados do início do ano até ontem. Apenas neste mês, de acordo com o sindicato da categoria, 117 coletivos foram assaltados na RMR. Uma realidade que tem deixado assustados os dois milhões de passageiros que se deslocam por dia nos coletivos.

Já os números divulgados pela Secretaria de Defesa Social (SDS) até o mês de abril indicam um registro de 498 crimes, nos quatro primeiros meses do ano. A diferença de 173 assaltos pode ser explicada tanto pela diferença de período como a possibilidade da falta de registro dos crimes nas delegacias.

Avenida Sul é um dos pontos mais críticos do Recife. Foto: Brenda Alcantara/Esp.DP
Avenida Sul é um dos pontos mais críticos do Recife. Foto: Brenda Alcantara/Esp.DP

Na lista dos lugares mais perigosos estão corredores viários e avenidas bastante movimentadas. Quem usa o transporte público relata o medo a cada viagem. Já a Polícia Militar garante que as fiscalizações e abordagens em coletivos continuam acontecendo. “Quando eu vou pegar um ônibus, procuro levar apenas as coisas necessárias e evito atender o telefone celular durante a viagem. Os assaltos estão acontecendo a qualquer hora e em todos os lugares”, destacou a dona de casa Ivonete Salustino, 45 anos. Pelas contas do sindicato, 2.200 assaltos foram notificados nos coletivos da RMR no ano passado. Para a SDS, o total foi de 798 crimes em 2015.

Segundo o assessor de imprensa do Sindicato dos Rodoviários, Genildo Pereira, o aumento no número de roubos em coletivos é fruto da falta de policiamento nos terminais integrados e de fiscalização dentro dos ônibus. “Andar no transporte público na RMR é sinônimo de medo. Não há policiamento nos terminais, onde acontecem muitos arrastões, e também não são mais vistas as blitze da Operação Transporte Seguro”, apontou Pereira. Ainda segundo ele, nos três primeiros meses deste ano ocorreram 398 assaltos contra 285 casos notificados no mesmo período do ano passado.

Apesar dos pontos mais frequentes de assaltos já serem conhecidos pelos usuários e pela polícia, os casos não deixam de acontecer sempre nos mesmos trechos. “Os dois locais mais críticos são a BR-101 Sul e a Avenida Sul. Todas as linhas que passam por esses dois locais já foram assaltadas. Além disso, sofrem assaltos os ônibus que passam pelas rodovias PE-60, PE-15, 2ª Perimetral, pela Agamenon Magalhães e em Rio Doce, entre a 3ª e 5ª etapas”, destacou o assessor do sindicato.

Por meio de nota, a Polícia Militar de Pernambuco afirmou que a Operação Transporte Seguro permanece em andamento e os pontos são definidos a partir das estatísticas. “A operação acontece em alguns pontos da RMR que são selecionados, de acordo com a incidência criminal, a partir de dados divulgados pela Gerência de Análise Criminal e Estatística, para a realização de blitz policial com foco na abordagem em coletivos. Na operação, patrulhas especializadas realizam as abordagens”, disse a nota.

Assaltos a ônibus

Dados do Sindicato

671 assaltos a ônibus de janeiro até 22 de maio
117 assaltos apenas no mês de maio
398 assaltos de janeiro a março de 2016
285 assaltos de janeiro a março de 2105
2.200 assaltos no ano de 2015

Dados da SDS

498 assaltos a ônibus de janeiro a abril
798 assaltos a ônibus no ano de 2015
8.271 abordagens a ônibus de janeiro a abril de 2016
6 armas de fogos foram apreendidas nas abordagens
24 pessoas foram encaminhas à delegacia

Pontos mais críticos

BR-101 Sul
Avenida Sul
PE-60 (Cabo)
PE-15 (Paulista)
2ª Perimetral
Av. Agamenon Magalhães
3ª a 5ª Etapa de Rio Doce

Fontes: Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e Secretaria de Defesa Social (SDS)

Linhas de ônibus mais assaltadas são as que passam pela BR-101

Por Larissa Rodrigues, do Diario de Pernambuco

A linha Barro/Prazeres, que trafega entre o Recife e Jaboatão, foi a que registrou o maior número de assaltos na Região Metropolitana em 2015, com 42 abordagens. Em segundo lugar ficou a TI Barro/TI Cajueiro Seco, com 36. As duas trafegam pela BR-101, assim como a TI Cabo, terceira mais assaltada, com 32 casos.Dados do Grande Recife Consórcio de Transportes indicam que das 394 linhas da RMR, 237 registraram assaltos em 2015.A dona de casa Fátima Silva, 59, estava em um ônibus Barro/Prazeres em dezembro passado, quando quatro homens anunciaram o assalto. “Um passageiro reagiu e matou um bandido a tiros.”

Passageiros não sentem segurança nos coletivos. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press
Passageiros não sentem segurança nos coletivos. Foto: Annaclarice Almeida/DP/D.A.Press

Para o especialista em transportes e professor de Engenharia Civil da UFPE, Maurício Andrade, a insegurança está relacionada à falta de planejamento e urbanização, que dificulta até o trabalho da polícia. Segundo ele, nas condições atuais a BR-101 não tem sequer características de rodovia nem de corredor de transportes. “Um corredor deve ter faixa de ôninus exclusiva, paradas em espaçamento, informação, acessibilidade e conforto, iluminação, pavimentação e calçadas. Ou seja, tudo que a BR-101 não tem”, pontuou.

Ele observa que as linhas mais assaltadas não trafegam, por exemplo, pelas avenidas Agamenon Magalhães, Conselheiro Aguiar ou Caxangá. “Prevenir assalto significa urbanizar”, enfatizou. Coordenador regional da Associação Nacional de Transportes Públicos, o engenheiro César Cavalcanti pondera que a população não pode esperar por esse processo.

Na opinião dele, são necessárias providências de curto prazo, como melhorias na iluminação. “Também é preciso colocar PMs em ônibus nos horários mais vulneráveis e patrulhamento com motos”, sugere.

Por se tratar de via federal que passa por áreas urbanas, o policiamento da BR-101 envolve e PM e a Rodoviária Federal. Segundo a PRF, sete viaturas estão disponíveis para atuar na rodovia, mas não necessariamente no combate aos assaltos. Já a PM informou que o trecho metropolitano é assistido por quatro batalhões com  18 abordagens a ônibus por dia. De janeiro a novembro de 2015, 770 assaltos a ônibus foram registrados no estado, contra 466 no mesmo período em 2014.

Linhas da RMR mais assaltadas em 2015 

206    Barro/Prazeres – 42
216    TI Barro/TI Cajueiro Seco – 36
185    TI Cabo – 32
60    TI Tancredo Neves/TI Macaxeira – 31
914    PE 15/Afogados – 31
181    Cabo (Cohab)/TI Cajueiro Seco – 28
860    TI Xamba (Príncipe) – 25
139    TI Cabo/TI Cajueiro Seco – 22
440    CDU/Caxangá/Boa Viagem – 22
322 Jardim São Paulo (Bacurau) – 21

Ladrões de ônibus fora de circulação

Do Diario de Pernambuco

Uma quadrilha envolvida em recentes assaltos nas linhas de ônibus que trafegam pelos bairros do Bongi, Várzea, Caxangá e Cidade Universitária e ainda pela Avenida Recife e BR-101, foi desarticulada nessa quinta-feira durante a Operação Viagem Livre. Dos seis suspeitos, quatro eram adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, entre eles, dois irmãos. Segundo a polícia, os assaltos aconteciam há cerca de três meses. As prisões foram anunciadas ontem pelos delegados Edilson Alves e Joel Venâncio.

Foto: Thais Arruda/DP/D.A.Press
Edilson Alves e Joel Venâncio apresentaram caso. Foto: Thais Arruda/DP/D.A.Press

Após denúncias, os suspeitos adolescentes além Jeferson de Lima, 18 anos, e Wagner Ramos dos Santos, 20, foram encontrados pela polícia em suas casas, na comunidade da Horta, no bairro do Bongi. Com eles foram apreendidos 15 celulares, bolsas e uma lata de cola. Os adolescentes foram apreendidos por ato infracional por formação de quadrilha e já estão à disposição da Justiça. Os demais integrantes devem responder pelos crimes de roubo qualificado, formação de quadrilha e corrupção de menores de idade.

Na maioria dos casos, os assaltantes subiam e desciam dos veículos num ponto de ônibus localizado dentro da comunidade e faziam o assalto durante o percurso. “A quadrilha costumava entrar nos ônibus portando facas e facões. Os assaltos estavam se tornando tão frequentes que muitos estudantes da Universidade Federal de Pernambuco estavam preferindo pegar o metrô na Estação do Barro para evitar os assaltos nas linhas”, comentou Joel Venâncio, delegado da Várzea.

Segundo informações da polícia, foram solicitadas imagens internas dos ônibus que trafegavam pelo local, mas as empresas alegaram que as câmeras disponíveis não funcionavam. “As empresas não quiseram disponibilizar imagens dos assaltos alegando que as câmeras não filmaram as ações. Essas imagens nos ajudariam a identificar outros suspeitos e confirmar a identidade dos que já foram encontrados”, afirmou Venâncio. De acordo com o Urbana-PE, as câmeras instaladas nos ônibus estão em funcionamento, no entanto, o período de armazenamento é curto.

Três vidas forjadas na violência

Leonardo, Ronaldo e Leandro. Três jovens. Três Silvas. Três vidas marcadas pela violência. Os irmãos procurados pela polícia por incendiar dois ônibus na Estrada do Barbalho, na Iputinga, também podem ser os responsáveis por cometer assassinatos na comunidade do Detran, onde moram. Essa vida de crimes teria começado após um outro ato bárbaro: os irmãos vieram para o Recife depois que sua mãe foi estuprada e assassinada em Bom Jardim, a 104km da capital.

Policiais militares estarão de prontidão durante 24 horas. Foto: Julio Jacobina/DP/D.A Press
Policiais militares estarão de prontidão durante 24 horas. Fotos: Julio Jacobina/DP/D.A Press

Ontem, enquanto a polícia procurava os suspeitos, a circulação de duas linhas, que tinha sido suspensa após os incêndios da noite da segunda-feira e na manhã da terça, foi retomada mediante reforço policial com 18 viaturas, três motos e 41 policiais militares.

Segundo a polícia, Leonardo Santos da Silva, 28; Ronaldo Adriano dos Santos da Silva, 27; e Leandro Lucas da Silva, 25, são irmãos de Romário Lucas da Silva, 21, preso por policiais militares, na última segunda-feira, juntamente com sua esposa de 17 anos, com 48 pedras de crack.

Dois coletivos foram incendiados na Estrada do Barbalho nesta semana
Dois coletivos foram incendiados na Estrada do Barbalho nesta semana

Os quatro fariam parte de uma quadrilha de tráfico e são considerados perigosos. Os incêndios aos coletivos seriam uma retaliação à prisão de Romário e da adolescente. Todos têm passagem pela polícia por tráfico de drogas. Contra Leonardo há ainda um mandado de prisão preventiva decretado em março, por uma tentativa de homicídio em outubro de 2014. A polícia acredita que ele seja responsável também por três mortes na comunidade do Detran e investiga os outros irmãos por envolvimento nesses assassinatos.

De acordo com o comandante do 13º Batalhão, tenente-coronel Carlos José, alguns policiais estão em pontos fixos. “Além do reforço no número de viaturas, aumentamos a quantidade de policiamento motorizado. Esse esquema será mantido até a situação ser normalizada”, garantiu o oficial. Ontem, várias viaturas foram vistas na comunidade.

Fuga a nado
Segundo o delegado Ricardo Cysneiros, os suspeitos conseguiram escapar do cerco policial nadando pelo Rio Capibaribe até a Ilha do Babanal, no Monteiro. “Abrimos dois inquéritos para investigar os casos separadamente. Até agora, temos as identificações desses três irmãos, mas pode haver mais envolvidos.”

A polícia pede que a população colabore repassando informações sobre o paradeiro dos suspeitos ou revelando nomes de outros envolvidos. “Vamos ouvir alguns passageiros que estavam nos coletivos e ver se as câmeras dos ônibus conseguiram registrar as imagens dos suspeitos”, acrescentou o delegado.